Seguidores

sábado, 17 de março de 2012

Água Branca: O Cangaço no povoado Alto dos Coelhos.

Por: João de Sousa Lima
Na foto: João Lima, João Maurício (filho do cangaceiro Barra Nova), Aldiro e seu filho Deivinho (nossos anfitriões e que nos prepararam um delicioso almoço).

Nessa Sexta Feira, Eu e o escritor Gilmar Teixeira estivemos realizando uma palestra sobre o Cangaço e Delmiro Gouveia no povoado Alto dos Coelhos, Água Branca, Alagoas.
O povoado é um dos ricos celeiros da região onde a passagem dos cangaceiros deixou marcas e foi de lá que saiu o cangaceiro Barra Nova.

O colégio local foi palco da palestra
Gilmar Teixeira e João Lima.
Entre a ouca plateia se destinguiu a ala jovem que muito interessados assistiram vidrados a palestra e ao filme sobre o cangaceiro Gato.
Rostos ligados na televisão assistindo um filme sobre o cangaço.
Deivinho (em primeiro plano)foi o encarregado da parte da computação e o auxiliar nos slides.


Alguns senhores do Alto dos Coelhos estiveram presentes e nos contaram histórias interessantes sobre o cangaço na região 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-rYLnDMoykbw4LdHHLqn3B87PyfDvWPoBFyzbL7r9DpezEU695c8gqsw27eW3CsoyBlIha0akzqQ1g6OqGvfoPgRhHiaF4WTYkD57sTDFAvuG9zQfcWAthStZC0CPCah8AgavlDsvwha3/s1600/DSC08602.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;">

Esperamos um dia retornar para conversarmos mais sobre as histórias que povoam ainda aquela localidade.

Enviado pelo escritor e pesquisador do cangaço:
João de Sousa Lima

Mulheres Mossoroenses I - 17 de Março de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento
 

Dando continuidade à saga da mulher mossoroenses, nesse mês dedicado a mulher, trataremos hoje da professora, musicista, poetisa e jornalista, Cordélia Silva.
              
Maria das Mercês Leite, ou Cordélia Silva, nasceu em Mossoró no dia 11 de novembro de 1888, num belo dia de Domingo. Era filha legítima de Tomé Leite de Oliveira e de Maria das Mercês Leite.

Sua infância deu-se em Mossoró, sua terra natal, onde iniciou os seus estudos. A família mudou-se para Macau e depois para Alagoa Grande, na Paraíba, em 1902. E é nessa cidade paraibana que a nossa futura poetisa fez o seu curso de humanidades e música. Foi também em Alagoa Grande que começou a sua vida profissional, lecionando por vários anos. Em 1908 fundou a revista “O Batel”, que circulou por vários anos. Foi colaboradora de vários jornais e revistas da época, entre os quais podemos citar a revista “A Estrela”, de Aracati/CE, que era dirigida por sua amiga Francisca Clotilde, além dos jornais “Jornal do Comércio, de Recife/PE, “O Nordeste” e a “Imprensa” de João Pessoa/PB e em outros periódicos sulistas. 
               
“Foi Cordélia Silva de uma dedicação exemplar ao desenvolvimento cultural da mulher, dando prova exuberante de sua privilegiada inteligência, como fundadora e diretora de uma revista, em colaboração com Célia Adamantina, que era o pseudônimo de Rita de Miranda Henrique”, nas palavras de Lauro da Escóssia.
               
O historiador Raimundo Soares de Brito em suas “Notícia Biográfica de Alguns Patronos de Ruas de Mossoró, assim se expressa sobre a personalidade de Cordélia Silva: “Descendia dos troncos ilustres, que em Mossoró tiveram suas origens no Sargento-Mor José de Oliveira Leite, a primeira autoridade da então ribeira de Santa Luzia de Mossoró. Seus pais foram: Tomé Leite de Oliveira, também mossoroense e dona Maria das Mercês Leite, cearense da cidade de Pereiro”.
               
Causava admiração, na época, o fato de duas moças, numa pequena cidade do interior, conseguir sustentar por tanto tempo uma revista literária, quando na capital todas as publicações desse gênero tinha vida curta, como nos informa ainda o historiador Raimundo Soares de Brito. Tinha também predileção pela música, deixando alguns interessantes trabalhos.
               
Em dezembro de 2000, a POEMA – Poetas e prosadores de Mossoró – lançou, através da Fundação Vingt-un Rosado, o livro “100 Poetas de Mossoró”. Trata-se de uma antologia aos poetas da cidade. E como não podia deixar de ser, a nossa poetisa em foco, Cordélia Silva, se fez presente com o poema intitulado “O Batel”, um dos mais bonitos de sua criação. A própria autora gostava muito desse poema, tanto é que foi com esse nome que batizou a revista que criou em 1908.
               
