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sexta-feira, 4 de março de 2022

FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO

 Um pouco da sua vida

Frederico Pernambucano de Mello nasceu em Recife, no dia 2 de setembro de 1947). É um escritorhistoriador e advogado brasileiro.[1][2] É considerado o maior especialista sobre o Cangaço no Brasil.[3][4]

Procurador federal aposentado, e é formado em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Recife da Universidade Federal de Pernambuco, e sua especialização profissional abrange, além do Direito, Administração de Assuntos Culturais. Em 1988, foi eleito para a Academia Pernambucana de Letras. Foi superintendente da Fundação Joaquim Nabuco.[5]

Livros

1983 - Rota Batida: escritos de lazer e de ofício

1985 - Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil

1993 - Quem foi Lampião

1997 - A Guerra Total de Canudos

1998 - Delmiro Gouveia: desenvolvimento com impulso de preservação ambiental

2002 - Guararapes: uma visita às origens da pátria

2007 - A tragédia dos blindados: um episódio da Revolução de 30 no Recife

2010 - Estrelas de couro: a estética do cangaço

2012 - Benjamin Abrahão: Entre Anjos e Cangaceiros

2016 - Na trilha do cangaço: o sertão que Lampião pisou

2017 - Guerra em Guararapes & outros estudos

2018 - Apagando o Lampião: Vida e Morte do Rei do Cangaço

https://pt.wikipedia.org/wiki/Frederico_Pernambucano_de_Mello

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ANCORETAS

 Clerisvaldo B. Chagas, 4 de março de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.668

Está muito difícil nos tempos atuais, encontrar um marceneiro para consertos. Antes, marceneiro para consertos de pequenos objetos, era um em cada esquina de Santana do Ipanema. Atualmente, com ideias de criação de polo moveleiro, nem polo, nem ideia e nem nada. Alguns marceneiros tentam desafiar o tempo fazendo peças de encomendas até porque é difícil concorrer com a organização desses profissionais de Arapiraca. Portanto, o amigo irá bater muita perna para encontrar quem conserte um tamborete, uma perna de mesa, uma cadeira quebrada... É como se a época dissesse: Tudo que quebrar na sua casa, jogue no lixo, compre outro na loja e pague até em doze prestações.

ESTÁTUA AO JEGUE AO ANOITECER EM SANTANA DO IPANEMA. (FOTO:   B. CHAGAS)

Dentre os fabricos de selecionados marceneiros dos anos 60, estavam os fabricantes de ancoretas – pequenos barris para transporte d’água em jumentos – Feitas com madeiras arqueadas e presas por arcos de metais, a ancoreta vinha com a tampa e o suspiro também de madeira. As pessoas menos letradas chamavam o pequeno barril de “ancorota”. O usuário ainda rodeava a tampa de madeira com um pedaço de pano velho para evitar vazamento,  como se usa hoje o tal veda-rosca. Quando a tampa original era perdida, usava-se o sabugo em seu lugar e no lugar do suspiro. As ancoretas eram utilizadas para transportar água do rio Ipanema para as residências. Havia na cidade, mais de cem botadores d’água e seus jumentos de raças pegas ou canindés.  Quatro ancoretas ficavam acopladas em ganchos de ferro na cangalha do animal, que ainda tinha manta por baixo da cangalha e cabresto de corda de caroá. O dono do jegue conduzia ou não vasilha e funil para encher as ancoretas nas cacimbas do rio seco.

Os mais humildes, no lugar das ancoretas, usavam latas de querosene ou de outra coisa numa plataforma de madeira, penduradas por cordas de caroá no pau da cangalha, chamada caçamba. Na ladeira que fica defronte o Mercado de Carne, tinha o marceneiro Lourival que fabricava ancoretas na sua oficina em casa Homem idoso, tranquilo e educado. Depois que chegou em Santana a água encanada, tudo o que disse acima foi desaparecendo. No final do século XX, havia marceneiros que fabricavam ancoretas pequenas de imburana-de-cheiro para vender a donos de bares. Era o barrilzinho de cachaça e que tinha uma torneira para alimentar os beberrões. Por hoje basta.


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DE LUZ, O MATADOR DE JURITI

 Por Alcino Alves Costa

Alcino Costa ao lado de José Cícero e Bosco André

Em nossos livros “Lampião além da versão” e “O Sertão de Lampião”, existe em cada um deles um capítulo discorrendo sobre a vida e morte de Deluz e de Juriti, este assassinado cruelmente pelo famoso e temido sargento, então delegado de Canindé de São Francisco. No “O Sertão de Lampião”, a página 269, está o capítulo “A morte do sargento Deluz” e no “Lampião além da versão, a página 345, está o capítulo “Juriti: perverso na vida, valente na morte”.

