Por José
Mendes Pereira
Sargento Deluz
Continuando a
nossa história sobre a morte do sargento Deluz o escritor Alcino Costa conta
que o pai da Dalva o João Marinho sempre tentava resolver aquele problema sem
desassossegar a sua estimada família; sabia que a filha não tinha um tico de
sossego, mas pior seria se pior fosse, uma desavença laçando todos da família.
O que o patriarca mais queria era a paz naquele lar. Jamais desejou ser inimigo
do seu próprio genro, pai de sua netinha que nascera no meio da infelicidade. Já
tinha cedido uma parte de terra numa região de mata fechada, lá no Araticum.
Naquele local o delegado desajustado fez uma fazendinha.
Mesmo com toda
essa tribulação surge mais uma novidade que deixa todos os seus familiares
tristes, a Dalva engravida novamente do bruto delegado. Meses depois, a criança
nasce e é batizada com o nome Maria Luíza, mas entre família chamavam-na de
Zizi.
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Mas parece que
as coisas iriam tomar outros rumos, porque o militar estava cheios de projetos
e desejava aumentar suas terras, assim alguém se abestalhasse e fizesse o seu
desejo de lhe doar mais terras. E sendo o Valadão seu amigo e concunhado,
casado com a Mariinha, propõe-lhe a cessão de um pedaço de terra. E sem muita
demora o seu pedido foi atendido, o Valadão fez a doação da área de terras do
seu desejo, e lá, negociaram que seu pedaço de terra começava pelo um trilho
que se iniciava em um riacho chamado da Barra.
Com essa
doação o delegado Deluz criou gosto em seus projetos e a sua fazenda Araticum
passou a ser de grande porte.
Mas parece que
isso não agradou muito o seu sogro João Marinho e resolveu não mais entregar os
documentos de posses ao genro. E com essa negação de não entregar os documentos
da terra que cedera ao Deluz, as desavenças aumentaram entre genro e sogro. O
sargento fica furioso com a atitude tomada pelo seu sogro e as confusões
aumentaram mais ainda entre eles.
O Deluz não se
contentou somente com as terras cedidas pelo Valadão, seu concunhado, e passou
a desejar uma parte da grande propriedade do sogro. Como ele sempre foi
arrogante procurou o velho João Marinho e falou sobre a sua intenção, adquirir
mais terras para aumentar os seus projetos. Mas o João Marinho não concordou, e
nesta confusão, entrou a sogra do sargento Deluz. Dona Maria Gomes se aborreceu
com a solicitação ou olho grande do bruto genro. E além dos maus-tratos com a
esposa por último, queria investir sobre as terras do Brejo, e como era
poderoso não temia ninguém porque se considera o melhor da lei e da justiça. A
sua posição de delegado fazia pensar que era dono de tudo, sem que ninguém o
incomodasse. E tinha que obedecer as suas exigências e ordens.
O fazendeiro
João Marinho ficou sem saber o que iria fazer. O militar já atrapalhando a boa
vida que tinha sua filha Dalva, agora só lhe faltava esta, querer se apossar do
que não era dele? Aquela terra custou o seu suor, a sua vida desde muitos anos
foi cuidar das suas terras, e sem menos nem mais, de repente surge um infeliz
querendo tomá-la do seu poder.
Apesar de ter
sido um homem bruto, ignorante e outros mais adjetivos o Deluz odiava qualquer
tipo de trapassa, e sempre quando isso era para ser resolvido por ele, como
militar, agia pela razão e conforme mandava a justiça.
Um deles foi o
caso de Zuleica, uma das filhas de uma senhora chamada dona Delfina da Pedra
D’água, que estava nos primeiros dias de resguardo e tivera uma discussão com
um jovem chamado Raimundo, um dos empregados de um senhor de nome Mestre
Cícero. Tomando conhecimento da discussão que tivera o Raimundo com a
parturiente Zuleica, o delegado Deluz intimou-o e ordenou que ela desse-lhe uma
surra de chicote daqueles fabricados com couro cru, mas a Zuleica não aceitou a
ordem. Revoltado com a rejeição da Zuleica o Deluz fez-lhe a segunda proposta,
se ela não surrasse o Raimundo quem iria apanhar era ela. E sem outra solução,
mesmo contra vontade, o rapaz foi surrado pela Zuleica. Como a Zuleica ainda
estava no seu resguardo e debilitada, e não esperava aquela ordem tão severa,
findou adoecendo, e dias depois, ela faleceu.
Existe um
outro fato que aconteceu com um jovem que ao ver algumas meninas brincando,
dentre elas estava Adélia filha do sargento Deluz e da infeliz Dalva, o jovem
mostrou os seus órgãos genitais a elas. Assim que Deluz soube, prendeu e mandou
que as meninas desse-lhe uma surra de chicote naquele indivíduo.
Continuarei
amanhã!
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