Cordélia, como tantas outras mulheres mossoroenses, destacou-se por suas atuações empreendedoras, numa época de puro machismo. Amava profundamente sua terra natal, Mossoró, a qual se referia sempre com arraigado bairrismo, entusiasmo e saudade, como informou Assis Silva na apresentação que fez da poetisa para o livro “100 Poetas de Mossoró.
               
Faleceu em Alagoa Grande/PB, em 14 de abril de 1931. Mossoró prestou-lhe uma homenagem gravando seu nome em uma artéria da cidade. 

Geraldo Maia do Nascimento

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte:

Mulheres Mossoroenses - 01 de Março de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento
 

No mês dedicado a mulher, queremos homenagear a mulher mossoroense lembrando algumas “guerreiras”, que com os seus feitos e pioneirismo deixaram seus nomes gravados na galeria da nossa história. E iniciaremos o mês falando da pioneira Celina Guimarães, não apenas por ter sido ela a primeira mulher em toda América Latina a obter o direito de voto, mas principalmente pela educadora que ela foi. Celina Guimarães foi uma mulher de personalidade forte, uma guerreira, de feitos que podemos dizer que estavam muito além do seu tempo. Aproveitamos para, através dessa personagem, homenagear todas as guerreiras, de ontem e de hoje, nativas ou não dessa terra de Santa Luzia do Mossoró.
               
Celina de Amorim Guimarães nasceu em Natal/RN, a 15 de novembro de 1890. Era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim Guimarães.
               
Estudou na Escola Normal de Natal, onde concluiu o curso de formação de professores. E foi nessa mesma Escola que conheceu aquele que seria o seu companheiro por toda vida: Elyseu de Oliveira Viana, um jovem estudante vindo de Pirpirituba/PB, com quem se casou em dezembro de 1911.
               
Em janeiro de 1912 foi designada para ensinar a cadeira de Ensino Misto Infantil do Grupo Escolar Tomás Araújo, Em Acari, juntamente com o seu marido, onde permaneceram até 1913.
              
E foi assim que a 13 de janeiro de 1914, atendendo convite do Dr. Manuel Dantas, então diretor de Instrução Pública do Estado, foi transferida para Mossoró, onde assumiu a cadeira infantil do Grupo Escolar 30 de setembro.
               
Dona Celina era uma mulher muito dinâmica, inteligente e assídua no trabalho. Essas qualidades fizeram com que ela fosse merecedora de elogio individual registrado no relatório elaborado em setembro de 1914 pelo Inspetor de Ensino, professor Anfilóquio Câmara, e inscrito no Livro de Registro Profissional.
               
Quanto à questão do primeiro voto feminino, vale salientar que não foi D. Celina a primeira mulher a requerer a sua inclusão no alistamento eleitoral. Quem o fez foi à professora Júlia Alves Barbosa, que era catedrática da Escola Normal de Natal, em 24 de novembro de 1927. “Teve, todavia, deferimento retardado pelo Juiz Manuel Xavier da Cunha Montenegro, da 1ª vara da capital, dada à condição de solteira da requerente, somente despachado e publicado pelo Diário Oficial do Estado em data de 1º de dezembro”. Dessa forma, coube a D. Celina o pioneirismo.
                
Mas o fato é que em 25 de novembro de 1927, há exatos 85 anos, era concedido pela primeira vez na América Latina, o direito de voto a uma mulher. A Lei de nº 660, de 25 de outubro de 1927, sancionada pelo Governador José Augusto Bezerra de Medeiros regulamentando o Serviço Eleitoral no Estado do Rio Grande do Norte, estabelecia não mais haver “distinção de sexo” para o exercício do sufrágio eleitoral e condições de elegibilidade. O projeto que alterava a lei ordinária foi de autoria do deputado mossoroense Adauto Câmara, que o apresentou na Assembléia Legislativa com aprovação unânime. E foi com base nessa Lei que a 25 de novembro do mesmo ano, a professora Celina Guimarães Viana requereu sua inclusão no alistamento eleitoral. Seu requerimento preencheu todas as exigências da Lei e nesse mesmo dia, verificados os documentos que o acompanhavam, exarou o Juiz Israel Ferreira Nunes, então Juiz Eleitoral de Mossoró, em substituição ao Dr. Eufrásio de Oliveira, seu jurídico despacho, mandando incluir o nome da requerente na lista geral de eleitores deste município. Coube, portanto, a D. Celina Guimarães Viana a condição de primeira eleitora não só deste Estado como do país e de toda América Latina.
               
