Por: Juarez Morais Chaves
Mossoró é hoje a segunda maior
cidade do Estado do Rio Grande do Norte. É uma cidade bonita, muito limpa e bem
administrada. Atualmente sedia o Hotel Termas, um dos melhores hotéis do
Nordeste. Pois bem, foi nessa cidade que há 83 anos atrás Lampião conheceu a
sua primeira derrota que lhe foi imposta pelos moradores da cidade no dia
13.06.1927
O cangaceiro Lampião
No dia 9 de junho de 1927, Lampião
adentrava no Estado do Rio Grande do Norte, disposto a reforçar o seu caixa pilhando
a cidade de Mossoró. No dia 12, já estavam no povoado de São Sebastião, hoje a
cidade de Dix-sept Rosado, próxima a Mossoró. De São Sebastião enviou mensagem
ao Prefeito de Mossoró, Sr. Rodolfo Fernandes, informando que no dia seguinte
estaria invadindo a cidade, causando, com essa notícia, um grande desespero em
toda a população, conhecedora que era das atrocidades do Cap. Virgulino quando não
lhe satisfaziam as vontades. No que pese
a grande preocupação, o Prefeito acalmou o povo e liderou a reação montando
trincheiras para recepcionar os invasores. Além das trincheiras montadas fazia
parte da estratégia de defesa a orientação para que as mulheres e criança
ficassem em casa e não saíssem à rua, dando assim um aspecto de esvaziamento da cidade
" Cel Rodolfo
Estando
Eu até aqui pretendo drº. Já foi um aviso, ahi pº o Sinhoris, si por acauso
rezolver, mi, a mandar será a importança que aqui nos pede, Eu envito di
Entrada ahi porem não vindo essa importança eu entrarei, ate ahi penço que adeus
querer, eu entro; e vai aver muito estrago por isto si vir o drº. Eu não entro,
ahi mas nos resposte logo.
Capm Lampião."
No dia 13 de junho o bando de Lampião
invadiu o Sítio Saco, é de lá enviou um bilhete, exigindo a quantia de
400 contos de réis sob pena de invadir e
destruir a cidade. Numa prova de coragem do povo potiguar, recebeu como
resposta outro bilhete, assinado pelo Prefeito e devolvido pelo mesmo portador, dizendo que Lampião podia
invadir a cidade pois para ele e seu bando tinham bala de fuzil.
Revoltado e com raiva pela petulância
do prefeito Lampião entrou na cidade e
por volta das 16:00 h começou o ataque. O bando foi dividido em três
grupos cada um encarregado de invadir a
casa do Prefeito, a estação ferroviária e outro o cemitério. Encontrando feroz
resistência da população Lampião perde importantes cabras e o bando, após uma hora de tiroteio, recua,
deixando em plena rua o cangaceiro Colchete morto com o crânio esfacelado por
balas e o cangaceiro Jararaca gravemente ferido no peito, que é capturado e praticamente enterrado vivo. pela
população.
A atual Igreja de São Vicente, na
época apenas uma capela, foi a principal trincheira de resistência e ficou com
sua única torre crivada de bala. Lampião com seus 53 cangaceiros dentro de Mossoró, não imaginou
que iria enfrentar mais de 150 cidadãos
armados na defesa da cidade e das suas famílias. Foi uma noite de terror, de
grande tiroteio, mais parecendo uma noite de São João.
Pela reação recebida Lampião sentindo
que dominar a cidade seria praticamente impossível, ordenou a retirada da
tropa, para evitar a perda de mais homens e não manchar ainda mais sua
reputação. Era o começo do declínio da carreira de Virgulino. Por causa do
desastre no Rio Grande do Norte, as deserções no grupo foram consideráveis. Até
hoje, os filhos daquela terra se orgulham do feito de braveza ao contar que
seus antepassados “botaram Lampião para correr”. Os inimigos do cangaceiro,
entretanto, ainda teriam que esperar mais 11 anos pela morte do capitão,
assassinado somente em 1938, na chacina da gruta de Angicos, em Sergipe.
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