Por José Mendes Pereira
Antes de 1988, para que uma pessoa entrasse como funcionário de qualquer repartição pública, não era necessário ser concursado, bastava ter um "QI - quem indique", ou diretamente com um político, que já estava dentro de uma repartição pública. Era o emprego chamado de "Trem da Alegria", porque todos que ocupavam funções públicas morriam de felicidades, vez que não queimavam os olhos por longas noites estudando, para serem aprovados em concursos públicos.
Em 1983, eu já era formado em letras pela Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte, nos dias de hoje, UERN, e não sendo diferente dos outros, eu precisava ocupar uma sala de aula pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Norte, como professor, e nesse período, eu ainda não tinha um (QI) ou amizade com um político, que me desse uma vaga em qualquer escola de Mossoró.
Delfina R. de Souza, ver.1963-1967. com o ex-governador Tarcísio Maio, já falecido - obaudemacau.com
Ciente de que se eu não procurasse um meio para entrar na educação, e sabendo que um dos homens fortes na política do Rio Grande do Norte, Doutor Tarcísio Maia, e que já tinha sido governador do Estado, domingo sim, domingo não ele estava descansando em sua fazenda, denominada "São João", na localidade Barrinha, peguei minha velha e desmoronada lambreta,
Seu Madruga em sua lambreta - Sou eu, José Mendes Pereira
e abalei-me até lá, confiante que uma solução sobre um emprego poderia ser confirmada por ele, e naquele momento, quem dirigia o Estado como governador, era o seu filho, José Agripino Maia, que fora eleito através das urnas, e com uma grande maioria de votos válidos.
Ex-governador do Rio Grande do Norte - José Agripino Maia
Ao chegar, vi que ali eu não iria ter chance nenhuma de falar com ele, porque sob o alpendre da fazenda, uma porção de pessoas também procurava emprego, mas mesmo assim, resolvi ficar, para ver o que iria acontecer.
Doutor juiz Antonio Mariz, já falecido - www.wscom.com.br
Mas lá se encontrava o Dr. Antonio Mariz, que eu não tenho certeza se era irmão ou primo do Dr. Tarcísio Maia, e que havia sido governador da Paraíba, chamou-me para ajudá-lo, tirar uma carroça que estava atrapalhando a entrada para a casa da fazenda.
Mesmo ele sendo ilustre, equilibrou o peso comigo, e em seguida convidou-me para olhar um plantio de capim. No percurso ele me perguntou de quem eu era filho, onde eu morava, onde os meus pais moravam, e ali eu fiquei respondendo todas, e quando eu disse que os meus pais moravam na Barrinha, ele disse:
- Você mora aqui na Barrinha?
Meus pais moram na Barrinha, mas sendo esta da família Duarte. - Eu o respondi.
Ele fez:
- Ah, sim, Barrinha do Dr. Duarte Filho, é?
- Você mora aqui na Barrinha?
Meus pais moram na Barrinha, mas sendo esta da família Duarte. - Eu o respondi.
Ele fez:
- Ah, sim, Barrinha do Dr. Duarte Filho, é?
Ex-governador do Rio Grande do Norte Lavoisier Maia, já falecido - salomaodemedeiros.blogspot.com
Nesse dia, além das pessoas que procuravam empregos, tinha vários políticos na fazenda, sendo eles: Lavoisier Maia, que pouco menos de três meses entregara o poder ao governador eleito, o José Agripino Maia, filho de Tarcísio Maia.
Canindé Queiroz - Jornalista, já falecido. - www.kareninefernandes.con
Mais o jornalista Canindé Queiroz, que além de colunista, era também diretor e proprietário do jornal "Gazeta do Oeste", com sede na cidade de Mossoró, e da Rádio Gazeta do Oeste, que funciona em Areia Branca.
https://defato.com/mossoro/114062/uern-inicia-semestre-20241-nesta-segunda-feira-para-cerca-de-85-mil-discentes
Apesar de formado em Economia pela Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN), hoje Uern, e em Direito na cidade de Sousa, interior paraibano a grande paixão profissional foi o jornalismo. O sonho começou a ser idealizado com a formação da Astecam e foi consolidado em 30 de abril de 1977 (três anos depois da Astecam), com a fundação da GAZETA DO OESTE, um jornal inicialmente semanal que se tornou referência para o jornalismo do interior potiguar.