Amâncio Ferreira da Silva era o verdadeiro nome do sargento Deluz. Nascido no dia 11 de agosto de 1905, este pernambucano ainda muito jovem arribou para o Estado de Sergipe, indo prestar os seus serviços na polícia militar sergipana. Os tempos tenebrosos do banditismo levaram Deluz para o último porto navegável do Velho Chico, o arruado do Canindé Velho de Baixo. Por ser um militar extremamente genioso, violento e perverso, ganha notoriedade em toda linha do São Francisco e pelas bibocas das caatingas do sertão. Dos tempos do cangaço ficou na história, e está registrada no livro “Lampião em Sergipe”, o espancamento injusto que ele deu no pai de Adília e Delicado, o velho João Mulatinho, deixando-o para sempre aleijado. 

No pós-cangaço, sem jamais sair de Canindé, também ficaram na história aquelas versões de que os assaltantes de Propriá quando presos eram entregues a Deluz e ele ao transportá-los em canoas que faziam o trajeto Propriá/Canindé, prendia as mãos dos prisioneiros e amarrava uma pedra nos pés dos mesmos jogando-os dentro do rio. Um de seus maiores prazeres era caçar ex-cangaceiro para matá-los sem perdão e sem piedade. Foi o que fez com Juriti, prendendo-o na fazenda Pedra D`água e o assassinando de maneira vil e abjeta jogando-o em uma fogueira nas proximidades da fazenda Cuiabá. Foi em virtude de desavenças com o seu sogro, o pai de Dalva, sua esposa, que naquele dia 30 de setembro de 1952, quando viajava de sua fazenda Araticum para o Canindé Velho de Baixo, se viu tocaiado e morto com vários tiros. Morte atribuída ao velho pai de Dalva, o senhor João Marinho, proprietário da famosa fazenda Brejo, no hoje município de Canindé de São Francisco.

Diz à história que João Marinho foi o mandante, chegando até ser preso; e seu genro João Maria Valadão, casado com Mariinha, irmã de Dalva, portanto cunhado de Deluz, ainda vivo até a feitura desse artigo, com seus 96 anos de idade, completados no mês de dezembro de 2011, foi quem tocaiou e matou o célebre militar e delegado que aterrorizou Canindé e o Sertão do São Francisco.

Foi o sargento Deluz o matador de Manoel Pereira de Azevedo, o perverso e famoso Juriti. Manoel Pereira de Azevedo era um baiano lá das bandas do Salgado do Melão. Um dia arribou de seu inóspito sertão e viajou para as terras do Sertão do São Francisco, indo ser cangaceiro de Lampião, recebendo o nome de guerra de Juriti.

Este cangaceiro possuía uma aparência física impressionante. O seu porte atlético abismava as mocinhas sertanejas que se derramavam em desejos para receber os seus carinhos e o seu amor. Contrapondo a toda essa atração que despertava nas jovens, Juriti carregava em seu sentimento e em sua alma um extremado pendor para brutais violências; cangaceiro de atitudes monstruosas sentia especial prazer em torturar e assassinar com requintes animalescos as infelizes vítimas que caiam em suas mãos, como aconteceu com José Machado Feitosa, o rapaz de Poço Redondo que ele após torturá-lo medonhamente, o assassinou com uma punhalada em seu pescoço. 

 
Cangaceiro Juriti, na foto ao centro

Em pouco tempo Juriti angariou extraordinária fama. A fama de ser um cangaceiro que deixava as mocinhas sertanejas loucas de paixão e a fama de ser um assecla perverso ao extremo. Uma menina-moça, chamada Maria, filha de Manoel Jerônimo e Àurea, irmã de Delfina da Pedra D`água, deixou-o alucinado. Aquela ardente paixão foi recíproca. E o jamais imaginado pelos seus pais aconteceu. A menina de Mané de Aura deixou seu lar, seus pais e se jogou no mundo. Os seus sonhos e a sua ilusão era passar a viver nos braços do tão falado e comentado cabra de Lampião.

Na Grota de Angico vamos encontrar Juriti e Maria vivendo aquele instante de suprema agonia. Lampião, Maria Bonita e seus companheiros foram abraçados pela morte. Sem o grande chefe o viver cangaceiro não era possível. Os bandos espalhados pelas caatingas foram se desfazendo. Alguns fugiram e outros se entregaram as autoridades de Alagoas e Bahia.

Juriti seguiu o mesmo caminho de muitos. Após enviar a sua Maria para a proteção do pai e a ajuda do amigo Rosalvo Marinho que a levaram para Jeremoabo, onde ela foi recebida e bem tratada pelo capitão Aníbal Ferreira que deixando o papai surpreso e feliz liberou a sua filha para que com ele retornasse para sua casa e para o aconchego de sua família. Ainda mais. Solicitou a ajuda de Maria, do pai e de Rosalvo Marinho para que ambos fizessem com que Juriti e seus companheiros também viessem se entregar.

