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segunda-feira, 24 de março de 2014

LAMPIÃO, O GRANDE MITO




Objetivando entender a figura singular de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, necessário se torna enquadrá-lo dentro do Sistema Político vigente na época, a República Velha, que atribuía grande poder político aos coronéis, surgindo daí o termo, Coronelismo. Os coronéis eram pessoas de grande poder aquisitivo, geralmente, comerciantes e grandes fazendeiros, que tinham grande influência política juntos às oligarquias. A função primordial desses coronéis era manipular os votos dos eleitores nos vários municípios do país. Agindo assim, ganhavam prestígio junto às autoridades políticas, conseguindo obter delas, todos os tipos de favores. Dentro desse quadro social, torna-se até compreensível o surgimento de figuras, como, o oligarca; o capanga; o cangaceiro, dentre outros.

Embora vivendo nessa fase conturbada da vida política nacional, Lampião era descendente de família honesta, trabalhadora e de caráter ilibado. Era filho de José Ferreira da Silva e de Maria Lopes. Seu primo, o advogado, Antonio Ferreira Magalhães, que o conheceu em vida, nos conta que:“Lampião era uma figura máscula e fascinante. Tinha personalidade e o magnetismo de um verdadeiro chefe. No contato pessoal, era um homem simples e amável, dedicado a todos da sua família. Ele se tornou um “fora-da-lei”por força das circunstâncias. O seu pai, que era um homem bom e pacato, sofreu perseguições sem conta, por questões políticas, e teve de mudar com toda a família várias vezes, abandonando suas terras, o que, para um sertanejo, é o pior castigo. Por fim tendo ido viver em outro Estado, Alagoas, nem mesmo assim pôde ficar em paz. Foi assassinado pela Polícia. A mãe de Lampião morrera poucos dias antes, também em consequência da perseguição que lhes era movida. Diante disso, Virgulino tornou-se Lampião.”

São muitos os depoimentos de pessoas daquela época, muitos dos quais ainda vivos, afirmaram que Lampião não era o que se dizia dele, era sim, um justiceiro. Tem-se aqui ainda um depoimento, que serve para refutar alguns de seus biógrafos que teimam em qualificá-lo de assassino desalmado, é o do historiador, Luís Lorena, que referindo-se ao Lampião, disse: “Foi bom tropeiro, bom menino na roça, bom amigo, bom filho, um sujeito correto. Não foi um cangaceiro, um bandido, por sua livre e espontânea escolha, mas, sim, por circunstâncias alheias à sua vontade.”

Sendo assim, considera-se que Lampião foi então injustiçado duas vezes. A primeira quando querem torná-lo um carniceiro desalmado. A segunda, quando após sua morte(28/07/1938), que até hoje suscita controvérsias, se foi morto à tiros ou por envenenamento, colocaram sua cabeça, a de Maria Bonita e as de alguns membros de sua organização expostas no Museu Nina Rodrigues em Salvador Bahia, durante grande espaço de tempo(três décadas), só as enterrando no dia 6 de fevereiro ano de 1.969, no cemitério da Quinta dos Lázaros em Salvador.


http://www.supertextos.com/texto/Lampi%C3%83o,_O_Grande_Mito/2419

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br

Um comentário:

  1. Anônimo10:43:00

    Excelente texto caro pesquisador Mendes. Faz-me lembrar as palavras do Tenente João Bezerra em seu livro COMO DEI CABO DE LAMPIÃO, quando afirma: "Lampião era um homem de palavra. O que ele dizia valia como documento. Se ele fosse vivo hoje, eu não permitiria que ninguém encostasse nem o dedo nele. Hoje, eu não acho que ele era bandido. Tem muito bandido engravatado por aí, em liberdade" - (Livro SILA - UMA CANGACEIRA DE LAMPIÃO, página 19, de autoria de Ilda Ribeiro de Souza e Israel Araújo Orrico).
    Antonio José de Oliveira - Povoado Bela Vista - Serrinha - Bahia

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