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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

A BEATA MARIA BÁRBARA BINGA

Por Manoel Belarmino

A Beata Maria Bárbara Binga, nasceu em 1917, na aldeia de Brejo dos Padres, no Território dos Pankararu, que abarca partes dos municípios de Tacaratu, Petrolândia, Itaparica e Jatobá, em Pernambuco. Além do Brejo, há outras comunidades como Tapera, Serrinha, Marreca, Caldeirão, Bem-Querer e Cacheado. Quase 4 mil índios vivem ali atualmente.

Maria Bárbara Binga nasceu e sempre morou no Brejo dos Padres, embora viajasse com frequência para cumprir obrigações religiosas e rituais, chegando a fazer peregrinações a pé ao Juazeiro do Norte, no Ceará.

Segundo Cláudia Mura, doutora em antropologia pelo Museu Nacional e professora da Universidade Federal de Alagoas, a beata Maria Bárbara Binga fundou um grupo de penitentes, na década de 1940, e costumava hospedar o beato Pedro Batista em suas passagens pela aldeia do povo Pankararu.

Embora a irmandade feminina dos Penitentes tivesse por um tempo a oposição dos homens, os romeiros se fortaleceram diante das famílias promotoras dos rituais de tradição indígenas. Os homens penitentes, após a morte de Maria Bárbara, incentivaram a continuação das romeiras.

A beata Maria Bárbara ainda hoje é lembrada pelos seus atos de caridade, humildade e por não ter preconceitos. A beata promovia novenas, rezas, romarias, a festa de Nossa Senhora da Boa Morte e cuidava da Igreja de Santo Antônio, padroeiro dos Pankararu, na aldeia, porém ela nunca descuidou das obrigações e rituais para com os encantados cultuados pelos seus ancestrais.

A relação da beata com o conselheiro e Beato Pedro Batista de Santa Brígida e Madrinha Dodô facilitou a era dos conselheiros; época em que Pedro Batista e a madrinha Dodô atendiam os indígenas, dando orientações sobre como solucionar questões diversas e implantando valores morais para regular a vida naquela sociedade. A presença de Batista estimulou romarias espontâneas em busca de bênçãos e conselhos.

Ainda, nos tempos atuais, os indígenas levam beiju e frutas para distribuir entre os que zelam pela obra dos beatos da Santa Brígida.

No quarto onde o padrinho Pedro Batista passou os últimos anos de vida está uma imagem de um ser encantado Pankararu.

O catolicismo popular, arraigado na cultura Pankararu, através dos santos impostos pelos padres católicos, convive com um universo de encantamentos e os praiás, entes que se manifestam nos rituais e nas festas. Eles encarnam em pessoas vestidas com coberturas feitas com fibras de caroá.

Maria Barbara Binga foi a pé três vezes ao Juazeiro do Norte.

A beata morreu, em 1993, aos 76 anos, na aldeia Brejo dos Padres, Território dos Pankararu.

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