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terça-feira, 5 de março de 2019

SILA E O PSEUDO ESTRELADO

Por Aderbal Nogueira

Sila fala um pouco de sua vida pós cangaço, onde muita gente costuma dizer que ela tinha uma vida de artista, simplesmente porque deu muitas entrevistas e esquecem que graças a ela sabemos muita coisa da história do cangaço.

https://www.youtube.com/watch?v=NG3C8CZfiVY&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0ni_8xWctRJEkm1W51R1RQNzFc7n8mYOZu9-_E7ZAMs3GlvKGnfMYoc94

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ANGICO


Por Paulo Medeiros Gastão
Paulo Gastão, Severo, Lemuel e Aderbal

Angico se constitui no calcanhar de Aquiles do cangaço lampiônico. A construção do mito e seus asseclas desmoronam de forma vertiginosa. Se desejam o término do cangaço com o episódio de Angico, considero uma aberração, final trágico e desabonador da saga de homens assassinos, porém, valentes e destemidos. 

A história dos cangaceiros deve ser vista de vários ângulos. 

A descrição concebida pelos escritores, jornalistas, pesquisadores deixam Gengis Kan, Napoleão, Júlio César (O imperador), Al Capone, Billys the Kid, Kelly (e seu bando), Hitler e muitos outros, fichinha frente aos cangaceiros.



O cangaceiro Candeeiro me fez o seguinte relato, em sua residência na vila de Guanumbi, no município de Buíque, estado de Pernambuco: 

“Na noite anterior ao ocorrido, ou seja, 27 de julho de 1938, Lampião reuniu seus homens e assim falou: “-Amanhã cedinho vou viajar. Vou embora para Minas ou Goiás. “Quem quiser ficar, fica, quem quiser ir comigo se prepare.” Continua o chefe cangaceiro: “-Não posso mais ficar por aqui, pois, vou começar a matar até meus amigos; voltar para Pernambuco, não volto, pois, lá só tenho inimigos e a matança vai continuar. Assim o melhor é terra nova, onde ninguém me conhece”. A conversa foi encerrada e todos foram dormir pensando na decisão e na hora de ficar ou seguir o comandante. Tenho este depoimento gravado, com testemunhas na hora da gravação. 


 Manoel Dantas Loiola, o Candeeiro; por Márcio Vasconcelos
  
De última hora é colocado um parente que dizem, ser de Lampião e de nome José. Foi arranjada máquina de costura para confeccionar roupa para o rapaz. Não é descrito como o mesmo lá chegou, e muito menos após o tiroteio do dia seguinte, qual teria sido seu destino. Até parece com história de Dom Sebastião, Rei de Portugal. O belo e valente monarca foi lutar no norte da África e após a renhida luta, ninguém encontra o Rei. Caracteriza-se que Dom Sebastião havia se “encantado”. Não se fala em morte em ambos os momentos.

Os cachorros pela primeira vez estavam sonolentos e teriam perdido o faro. Dormiam nas pernas dos seus donos. Junto aos cachorros deveriam estar às sentinelas que devem ter esquecido as suas responsabilidades junto ao grupo. Falha lamentosa. 

Naquela manhã chovia na área. Comprove esta afirmação no livro de João Bezerra, onde solicita aos seus comandados que: “-Tenham cuidado em pisar no chão para não fazer barulho com as folhas secas”. Parece-nos que a chuva não atingia as folhas, enquanto o restante do chão corria água. 

A coragem da volante (grupo de militares) era tamanha que o comandante permitiu o uso de cachaça para quem desejasse criar coragem. Esta declaração me foi prestada por um membro da volante que ainda está vivo. 

Aos registros feitos por todos que escreveram sobre o tema, mostram que as relações entre o chefe cangaceiro e o militar aconteciam para um jogo de 31, compra e venda de armas e munição, além de um bom trago de bebida especial. Sendo o coito a margem de um caminho, que liga a casa da fazenda ao Rio São Francisco, logo mais abaixo, verificamos que as descrições, todas, todas são falhas, pois na realidade não existia nenhuma segurança para com a permanência do grupo.