Juriti e Borboleta são convencidos pelo amigo da Pedra D`água e também seguem para Jeremoabo onde se entregam ao capitão Aníbal. Recebem o mesmo presente que Maria recebeu. São liberados. Borboleta joga-se na “lapa do mundo” e nunca mais se soube notícias dele. Talvez não esquecendo a sua Maria, Juriti se demora alguns dias no Canindé Velho de Baixo, porém no início de 1939 viaja para Salvador a capital baiana.

Em Salvador consegue trabalhar como vigia de um fábrica. Em 1941 é despedido do trabalho e retorna para o sertão de Sergipe. É seu desejo visitar os amigos da Pedra D`água, obter notícias de sua antiga companheira e seguir viagem para o Salgado do Melão, a sua terra de nascimento. Chegou ao último porto do Baixo São Francisco em uma quarta-feira e seguiu para a fazenda de Rosalvo Marinho, onde se “arranchou” e dormiu.

O sargento Deluz foi avisado da inesperada presença de Juriti na casa de seu cunhado Rosalvo Marinho. O sentimento impiedoso do militar não perdoava ex-cangaceiro. Juriti teria que pagar todos os crimes praticados durante sua vida no cangaço, e ele seria o juiz que iria condená-lo a morte.

Assim foi feito. A quinta-feira amanheceu e ainda muito cedo o café foi servido. Juriti conversa animado com seu amigo Rosalvo. Deluz e seus “rapazes” haviam cercado a casa. Surpreso, Juriti se vê na mira das armas dos atacantes e é imediatamente preso. Sorrindo, Deluz diz: “Mais qui surpresa! Nunca pensei qui Juriti fosse um pásso tom manso, tom faci de ser agarrado. Teje preso cabra. Eu num quero cangaceiro perto de mim não”.

Juriti se recompõe da surpresa e desafia Deluz, dizendo: “Deluz, você é covardi. Eu sei quem você é. Um covardi. Mostri qui é homi e mi sorte. Só assim você vai ficar sabeno quem sou eu. Vamu, mi sorti, covardi. Você é um covardi”. 

Amarrado a uma corda, Deluz transporta Juriti na direção de Canindé. Ao chegar a uma localidade chamada Roça da Velhinha, nas proximidades da fazenda Cuiabá, o sargento, friamente, ordena que se faça uma fogueira e quando as labaredas começam a lamber a caatinga e torrar a mataria e o chão daquele triste cenário da vida sertaneja, Juriti é jogado, sem dó e sem piedade no meio do fogaréu. Em poucos minutos o corpo do antigo cangaceiro havia se transformado em um monte de cinzas. Ficando, por várias décadas, como testemunha daquele medonho momento os botões da braguilha da calça de Juriti, além do negrume deixado pelo fogo no local do monstruoso assassinato do antigo Manoel Pereira de Azevedo, do Salgado do Melão.

Saudações cangaceiras!

Alcino Alves Costa

O Caipira do Poço Redondo

Sócio da SBEC - Conselheiro Cariri Cangaço

http://cariricangaco.blogspot.com/2012/04/de-luz-o-matador-de-juriti-poralcino.html

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ZÉ RUFINO - O CAÇADOR DE CANGAÇEIROS (O PESADELO DE LAMPIÃO)

 Por Não adivinho

https://www.youtube.com/watch?v=brNZ7HU6tGc

Canal Cangaço na Literatura: http://www.youtube.com/c/OCangaconali... Instagram: @omarcelomilos Twitter: @omarcelomilos Email para contato: contatonaoadivinho@gmail.com Edição: @flashinhoo Roteiro: @brunomvp10 Thumb: @maferrera_

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A REPERCUSSÃO DOS ATAQUES DO CANGACEIRO SINHÔ PEREIRA À PARAÍBA E A INFORMAÇÃO SE LAMPIÃO ESTEVE EM TERRAS POTIGUARES EM 1922

 Por Rostand Medeiros


 “NOTÍCIA RUIM CHEGA LIGEIRO!”

Decreto nº. 160, de 7 de janeiro de 1922
Decreto nº. 160, de 7 de janeiro de 1922

No dia 25 de dezembro de 1921, na pequena vila de Luís Gomes, o cabo Francisco Rodrigues Martins e o soldado Luis Antonio de Oliveira, foram assassinados por um grupo de cangaceiros quando realizavam uma diligência policial. Nesta época, o jornal natalense A Republica era extremamente econômico no seu noticiário quando o assunto era a ação de cangaceiros em terras potiguares e não publica uma só linha detalhando este episódio.

