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quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Manuel Marcelino - O Bom de Veras - II

Por Antonio Alves de Morais 

Para ler a parte I clique neste link

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2014/11/manuel-marcelino-o-bom-de-veras-parte-i.html

Na linguagem simples de homem da roça, habituado as agruras da vida, incapaz de recuar diante das mil dificuldades que lhe surgem no dia-a-dia penoso do sertão, Antonio Taveira falou a Revista Região.

Com seus 76 anos, natural da cidade cearense de Barbalha, Taveira, durante duas horas, conversou com o repórter. Estávamos na Casa Paroquial da pequenina cidade de Sítio dos Moreiras, ao lado deste formidável e íntegro Mons. João Câncio, através do qual conhecemos o nosso entrevistado.

A pergunta inicial foi formulada pelo próprio Mons. Câncio: 

- Seu Antonio, por que Manuel Marcelino entrou nessa vida de cangaceiro? 

- Tudo começou por causa de uma simples faca que o velho Ioiô Peixoto mandou tomar de João Marcelino, irmão de Manuel. Nesse tempo, o velho Ioiô era delegado de polícia de Caririzinho, hoje distrito de Sítio dos Moreira. João Marcelino, cujo nome de guerra, na época do cangaço, era João Vinte e Dois, estava jogando baralho com alguns amigos. Como é comum no sertão, João trazia à cintura uma faca, dessas fabricadas na Paraíba. Uma excelente faca. Zé Benedito, preposto do delegado, a mando deste, foi desarmar João Marcelino. A arma foi entregue sob protesto deste: 

- O que, Zé Benedito, eu entregar minha faca? Isso não.

- É melhor entregar. Você sabe: A policia não pode ficar desmoralizada. 

Com a aproximação do Delegado e de seus soldados, a faca foi entregue a autoridade. Mais tarde, João Marcelino, julgando-se desmoralizado, procurou o delegado Ioiô, com quem manteve o seguinte dialogo:

- Bem, Ioiô, pode ficar com a faca e fazer dela o que quiser. Não me interessa mais recebê-la. Já fui desmoralizado. 

- Deixe de conversa mole. Você é pagão. Converse pouco. Livra de apanhar.

- Apanhar? 

- Sim. Você sabe que tenho autoridade. 

- Está bem. Mas você vai ver.

A conversa encerrou aí. João Marcelino dirige-se imediatamente à casa do Velho Daozinho Lopes, com quem trocou duas novilhas por um rifle papo-amarelo.

Atendendo a uma pergunta do repórter, Antonio Taveira esclareceu que os Marcelinos eram filhos de Antonio Marcelino e Dona Neném. Toda família, ali, morava na propriedade de nome Olho Dágua, a eles pertencentes Manuel Marcelino, o Bom de Veras, era vaqueiro de João Coelho no minadouro.

Andanças e Lembranças

CONTINUA...


Enviado pelo repórter e pesquisador Antonio Morais


http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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