Volante do Tenente João Bezerra

As águas que correm no riacho do Tamanduá descem com muita velocidade até o rio, desde que a serra forma um plano inclinado muito acentuado. Tempo de inverno, água no riacho, onde fixar a tolda e dormir? Cangaceiros acordados, inclusive o chefe, que manda o companheiro de nome Amoroso ir buscar água logo abaixo do coito, no poço (formado na época das chuvas) que fica a 200 metros para fazer o café. Amoroso é baleado com um tiro de fuzil. Este momento não foi o suficiente para deixar os cangaceiros em condição de luta?A polícia queria os cangaceiros ou o ouro e dinheiro que eles transportavam? Por que a retirada dos anéis, cortando-se os pulsos e levando-se o conjunto, mãos e anéis? 

O governo da Bahia oferecia 50:000$000 (cinquenta contos de réis), a quem entregasse Lampião vivo ou morto. Não se tem notícia do ganhador do prêmio milionário. Por quê? 

Quem nominou as cabeças errou gravemente. Muitos escritores colocam nos seus relatos que metade das cabeças tem o mesmo nome. A partir do meio (fotos das cabeças) para cima seja como Deus quiser. Encontraram um cangaceiro que só aparece naquele momento chamado de Desconhecido? Até então não existe nenhuma informação sobre este personagem? Por outro lado Amoroso foi baleado ou morto, em primeiro lugar, e seu nome é totalmente esquecido. Como explicar?


Se a volante possuía duas metralhadoras não ficava um pé de macambira para contar a história. Por que conseguiram se salvar muitos cangaceiros? O cerco não foi cerco. É piada.  

Durval Rosa, irmão de Pedro de Cândido, em depoimento a mim prestado e registrado em fita de vídeo, declara que na noite anterior ele desceu a serra e foi levar um saco de balas, dividido em duas porções, em cima de um jumento. “Era muito peso”, dizia o entrevistado. Para que tantas balas? Que desejaria o capitão fazer com o material?

Existia a compra de armas e balas, porém, se quem servia de intermediário para que farto material chegasse às mãos dos bandidos? Um militar que atuou na volante que chegou a Angico foi curto e grosso. “-A polícia!” Minha intenção é fazer um artigo, porém, se nas páginas de um jornal coubesse as informações, conclusões a que cheguei escreveria um livro. E mais, o livro já estaria em fase de acabamento. Existindo alguma dúvida do leitor, lhe faço um convite – vamos ao estado de Sergipe e lá você encontrará os elementos que lhe darão o norte de toda a história. Não sou o dono da verdade, porém, não quero lhe deixar enganado, nem tão pouco morrer na ignorância, na mentira. A história do povo nordestino e dos cangaceiros é outra, não se iluda. Caso o leitor não fique satisfeito, farei um outro artigo ainda mais contundente sobre o episódio. Chega de tanto embuste. 

O matador dos onze cangaceiros diz que feito o cerco tiveram que recuar. Ora, difícil era chegar perto daquelas feras, quanto mais, ter a chance de ir e voltar. Momento único desde o início do cangaço no século anterior.  

O suicídio de Luiz Pedro é fantástico. É advertido ao cangaceiro que Lampião estava morto e que ele fosse à luta. Ao chegar junto ao amigo, assim falou: “-Compadre, eu lhe disse que lutaria com você até a morte”. No trajeto, o Pedro perdeu a coragem que foi possuidora desde os tempos em que esteve no Rio Grande do Norte, em 1927. 

O conceito de cerco efetuado pela volante não determina a figura geométrica do círculo. Acredito que definir como lua crescente é razoável. Teria que se deixar uma válvula de escape e ela existiu. Os cangaceiros se evadiram em busca da parte da alta da fazenda e, por incrível que pareça, não foram perseguidos. A saída esteve sob comando do Ten. Bezerra. 

Que você acha disto?  

