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terça-feira, 16 de junho de 2020

VISITANDO ÀS FAZENDA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de junho de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.324

    No alpendre de todas as fazendas sertanejas nordestinas, teve lugar garantido o “banco pela-porco” ou “banco de pelar porco ou ainda simplesmente o “pela-porco”. Trata-se de um banco em forma de pranchão, entre 4 a 5 metros de comprimento, com largura também variável, em média, 40 cm. É feito de madeira nobre entre craibeira e baraúna, muitas vezes passando dos cinco centímetros de espessura, quando novo. Sua durabilidade vai para mais de duzentos anos, o dono morre, o banco fica para netos e bisnetos. Não é fácil fazer conserto e ele vai se deteriorando com o uso e com a longevidade. O seu nome vem do fato em que era usado como lugar para pelar com água quente, o porco abatido na fazenda.

SENTADO NUM PELA-PORCO. (CRÉDITO: Andredib.com.br.)
Ele é quem recebe o viajante cansado como primeiro contato externo da casa. Nele os seus donos contemplam os arredores, no estio e, nos tempos chuvosos, observam e sentem as chuvaradas cantando no telhado e chegando no terreiro. Avista-se dali quem se aproxima da moradia e é usado para várias tarefas domésticas como debulhar feijão- de-corda, por exemplo.
É respeitado por todos os visitantes e ladrões que sempre os deixam em paz.
Os bancos já acomodaram os fundilhos de Lampião, forças volantes, vaqueiros e rastejadores.
Móvel tradicional rústico e multiuso.
Não sabemos dizer se existe algum exemplar no Museu Darras Noya, em Santana do Ipanema.
O banco pela-porco é o móvel e o lugar mais querido e respeitado da casa-grande. E se quer saber, mesmo com todo modernismo, continua em voga nas casas sertanejas.

Foi num banco pela-porco
Que comecei meu namoro
                              Ela com saia rodada
                              Tecido da cor de ouro
                              Eu em traje de vaqueiro
    Perneira e chapéu de couro.

Talvez o banco mais notável de Santana do Ipanema tenha sido o do alpendre da casa do senhor Lulu Félix, no Bebedouro onde o doido Justino tinha sentadas. Lulu era conhecido como contador de casos, mentia com arte para divertir a todos. Justino, barbudo que fora jogador de futebol do Ipanema, diziam os mais velhos um terror para a criançada.


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