Como educadora, uma de suas primeiras providências ao chegar a Mossoró foi abolir o uso da palmatória na sua sala de aula, ferramenta muito usada na época e temida por todos os alunos. Dizia ela que batendo se domava, não se educava. Domar era para animais; criança precisava de educação. Foi ela responsável por traduzir e ensinar a regra de futebol para os jovens de Mossoró, até então um esporte desconhecido para eles. Quando da realização das eleições estaduais de 1928, lançou um manifesto a todas as mulheres, para que comparecessem as urnas e fizessem valer o seu direito de voto. Em 1928, várias mulheres já tinham conseguido inscrição no cadastro eleitoral. E muitos outros feitos dignos de registro em relatos mais longos.
              
É por tudo isso que homenageamos todas as mulheres de Mossoró através de Celina Guimarães Viana, a primeira eleitora da América Latina.

Geraldo Maia do Nascimento
Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Fonte:

Enquanto não vem cangaço - DESCULPA FANTÁSTICA...


O sujeito finalmente conseguiu realizar o seu sonho de comprar um Audi A4 1.8T, automático e conversível. 
Então, numa bela tarde, se mandou para uma auto-estrada para testar toda a capacidade da 'belezura'. 
Capota abaixada, o vento na cara, o cabelo voando, resolveu ir fundo!Quando o ponteiro estava chegando nos 120, ele viu que um carro da Polícia Rodoviária o perseguia com a sirene a mil e as luzes piscando.
- Ah, mas não vão alcançar este Audi de jeito nenhum, pensou ele e atolou o pé no acelerador. O ponteiro marcou 140, 160, 200... e a patrulha atrás. 
- Que loucura, ele pensou e, então, resolveu encostar.

O guarda veio, pediu os documentos, examinou o carro e disse:
- Eu tive um dia muito duro e já passou do horário do meu turno. Se me der uma boa desculpa, que eu nunca tenha ouvido, para dirigir desta maneira, deixo você ir embora.
E o sujeito emendou:
- Na semana passada, minha mulher fugiu com um policial rodoviário e eu tive medo de que fosse ele querendo devolvê-la. 
- Boa noite - disse o guarda.
Extraído do blog:
petroleorn, do petroleiro e prfessor de português Edicarlos Rocha

A INDÚSTRIA DOS SAVEIROS


A INDÚSTRIA DOS SAVEIROS
O país vai ler o comunicado que a abaixo publicamos; vai sentir o valor das encrespações que havemos feito aos portugueses, que vivem entre nós: vai apreciar por si mesmo se assiste sobeja razão para sustentar que se eles intrometem em todos os [...] negócios domésticos; vai julgar [...] não uma verdade o que [...] da influencia perturbadora [...] [...] do comercio, de que [...] e da acumulação dos capitais [...] mãos.
Digam-nos depois que não é por [...] da verdade e do país, que escreve e que continuaremos a escrever em pró da nacionalidade brasileira!
Quatro brasileiros beneméritos, bem dignos irmãos, amigos do povo e da pátria, compram uns 60 saveiros, os quais distribuíram por nacionais, que a pouco e pouco fossem pagando com muita módica quantia (160 réis por dia, dizem-nos) aquele empréstimo generoso.
Em mãos de africanos cativos de portugueses, pela maior parte, estava toda a indústria de remar saveiros, cujo numero em nosso porto excedia talvez de mil.
Havia aí uma lei, que facultava esta indústria a pessoas livres; isto é, que reconhecia o monopólio para escravos; que tendia a dar cabo daquele terrível núcleo de insurreições, que não era ainda nem proteção a nacionais, nem reconhecimento de suas necessidades todas.
E esta lei o que é que ela poderia trazer de proveito, se uma sociedade brasileira não houvesse emprestado um capital aos proletários do país? [Por] bem existir a cem anos a lei; [se] aquele empréstimo nem um [benéfico] [podia] lhe trazer.
Mas é assim que a vontade do povo é lei,
É assim que a vontade do povo impera;
É assim que o povo é mais forte que o governo;
É assim que a soberania do povo se manifesta.
No dia 1º de novembro de 1850 foi dada aos nacionais a permissão de dirigirem eles sós saveiros em estações determinadas. Não erão certamente as melhores estas estações.
E o que fazem os portugueses monopolizadores? Não satisfeitos de negarem-se a vender alguns saveiros que servissem para este primeiro passo da nacionalização da indústria; não satisfeitos de tentarem arredar os homens livres daquele trabalho que pintavam como ímprobo; vendo que são poucos para o trato do comercio os saveiros possuídos por brasileiros, retiram todos os seus escravos á um tempo daquele serviço, posto que somente três dos cais fossem destinados para pessoas livres, para desta arte pretextarem depois que os brasileiros não tem meios de satisfazerem as necessidades do comercio, e guerreando a indústria brasileira exigirem depois a revogação da lei, que o povo faz executar, e a medida adotada pelo governo, isto é, exigirem a continuação de seu monopólio.
É um desaforo que eles não praticariam, se capitalistas brasileiros unindo-se em sociedade fornecessem o capital conveniente para se obter um número suficiente de saveiros.    
É um desaforo, que os bons dentre eles não podem, não devem deixar de reprovar.
Não se zomba assim com o pão quotidiano do povo...    
Fonte: Jornal: O Argos Cachoeirano – Periódico literário, doutrinário e moral.
Bahia, sábado, 9 de novembro de 1850.

