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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

CONSIDERAÇÕES SOBRE LAMPIÃO


Os sonhos do homem simples dos sertões, certamente não alcançam voos tão altos, mas planeiam quase sempre no esplendor da vastidão das terras, na boa colheita, no criatório de gado e na garantia de sua sobrevivência.

Como surgiu o Cangaço em meio a sonhos tão singelos e humanos?

É ledo engano argumentar que os cangaceiros eram deserdados da vida, os sem terra, o que resultava àquela vida de crime e terror sertanejo. 

Antes de tudo, devemos ver o cangaço como um movimento estimulado e mantido por grupos de latifundiários, com exceção é claro de muitos fazendeiros honrados, mas não podemos camuflar o nefasto coronelismo e seu poder dominante.

O fenômeno do cangaço foi um sintoma de ferida que corroía a sociedade. O sertanejo se viu vítima do acúmulo de injustiças sofridas nas garras dos mais poderosos: O estado de submissão em que viviam perseguições e as terríveis mágoas pessoais. Num contexto onde prevalecia predominava ou defendiam um código de honra particular. 

Matar por vingança significava ter poder ser corajoso. As circunstâncias sociais criavam homens violentos. Daí poderíamos ver as possibilidades desta formação de personalidades dos cangaceiros e criminosos como uma fusão da sociedade sertaneja e seu biótipo Lampião foi o expoente máximo do cangaço, não querendo dizer com isso que foi o seu criador. 

O movimento já existia muito antes; 0s grupos de Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Adolfo Meia Noite, Sinhô Pereira, mentor maior de Virgolino e outros. Vale salientar que Virgolino Ferreira da Silva nunca foi um líder de rebeliões, movimentos de sertanejos revoltados ou líder de guerrilhas políticas. O que podemos conjeturar é que ele se tornou líder de seu próprio grupo e formou outras lideranças com seus subgrupos.

O que ocorreu com aquele homem até então um simples trabalhador, almocreve e cheio de sonhos, para se tornar o Rei do Cangaço? Passando a se transformar num mito no imaginário popular?

A personalidade de Lampião estava povoada de paradoxos: Simples, explosiva, às vezes amável, às vezes sonhador, isso se explica porque até o fim de sua vida viveu com sua amada Maria Bonita, intrépido. Só um homem que conseguiu sobreviver na perigosa liderança da resistência por tantos anos, como ele, poderá atribuir a força deste sonho e projeto de vida. No seu caso projeto de sobrevivência. Virgolino tornou-se fora da lei, não pode voltar a vida pacata. Reconhecemos nele um homem valente. Em vez de fugir das ofensas, desafetos e perseguições, assumiu seu "EU", deixou de ser expectador passivo das próprias misérias e passou a resistir com unhas e dentes com a força descomunal do seu lado explosivo de sua personalidade.

Assumiu a liderança com extrema habilidade. Os conflitos inatingíveis assumia com coragem, nos bastidores da sua mente, gerenciou o seu EU, e, passou a ser líder de si mesmo, para ter suporte de liderança e encorajar seu grupo.

A nossa inteligência se acha encarcerada quando aceitamos passivamente algo negativo, que nos fere a alma. Com Lampião não foi diferente: Segundo John Kenedy, "O conformismo é o carcereiro da liberdade, o inimigo do crescimento".

Façamos uma comparação levando em conta as causas que o levaram a torna-se fora da lei: A perda da tranquilidade almejada por todo sertanejo, a paz da família em perigo.

A perda dessa tranquilidade roubou-lhe a alegria, mas produziu algumas JANELAS KILLERS na sua memória: segundo Augusto Cury no seu livro Inteligência Multifocal-Cultrix. SR, 1998.

"Janelas Killers são zonas de conflito intensas cravadas no inconsciente que bloqueia o prazer.

Conformismo para ele era a morte. As desavenças com a família Pereira, o conflito com José Saturnino, depois com os Nazarenos e com a polícia. Tudo isso contaminou o delicado solo do seu inconsciente. A resposta ferrenha de sua mente foi a luta, a força dos combates e as atrocidades de seus crimes e o terror sertanejo. Para o homem agir com coerência, principalmente na sociedade atual, precisamos controlar os traumas. "Só o conhecimento sobre si mesmo e o amor pela espécie humana libertam o Homo Sapiens das suas loucuras. "Augusto Cury, Sabemos que a violência dos cangaceiros e volantes advinha do próprio meio social.

Entre as várias explicações para esse fenômeno, tentei expor algumas, cabe aos nobres colegas fazer suas próprias conclusões.

Vilma Maciel-14-10-2014

Fonte: facebook

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo16:16:00

    Muito importante Mendes, o texto da senhora Vilma Maciel. Tudo indica que a mesma é discípula do renomado terapeuta Augusto Cury. Parabéns Dna. Vilma pelo seu comentário inteligente.
    Antonio Oliveira - Serrinha

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