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segunda-feira, 26 de março de 2018

ARMY MEN XII: INVASÃO À VILA DE TEIXEIRA-PB, INICIO DO LEVANTE DE PRINCESA-PB -1930

Por Freitas Júnior Poeta
Cenário Army Men: 1º de Março de 1930 - Homens do “coronel” José Pereira libertam a Família Dantas e põem as tropas da Polícia Militar do Estado da Paraíba para fugirem da cidade de Teixeira-PB. 
Como visto nas matérias anteriores, no dia 24 de fevereiro de 1930, o presidente João Pessoa, visando desestabilizar o poder de mando do “coronel” José Pereira, retira os funcionários do Estado, lotados em Princesa; quase todos os parentes do “coronel”, e exonera o prefeito José Frazão de Medeiros Lima, o vice-prefeito Glicério Florentino Diniz e o adjunto de promotor Manoel Medeiros Lima, indicados pelo oligarca princesense. O juiz Clímaco Xavier abandonou a cidade por falta de garantias. O jornal “A União” de 28 de fevereiro de 1930, trazia decretos de exoneração do subdelegado de Tavares, Belém, Alagoa Nova (Manaíra) e São José, distritos de Princesa na época. Com o rompimento oficial do “coronel” José Pereira em 22 de fevereiro de 1930 no município de Princesa, a justiça deixou de funcionar, as aulas foram interrompidas e foi suspensa a arrecadação de impostos..


Como resposta José Pereira declarou a independência provisória de Princesa do Estado da Paraíba. Neste mesmo dia 28 era publicado o Decreto nº 01 foi aclamado pela população, que declarou oficialmente a independência da cidade (República de Princesa), com hino, bandeira e leis próprias. Trocas de telegramas cada vez mais acintosos não deixaram margem a nenhuma dúvida, pois João Pessoa escudando-se na defesa da ordem em razão do pleito eleitoral a ser realizado em 28 de fevereiro de 1930 decidiu de forma intransigente enviar tropas para o sertão, sendo declarada neste dia a guerra de Princesa.
A chamada guerra de Princesa principiou por Teixeira, no dia do pleito para Presidência e vice-presidência da República, senado e deputação federal, a 1º de março de 30. João Pessoa mandou a polícia estadual ocupar o município de Teixeira, sob o comando dos capitães João da Costa e Irineu Rangel reduto dos Dantas, aliados de José Pereira, prendendo pessoas da família e impedindo que ocorresse votação naquela cidade. Houve reação armada dos Dantas.
O número total do contingente a disposição do presidente João Pessoa era 890 combatentes. A primeira investida foi sobre a vila do Teixeira, reduto da família Dantas, invadida pela tropa comandada pelo Tenente Ascendino Feitosa que aprisionou vários membros deste clã sertanejo. A família Dantas fora pega de surpresa. Logo estavam encarceradas pessoas de destaque na região.  A cadeia de Teixeira nunca havia recebido gente tão importante e bem situadas na hierarquia da sociedade sertaneja agropastoril.
O Tenente Ascendino Feitosa, comandante do pelotão militar, tinha queixas particulares contra a família Dantas. Em uma briga, Silveira Dantas havia levado vantagem sobre Ascendino Feitosa. Irado e desmoralizado, o militar havia jurado vingança, a qual estava para se concretizar com a decisão do Presidente João Pessoa em fazer valer sua autoridade como chefe do executivo paraibano. O comandante militar se dirigia aos presos ameaçando-os initerruptamente de sangrá-los. “Hoje bebo o sangue dos Dantas!”, bradava Ascendino Feitosa, futuramente o responsável pelas execuções de João Dantas e Augusto Caldas na Penitenciária do Recife, em razão do assassinato do Presidente João Pessoa. Dona Cota respondia em tom de deboche: “Bebe, desgraçado, só assim terás sangue bom nessas suas veias sujas!”.
O “coronel” José Pereira Lima não era homem de se intimidar com pouca coisa, não tardou muito para que ele soubesse dos acontecimentos com os importantes aliados na Vila do Teixeira. À disposição do “Coronel” foi formado verdadeiro exército composto de mais de 2.800 homens, armados e municiados principalmente com rifles winchester calibre 44. José Pereira tinha armas em quantidade, recebidas do próprio governo estadual, em gestões anteriores, para enfrentar o bando de Lampião e mais tarde a Coluna Prestes. Seu exército era composto por combatentes, onde diversos desses lutadores eram egressos do cangaço ou desertores da própria polícia paraibana. Financiados pelos Pessoa de Queiroz e apoiados pelo governo paulista de Júlio Prestes, os partidários do coronel José Pereira mobilizaram aproximadamente dois mil homens, dos quais oitocentos e cinqüenta na primeira linha, em armas. A essa última cifra subia o contingente da Polícia Militar do Estado. Com esse poderio bélico e seu prestígio político, começou a planejar o que ficou conhecido como “A Revolta de Princesa”.  A decisão de libertar os Dantas logo foi posta em prática. Encouraçados, vestindo gibões, com chapéus de couro quebrados na testa, perfazendo a mais pura essência da estética sertaneja, 500 homens foram despachados por Zé Pereira, comandados por Lindu e Luiz do Triângulo, para a Vila do Teixeira.
O destacamento policial de Princesa retirou-se para Piancó, enquanto, pelo outro lado, formação de polícia precipitava-se sobre Teixeira. Ambos os lados pretextavam garantir as eleições. O choque foi inevitável.
A Polícia Militar paraibana lutava com armas obsoletas, com munição vencida, impossível de ser usada de forma adequada. Para tentar contornar a situação dramática, o governo gaúcho montou esquema de contrabando em barris de sebo, tendo em vista que a alfândega, enquanto órgão federal, era controlada pelo perrepistas. Enquanto o grupo de José Pereira vinha aboiando e empunhando rifles winchester calibre 44, mandaram o recado para Ascendino Feitosa e sua tropa. Se não soltassem os Dantas imediatamente iriam morrer no cipó-de-boi, sem escapar um só. Aflita e completamente desnorteada, a tropa e seu comandante fugiram em direção ao Estado de Pernambuco. A família Dantas foi solta e colocada em local seguro.
Dessa forma se consumava o primeiro episódio da guerra de Princesa, cuja declaração efetivava-se em 28 de fevereiro de 1930, quando, a partir daí, intensificavam-se os combates cruentos entre as tropas militares do governo do Estado da Paraíba e o verdadeiro exército arregimentado pelo “Coronel” José Pereira Lima.

REFERENCIAS HISTORIAGRAFICAS:

CENÁRIOS E FOTOGRAFIAS: Freitas Júnior - Historiador & Poeta: 
https://www.facebook.com/profile.php?id=100017290650832

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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