Houve traição? Existe divergência. Um grupo diz que não. Outro diz que sim. Quem traiu? Afirmam que o grande traidor foi o homem que se caracteriza como seu matador, ou seja, João Bezerra. E o envenenamento? No coito o cangaceiro Zé Sereno avisou: 

“-Capitão, a tampa da garrafa tem um pequeno furo”. O chamamento da atenção não foi levado em consideração. Por quê?  

Se salva Sila. Personagem único que ficou para contar a história. Foi a predestinada para fazer o relato em nome de todos os sobreviventes. Por quê? O que na realidade aconteceu o que não podia existir divergências nos relatos? Impossível. Se vamos a uma festa, ou a qualquer lugar, cada um tem uma visão própria do ocorrido. Os primeiros escritores deixaram-se levar na conversa. O resultado é o que aí está.
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BODOCÓ- PE

Por José João Souza

BODOCÓ - PE

O Caldeirão do Amor, no Sítio Jiboia, um dos muitos caldeirões existentes no município de Bodocó. 

O nome deve-se ao fato de entre as pedras, ficar acúmulos de água, piscinas naturais, e este é bastante conhecido pelo formato de coração.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1864044687040800&set=a.706246619487285&type=3&theater&ifg=1

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A VINGANÇA DE CORISCO PARTE 2

Por Aderbal Nogueira

Depoimento do filho de Dadá e Corisco, Sílvio Bulhões, sobre a Fazenda Patos.

https://www.youtube.com/watch?v=IKjU_WW29Y8&feature=youtu.be&fbclid=IwAR0DHy-rENqi9KJ4u9q0dMne_j6d3LBYZM891P0MrXzOpydeMM_yaVIBxpk

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A VINGANÇA DE CORISCO PARTE 1

Por Aderbal Nogueira

O destino e o acaso conspirando em Angico. Versão de Silvio Bulhões contado por Dadá.


Depoimento do filho de Dadá e Corisco, Sílvio Bulhões, sobre a Fazenda Patos.

https://www.youtube.com/watch?v=7oS1k2OyVJI&feature=youtu.be&fbclid=IwAR29DSvslyvz5iqO3wZBftVuprE4FvBJYoln9N_8BzLyxNgTzb0CD406dhs

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MANUEL LEITE O CANGACEIRO PINGA FOGO IRMÃO DE MASSILON LEITE

Por José Mendes Pereira

Na foto o homem que aparece à direita segundo alguns estudiosos do cangaço é Manuel Leite o ex-cangaceiro Pinga Fogo, irmão do também ex-cangaceiro Massilon Leite, que foi um dos idealizadores de tentativa do ataque à cidade de Mossoró, no dia 13 de junho de 1927. A função do Pinga Fogo naquela tarde de alvoroço era de cuidar dos reféns. 

O outro não posso afirmar com clareza, mas me parece ser seu irmão e que no momento eu não me recordo o seu nome, mas não afirmo com conficção ser o Fenelon seu irmão.

Segundo o pesquisador do cangaço José Tavares de Araújo Neto que o coronel Antonio Gurgel registrou em suas anotações que foi muito bem cuidado por ele quando foi feito de refém pelo grupo, classificou-o como uma pessoa muito atenciosa.

Ele entrou para a Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia quando o grupo passava pela Paraíba nas proximidades de Santa Helena.

Mas a sua permanência no grupo de facínoras durou pouco, abandonando o cangaço pouco após o fracassado ataque à cidade potiguar, quando fugiu junto com o irmão para a cidade de Imperatriz, no Estado do Maranhão, onde constituiu família de 10 filhos.

Sobre de que lugar nasceu Massilon Leite existe duas hipóteses: Uma, teria nascido em Luiz Gomes no Rio Grande do Norte. A segunda é que ele era paraibano. 



