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sexta-feira, 1 de maio de 2020

A MODA E A CRIATIVIDADE

lerisvaldo B. Chagas, 1 de maio de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.204

Muitas cidades mineiras orgulham-se dos seus ciclos históricos e conservam entre outras coisas, o calçamento bruto dos tempos de vila. Algumas nem permitem mais circulação de veículos por esses patrimônios compostos por edifícios e pedras antigas. Em Santana do Ipanema, Alagoas, a vila também ganhou calçamento bruto em toda a área do comércio, inclusive a Avenida principal Coronel Lucena. Era sim um orgulho santanense para uma vila que agia como cidade e ganhara pavimento moderno para a época. Mais alguém de fora sempre comparava a ignorância de “A” ou de “B” com o calçamento bruto de Santana do Ipanema. No governo municipal do senhor Ulisses Silva, foram demolidos os prédios antigos do comércio e arrancado o calçamento bruto da cidade. As pedras foram substituídas por paralelepípedos, pedras quadriculadas de granito apontadas como mais modernas.
Extração de areia e rodas de pneus, ontem de 40 anos e hoje.
 (Foto: B. Chagas).
Daí em diante as centenas de carros de boi de roda com aro de ferro, ficaram proibidos de circularem no calçamento novo. As cargas que o carro de boi pegava no próprio armazém e levava para a zona rural, ficaram então sendo transportadas de outra maneira dos armazéns para as areias do rio Ipanema, ponto de estacionamento dos carros de pau. O transporte de areia do rio em carro de boi também teve que ser adaptado. (toda Santana foi construída com areia do Panema). Diante disso, surgiu a nova moda para o carro de boi urbano. As rodas de madeira com aro de ferro, foram trocadas por pneus e seus acessórios no eixo. Assim o carreiro pode continuar seu trabalho rua acima, rua abaixo sobre o calçamento novo do prefeito Ulisses.
Aproveitando a transformação, os carroceiros passaram a imitar os carreiros. As carroças puxadas por burras, também foram adaptadas e as rodas que eram de outra modalidade, passaram a se apresentar com pneus de automóveis. Com pneus ou sem pneus  não parou a extração mineral no rio Ipanema. Mesmo agora em 2020 o seu leito é tremendamente explorado sem nenhuma restrição. Teve gente até que já se apoderou da imensa fatia do rio, extrai e vende o que é de todos os santanenses.
Vergonha!
                                      

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