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segunda-feira, 8 de julho de 2019

A ENTRADA DE LAMPIÃO NO CANGAÇO


Do acervo do José João Souza

Virgulino Ferreira entrou para o cangaço em 1916, aos 19 anos de idade, não era, no entanto, um bandido profissional. Podia ser caracterizado como cangaceiro "manso", entrando nas lutas em função de demanda familiares. A causa imediata do seu ingresso no cangaço teria sido a desavença com Zé Saturnino. Saturnino pertencente à família Nogueira, tradicional aliada da poderosa família Carvalho, enquanto que a família Ferreira era aliada aos Pereira. Como disse Sinhô Pereira sobre o ingresso de Lampião no seu bando:

"Os inimigos de Lampião eram meus inimigos - os Saturninos e José Lucena. Este até eu não conheci, não. Mais sei que era um cabra muito perverso. Lampião era de uma família humilde, mas não era arrebentado não. José Ferreira, o pai, eu conheci muito. Conheci até o pai do pai dele, Pedro Ferreira. Nossas famílias até eram ligadas: a mãe dele era afilhada de meu pai. O pai dele era afilhado de batismo de tio Padre (Manoel Pereira Jacobina). Conheci Lampião desde menino. Ele e seus irmãos eram independentes e muito trabalhadores".

Destacamos a hipótese de que tenha sido Lampião quem praticou o último ato vingativo da familia Pereira em luta contra os Carvalhos, com o assassinato de Luís Gonzaga Ferraz, em 1922. Para isso teria sido designado por Sinhô Pereira. Depois desse acontecimento, ele rompeu as fronteiras estritas dessa modalidade de luta. Contudo, manteve e aperfeiçoou no cangaço a imprevisibilidade violenta que dirige a vingaça, com o requinte da crueldade. Dessa forma, aplicou sua ira não apenas aos agentes da ordem, mas aos civis, a camada de sertanejos pobres ou ricos, brancos ou negros, homens ou mulheres.

Fonte: O CANGAÇO - poder e cultura política no tempo de Lampião
De: Marcos Edílson de Araújo Clemente

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