Vamos ter conhecimento deste fato já na edição de 20 de janeiro de 1922, onde está estampada a publicação do Decreto nº. 160, de 7 de janeiro de 1922, que informa terem as viúvas dos policiais mortos recebido “uma pensão correspondente à metade da etapa que os mesmo ganhavam, considerando que os militares foram assassinados por cangaceiros”.

De qual bando pertenciam estes bandidos? Quantos eram? Quem era o chefe? Infelizmente não sabemos, mas sabemos que o ataque aconteceu. Podemos deduzir que a não vinculação da notícia pelo principal jornal potiguar da época teria mais a ver com um desejo de evitar o pânico entre a população rural potiguar?

E este medo tinha fundamento?

Conforme descreve o então governador potiguar Antônio José de Mello e Souza, na sua Mensagem ao Poder Legislativo de 1921, parece que sim!

Devido a forte de seca dos anos de 1918 a 1920, aliado a uma acentuada baixa de produção do algodão e dos baixos valores alcançados por esta matéria-prima no mercado internacional, o Rio Grande do Norte se encontrava em uma precária situação financeira. Esta situação gerava reflexos principalmente nas ações de segurança e ordem pública, onde o governo mantinha a força pública com um efetivo bem abaixo de suas necessidades e material obsoleto para o combate ao banditismo.

A ERA DE 22 COMEÇA COM MUITA CHUVA E CANGACEIRO

Neste ínterim, a vida passou a sorrir de uma forma mais alegre para o sertanejo potiguar, pois tinha início uma promissora estação chuvosa, sendo noticiadas fortes chuvas em todo Estado (A Republica ed. 29/02/1922).

Por outro lado, o meio político estava agitado, pois a dia 1 de março ocorria em todo país a eleição para Presidência da República, onde Arthur Bernardes disputava com Nilo Peçanha, em um sufrágio muito pouco democrático, quem governaria o país pelos próximos quatro anos. É informado que o futuro presidente já assumiria a partir do dia 15 do mesmo mês de março (Mensagem, RN 1922, pág. 4).

Em meio a todo positivo noticiário sobre as chuvas e as eleições presidenciais, um dia é publicado uma pequena nota que mostrava que nem tudo corria as mil maravilhas no sertão paraibano, próximo a fronteira potiguar e a fonte da pequena nota era uma importante liderança política e empresarial potiguar.

Informe de Simplício Cascudo sobre ataque de cangaceiros na Paraíba e publicado em Natal
Informe de Simplício Cascudo sobre ataque de cangaceiros na Paraíba e publicado em Natal

O coronel Francisco Cascudo, pai do folclorista Câmara Cascudo, apresentou a redação de A República um telegrama remetido no dia 3 de março, emitido pelo seu parente Simplício Cascudo, então residente na cidade paraibana de Sousa, dando conta que um grande grupo de cangaceiros estava percorrendo as zonas rurais das cidades de Pombal, Brejo do Cruz, Catolé do Rocha e São Bento, na Paraíba e propriedades na área próxima a Vila de Alexandria, já no Rio Grande do Norte (mas sem trazer maiores detalhes). Informava Simplício Cascudo que as propriedades São Braz, Santa Umbellina e Brejo das Freiras foram “visitadas” pelos cangaceiros, sendo assaltados as pessoas de “José Olympio, filho de Antonio Fernandes, Adolpho Maia, Valdevino Lobo, proprietário da estância Dois Riachos, e Mestre Ignácio”. Informa o missivista que a cidade de São Bento estava “arrasada” com os acontecimentos, tendo os saques nas propriedades próximas sidos superiores a 200 contos de réis. Comentava que no dia 2 os cangaceiros se encontravam no lugar “Catolé”, próximo a Cajazeiras, estando a cidade receosa de ser atacada. Simplício Cascudo finalizava a nota informando que até o momento as garantias solicitadas ao governador da Paraíba, Sólon de Lucena, ainda não estavam presentes (A Republica ed. 07/03/1922).

Ora, diante de notícia fornecida por pessoa tão grada da sociedade potiguar, os grandes produtores rurais do Rio Grande do Norte, principalmente aqueles que tinham seus bens mais próximos à fronteira paraibana, ficam extremamente apreensivos com o que poderia ocorrer.

