Por João Filho de Paula Pessoa
O sobrinho de Lampião, José Ferreira de 17 anos, filho de sua irmã mais velha,
D. Virtuosa, que morava em Juazeiro de Norte/Ce., decidiu entrar para o
cangaço, à exemplo de seus tios, em virtude de perseguições e pressões que
sofria por ser sobrinho de Lampião e para isso contactou com seu tio pedindo
para acompanhá-lo em seu bando. Assim, combinaram seu ingresso no Cangaço,
marcaram de se encontrar em Angico onde o bando estaria acampado por alguns
dias.
Conforme combinado, em Julho de 1938, José Ferreira chega ao
acampamento em Angico e encontra com seu tio Lampião, que lhe dá boas vindas,
entrega-lhe um rifle, lhe apresenta ao resto de bando e mandou fazer roupas
adequadas para que ele se inserisse efetivamente na vida cangaceira. Sendo que,
em seu terceiro dia de cangaço, ao nascer do sol, o acampamento foi atacado
pelas volantes e Lampião foi eliminado, morrendo ali também o cangaço e com ele
sua pretensão de ser cangaceiro, conseguiu fugir, foi preso e libertado e
seguiu numa vida discreta e comum.
Em seu depoimento disse “de manhãzinha, eu
tinha acabado de lavar o rosto e fui apanhar um cigarro que eu deixara em cima
de uma pedra, quando ouvi um tiro, depois outro, todo mundo correndo, eu morto
de medo, larguei o rifle que meu tio tinha me dado e caí no mato (Jornal “A
Tarde” 02/03/1939)”
João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 28/01/2020.
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