Por José Mendes Pereira - (Crônica 50)
Hoje,
homenageio um grande comerciante dos anos remotos em Mossoró, que naqueles
tempos, era dos mais ricos, como diz o ditado.
Pedro Leão era um dos mais antigos comerciantes de Mossoró, no ramo
"ferragens", estabelecido à Rua Coronel Gurgel, no centro da cidade.
Adorava tomar cerveja no bar do Pitias, localizado à Rua José de Alencar.
Todo sábado, ao meio dia, era de costume, assim que fechava a sua
casa comercial, ia direto ao bar do Pitias, onde lá, uma porção de pessoas da
sociedade costumava se encontrar. No bar, seu Pedro Leão tinha como se fosse
cativo, logo na entrada, um lugar, uma cadeira e uma mesa eram reservadas para
o famoso comerciante.
Naqueles tempos, não existia a proibição do uso de cigarros, charutos ou outra
coisa parecida. E lá, seu Pedro Leão acendia o seu apreciado charuto. No meio da cervejada um ou dois charutos eram queimados.
Nunca deu mole a garçom nenhum, e não aceitava que ele fizesse a conta pelas
garrafas de cerveja vazias, e sim, as tampas que ele as guardava em seu bolso
do paletó. Seu Pedro Leão temia que em um piscar de olhos, o garçom poderia
colocar vasilhames em cima de sua mesa, que não faziam parte da sua
despesa. Cada cerveja aberta, a tampa seria colocada no seu bolso, justamente
para não ser enrolado por garçons oportunistas.
Se o tira-gosto fosse rolinha assada, que era uma das suas preferências, exigia
que ela viesse para a mesa acompanhada da perna, mas cada
uma delas, somente uma perna, também para não serem contadas duas pernas, duas
rolinhas.
Esse era o seu medo, temendo que tomasse goles a mais, e o garçom o enrolasse
na hora do pagamento das despesas. Jamais tinha sido enrolado por nenhum deles.
Mas por precaução, exigia isso do funcionário do bar.
Certo dia, seu Pedro já se encontrava além de ébrio. Mas, esperto, sentiu que
alguém estava colocando tampas de garrafa no seu bolso. Realmente, o garçom
tentando enrolá-lo, quando passava por ele com pratos ou garrafas de cerveja
para servir em outras mesas, colocava uma, duas..., tampas no seu bolso. Como
ele era um homenzarrão, desabotoava o paletó, fazendo com que o bolso ficasse
aberto. Isso facilitava muito para o esperto garçom colocar tampas a mais. Mas
foi inútil.
Sentindo que tinha tomado alguns goles a mais, já estava na hora de ir embora, chamou o garçom para
tirar a conta.
O esperto, mas na verdade era um verdadeiro bobalhão, não imaginava da reação
inteligente do seu freguês, o seu Pedro Leão.
– Tire as tampas das garrafas do bolso, seu Pedro, para que eu possa contá-las e
fazer a conta da despesa. - Disse, na certeza que iria sair no lucro.
– Tampas hoje não, amigo! Hoje vamos fazer a conta pelas garrafas que estão
sobre a mesa! – Disse ele provando que não tinha nada de bobo.
Grande seu
Pedro Leão! Conheci-o muito. Todos os seus serviços gráficos eram feitos por
nós, qu e trabalhavam na Editora Comercial S/A. Foi um grande comerciante de Mossoró. Apesar de
ser um homem dono de fortuna, era bastante prestativo com as pessoas.
http://josemendeshistoriador.blogspot.com
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