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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

GUERREIRA DO PAJEÚ À MINHA AVÓ MARGARIDA ANA DOS SANTOS.

 Por Gilmar Leite

Margarida, guerreira do Sertão;
Descendente da tribo Cariri.
Foi rochedo e a flor do bulgari
Transbordando d’ amor o coração.
No trabalho buscava sempre o pão
Pra família puder alimentar
Enfrentou intempéries do lugar
Com vigor e coragem sertaneja
Não temia o cansaço da peleja;
E vivia num eterno trabalhar.

Descendente do povo lusitano
Foi Eusébio, esposo e pai dos filhos,
Que partiu pra morar em outros trilhos
E deixou a família no abandono.
Margarida assumiu de vez o trono
Pra mostrar uma índia no reinado
Sem tacape, sem flecha, no roçado,
A enxada era a arma para a luta
Do inverno ao verão, sua labuta,
Foi deixar cada filho alimentado.

Ela teve dois filhos e três filhas,
Duas delas morreram em tragédias,
Mesmo assim não perdeu as suas rédeas,
Nem fugiu pra buscar distantes trilhas.
Cada dia enfrentava mil guerrilhas
Pra viver no Sertão com honradez
No trabalho mostrava sua altivez
Duma forte guerreira mãe mulher
Que viveu no seu trono de Pajé
Sem temer o negror da languidez.

Quando deixou a “Serra do Machado”
Pra morar em São José do Egito,
Não sentiu o seu coração aflito
No trabalho assumiu outro legado.
Com uma tropa de burros equipado
Levou água pras casas da cidade
Carregando no peito a honestidade
A coragem de mãe comprometida
Pra mostrar a grandeza Margarida
Uma rosa com brilhos da verdade.

O lugar onde teve a moradia
Batizaram de “Alto da Margarida”
Uma justa homenagem merecida
A Mulher Cariri, sem fidalguia.
Para mim ela será sempre guia
Uma avó como símbolo do Sertão
Que clareia minhas noites de verão
E me aquece nas rochas da frieza
Enfeitando minha alma de beleza
Confortando de luz meu coração.

Gilmar Leite

Margarida Ana dos Santos


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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