Logo seus piores pesadelos pareciam se concretizar…

Nota sobre o ataque a Jericó, Paraíba
Nota sobre o ataque a Jericó, Paraíba

Telegramas vindos da vila paraibana de Jericó, retransmitidos por postos telegráficos potiguares, fazem chegar a Natal a informação que em 5 de março de 1922, o celebre chefe cangaceiro Sinhô Pereira, com a ajuda do cangaceiro Liberato Alencar, acompanhados de um bando com um número estimado (pelos jornais da época) de 35 a 60 cangaceiros, ataca com sucesso toda aquela região. Desde a zona oeste do Rio Grande do Norte, até o Seridó, a notícia correu célere. Uma das notas de um dos jornais potiguares que noticiaram o fato assim apresentou a questão informando que “Notícia ruim chega ligeiro!”. Na antiga Jericó eles cometeram atrocidades e causaram inúmeros prejuízos aos moradores da localidade. Os cangaceiros foram finalmente rechaçados por um grupo de corajosos habitantes do lugar, destacando-se o nome de Antônio Felipe, João Bento, soldado João Ferreira e João Belarmino.

PÂNICO ENTRE A ELITE RURAL POTIGUAR

Os acontecimentos são publicados em grandes manchetes na edição de 8 de março de A República. A partir de então o pânico se generaliza de uma forma contundente entre os políticos e os fazendeiros que tinham interesses na fronteira do rio Grande do Norte com a Paraíba.

Um típico cangaceiro nordestino na década de 1920
Um típico cangaceiro nordestino na década de 1920

Em Natal começam a chover na mesa do governador Mello e Souza telegramas solicitando urgentemente o envio de efetivos da força pública potiguar para a defesa das cidades e vilas localizadas em praticamente toda a fronteira com a Paraíba. Os aflitos telegramas vinham desde a cidade de Luís Gomes, quase na divisa com o Ceará, à Nova Cruz, próximo ao litoral, todos informando existirem boatos de ataques eminentes e simultâneos de cangaceiros.

Nas amareladas folhas do velho jornal A Republica, existente na hemeroteca do Instituto Histórico do Estado do Rio Grande do Norte e no Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Norte, é tal a quantidade de telegramas enviados ao governo, que aqueles que não possuem um maior conhecimento da história do cangaço nesta época, ao ler as alarmantes missivas reproduzidas, parece que a ação dos cangaceiros havia crescido numa proporção assustadora e o número de bandos havia aumentado por dez.

No geral as mensagens seguem quase um mesmo padrão. Comentam sobre a existência de “informações”, ou “boatos”, transmitidos por pessoas “vindas da Paraíba” da “existência de grupos de cangaceiros nas proximidades” e a possível “eminência de um ataque”.

OS JORNAIS REPERCUTEM A SITUAÇÃO

A imprensa dos dois Estados tratava a situação de modo alarmante e exagerado.

Possível combate próximo a cidade de potiguar de Santa Cruz. Jamais foi confirmado
Possível combate próximo a cidade de potiguar de Santa Cruz. Jamais foi confirmado

Na edição de 12 de março do jornal paraibano “A União”, existe a informação que havia ocorrido um violento combate nas proximidades da cidade potiguar de Santa Cruz, no qual teriam morrido 6 cangaceiros. Já o natalense A República chega a comentar na sua edição de 21 de março que, “se abstivera de divulgar as movimentações da tropa, por um princípio das táticas militares; Não fornecer indicações ao inimigo”. Como fosse o caso dos cangaceiros terem condição de ler jornais continuamente no meio da caatinga!

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Esta mesma edição de A República informa que em Caicó houve pânico com a notícia da aproximação de cangaceiros na fronteira desta cidade com a Paraíba, ficando a situação mais calma por haver deslocamento de forte contingente policial em direção à localidade de Jardim de Piranhas. Outro jornal natalense denominado A Notícia, informa que até mesmo ocorreu “fuzilamento de oficiais de nossa Força Pública e rapto de crianças”.

Até as repartições dos Correios e Telégrafos entraram na ideia de pânico generalizado. Houve o caso de um telegrafista enviar pedidos de ajuda ao Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro.

Os cangaceiros atrapalharam a coleta de materiais da cidade Martins para a exposição do centenário
Os cangaceiros atrapalharam a coleta de materiais da cidade Martins para a exposição do centenário

Até jornais do Rio de Janeiro noticiaram aqueles acontecimentos aparentemente através de notícias recebidas de informes telegráficos e um destes informes mostra uma interessante situação; no primeiro semestre de 1922 estava acontecendo em todo o Brasil os preparativos para as grandes festas do centenário da nossa independência e no Rio Grande do Norte estes preparativos estavam a toda. Cabia a cada estado brasileiro organizar e enviar para a Capital Federal, na época o Rio de Janeiro, uma coleção de produtos naturais típicos. No Rio Grande do Norte o responsável por tal trabalho era o Dr. João Vicente, que a época destes alarmes estava no município serrano de Martins. Na edição do periódico carioca A Noite, pág. 4, de 6 de março de 1922, foi noticiado que o Dr. João “não podia trabalhar devido a ação dos cangaceiros e que o pessoal da serra estava pronto a reagir”.

MAS HOUVE ATAQUE?

