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domingo, 10 de junho de 2012

Planos para capturar Lampião

Grota de Angico - lugar onde Lampião foi morto

Após dias no encalço e com informações detalhadas sobre a localização dos cangaceiros, colhidas quando o sargento Aniceto Rodrigues recebeu a informação do coiteiro Joca Bernardo e de um cidadão chamado Pedro Cândido, sobre a presença de Lampião na fazenda Angico, imediatamente telegrafa ao seu superior imediato,

 
Tenente João Bezerra à esquerda, Aspirante Ferreira de Melo ao centro
e Sargento Aniceto Rodrigues à direita

o Tenente João Bezerra, transmitindo a mensagem de forma ‘cifrada’, a fim de não levantar qualquer suspeita. Naquele fim de manhã, o oficial estaria com sua tropa estacionada em Pedra (hoje Delmiro Gouveia, alto sertão de Alagoas), descansando de uma ‘batida’ policial realizada em possíveis esconderijos de cangaceiros na região de Mata Grande.

Mantido o contato com o seu comandante, o sargento requisita um caminhão e parte de imediato até um local predeterminado por Bezerra, o sítio Riacho Seco, fincado entre a cidade de Piranhas e a antiga Vila de Pedra, onde de lá saíram em duas canoas com destino à grota de angico, no outro lado do Rio São Francisco, no antigo distrito de Porto da Folha, hoje município de Poço Redondo, Estado de Sergipe, à cerca de 15 Km de Piranhas.

Esquema de emboscada em Angico

A Volante da PM-AL fez então o cerco e, durante às quatro horas daquela madrugada de quinta-feira, começa a batalha que põe fim à vida de Lampião, sua companheira Maria Bonita e mais nove cangaceiros, deixando ainda o militar Adrião Pedro de Souza morto e o Tenente João Bezerra ferido com um tiro que transfixou a mão e um outro na coxa, que ficou alojada no seu quadril.

Após o combate, que durou cerca de 20 minutos, como de costume na época, para provarem o grandioso feito, os cangaceiros tiveram suas cabeças decepadas, salgadas e colocadas em latas de querosene, contendo aguardente e cal para conservá-las, para que pudessem ser expostas em várias cidades de Alagoas; sendo levadas em seguida para Salvador/BA e de lá para o Rio de Janeiro, de onde retornou à capital baiana para a realização de estudos científicos, e onde permaneceram no Museu Antropológico do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues por mais de trinta anos, até que seus sepultamentos fossem autorizados pelo governo.

Os corpos mutilados e ensanguentados foram deixados a céu aberto, atraindo urubus, para evitar a disseminação de doenças. Dias depois foi colocada creolina sobre os corpos.

Observe que sobre um corpo existe uma garrafa de bebida, e afirmam que é o de Lampião

O enterro dos restos mortais dos cangaceiros (cabeças) só ocorreu depois do Projeto de Lei nº 2.867, de 24 de maio de 1965. Tal projeto teve origem nos meios universitários de Brasília (em particular, nas conferências do poeta Euclides Formiga), após o reforço das pressões de suas famílias e da igreja. As cabeças de Lampião e Maria Bonita foram sepultadas no dia 6 de fevereiro de 1969.

Em 22 de dezembro de 1939, João Bezerra recebeu do interventor federal em Alagoas, um prêmio instituído referente à coluna que extinguiu “Lampião”, assim distribuído: pelo estado de Alagoas – 5:000$000 (Cinco contos de réis), pelo estado da Bahia – 20:000$000 (Vinte contos de réis), somando ao todo 25:000$000 (Vinte e cinco contos de réis). Conforme Boletim nº 289, da Polícia Militar de Alagoas.


Após a morte de Lampião, o cangaceiro Corisco, que era natural de Água Branca/AL, assumiu o posto de vingador, mesmo não sabendo quem realmente havia informado a localização do bando. A vingança caiu sobre o vaqueiro Domingos Ventura (avô da esposa de João Bezerra) que foi assassinado pelo "Diabo Louro" com outras duas mulheres e crianças, que também foram decapitadas e suas cabeças enviadas em um saco para o comandante da Volante.

Mais ou menos trinta dias depois do massacre de Angico, a maioria dos cangaceiros remanescentes de outros bandos já haviam se rendido ou sido capturados, permanecendo na ativa apenas os grupos de


Labareda e de Corisco, mas sem realizarem grandes ações, sendo este último morto em 25 de maio de 1940, fechando então o ciclo do cangaço no Nordeste.

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