Por Volta Seca
A história do
cangaço é muito fascinante, e nem sempre cangaceiros, volantes e civis, que
foram às armas, em janeiro de 1922, quem pegou nelas foi o representante da
igreja, o Padre Lacerda. Este acontecimento se deu, na época que Lampião e seus
irmãos, eram simples cabras de Sinhô Pereira, e atuavam na região do Cariri
Cearense, a história é mais ou menos assim:
Após a morte
do Coronel Domingos Leite Furtado poderoso chefe político em Milagres (CE), no
ano de 1918, o seu braço armado, o Major José Inácio de Sousa, fazendeiro
abastado no município do Barro (CE), conhecido como Zé Inácio do Barro, passou
a assediar a família do falecido, reclamando que o Coronel Domingos Furtado
devia certa quantia a ele, por serviços prestados, o que produziu inimizades entre
as família Furtado e Zé Inácio do Barro.
Cabe, neste
momento, uma explicação: Zé Inácio era conhecido protetor de cangaceiros, assim
como outros coronéis no Cariri cearense, inclusive, Sinhô Pereira e seu bando,
estavam na folha de pagamento daquele Major, tendo, ainda, seu filho, Tiburtino
Inácio de Souza, vulgo Gavião, no bando de Pereira, isto denuncia, que nem
sempre a constituição de um cangaceiro, era por conta da pobreza.
Hilário
Lucetti e Magérbio de Lucena nos conta, em sua obra "Lampião e o Estado
Maior do Cangaço", que o Sítio Nazaré, da viúva do Coronel, D. Praxedes de
Lacerda foi assaltado, em Janeiro de 1919, por grupo de cangaceiros, comandado
por Gavião, filho do Major Zé Inácio do Barro.
Assim, após
ser denunciado como mandante do assalto, Zé Inácio, não esconde o feito, mas
diz que aquele dinheiro era dele, por anos de serviços prestados ao Coronel
Domingos Furtado, e ainda o chamou de ladrão, pronto estava aberta a questão
entre as famílias, principalmente na figura do Padre José Furtado de Lacerda,
ou simplesmente, o Padre Lacerda, pároco da Vila de Coité, pertencente ao
município de Mauriti (CE).
Insultos vão,
insultos veem, entre o Padre Lacerda e o Major Inácio do Barro e o certo é que
no dia 20 de janeiro de 1922, a pequena Coité é invadida, pelo grupo de Sinhô
Pereira, à frente com setenta cangaceiros. Entretanto, o Padre Lacerda, não
usava somente a Bíblia e terços em seus ofícios, era possuidor de rifle e um
bom contingente de homens, bem armados e municiados.
Segundo, o
escritor Sousa Neto, que biografou o major Zé Inácio do Barro a resistência
vinha da casa do Padre Lacerda, e sustentou o fogo por seis horas, forçando uma
retirada dos cangaceiro, ao chegar soldados da policia de Mauriti e Milagres.
Ainda, segundo
aquele autor, o bando de Sinhô Pereira fora atacado no dia seguinte, na Fazenda
Queimadas, por aquelas volantes, sendo necessário dividir o grupo em três, um
grupo com Lampião, outro com Baliza e o resto com o chefe Sinhô Pereira, desta
forma conseguiram furar o cerco, e seguir para o coito, no Barro. O saldo do
Fogo do Coité, foram três homens do Major, e diversos cangaceiros feridos,
inclusive Antônio Ferreira. Padre Lacerda não era fácil.
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