Mesmo com todo exagero, o governador Antônio José de Mello e Souza, juntamente com o então chefe de polícia Sebastião Fernandes não perdem tempo na reação e tratam o assunto como uma verdadeira “situação de guerra”.

O chefe de polícia potiguar a época da crise
O chefe de polícia potiguar a época da crise

Convocam por decreto emergencial 100 praças para a força pública, promovem 2 sargentos a oficiais, despacham um grupo de policiais para seguir de navio até a cidade de Areia Branca, para depois seguirem a cavalo para fronteira. Com a ajuda do então IFOCS – Instituto Federal de Obras Contra as Secas (futuro DNOCS) mais de 100 militares serão enviados de caminhão ao interior. São feitas solicitações aos serviços de correios e telégrafos para a isenção de taxas para que os oficiais pudessem emitir telegramas da “frente de batalha”.

Na sua Mensagem ao Poder Legislativo de 1922, o governador Mello e Souza informa que recebeu que durante esta “crise”, mais de 100 despachos telegráficos vindos do interior. O próprio governador, tido como homem calmo e comedido, chegou ao ponto de reclamar que “até a cortesia sertaneja havia sido deixada de lado” naquelas solicitações de ajuda.

Apesar do estado limitadop desta fotografia, ela mostra oficiais da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, se preparando para seguir para o sertão para combater os cangaceiros que desejavam invadir o estado em 1922
Apesar do estado limitado desta fotografia, ela mostra oficiais da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, se preparando para seguir para o sertão e combater os cangaceiros que desejavam invadir o estado em 1922

Foram enviados policiais em tal quantidade que em Natal o efetivo policial foi classificado como “mínimo”, apenas para o essencial para a proteção do quartel da força pública e do presídio (Mensagem, RN, 1922, páginas 31 a 35).

Seja por conta das ações policiais praticadas pelos governos da Paraíba e da ação preventiva da polícia potiguar, ou por terem conseguido o que desejavam, o bando de Sinhô Pereira toma novamente o rumo do Ceará. Com a saída dos cangaceiros, pouco a pouco a situação volta a se normalizar. No dia 29 de março chega a Natal o Chefe de Polícia da Paraíba, Demócrito de Almeida, que vinha agradecer a ação da polícia potiguar e, juntamente com Mello e Souza e Sebastião Fernandes, acertarem as bases para ações de patrulhamento da fronteira (A Republica, pág. 1, Ed. 01/04/1922).

Nas edições do jornal “A Republica” e na própria Mensagem ao Legislativo de 1922, podem-se ler as respostas às críticas feitas a ação do governador Mello e Souza na proteção das fronteiras. Estas críticas comentavam principalmente sobre os gastos excessivos realizados pelo executivo estadual no deslocamento de tropas, em meio a grave crise financeira vivida pelo Tesouro do Estado.

Existem insinuações que a mobilização serviu para uma grande intimidação da classe política que se encontrava na oposição, devido a proximidade da eleição federal, além de mostrar quem estava no poder e quem mandava na Força Pública.

Mas enfim, os cangaceiros de Sinhô Pereira estiveram, ou não estiveram no Rio Grande do Norte em 1922?

Consta na sua Mensagem ao Poder Legislativo de 1922, que o governador Mello e Souza informou que estes cangaceiros ao seguirem em direção ao vizinho Ceará, teriam então realizado a única e verdadeiramente comprovada penetração em território potiguar. Foi quando realizaram um pequeno saque em Luís Gomes e passando nas imediações da Vila de Alexandria, sem, contudo esta localidade ser efetivamente atacada (Mensagem, RN, 1922, pág. 34).

Jornal carioca A Noite, pág. 4, de 6 de março de 1922
Jornal carioca A Noite, pág. 4, de 6 de março de 1922

Conforme podemos ver na reprodução da nota publicada na edição do periódico carioca A Noite, pág. 4, de 6 de março de 1922, parece que estes cangaceiros estiveram no Rio Grande do Norte, mas não existem registros de saques em Patu, Alexandria e que a nossa polícia perseguiu a horda de meliantes até o Ceará.

UMA QUASE CONCLUSÃO…

Ao observamos estes episódios, é de se perguntar de onde vinha tamanho receio, ou medo, que as classes produtoras rurais potiguares tinham em relação aos cangaceiros? Até mesmo porque a marcante invasão do bando de Lampião ao Rio Grande do Norte só iria ocorrer cinco anos depois de todo a aquele pânico de 1922.

Sinhô Pereira (sentado) e seu primo Luiz Padre, dois grandes cangaceiros
Sinhô Pereira (sentado) e seu primo Luiz Padre, dois grandes cangaceiros

É certo que os produtores rurais estavam saindo de uma seca pesada e uma ação de cangaceiros em nada ajudaria a nossa já combalida economia rural. Mas não havia registro de grandes ações destes bandidos no Rio Grande do Norte desde a prisão do celebre Antônio Silvino em 1914.

