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domingo, 30 de setembro de 2018

O CANGAÇO E A NONA ARTE - LAMPIÃO EM QUADRINHOS

Por Rubens Stone

Virgolino Ferreira da Silva o Lampião não foi o primeiro cangaceiro, mas certamente é o maior e mais importante representante do fenômeno Cangaço. Sua história já foi contada de todas as maneiras e formatos: cordel, livros, filmes, documentários para a TV, etc. Os quadrinhos não poderiam ficar de fora dessa saga.

No que diz respeito à Nona Arte, já vem de muito longe as aventuras do Cangaço e do seu representante maior, em quadrinhos. Em 1938, ano da morte de Lampião, Euclides Santos produziu para o Jornal Noite Ilustrada a HQ "Vida de Lampião", considerado uma das primeiras produções de quadrinhos sobre o cangaço. Em 1953, o desenhista José Lanzelloti criou a HQ "Raimundo, O Cangaceiro", cuja diagramação mostrava um forte influência dos quadrinhos norte-americanos.

Em 1954, André Le Blanc adapta para os quadrinhos o livro "Os Cangaceiros" obra do grande José Lins do Rego, revista publicada pela antiga Editora Brasil América Ltda (Ebal), na série Edição Maravilhosa, Nº 89, julho de 1954. Aliás, foi a única vez em que a grande Ebal publicou uma HQ sobre cangaceiros. Durante seus mais de cinquenta anos de existência, a maravilhosa editora carioca de Adolfo Aizen jamais publicou uma HQ sobre Lampião.

Depois, temos um hiato no tempo, e só em 1970 é que o Cangaço volta aos quadrinhos, através do cartunista Henfil, que produziu os personagens Zeferino e Graúna. Capitão Zeferino é um cangaceiro nordestino e Graúna uma ave da caatinga. Em 1976, o desenhista e diagramador Jô Oliveira produz a HQ "Os quatro cavaleiros do apocalipse" (esse mesmo ilustrador pernambucano viria a produzir em 2001 a HQ "A guerra do Reino Divino", explorando novamente o imaginário nordestino e o cangaço.)

Pulamos agora para 1988, quando saiu nas bancas uma curiosa revista em quadrinhos intitulada "O Ataque de Lampião a Mossoró", criada por Emanoel Amaral e Aucides Sales. Seis anos depois, em 1994, é publicada a grafic novel "Mulher-Diaba no Rastro de Lampião", com roteiro de Ataíde Braz e desenho de Flávio Colin. Nesta história, uma mulher que foi atacada por cangaceiros de Lampião faz pacto com o demônio pra ficar com o corpo fechado, partindo para uma vingança estranha e diabólica contra Lampião e seu bando.

Em 1997, surge aquela que é considerada a obra-prima dos quadrinhos lampiônicos, a belíssima revista em preto e branco "Lampião em Quadrinhos", de Ruben Wanderley Filho. O autor fez um profundo trabalho de pesquisa pra ilustrar de forma magnífica a vida de Lampião, com desenhos o mais fidedignos possíveis, tanto do do ambiente como dos personagens; é possível reconhecer em suas páginas o Rio São Francisco, a cidade Lapinha das Piranhas, seu desenho é uma mistura do quadrinho europeu com a xilogravura nordestina.

Finalmente, em 2004 foi lançada a HQ "Sertão Vermelho - Lampião em Quadrinhos", com roteiro de Haroldo Magno e desenhos de Edvan Bezerra, essa produção de caráter independente, mostra um Lampião muito violento e cruel. Os autores também destacam os relacionamentos amorosos do Rei do Cangaço, além da sua relação com os companheiros de bando e seus confrontos com a polícia.

Uma bela HQ, com desenhos bacanas e páginas repletas de tiroteios e violência. No ano seguinte, foi lançado o segundo volume de "Sertão Vermelho - Lampião em Quadrinhos". Dessa vez, além de seus autores, a revista contou com a participação dos renomados quadrinistas brasileiros Júlio Shimamoto e Eugenio Colonese.

É isso, é o tema Cangaço mostrando sua importância como fenômeno sócio-cultural também nos quadrinhos. (rstone)

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