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quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

POÇO REDONDO E SUAS MIRABOLÂNCIAS

*Rangel Alves da Costa

A cidade sergipana e sertaneja de Poço Redondo, encravada no tacho mais quente do sol e na reluzência da lua mais bela que possa existir, é lugar que desde muito vem mostrando fatos, situações e realidades, até difíceis de acreditar. Um misto de lenda, de irreal, mas tudo na mais verdadeira verdade, como se diz por aqui.
Muita gente não acredita em botija (dinheiro enterrado em pote, vasilhame ou outro instrumento, e assim deixado para ser retirado somente anos depois, mas principalmente por outra pessoa que não a que escondeu a riqueza na fundura do chão), mas meu avô China do Poço já desenterrou mais de uma. Em sonho, a pessoa é avisada da existência da botija e depois vai à caça do que foi enterrado, mas sempre num ritual, em obediência a determinações, sob pena de não conseguir seu intento e ficar assombrado para o resto da vida.
Foi em Poço Redondo que um sertanejo, depois de tomar umas e outras, fazia tanta estripulia que até sua esposa não acreditava mais em sua palavra depois que bebia. Retornando a casa depois de virar copo de todo tipo de pinga, avistou no quintal um homem escondido num canto e resolveu dar cabo da vida daquele estranho naquele mesmo instante. Puxou a faca e deu dois golpes certeiros. Em seguida foi avisar à esposa que tinha de fugir, pois havia matado um homem. Sem acreditar, a esposa foi se certificar da vítima e lá encontrou um saco de carvão rasgado pelos golpes da peixeira.
Coisas existem que parecem somente acontecer em Poço Redondo. Como dito numa postagem passada, em Poço Redondo a Rua de Cima (Praça de Eventos) fica na parte baixa e a Rua de Baixo (Avenida Alcino Alves Costa) fica na parte alta. Existe uma Praça Antônio Conselheiro (Tanque Velho) que de praça nunca viu nada. Ruas com nomes como Cuiabá, Mato Grosso e Castelo Branco, mas nenhuma com o nome do primeiro prefeito: Artur Moreira de Sá.  Uma rua com o nome José Francisco de Nascimento (Zé de Julião), que faz uma volta e adentra noutra rua com o mesmo nome, e ainda passando pelo meio da Rua Deputado Djenal Tavares de Queiroz.


A via pública que já bateu o recorde mundial de mudança de nomes: Rua de Baixo, Rua dos Vaqueiros, Avenida 31 de Março, Avenida Poço Redondo e agora Avenida Alcino Alves Costa. Uma cidade sem uma lixeira sequer e uma população reclamando do lixo jogado nas ruas e praças. Lógico! Um Beco das Sete Facadas que ninguém sabe quantas foram. Passagens de ruas que são fechadas para construção particulares e vai ficando por isso mesmo. Um terreno do estado, ao lado de um colégio estadual (Justiniano de Melo e Silva), mas com gente dizendo que é seu e, por isso mesmo, não deixa fazer limpeza nem plantar uma só árvore.
Uma Rua do Campo que ninguém sabe verdadeiramente qual é, pois qualquer rua ao lado ou perto do campo. Um Bairro São José que quase ninguém conhece pelo verdadeiro nome: Belém. Um Conjunto Lídia Souza que poucos conhecem que fica no Bairro Gado Manso. Uma rua que não se chama Zé do Óleo, mas que ninguém conhece se não for por Zé do Óleo. E você, sabe onde fica a Ponta da Asa?
Coisas que parece somente existir em Poço Redondo. Coisas até de não se acreditar, mas que existem.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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