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quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

A vingança do tenente Antonio - Parte V

Por Antonio Morais

O grupo se divide para confundir as volantes. Contou-nos Antonio de Amélia: Todos os elementos do grupo estavam reunidos. Lampião, tendo ao seu lado a companheira inseparável Maria Bonita, começou a distribuir ordens. Precisava demorar, por muito tempo, naquele acampamento, para repouso, depois de longas caminhadas e reiterados encontros com as volantes policiais e de ataques a indefesas cidades nordestinas.

Chamando Suspeita, um dos seus fieis comandados, ordenou que fosse à cidade de Mata Grande. E prosseguiu o rei do cangaço:

- Receba umas encomendas de Sebastião e depois, da Mata Grande mate Alfredo Curim, Zé Horácio da Ipueira e faça 6 ou 7 mortes na família dos Bentos, que é para ficarmos aqui despreocupados. De lá, viaje para onde quiser, que passe fora uns 15 dias a um mês”.

Alegando Suspeita, que os cangaceiros do seu grupo precisavam arrumar certas coisas.

Lampião autorizou que retirasse elementos de outros grupos. Foi aí que Fortaleza, que era do grupo de Luiz Pedro, Medalha, que sempre acompanhava o chefe, e Limoeiro, que pertencia a outro, passaram a compor o pessoal de Suspeita, para o cumprimento daquelas ordens. Ao mesmo grupo nos incorporamos. Isto é, eu, Sebastião e Antonio Tiago. Mais tarde, quando estávamos de passagem pelo município de Santana, Zeca, irmão de Sebastião e Alfredo, seu primo, se reuniram a nós, após as necessárias apresentações.


Em diferentes direções outros grupos saíram. Seguindo as ordens do capitão Virgolino, diversos grupos seguiram em diferentes direções, com o mesmo objetivo de desviar a atenção das volantes e facilitar a permanência de Lampião, naquele local. Um deles, disse-nos Antonio de Amélia, se dirigiu a Matinha de Águas Brancas, terra da famosa baronesa, cujas joias foram roubadas por Lampião, no início de sua carreira.

Cangaceiros deram para desconfiar. Acampados no meio da mata, Suspeita e sua gente aproveitaram a presença de Zeca, primo de Sebastião, que era bom rabequista, pára, ao lado de uma fogueira, dançarem e beberem durante toda a noite.

Antonio de Amélia prossegue na sua narração: 

- Aproveitando os cabras entretidos na dança, chamei Sebastião e disse para ele: vamos ter um pouquinho de cuidado com os cabras. Parece que eles estão um pouquinho desconfiados. Chamei depois o meu compadre Antonio Tiago e combinamos: o primeiro tiro será dado por mim em Fortaleza. Compadre Antonio cuida de Limoeiro e Sebastião de Suspeita. Aguardaremos com cuidado a melhor oportunidade. Neste momento pude observar que Suspeita e Fortaleza se isolaram do grupo e, todos equipados, se dirigiam a um riacho nas proximidades do lugar de nosso acampamento. Foi aí que Sebastião se dirigiu até o local onde os dois se achavam e perguntou:

- O que está havendo com você Suspeita que está triste e capionga?

Ao que Suspeita exclamou:

- Nada não, companheiro! Quem anda nessa vida precisa ter todo cuidado. Precisa confiar desconfiando.

Sebastião retrucou:

- Então está desconfiando de mim que tudo tenho feito por vocês e gosto de você e do Capitão? Neste caso não mande mais me chamar para coisa nenhuma. - Disse e saiu para perto da fogueira.

Diante da reação de Sebastião tudo voltou ao normal no acampamento, mesmo porque advertir - disse Antonio de Amélia - para cessar a dança e o barulho da rabeca, pois dada a pequena distância daquele local para a estrada, poderiam ser surpreendidos por alguma volante.

Andanças e Lembranças.

CONTINUA...

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