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quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

JORNAL O ESTADO Fortaleza-CE A reconciliação com meu padim sexta-feira, 15 de janeiro 2016


Ao pesquisador atento, desvestido de preconceitos com a religiosidade popular e que saiba exercitar a contextualização dos episódios estudados no devido cenário histórico, não custa compreender a grandeza moral e, sobretudo, a excelsa espiritualidade do Padre Cícero Romão Batista, que em vida já era venerado pelas virtudes taumatúrgicas que os céus lhe concederam.

Padre Cícero, o “Meu Padim Pade Ciço” da fala simples e piedosa dos romeiros que afluem a Juazeiro do Norte, foi exemplo fidedigno de obediência às determinações da Santa Igreja Católica Apostólica Romana, dela não divergindo nem nos momentos mais dolorosos em que a injustiça bateu à sua porta e o aguilhão da intolerância do bispo Dom Joaquim feriu em profundidade o seu coração de sacerdote. Claro que o sofrimento do humilde pároco da aldeia foi maior porque a injustiça foi praticada exatamente pela ação insensata e cruel de alto clérigo representante da hierarquia temporal daquela que é Mater et Magistra.

Agora, no apagar das luzes do ano de 2015, passados mais de cem anos dos fenômenos conhecidos como “o Milagre da Hóstia”, em que foram protagonistas o padre e a beata Maria de Araújo, quando a sede papal é ocupada por um bispo latino-americano, dito “Papa da Misericórdia”, eis que assoma a sabedoria da Igreja, revelada em documento do Vaticano, assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Neste documento, ainda que não definitivo e eivado de expressões diplomáticas ditadas pela imensa prudência que caracteriza a Igreja, está claramente definida a nova postura do Vaticano em relação ao Padre Cícero.

O Vaticano, segundo o assentado por um dos seus mais altos dignitários, cujas expressões indubitavelmente contêm a chancela do papa Francisco, reconhece que o Meu Padim ocupa o coração de milhões de fiéis católicos, os quais se põem genuflexo diante da Igreja exatamente em face da pregação sempre viva do Santo do Nordeste. Padre Cícero foi exemplo de acolhimento, de perdão e de misericórdia. 

Por isto, diz o documento em tela: “Não deixa de chamar a atenção o fato de que estes romeiros, desde então, sentindo-se acolhidos e tendo experimentado, por intermédio da pessoa do sacerdote, a própria misericórdia de Deus, com ele estabeleceram – e continuam estabelecendo no presente – uma relação de intimidade, chamando-o na carinhosa linguagem popular nordestina de PADIM, ou seja, considerando-o como um verdadeiro padrinho de batismo, investido na missão de acompanhá-los e de ajudá-los na vivência de sua fé.”

Para mim, basta este parágrafo para se afirmar sem medo, ao contrário de alguns que ainda titubeiam, que, definitivamente, a Igreja Católica reconciliou-se com o injustiçado Padre Cícero. A Igreja, pela palavra segura e legítima de alto purpurado do Vaticano, reconhece finalmente, que “a própria misericórdia de Deus” estava contida nas ações do Meu Padim. Roma locuta, causa finita!


Barros  Alves
Jornalista

Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do cangaço José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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