Mas para você ter certeza onde ele nasceu adquira o livro "Lampião a Raposa das Caatingas" do escritor José Bezerra Lima Irmão através deste e-mail: 


franpelima@bol.com.br

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ANTONIO DA PIÇARRA - DOCUMENTÁRIO


https://www.youtube.com/watch?v=ATVzzW2h6qI&fbclid=IwAR0dImyGCs7veEQ4yLyR3AZtAelu5pXPidvB1jBJUSL5bcRCGPeCxPGlDqc

Compilação de Documentários sobre o maior coiteiro do Rei do Cangaço em terras cearenses. Antônio Teixeira Leite, mais conhecido como Antônio da Piçarra. 

Em seu sítio Piçarra, em Porteiras - CE, aconteceu o famoso episódio do cangaço denominado o "Fogo da Piçarra" em 27 de março de 1928 e a morte do cabra Sabino das Abóboras, homem de confiança de Lampião, onde em março de 1926 teria recebido a patente de Segundo-Tenente do Batalhão Patriótico de Juazeiro para combater a Coluna Prestes. 

Esse registro pertence aos descendentes de Antônio da Piçarra, gentilmente nos cedido pelo pesquisador e escritor Luís Bento de Sousa, o Luís Carolino, de Jati - CE. 

A primeira parte deste documentário foi dirigido por Rosemberg Caryri; Apresentação: Tom Cavalcante; Música: Pingo de Fortaleza; Narração: Tom Barros Brejo Santo - CE, início da década de 1990.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/

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CORONEL CHICO HERÁCLIO

Por Maria do Carmo Andrade

Francisco Heráclio do Rêgo, filho de João Heráclio Rêgo (Pai Laquinho) e Josefa Duarte do Rêgo (Mãe Zefinha) nasceu no dia 3 de outubro de 1885, no município de Bom Jardim, Pernambuco.

Teve onze irmãos: Basílio, Antonio, Jerônimo, José, Maria (conhecida por Mã), Josefa (conhecida por Josefina), Isaura, Josefa (chamada de Finha para distinguir da outra Josefa), Amália, Dorotéia e outra Maria.

Francisco nasceu na propriedade do velho Joca da Salina, seu avô. Posteriormente seus pais se estabeleceram na Fazenda Vertentes, no mesmo município de Bom Jardim, onde permaneceram até o final da vida, ficando este local conhecido como “Vertentes do Heráclio”.

Os pais de Francisco, com sacrifício colocaram todos os filhos, para estudar no Recife, com exceção de Basílio que já havia casado. As filhas estudaram internas no Colégio das Damas da Irmandade Cristã, aprenderam a tocar piano e concluíram o curso pedagógico; Antonio e José concluíram o curso secundário no Recife e se formaram em Medicina no Rio de Janeiro; Jerônimo concluiu o equivalente ao curso científico e abandonou os estudos e Chico mal fez o curso primário e voltou para junto dos pais.

Acostumado com a vida do campo, não se adaptou à vida da cidade grande. Pegou a maxambomba (trem) e voltou para a Fazenda Vertentes, onde se tornou o braço direito do pai.

Para poupar seu pai, Chico ia sempre a Limoeiro fazer as compras a cavalo. Numa dessas viagens, na volta, parou em Bom Jardim e deparou-se com um homem que estava vendendo, por baixo preço, doze garrotes magros. Como não tinha dinheiro, providenciou um empréstimo com Silvio Mota, velho conhecido de seu pai, residente em Bom Jardim.

Quando chegou na Fazenda Vertentes trazendo os animais magros, o pai quis saber de quem era aquela boiada e ele contou os detalhes do seu empreendimento. Três meses depois, os animais já bem nutridos foram vendidos por mais de três vezes do valor comprado. Chico pagou o empréstimo a Silvio Mota e daí em diante não faltou mais dinheiro em seu bolso.

Francisco Heráclio do Rêgo casou três vezes. A primeira, com D. Maria Miguel, no religioso (na época não havia união com efeito civil) que logo morreu e não lhe deixou filhos. A segunda, com D. Virgínia, com quem casou na igreja e posteriormente no civil, dando-lhe quatro filhos: Heráclio Moraes do Rêgo, Francisco de Moraes Heráclio, Luiz (que morreu ainda jovem) e José de Moraes Heráclio. O terceiro casamento, só no religioso, foi com D. Consuelo, que lhe deu um filho – Francisco Heráclio do Rêgo Filho.

