*Rangel Alves da Costa
O século passado já está muito distante. Outros séculos muito mais. Os anos 30 passaram, os 50 e os 70 também.
Olhando as velhas fotografias, logo uma percepção do quanto tudo era diferente. Roupas diferentes, penteados diferentes, comportamentos diferentes.
Mas nos amarelados retratos, porém, apenas a real expressão daqueles momentos. Nossos espantos surgem pelas diferenças.
Nossas surpresas aparecem quando comparamos o agora com aqueles idos. Alguém olha uma foto e pergunta: “Por que essas roupas são diferentes dessas que usamos agora?”.
Outro diz: “Que cabelo engraçado dessa mulher, parece peruca!”. Já outro arremete: “Tudo já acabou, tudo já morreu!”.
Contudo, o mais difícil é imaginar que daqui a cem, duzentos ou trezentos anos, aqueles que avistarem nossas fotografias de agora irão sentir as mesmas estranhezas.
No agora, no hoje, vivemos na lindeza, no modismo, no luxo, mas como as futuras gerações irão nos avistar?
Tudo será e estará muito diferente. O retrato de agora estará amarelado, os epitáfios dirão qualquer coisa sobre a vida passada.
O que somos agora, como vivemos agora, como vestimos agora, certamente servirão até como espanto ou chacota. Que jeito mais esquisito daquele povo do passado!
Os do futuro dirão: “Mas que povo mais estranho, mais esdrúxulo com essas roupas, esses penteados, esses jeitos de vida!”.
Não sei que roupas usarão no futuro, se andarão completamente nus ou vestindo apenas roupas mínimas. Não sei se haverá pudor ou qualquer restinho de vergonha.
Não sei se o sexo terá perdido totalmente o valor pela devassidão nem se a prática sexual se dará à luz do dia, nos bancos das praças ou nas calçadas, perante os olhos dos pais.
Não sei se o ser que fará parte desse mundo futuro poderá ser chamado de humano. Nada disso eu sei. Juro que nada sei.
Mas sei que o nosso tempo de agora, o nosso presente, já estará amarelado demais nas fotografias. Algumas nem serão relembradas.
E então, dependendo do grau da evolução, poderemos até ser chamados de recatados, conservadores e bem comportados.
Mas isso no futuro, perante as velhas e desgastadas fotografias, porque agora, agora mesmo, só Deus tendo misericórdia!
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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