Aqui, apenas uma pequena explicação sobre a minha participação no Jornal "Gazeta do Oeste", que antes da sua fundação, era "ASTECAM"; e como gráfico da Editora Comercial S/A., durante 12 anos, fiz algumas vezes, linotipicamente, horas extras noturnas em seu jornal "Gazeta do Oeste" - já extinto.
E ainda o Jornalista Erivan França, que fora secretário da comissão do Vale do São Francisco, chefe do gabinete do Instituto Nacional do Sal e autor do primeiro Plano de Assistência Social aos trabalhadores das salinas, e em 1961, foi Deputado Federal, tendo o mandato cassado em janeiro de 1969.
Em 1961, foi interventor do Departamento Estadual de Imprensa no Governo Aluízio Alves. Dentre as múltiplas funções de homem público que lutou em prol do progresso e da democratização do país e do Rio Grande do Norte, ajudou a organizar o Diretório Regional do PDT em 1980 e foi agraciado com o mérito profissional pela Associação Brasileira de Imprensa e medalha de mérito forense por relevantes serviços prestados à justiça do país. (http://erivanfranca789.blogspot.com.br).
Mas ali, naquele momento, o mais importante mesmo, era o governador do Rio Grande Norte, o José Agripino Maia, que sabia o que deveria fazer, contratar ou não, funcionários durante os seus quatro anos de governo. E além destes, muitos outros políticos que eu não sabia os seus nomes.
Todos estavam participando de uma reunião política na própria fazenda São João, e assim que terminou, Dr. Tarcísio Maia deu início atendendo as solicitações dos que procuravam empregos.
A minha ficha era o número 8, mas quando estava próximo a minha vez, de falar com ele, afastei-me, no intuito de ficar por último, porque quem não estivesse presente, ficaria por último. E assim idealizei de perder a chamada e ser o ultimo.
Logo que ele terminou de falar com o penúltimo aí, sim, eu entrei. Dr. Tarcísio me fez várias perguntas, qual o curso eu tinha terminado, se eu era mossoroense, qual escola eu gostaria de trabalhar, caso surgisse um vaga, se eu já tinha entregue o meu currículo lá no Nure - Núcleo Regional da Educação, nos dias de hoje - DIRED, à diretora Zilda Maria Cabral Freire Costa. Fez-me uma porção de perguntas, eu ficando de levar o currículo e entregar nas mãos da diretora.
Naquele momento, não tinha mais ninguém, os desempregados já haviam ido embora. Mas assim que eu sai da sua sala, fui de encontro à lambreta, para vir embora. Ao ver que eu estava me montando nela, ele gritou:
- José, para onde vai?
- Eu vou embora, Dr. Tarcísio. - Respondi.
- Não vá embora. Vamos almoçar conosco. - Dizia ele caminhando em minha direção.
- Quem sou eu Dr, para almoçar diante de tanta gente importante?
- Conversa rapaz, vamos logo! Desça do transportinho e caminhe lá para sala. O almoço já vai sair.
Mesmo acanhado, desci da lambreta e caminhei em direção à sala, que sobre a mesa, tinha alimentos que, em toda minha vida, eu jamais tinha os vistos. E aos poucos, os políticos foram rodeando a mesa, e deram início ao almoço. A princípio, eu estava muito acanhado. Mas com a continuação do almoço, desisti do acanhamento, porque todos almoçavam no meio de tantos assuntos políticos.
Minhas Simples Histórias
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Fonte:
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