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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

MEMÓRIA DO CARNAVAL - 15 DE FEVEREIRO DE 2015

 Por Geraldo Maia do Nascimento

Os primórdios do nosso Carnaval
              
Continuando a nossa série sobre a memória do carnaval mossoroense, vamos abordar hoje os primórdios da nossa festa de Momo.
               
As primeiras notícias que temos sobre Carnaval em Mossoró é de 1913, quando “um pequeno grupo de cavalheiros e pouco maior número de crianças” saíram fantasiados pelas ruas da cidade no domingo de carnaval. Naquele mesmo dia houve uma festa no Cinema Almeida Castro, onde “a fina flor mossoroense” travou uma verdadeira batalha de confete, serpentina e lança-perfumes. Na segunda-feira outros bailes se realizaram. O jornal “O Mossoroense” registrava “uma soerée familiar na casa do diretor do jornal e, outro ainda, no Polytheama como remate à festa anual tão cheia de atrativos.” Dessa forma começavam as comemorações do carnaval em Mossoró.


Em 23 de fevereiro de 1924 o jornal O Mossoroense anunciava: “Vesperal carnavalesca na residência do Dr. Freire Filho, médico pernambucano que por vários anos residiu em Mossoró. Sua elegante residência, localizada na Rua do Triunfo, local onde hoje está instalada a Coletoria de Rendas Estaduais, foi ricamente decorada para receber a elite mossoroense, que se apresentou ostentando vistosas fantasias, num ambiente dos mais alegres. Não faltaram nessa magnífica vesperal que assinalou o inicio da temporada carnavalesca do ano, os blocos das Violetas e dos Terroristas, formados se senhoritas e rapazes, bem como as fantasias individuais, ali representando Príncipes Encantados, Persianas, Cavaleiro da Idade Média, Mosqueteiros, Ciganos, Gato de Botas, Cinderelas e outros disfarces”.
               
Nos anos que se seguiram a festa foi tomando proporções maiores. De 1913 a 1925 vários grêmios recreativos foram se formando nos bairros, cada qual querendo mostrar o que tinha de mais bonito. Para os jovens daquela época, o carnaval oferecia um bom pretexto para cortejos, por isso caprichavam no visual antes de cair na folia.
               
Como não existiam ainda clubes sociais na cidade, as festas eram realizadas nas casas das pessoas. As famílias mais tradicionais decoravam suas casas com temas coloridos, convidavam os amigos e promoviam suas próprias festas. A folia era puxada por uma orquestra e entre uma dose e outra de licor, era servido um cafezinho.
               
Com a construção de clubes como o Ypiranga, Associação Cultural e Desportiva Potiguar – ACDP, Associação Atlética do Banco do Brasil – AABB, BNB Clube, do Banco do Nordeste do Brasil e outros, as festas carnavalescas passaram a ser realizadas nesses espaços. E por essa época os Carnavais já tinham tomado uma projeção tão grande que começaram a ser realizados festivais. O antigo Clube Ypiranga foi palco de grandes desfiles de fantasia.
               
Mas tinha também o mela-mela. Herança do “entrudo” que foi trazido para o Brasil por volta do século XVII, por influência dos portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. Era uma brincadeira de loucas correrias, onde se jogava nas pessoas que passavam: farinha, água com limão, colorau, etc. Em meios mais nobres, esses produtos eram substituídos por confetes e serpentinas.
               
Os blocos trabalhavam suas alegorias para superar os concorrentes. Marcaram época os blocos Hi-Fi, composto pela elite da sociedade mossoroense, Sky, Ciganas Zingaras, composto exclusivamente por moças da elite, Camafeus de Oxossi, composto por moradores do Bairro Alto da Conceição, os Falcões, que era formado por moradores do Bairro Doze Anos, Guizos de Ouro, Gente Bem, Sete Capas, Very Kar, Cavalheiros de Tio Sam, Tricolor da Folia, Camisas Pretas e Balança, mas não cai. Havia ainda os Kalapalos, com 30 membros, os Cara-sujas, com 52 integrantes, o Fãs de Amor, com 33 pessoas e os Vassourinhas, com 32 homens
               
Esses carnavais remanesceram até a década de 70. Nesse período, a rivalidade existente entre os Clubes ACDP e Ypiranga era contagiante. Deixaram saudades o brilho de suas festas.
                
Geraldo Maia do Nascimento
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