Por Epitácio Andrade
Localizado na
comunidade rural São Francisco, em Catolé do Rocha, no Sertão paraibano, o
serrote da Marcelina foi palco de um dos combates mais cruéis do cangaço dos
Brilhantes contra os Limões.
Narra Alício Gomes Arruda Barreto (1901-1965), em seu raríssimo livro “Solos de Avena” que, por volta da segunda metade da década de 70 do século XIX, estavam os Brilhantes entrincheirados numas pedras, quando a ‘força’ apareceu no caminho próximo ao sítio Colina na estrada que liga Catolé do Rocha a Patu/RN. Jesuíno Brilhante foi o primeiro que atirou, derrubando um dos soldados da vanguarda.
A ‘força de linha’, quando recebeu os tiros recuou e
tentou cercar a emboscada dos Brilhantes, que conheciam essa estratégia. Eles
revidaram com uma descarga e fugiram para outro lugar de onde procuraram dar
tiros certeiros. Depois, correram para bem longe. Por adotar essa tática de
guerrilha, os Brilhantes sempre levavam vantagens nos embates. Depois dessa
escaramuça, “o governo tomou em consideração e as diligências engrossaram”.
Jesuíno Brilhante cercou os Limões que restavam, numa casa velha no sopé do
serrote da Marcelina. Depois de renhida luta, acabaram-se as munições do
inimigo e Jesuíno, conhecendo de quem se tratava, gritou: “O que tentar sair
morre na bala”. Mandou cobrir de lenha a velha casa pelos feirantes que
passavam e ateou fogo. Dentro de pouco tempo as chamas invadiram totalmente o
casebre e os “miseráveis” morriam gritando com as dores das queimaduras. Pedro
Limão ainda saiu se queimando, quando foi alvejado e caiu morto. A casa foi
incinerada e os cadáveres reduzidos a carvão. Assim havia concluído sua jura
assinalada com cruzes nos bacamartes dos brilhantes. Estava terminada a tarefa.
Acreditou Jesuíno Brilhante (1844-1879), “o grande leão sertanejo”, assim
alcunhado por Barreto. Esta narrativa foi ratificada pelo depoimento do senhor
José Firmo Limão, no ano de 2012, aos 99 anos. Seu José era filho de Maria
Francisca da Conceição, sobrinha de Preto Limão, único sobrevivente do ‘Fogo da
Marcelina’ e comandante da diligência que matou Jesuíno Brilhante, no Serrote
da Tropa, na zona rural de São José de Brejo do Cruz/PB.
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