Extraído do blog Pesquisando a História do pesquisador:
Urano Andrade

Salvador sedia a 4ª Semana do Saveiro


A Associação Viva Saveiro realiza em Salvador, a partir desta quinta, 15, até o dia 22, a 4ª Semana do Saveiro. O evento, que tem patrocínio da Secretaria da Cultura do Estado da Bahia, visa divulgar e preservar a identidade histórica e cultural dos saveiros de vela de içar.
Ao longo dos oito dias de evento haverá uma rica programação cultural, que inclui exposições de arte e artesanatos do Recôncavo, exibição de vídeos, visitação das embarcações, passeios, regatas, seresta e até a apresentação de um selo comemorativo do tombamento do saveiro Sombra da Lua pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Nesta quinta, às 19h, será aberta a exposição Bel Borba Saveiros da Baía, no Centro Cultural dos Correios, no Pelourinho. No seu processo de criação, o artista utilizou velas, ferros e madeiras de saveiros afundados. Parte da venda das obras expostas será doada para preservação das embarcações. A mostra permanecerá em cartaz até 28 de abril.
ACESSE A PROGRAMAÇÃO: 

Seminário Bombardeio da Cidade do Salvador

 
A Fundação Pedro Calmon, através do Centro de Memória da Bahia, convida todos a debater o Bombardeio da Cidade de Salvador, em mesa redonda que acontecerá dia 26 de março, as 16h, na sala Kátia Mattoso, 3º andar da Biblioteca Pública do Estado da Bahia.
 
Extraído do blog: Pesquisando a História,
 do pesquisador Urano Andrade

LAMPEÃO DE A a Z

Autor: Paulo Medeiros Gastão
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbLbZqxrG99DrHTQJn41_e1wuIDP-FF5chC3fa2cwVu42DjBdq1Ns91msyIJWsY4zkMOh8VUpNEEBcM-NOOxUQdWwotnBXW8197vyGRPE-fnjVh6NeyLb3NUSHr4FQVWnjA648levjTA/s320/HOTEL+%252822%2529.JPG
Kiko e Paulo Gastão - sentados - Ivanildo silveira, Rostand Medeiros, João de Sousa Lima e Lívio Ferraz
Para você adquiri-lo basta depositar
a quantia de
20,00 Reais
nesta conta:
José Mendes Pereira
Banco do Brasil
Agência: 3526-2
C/C 7011-4
Não se esqueça de enviar o seu endereço completo para:
E-mail:
josemendesp58@hotmail.com
josemendesp58@gmail.com
ou para o autor:
O preço cabe em seu bolso

SAUDADES ETÍLICAS (REVOLUÇÃO E INTELECTUALIDADE NA MESA DE BAR) (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa
Rangel Alves da Costa

