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quarta-feira, 21 de agosto de 2019

LAMPIÃO O TIRA FEBRES

Por Raul Meneleu

Tem uma história bastante interessante que se deu nas terras de Missão Velha no Ceará e que nos é contada pelo amigo João Bosco André, memorialista e escritor (ver foto), em seu livro sobre o senhor Miguel Pinto, antigo morador do sítio tuncas, no ano de 1927.


Certa feita Lampião chegou no sítio com seus cangaceiros com bastante fome e começaram a comer o mel dos cortiços que tinha em frente à casa e Lampião quando foi chegando viu aquilo, brigou com os seus cabras e perguntou ao fazendeiro quanto era aquele prejuízo, o senhor Amâncio Alves que era o dono da propriedade disse que não era nada e que não custava nada, mandou preparar um almoço para servir para Lampião, que agradeceu. Disse que sua passagem por ali, por aquelas terras, tinha um propósito de ir à casa do senhor Zezé Tavares, seu amigo, no sítio Caiçara e como não conhecia a região pediu que alguém lhe mostrasse o caminho.  Pediu ao Senhor Amâncio Alves que ficasse com seu animal e emprestasse outro para ele. 

João Bosco André

Feito o arranjo, o morador do sítio, o senhor Miguel Pinto, foi escalado para levar Lampião. Seguiram viagem e no mesmo sítio Tunga, mas na frente, tinha a casa de Lino Tavares, que se encontrava no alpendre e os cangaceiros perguntaram para ele se tinha alguma coisa para comer. A resposta foi que não tinha nada para oferecer aos cangaceiros. Esses antes à resposta, invadiram a casa e foram para cozinha, onde se encontrava a mulher do sr. Lino fazendo um pão de milho, o famoso cuscuz. Já tinha feijão pronto e aí os cangaceiros comeram o feijão com o pão de milho  e depois saíram quebrando as panelas, voltando para o alpendre e ameaçando matarem todos. Foi quando se aproximou Lampião que sempre se mantinha na retaguarda e mandou que o grupo seguisse viagem.

 Dentro dessa história,  Zé Lino, filho do Lino Tavares, se encontrava no ventre materno quando a sua casa foi invadida pelos cangaceiros. Ele nasceu no ano de 1927 dois meses após o acontecido da invasão da casa, ele nasceu e só veio a falar com 7 anos inclusive sua mãe tinha dado para ele beber água de chocalho porque conta-se a história que quem bebe água de chocalho fala muito e ele disse ao amigo Bosco André, que foi preciso tomar água de chocalho e era por isso que até hoje ele falava muito.

Voltando a Lampião, ao chegar no sítio da Caiçara,  do amigo Zezé Tavares, esse não se encontrava em casa, mas a sua mulher, dona Lídia Cavalcante, os recebeu e mandou  matar uma ovelha para fazer a comida para o bando, colocou numa mesa muito grande, farinha, queijo e rapadura para os homens que vinham muito famintos. 

Lampião agradeceu a boa acolhida por parte da senhora e virando-se para Miguel Pinto, disse-lhe que podia voltar, levando o animal emprestado do seu sogro e que o agradecesse. Miguel Pinto aliviado criou Alma Nova, pois pensava até que seria morto, e apressado e ganhou a estrada. 

Depois que Miguel Pinto deixou a propriedade de Zezé Tavares após percorrer uns 2 Km foi seguido por um cangaceiro que o interpelou e disse que o capitão desejava que ele voltasse. Deixou o animal amarrados na estrada e voltou pensando que seria morto por Lampião.  Quando chegou lá, Lampião perguntou para ele se ele usava camisa de manga comprida ou curta (lembrei da história do que se conta, quando Lampião perguntou para um sertanejo, se ele pitava, donde o sertanejo lhe disse: 

- Sim sinhô, mas se o sinhô  quiser eu paro agorinha!).

Então ele disse que usava camisa de manga comprida e foi aí que Lampião ordenou os seus cangaceiros que entregasse a Miguel Pinto dois cortes de tecido para fazer duas roupas, calça e camisa, da mais nobre mescla da época. Foi um presente que Lampião deu para ele, pelo trabalho de lhe guiar até o sítio Caiçara.

O capitão quando saiu da fazenda de Zezé Tavares foi direto para Ipueiras, Aurora, onde foi arquitetado o plano para invadir a cidade de Mossoró no Rio Grande do Norte.

Miguel Pinto contando essa história disse que ao ser abordado por um cangaceiro de Lampião a pedido de seu sogro em sua casa lá nas Tuncas para ensinar o caminho, se encontrava com uma febre danada de muito alta, mas ao receber a ordem para guiar os cangaceiros, o medo foi tão grande que a febre cessou na mesma hora.


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