Fora estes, Francisco Heráclio do Rêgo ainda teve mais sete filhos fora do casamento: Josefa (Lulito), Walter, José Francisco (Zé Pequeno), Severina, Gerson Alexandre, Reginaldo (Pequeno) e Reginaldo (Meninão). A todos estes foi reconhecida a paternidade, para efeito de habilitação no inventário.

Estava com 18 anos quando durante suas viagens para Limoeiro conheceu a jovem Maria Miguel por quem se apaixonou e casou, porém a mulher adoeceu de febre amarela e morreu ainda na lua-de-mel. Chico ficou muito deprimido e voltou para Vertentes do Heráclio. O pai, para animá-lo, presenteou-o com uma vaca leiteira que, com os cuidados de Chico, logo aumentou a produção de leite e, conseqüentemente, a de queijo e de manteiga.

Quando chegou o inverno de 1907, Chico Heráclio decidiu voltar para Limoeiro. Levou consigo Manoel Mariano (seu fiel ajudante), duas vacas e algum dinheiro no bolso. Chegando no Cumbe, arrendou um roçado do Dr. Severino Pinheiro, que era um político de prestígio, rico fazendeiro e poderoso comerciante de Limoeiro.

O ano foi bom para Francisco. Choveu quando necessário e fez sol na época certa, possibilitando a colheita de milho, feijão, fava e algodão em abundância. Durante as entressafras, ele saía a cavalo pelos engenhos da redondeza, comprando e vendendo gado, cavalos, burros e, principalmente, ferro-velho, tachos, caldeiras, tubulações, maquinário imprestável.

Francisco tinha um primo, Pompílio, que participava de alguns de seus negócios, emprestando dinheiro e apresentando-o aos senhores de engenho de Nazaré, Aliança, Carpina e Vale do Sirigi, garantindo por ele e arranjando-lhe bons negócios, muito contribuindo para sua ascensão social.

Por outro lado, o homem forte de Limoeiro, Dr. Pinheiro, dava total cobertura a Francisco na região mais agreste, junto a fazendeiros e comerciantes. Já se comentava àquela altura, nas altas rodas da Capital, da existência de Chico Heráclio.

Chico sempre vinha ao Recife vender o ferro-velho aos atacadistas. A sucata era transportada de trem e o carrego era efetuado nas estações de Carpina e Limoeiro. Eram os tempos da Great Western. Na capital, sempre almoçava com Pompílio e outros comerciantes de prestígio, no Restaurante Leite.

Durante sua viuvez, quando estava na Fazenda Vertentes em companhia dos pais, Chico Heráclio se absteve de aventuras amorosas, em respeito à memória de Maria Miguel. Porém, quando voltou a Limoeiro começou a ter relacionamentos e conquistas amorosas. Nas suas andanças pelos engenhos de Nazaré da Mata, Chico Heráclio conheceu Virgínia, moça fina e recatada, filha dos proprietários do Engenho Pagi e sobrinha de Herculano Bandeira, então Governador de Pernambuco.

Francisco Heráclio do Rêgo casou pela segunda vez, em 1911, com D. Virgínia Moraes. Na cerimônia esteve presente a alta sociedade pernambucana, inclusive o Governador, padrinho da noiva. O casal fixou residência em Limoeiro, num pequeno sítio que Chico Heráclio tinha adquirido no Cumbe.

D. Virgínia, chamada de D. Santa, era mãe extraordinária e uma esposa dedicada, o que muito contribuiu para a escalada do marido ao poder.

Por essa época, seu irmão Jerônimo adquiriu uma propriedade ao lado de Francisco, em Campo Grande. Os irmãos já possuíam fama de valentes, o que aumentou ainda mais com essa proximidade.

