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sexta-feira, 10 de novembro de 2017

O BALAIO E A MINISTRA

Clerisvaldo B. Chagas, 10 de novembro de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.778
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No Brasil da escravidão houve muitos movimentos libertários dos negros africanos, em todas as regiões onde havia escravos. Tanto aconteciam as fugas para formações de quilombos, quanto revoltas para libertação. Um desses inúmeros movimentos pela liberdade preta aconteceu no Maranhão, penetrou na história e nos livros didáticos do País com o título de Balaiada. Foi em 1838 que aconteceu essa revolta do povo contra os grandes proprietários de terras rurais. Agiram contra a exploração que aqueles senhores exerciam sobre os escravizados vaqueiros, artesãos e trabalhadores livres do Maranhão. A liderança do movimento era composta por três pessoas: o vaqueiro Raimundo Gomes, o artesão Manuel Francisco dos Anjos (o que fazia balaios) e o negro Cosme, que organizava fugas dos escravizados da região.

BALAIO. Foto: (Arqueologia).

Muitas coisas aconteceram durante cerca de três anos de luta. Durante as refregas os rebeldes chegaram a tomar a cidade de Caxias. Ali formaram um governo provisório, facilitaram a fuga de escravizados e a formação de um quilombo. Como o movimento carecia de maior organização, não teve fôlego o suficiente para continuar e começou a enfraquecer. A Balaiada foi definitivamente derrotada em 1841. A sua denominação vem do apelido e da profissão de Manuel Francisco dos Anjos, “O Balaio”, porque ele confeccionava balaios verticais de palhas ou cipós para transporte de algodão e outros produtos. Ferido por acidente por seus próprios companheiros, o Balaio terminou morrendo de gangrena.
Diante de tantas lutas, não somente contra a escravidão, mas também de outros tipos de explorações nos campos e nas cidades, até parece que toda consciência foi perdida. Foi assim que o ridículo estourou nos noticiários brasileiros e nas Redes Sociais, onde piadas e mais piadas se amontoam. Uma declaração infeliz de uma ministra que acha que deve receber sessenta mil reais se não seu trabalho fica caracterizado como trabalho escravo, fez tremer em suas respectivas tumbas Raimundo Gomes, o Cara Preta; Manuel Francisco dos Anjos, o Balaio; e o negro Cosme, líderes da Balaiada, em 1838.
É esse tipo de gente que, como autoridade desequilibrada faz parte da cúpula do Brasil.
Que falta faz Zumbi dos Palmares!


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