No meu entendimento toda aquela movimentação foi na verdade uma combinação de receio das elites rurais com a chegada dos cangaceiros, acompanhado de exagerados equívocos de informações, tudo isso transmitido para a capital potiguar através de uma bem organizada linha de comunicação telegráfica, que encheu a mesa do governador de pedidos de ajuda contra bandidos que simplesmente não apareceram.

Tudo isso associado a uma tradicional posição destas mesmas elites rurais potiguares; a de não terem uma associação muito estreita com cangaceiros, fossem eles potiguares, ou principalmente de outros estados.

Os donos do poder do sertão potiguar, como até hoje acontece, jamais deixaram de ter uma parceria estreita com hordas de sanguinários pistoleiros, de gente execrável que mata exclusivamente por dinheiro. Que a soldo dos poderosos resolviam (e ainda resolvem) certos tipos de problemas. Mas a figura do cangaceiro, talvez pelo seu aspecto único de possuir determinado nível de autonomia em meio a estas elites, jamais teve dos coronéis do sertão potiguar muita guarida.

E ONDE ENTRA LAMPIÃO NESTA HISTÓRIA?

Ao realizar esta simples pesquisa, me veio o seguinte questionamento; e então o grande cangaceiro Lampião esteve no Rio Grande do Norte antes do ataque de Mossoró? Teria o Rei do Cangaço pisado solo potiguar antes de 1927? Teria ele atacado uma fazenda nos limites do nosso estado com a Paraíba e passado perto da Vila de Alexandria?

Sei que Lampião entrou no bando de Sinhô Pereira em 1921, mas daí a afirmar que ele e seus irmãos Antônio e Levino participaram destas ações, é complicado. Tem gente por aí que conhece muito mais desta história do que eu e pode responder.

Notícia do Diário de Pernambuco, edição de 17 de março de 1922, mostrando a presença de Sinhô Pereira e seus cangaceiros na Fazenda Feijão, Belmonte, Pernambuco. Logo ele deixaria o cangaço
Notícia do Diário de Pernambuco, edição de 17 de março de 1922, mostrando a presença de Sinhô Pereira e seus cangaceiros na Fazenda Feijão, Belmonte, Pernambuco. Logo ele deixaria o cangaço

Mas sei que nos primeiros dias de junho de 1922, no sítio Feijão, zona rural do município pernambucano de Belmonte, próximo a fronteira do Ceará, Sinhô Pereira informou aos membros do seu bando, que em breve iria entregar o comando a Lampião, então o seu melhor cangaceiro. Apesar de ter menos de 27 anos de idade, Sinhô alegou problemas de saúde para a sua decisão e que seguia um apelo do mítico Padre Cícero Romão Batista, da cidade de Juazeiro, Ceará, que havia lhe pedido para deixar esta vida bandida e ir embora para fora do Nordeste. A incursão de Sinhô Pereira e outros cangaceiros pelo interior da Paraíba teria tão somente o ensejo de arrecadar numerário para este chefe bandoleiro sair do sertão e só voltar em 1971, já idoso.

Lampião e seu irmão Antônio em Juazeiro, Ceará
Lampião e seu irmão Antônio em Juazeiro, Ceará

Vinte e dois dias depois de receber a notícia que a passagem de comando está próxima, Lampião efetivamente já é chefe de grupo. Neste momento começa a imprimir sua horrenda marca pelo Nordeste e vai se tornar o maior cangaceiro do Brasil.

Mas esta é outra história…

https://tokdehistoria.com.br/2013/03/15/noticia-ruim-chega-ligeiro/

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A MORTE DO SARGENTO DELUZ – PARTE IV

 Por José Mendes Pereira


Diz o escritor Alcino Alves Costa que nada desabonava a conduta do militar junto a Lampião, ou qualquer outro cangaceiro, assim como existiam  volantes acusados de envolvimentos amigáveis com cangaceiros. O que se sabia, era que o sargento Deluz era respeitado no meio militar, e mantinha pequenas amizades com influentes figurões da época. Dizem que ele era protegido de um senhor chamado Ercílio Britto, de outro Antônio Britto e outros e outros com estreitas amizades.
Se o Deluz não tivesse criado tamanha desavença com os familiares de Dalva, sua esposa, tudo teria dado certo, mesmo ele sendo um bruto... 

O conflito tinha tomado força e seria muito difícil, os envolvidos, tanto de um lado como do outro, abrir mão dos seus direitos. Todos queriam que a paz voltasse a reinar, e estavam preocupados, e sabiam que aquela confusão não iria terminar bem. 