Francisco Heráclio começou a fazer política apoiado por Dr. Severino Pinheiro, que havia sido eleito senador por Pernambuco. Jerônimo Heráclio também tornou-se político em Surubim e Vertentosa.

Na década de 1920, o mundo passava por uma grave crise financeira. Para Chico, entretanto, não houve crise. Adquiriu por 90 contos de réis a patente de Coronel da Guarda Nacional. Jerônimo Heráclio comprou a de Capitão, mas era chamado também de Coronel.

Em 1922, foi eleito Prefeito de Limoeiro, apoiado por Dr. Severino Pinheiro e por Estácio Coimbra, que seria eleito Governador de Pernambuco em 1926, ficando à frente da administração do estado até 1930.

Em 1924, Chico Heráclio comprou a Fazenda Varjadas, que lhe valeu o título de “Leão das Varjadas”. Comprou também os Engenhos São Roque e Santa Cruz.

Em 1930, o presidente da nação era Washington Luiz, que lançou como candidato à sua sucessão Júlio Prestes. Houve o pleito, Júlio Prestes ganhou, mas a oposição alegou fraude nas eleições. A confusão começou e a agitação tomou conta do País. A situação piorou quando, em julho, o candidato a Vice-Presidência, João Pessoa, foi assassinado.

Em outubro eclodiu o movimento armado que depôs o Presidente Washinton Luiz. O chefe do movimento vitorioso foi Getúlio Vargas, que havia perdido nas urnas, mas ganhou pelas armas o poder, passando a chefiar a nação até 1934, sem que houvesse uma Constituição.

Foram nomeados interventores para os estados. Para Pernambuco foi nomeado Carlos de Lima Cavalcanti, que começou a perseguir os partidários do presidente deposto. Dr. Pinheiro, em Limoeiro, começou a sentir os efeitos dos atos do Interventor. Chico Heráclio, na qualidade de braço direito dele, também foi pressionado.

Com a doença do líder político de Limoeiro, Chico Heráclio assumiu o comando e enfrentou Carlos de Lima. Foi um período difícil.

Quando entrou em vigor a Segunda Constituição da República, promulgada nesse mesmo ano de 1934, a situação melhorou para o lado do Coronel Chico Heráclio.

Em novembro de 1937, Vargas revogou a Constituição e declarou a Carta do Estado Novo. Em Pernambuco Carlos de Lima Cavalcanti foi substituído por Agamenon Magalhães.

Chico Heráclio continuava sem poder, embora durante todo aquele período tivesse somado cada vez mais prestígio junto aos limoeirenses e habitantes de municípios vizinhos. Osvaldo Lima, compadre de Chico Heráclio e amigo pessoal de Agamenon, era quem interferia pelo Coronel, dando boas referências do compadre e amenizando algumas situações.

Para o período pós-Estado Novo, começaram a ser definidos os chefes políticos dos municípios pernambucanos. Com a saída de Getúlio Vargas, em outubro de 1945, Dr. José Linhares ocupou a presidência; Agamenon Magalhães saiu da Interventoria em Pernambuco e para seu lugar foi escolhido Etelvino Lins, depois substituído pelo Dr. José Neves Filho; José Linhares presidiu as eleições para eleger os Deputados Estaduais e Federais, os Senadores e o Presidente da República, que aconteceram em dezembro de 1945.

Chico Heráclio aproveitou o prestígio que desfrutava naquele momento e lançou seu filho mais velho Heráclio, como candidato a Deputado Estadual e, a pedido do seu amigo Professor Antônio Vilaça, apoiou Costa Porto para Deputado Federal, fazendo dobradinha com o filho. Ambos foram eleitos.

Com a redemocratização houve dissidência política na família Heráclio. Chico Heráclio filiou-se ao Partido Social Democrático (PSD) e Jerônimo Heráclio a União Democrática Nacional (UDN). Em Limoeiro, os Arruda, que faziam oposição a Chico Heráclio, se filiaram a UDN e passaram a ser companheiros do partido de Jerônimo Heráclio.

