*Rangel Alves da Costa
Uma verdade há de ser logo dita: o Brasil está cada vez mais se especializando na irresponsabilidade de políticos, governantes e de grande parte do eleitorado fanatizado. Os erros de parte a parte vão se acumulando e o que se tem como soluções infundadas, e igualmente irresponsáveis, são as mútuas acusações, as mentiras e as idiotices exageradas. Ora, como pensar grande, buscar soluções imediatas e coerentes, se cada um só pensa em agir contrariamente ao outro, e não em nome do Brasil?
Ante tais situações, o centro das questões e dos problemas se torna muito menos importante que os taques pessoais, os fanatismos políticos e as verborragias descabidas. O esquerdismo, por exemplo, não possui a mínima preocupação que soluções sejam encontradas para os problemas surgidos. Importante somente que tudo dê errado, como se o erro fosse a peça principal para a mudança. Não discute soluções, não busca meios para que as crises sejam resolvidas, nunca faz opção pelo acerto. Somente pelo erro, tendo como pauta o quanto errado melhor.
Os que estão do outro lado também não se ajudam, pois ao invés de mostrar responsabilidade no trato dos problemas, eis que se preocupam somente em fazer de conta que nenhuma dificuldade existe e procuram somente rebater as críticas recebidas. Num jogo entre o chão e o tapete, o lixo, que deveria ser o verdadeiro objeto de atenção, acaba sendo tido como de nenhuma ou mínima importância. Enquanto isso, o lixão vai se acumulado, a sujeira se espalhando, e nada se faz para o combate à proliferação nos vermes em suas entranhas.
Infelizmente, o Brasil está servindo como exemplo desse lixão que ninguém quer se responsabilizar pela sua existência, vez que parece importar somente que uns digam de seu odor putrefato e outros se esmeram no esforço de negar. Quando, por exemplo, o presidente é criticado na tentativa de indicação de um filho seu, claramente desqualificado e despreparado, para ser embaixador, logo surgem seus partidários na cegueira do mundo: a defesa intransigente da indicação, mas sem uma palavra sequer sobre os atributos necessários a um representante brasileiro no exterior, principalmente numa embaixada dos Estados Unidos.
As questões ambientais, que já eram evidentes e cada vez mais reclamando de ações imediatas, foram sendo postergadas. E agora o estopim, ou a bomba já explodida. Ainda assim, mesmo ante as evidências de culpabilidade deste e de outros governos, o que se viu foi uma esdrúxula tentativa de minimização dos incêndios florestais, e até colocando a culpa em possíveis e premeditados incendiários. Mas a oposição fanatizada o que fez? Nada além de apontar o dedo para o atual governante, e muitas vezes através de fakes e outras mentiras. Assim, o que se tem é um lado irresponsavelmente negando e o outro descaradamente torcendo que fique ainda pior.
São coisas assim que atrasam, atravancam e diminuem o Brasil. Nunca se pensa grande, nunca se faz em nome do melhor, nunca há um esforço conjunto para as grandes soluções dos problemas da nação. Cada um, dependendo de sua feição partidária, política ou de conveniência, pensa somente em si ou em dar rasteira no outro, quer somente fazer a defesa do ponto de vista partidário ou da bajulação, sem se ater, de modo responsável, ao cerne principal exigido por cada questão.
Ora, é fácil apenas dizer que os absurdos cortes nas verbas da educação são necessários em nome de um realinhamento de despesas. Então o outro lado critica, mas para dizer somente que a educação brasileira está no fundo do poço. Apenas isso, sem demonstrar qualquer responsabilidade no trato dessa questão fundamental. Será que o partidarismo, o jogo do contra, sabe apenas atacar e criticar e nada apontar como solução? Muitas vezes, sem ideias ou conhecimento aprofundado da realidade brasileira e de suas questões essenciais, espera somente o erro. E com o único objetivo de criticar, como se outra coisa não soubesse fazer.
O governo brasileiro, principalmente através de seu ensandecido maior, não só erra pelo desacerto como erra naquilo que deseja acertar. Faz tudo errado. E a oposição comete os mesmos erros ao se voltar apenas para as críticas, para mostrar os desacertos, como se sua sustentação fosse apenas pela queda do outro. O pior que é no jogo dos opostos, a única preocupação é simplesmente com o poder, um para mostrar que tem e o outro para chamar para si. E com isso os grandes problemas do país vão sendo simplesmente ocultados.
Guardando as devidas proporções, as irresponsabilidades políticas e governamentais sergipanas não são menores. A única preocupação dos políticos locais é com o seu mandato ou com a possibilidade de alcançá-lo. O poder pelo poder, e pronto. O fracasso sergipano em muitas frentes vem disso aí, do descompromisso dos políticos, das autoridades e governantes. Não há um pensamento maior sobre Sergipe, não há estratégia nem planejamento, parece não haver nada. E onde não há investimento nem compromisso, a tendência é o fracasso.
Escritor
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