SAUDADES ETÍLICAS (REVOLUÇÃO E INTELECTUALIDADE NA MESA DE BAR)
Que não imaginem que o presente texto se volta para a apologia da bebida, do porre, da farrice, da bebedeira, da ebriedade e embriaguez. Mas também podem imaginar que sim, pois trata também sobre isso, porém de modo a mostrar o que a mesa de bar representou na formação da cultura, da intelectualidade e dos tantos movimentos libertários que antigamente existiam.
Visualizem a seguinte situação. Já é boca da noite e um sujeito apressado, com roupas e cabelos desgrenhados, fumando um cigarro, chega ao barzinho de sempre, senta na mesma mesa e nem precisa avisar ao garçom ou ao dono do botequim o que pretende tomar. Não precisa porque já conhecem os seus hábitos etílicos, bastando servir primeiro o uísque e depois a cerveja.
Visualizem a cena seguinte: De uma pastinha o indivíduo tira papéis, jornais e até livros. Enquanto fuma e bebe vai remexendo numa coisa e noutra, lendo rapidamente algumas linhas, fazendo anotações, parecendo mesmo distante do mundo. Porém fica pouco tempo ali sozinho nos seus afazeres etílicos e de escrita e leitura, pois logo chega alguém vestido num paletó amassado e usando calça jeans. Senta na cadeira que já o espera, e também não precisa pedir nada no bar, pois logo lhe chega o litro da costumeira bebida.
Pensem na próxima cena. Aquele indivíduo que já estava lá parece nem ter sentido a chegada do outro, pois não houve cumprimentos nem diálogos abertos, e somente depois que o recém chegado toma a primeira dose é que lhe joga na frente alguma coisa escrita. E então começa um diálogo que mais parece uma discussão, com vários palavrões e xingamentos, mas não que desejem agredir-se, mas contrapondo-se ou defendendo aquele escrito.
Agora pensem quem deveria ser aqueles dois. Vou dizer. O primeiro que sentou à mesa é jornalista, um famoso editorialista de jornal de grande circulação. Reconhecido como antigovernista, reacionário e até anarquista, possui uma escrita ferina e é temido por grande parte dos políticos e poderosos. Mas parece um zé-ninguém, apenas alguém que chega num bar simplesmente pra beber.
Quanto ao segundo, digo que este é homem de grande cultura, verdadeiro intelectual, crítico literário e poeta. Mas também, como o próprio se intitula, um libertino libertário, escritor, ex-comunista, ex-socialista, ex tudo, e agora apenas alguém que não vive um só dia sem contar com aquele encontro noturno para discutir a vida, falar mal dos governantes, pregar revoluções, desconstituir teorias e produzir coisas geniais.
Isso mesmo, pois naquela velha mesa de bar, naquele barzinho de aparência rústica, em meio a encontros etilicamente revolucionários, nasceram poesias magistrais, surgiram composições memoráveis, foram entoados os primeiros versos da música genial. A lágrima foi chorada, a glória emergida.
Dali a pouco vão chegando outros e mais tantos outros jovens e velhos, todos com aspectos de liberdade demais no vestir e no andar, ávidos pelo primeiro gole, loucos para entrar com ferocidade na primeira discussão surgida. De repente a mesa, que agora são duas, está completamente tomada por jornalistas, compositores, poetas, escritores, diplomatas, gente que está ali para se deliciar do prazer da conversa, da criação e principalmente da vasta bebida, da fumaça incontida do cigarro, do pratinho que chega com tira-gosto.
Logicamente que aqueles dois primeiro personagens citados exemplificam apenas pessoas adeptas a uma manifestação fortemente cultural chamada mesa de bar. Infelizmente não de hoje, mas de ontem e de outros tempos idos. E um tempo onde era permitido ter o barzinho como expressão intelectual, tornar aquele ambiente um cenário de exposição verbal ou vocal daquilo que havia sido produzido, possibilitar que entre uma dose e outra surgissem parcerias, inspirações geniais, discussões que redundavam em manifestos, simples conversas que diziam tudo sobre a situação do país.
Hoje ainda existem esses bares, mas são poucos, e menos ainda a intelectualidade que os possa freqüentar com dignidade. O que hoje é escrito no computador e tendo um copo de uísque ao lado, noutros tempos nascia no papel do guardanapo, riscando a própria mesa, catando qualquer coisa pra preservar a genial criação. E tudo cheirando a limão, tosquiado pela fumaça do cigarro, algo assim que ninguém dava nada naquele momento.
E dizem que certa vez Vinícius de Morais saiu embriagado de um desses barzinhos e levando consigo a toalha da mesa. Ora, ali estava escrito um de seus mais famosos sonetos. Jaguar, o do Pasquim, lembra bem que via enquanto ele rabiscava, mas não conseguia ler nada: também estava bêbado.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

Procura (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

Procura


Porque incansavelmente
transponho montanhas e vales
singro o Amazonas e o Danúbio
alimentado pela esperança
de olhar e feliz reconhecer
saciado pela máxima certeza
de que o encontro chegará
bem antes de o sol se pôr
depois de todos os sóis e luas
desde que o sonho me veio
e disse para seguir adiante
no passo de sua lembrança
nas pegadas da recordação
porque antes de a lua chegar
feliz estará meu coração

e já foi manhã e tarde
o sol já caminha apressado
e nada do que procuro
parece perto do sonho
a não ser que eu acorde
e sinta que é na realidade
que deva seguir procurando
e bata a porta de sua casa
em busca da nossa verdade.


Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com