Os coronéis tinham muito poder, os currais eleitorais eram fechados. A oposição ao PSD ganhava na capital, mas a diferença era tirada quando as urnas do interior eram apuradas.

Foi na década de 1940 que Francisco Heráclio do Rêgo consolidou seu prestígio e prosperidade. Cercou-se de pessoas inteligentes e de prestígio, passou a se relacionar com mais assiduidade com os homens que detinham o poder em Pernambuco.

Por outro lado, o patrimônio de Chico aumentou muito, comprou as Fazendas Carié (1941), Serrinha e Grande (1942), Areias, Baixa Verde, Escuro eSanbra, onde residia e perto de Cumarú comprou a fazenda Viração. Seu rebanho era formado por mais de 10.000 cabeças de gado. Na política, elegeu deputado o filho mais velho, e um outro filho, prefeito, em 1947.

Era o caminho para o apogeu de sua vida, em prestígio, dinheiro e poder, que se estendeu do início da década de 1950,até 1960.

D. Virgínia Heráclio morreu em 8 de março de 1949. Ao seu enterro compareceram as mais altas autoridades do Estado. Em 1950, morreu Jerônimo Heráclio. Foram duas perdas lamentáveis para o Coronel.

Durante sua viuvez, Chico Heráclio atingiu o ápice do seu prestígio. O ponto culminante foi o brinde com Agamenon Magalhães em 8 de abril de 1951, quando da inauguração da água encanada em Limoeiro.

Chico continuou em evidência por mais dez anos, quando então sua vida começou a declinar.

Depois de dois anos da morte de D. Virgínia, Chico Heráclio casou-se, em cerimônia religiosa simples, com D. Consuelo Salva, uma viúva de 27 anos de idade, mãe de dois filhos do casamento com Severino Salva.
O casamento não deu certo e D. Consuelo saiu de casa levando o filho Francisco, com então quatro anos de idade, o que foi motivo de muitos desentendimentos dela com o Coronel.

Chico Heráclio tinha muitos votos e muito prestígio, conseqüentemente podia prejudicar e ajudar muita gente com sua influência. Além de tudo, era muito rico, podendo acionar os mecanismos legais e arbitrários para atingir seus objetivos.

Possuía grande presença de espírito, raciocínio rápido e uma resposta na “ponta da língua” para cada situação. Era um homem determinado e de coragem. Nunca deixou de cumprir o prometido.

Francisco Heráclio do ego, coronel Chico Heráclio, o Leão das Varjadas, morreu no dia 17 de dezembro de 1974, com 89 anos de idade.

Diabético, semiparalítico, com problemas no coração, não tremeu nem chorou, nem na hora final.

Fonte: Fundação Joaquim Nabuco

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CARNAVAL


Por Francisco de Paula Melo Aguiar

É a festa de todas as classes
Do rico e do pobre sem preconceito
Do povo de todas as idades
Do letrado e iletrado de qualquer jeito.

É a história maior da festa profana
Com origem epistemológica na Antiguidade
Antes do Calvário da Era Cristiana
Enredo do bem e do mal, adversidade.

A sua historicidade começa na Epitania
Do dia de Reis e termina na quarta-feira de cinzas
Inicio da Quaresma, festejos populares, tirania
Aí acontece a troca de sexos e ranzinzas.

Período caracterizado pela liberdade de ação
E do movimento de todas as classes sociais
Ritos e costumes pagãos, haja expressão
Festejos de etnias racionais e irracionais.

Bailes, batucadas, desfiles, folguedos
Por analogia ao passado entrudo
É a alegria coletiva de todos guetos
A folia da explosão bom linguarudo.

É a festa do prazer carnal e do vale tudo
Das piadas, elogios, provocações e destemperos
Sem rito da literatura musical, aqui vale tudo
Da gritaria, alegria do povo, desesperos.

A liberdade de momo, carnaval
Loucura! Extrapola até os umbrais sexuais
Liberta a ideologia do bem e do mal
Do Jardim do Éden, nossos ancestrais.

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