Os filhos de João Marinho só gostavam mesmo era de trabalhar nos roçados, campeando o gado da fazenda, e vez por outra, correrem atrás de bois brabos naquelas caatingas. Os filhos do fazendeiro eram afamados derrubadores de touros que  faziam tremer o chão daquele sertão do cipó-de-leite, do xiquexique...

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Toda aquela infelicidade começou assim que Dalva resolveu casar com o Deluz. Mas não foi só isso. O irmão dos Marinhos, que chegara do Rio de Janeiro, havia morrido de repente, num desmaio durante uma carreira que fizera atrás de umas bestas. E depois deste acontecimento, o velho João Marinho estava ficando alquebrado com tantas provações. Mas ele e os filhos não iriam baixar a cabeça para o sargento Deluz. 

O delegado era um todo poderoso, mas João Marinho e os filhos não eram covardes, para aceitarem tamanha humilhação. O sargento Deluz decidiu, e logo resolveu demarcar as suas terras, porque era casado com a filha do fazendeiro, por isso, se achava com direito para tal fim. Mas os do Brejo não aceitavam que isso fosse feito.

E com gênio bastante forte, dona Maria Gomes, esposa do João Marinho, e sogra do sargento Deluz, inconformada com a atitude do genro, disse sem medir o tamanho das palavras, que ele estava querendo roubar-lhes as terras que pertenciam ao João Marinho. Agora o bicho tinha aumentado de tamanho, acusação perigosa.  Essa situação já era de se esperar. Mesmo os Marinhos sendo família calma e tranquila, não iriam deixar que aquela confusão fosse mais adiante, sem uma solução, ou pacífica ou talvez pior, morte no meio daquela gente.

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Ao saber da acusação que fizera dona Maria Gomes contra si, o sargento Deluz tomou uma decisão: Intimidá-la para repetir o que havia dito contra ele. E sendo ele bruto e o grande poderoso daquela região, por ser delegado do destacamento, ainda afirmou que assim que ela se apresentasse aos seus pés na delegacia, dar-lhe-ia uma surra. Aquelas palavras ditas pelo o sargento Deluz não iriam ficar só naquilo. Dona Maria Gomes além de ser a matriarca daquela conceituada família, pertencia aos Gomes de linhagem famosa.

 O delegado podia ficar sabendo que a sua intimação iria ser cumprida e honrada, mas, em vez de dona Maria Gomes ficar em sua frente, lá na delegacia, quem iriam ficar diante dos seus olhos, era o João Marinho e os seus filhos. E foi assim que aconteceu. João Marinho e dois filhos o Totonho e o Jonas foram atender a injuriosa intimação de um delegado poderoso, desajustado e arrogante.

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Assim que o João Marinho chegou ao quartel em companhia dos dois filhos, o delegado estava tirando um pouco da sujeira dos seus pés, e ao vê-los, ficou um pouco surpreso, e se perguntando consigo mesmo, que  tinha intimidado a sogra, e apareceram o sogro e dois filhos!

- Delegado Deluz, a Maria não pôde vim, assim eu vim com meus filhos para apanharmos da autoridade.

O delegado não teve tempo de responder nada, porque o João Marinho e os filhos  atracaram o famoso xerife, derrubando-o ao chão e dominando-o por completo. O João Marinho tinha enlouquecido e estava dominado pelo ódio. E num momento, puxou um canivete e tentou sangrar o genro. Mas os dois filhos Totonho e Jonas não deixaram que o pai assassinasse o seu genro sargento Deluz. Felizmente, os soldados chegaram ao local e apaziguaram aquela terrível situação sem se intrometerem na confusão de parentes. Os policiais retiraram o sargento do local. Os Marinhos montaram em seus cavalos e retornaram para o Brejo.

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Um dos casos que tinha acontecido muito antes deste agarra, agarra do João Marinho  e filhos contra o sargento Deluz, foi com a geniosa Mariinha, irmã da Dalva do Deluz, e esposa do João Maria Valadão. Aproveitando que um soldado de nome Quixabeira fora à fazenda do marido Valadão, no Olho D’água, receber um carneiro (possivelmente doado ao sargento Deluz), Mariinha agrediu com todo tipo de palavras o cunhado Deluz.

Sabedor das ofensas o Delegado Deluz mandou intimar o concunhado, e pede que ele dê uma surra na sua esposa. A proposta do delegado não foi aceita pelo Valadão, e lhe disse que jamais tocou um dedo na esposa. E achava que o delegado estava mesmo era ficando maluco. Dada a resposta, o Valadão saiu da presença do Deluz e foi embora. O militar ficou remoendo o ódio dentro de si, e ainda, prometeu que a família de Dalva, sua esposa iria pagar caro por isso.

Continuarei amanhã!

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