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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

DESCIDA DA SERRA DA MERUOCA PELOS TROPEIROS E TANGERINOS DO SÍTIO FRECHEIRAS


Por Benedito Vasconcelos Mendes[*]
Benedito Vasconcelos e esposa Susana Goretti

O Sítio Frecheiras, localizado em cima  da Serra da Meruoca, nas proximidades da cidade cearense de Meruoca, era de propriedade do meu avô, onde ele passava, em companhia de minha avó, os meses de outubro, novembro e dezembro. De janeiro a setembro, eles ficavam na Fazenda Aracati cuidando do gado e fazendo queijo de coalho e manteiga de garrafa (manteiga da terra). No mês de setembro, ele despachava para sua casa em Sobral, onde moravam seus filhos, cerca de 2 mil quilos de queijo de coalho seco e umas 200 garrafas de manteiga, em caçuás de couro cru, sobre lombos de burros e de jumentos. Uma parte destes queijos era vendida e outra armazenada mergulhada em farinha de mandioca, dentro de grandes caixões de madeira. Quase toda manteiga também era  comercializada. A tropa de 30 animais de carga (burros e jumentos) e três juntas de bois mansos, que acompanhavam os equídeos, depois de descarregarem estes produtos em Sobral e descansarem durante uns três dias, seguiam com os caçuás vazios para o Sítio Frecheiras, na Serra da                                     Meruoca.

Lá a moagem de cana-de-açúcar, para a produção de rapadura, e as farinhadas, para produzir farinha e goma de mandioca, ocorriam de outubro a dezembro. Antes do período chuvoso, no mês de dezembro, descia do Sítio Frecheiras para Sobral (distante 30 quilômetros) o comboio de animais com cargas de rapadura, farinha e goma de mandioca. Uma certa quantidade destes produtos ficava em Sobral, para ser consumida  pela família, e o restante seguia viagem para a Fazenda Aracati, distante 60 quilômetros de Sobral, onde existiam grandes caixões de cedro para guardar rapadura, farinha e goma de mandioca. Dois tropeiros experientes, criados no sertão, filhos do vaqueiro Sales, da Fazenda Aracati, acompanhavam e cuidavam da tropa de animais de carga, o que lhes obrigava a também passar três meses na Serra da Meruoca. Estes animais de carga eram milhados diariamente na mochila, para se manterem gordos e assim suportarem o gigantesco esforço de descer a serra com carga pesada e depois continuar a caminhada por mais 60 quilômetros até a Fazenda Aracati. A burra “Cigana”, que ostentava uma sinetinha  de bronze pendurada no pescoço, ia na frente, pois ela era a guia, por conhecer bem o caminho e ser mais adestrada, obedecendo melhor do que os outros o comando dos tropeiros. Para descer a serra pelo caminho estreito, sinuoso, íngreme, defendendo-se dos blocos de rochas graníticas, os animais iam em fila indiana, sob o comando de voz  dos dois comboieiros e de seus chicotes de couro cru de boi. Além da rapadura, farinha e goma de mandioca, em outras viagens, diferentes  produtos eram levados para vender em Sobral, como castanha de caju, óleo de coco-babaçu, cajuína, doce de caju em massa e frutas “in natura”, principalmente banana, abacate e manga. O óleo de coco, a cajuína e o doce de caju eram feitos sob o comando de minha avó,  que contratava nas vizinhanças quatro ou cinco mulheres, que tinham prática em quebrar coco e fazer o óleo, o doce de caju e a cajuína. O doce de caju em massa era feito com rapadura, em vez de açúcar.

As cangalhas dos animais,  que recebiam os caçuás, eram montadas sobre espessas e macias esteiras de pano de saco (tecido reaproveitado de sacos de açúcar ou de farinha de trigo) cheias de junco (planta da Família das Ciperáceas). Antigamente, era muito comum a reutilização de tecido de sacos para a  confecção de toalhas de banho, panos de prato e até de calça e camisa pela população mais pobre do sertão nordestino.

Criativa era a forma de transportar toras de madeiras de lei, de serra  abaixo. Naquela época, décadas de 1950 e 1960, a Serra da Meruoca era a principal fonte de madeiras de lei da cidade de Sobral, que eram  usadas para o feitio de portas, janelas, móveis e linhas de cobertura de prédios. Grossos troncos de cedro, baraúna, frejó, maçaranduba, cumaru e de outras árvores produtoras de madeira de boa qualidade eram puxados de serra abaixo por juntas de bois. A cabeça (parte mais grossa do tronco) era colocada e presa com correntes sobre um eixo de aço, que unia duas rodas de ferro, e a outra extremidade era arrastada no chão. Três juntas de boi puxavam o cambão de madeira, que ficava amarrado ao eixo das rodas de ferro. Da mata, onde a madeira tinha sido cortada,até o caminho que ia a Sobral, os dois tangerinos, munidos de machado e foice abriam a picada,  para que os bois e sua carga pudessem passar. O caminho muito estreito, íngreme e sinuoso, às vezes, não permitia a passagem das juntas de boi e era necessário abrir uma picada, em linha reta ao lado. Era um trabalho árduo, perigoso e vagaroso e precisava de muita paciência dos tangerinos. A descida de uma ladeira íngreme sobre lajedo exigia perícia dos tangerinos, pois havia o risco do pesadíssimo tronco escorregar,  descer e bater nas patas dos bois. Sobre o chão de barro ou areia, mesmo a ladeira  sendo íngreme, a descida não oferecia muito risco, pois a ponta traseira do tronco que era arrastada, penetrava no solo freando  a carga e evitando que o tronco deslizasse. Os tangerinos eram também comboieiros, os mesmos que tocavam a tropa dos animais de carga levando rapadura, farinha e goma de mandioca, castanha de caju e outros produtos do Sítio Frecheiras, para Sobral e para a Fazenda Aracati.

[*]Engenheiro agrônomo, mestre e doutor. Sócio efetivo das seguintes instituições: Academia Norte-rio-grandense de Letras, Academia Mossoroense de Letras, Academia de Ciências Jurídicas e Sociais, Instituto Cultural do Oeste Potiguar e dos Institutos Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará. Presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC E-mail: beneditovasconcelos@gmail.com.

Enviado por: Benedito Vasconcelos Mendes

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O ÚLTIMO VIGIA DA NOITE

(UM CONTO DE ASSOMBRAÇÃO)
Clerisvaldo B. Chagas, 27 de fevereiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica/conto 1.851

     Eu nem sei o que estava fazendo àquelas horas da noite. Tudo difuso e eu caminhando pela rua muito comprida e sem calçamento. Caminhando, caminhando, caminhando, percebi que estava indo para um lugar do asfalto chamado Barragem. Dali poderia seguir para o centro da urbe. Finalmente cheguei ao final da via onde um rego seco e uma rampa de aterro me dariam acesso ao asfalto transversal. O leito seco seria a foz de riacho conhecido  que despejava no rio Ipanema. Passei pelo rego e deparei-me com uma vereda ladeada por alto capinzal. Temi algum bandido por ali escondido, mas comecei a subir a rampa por ela. De repente fiquei paralisado sem poder me mover em nenhum sentido, guiado apenas pelo pensamento. Surgiu uma luz branca e em seguida uma voz ordenando que seguisse. A mesma voz falava que no início do asfalto havia um bar com muitos bêbados e prostitutas; e que eu passasse direto em direção ao centro.


Subi longo ao asfalto, passei pelo bar, percorri longo aclive até chegar à chã. Ali havia um homem com uma lanterna acesa, grande e antiga – tipo usado pelos inspetores de trem – pendurada pela alça.
- E daí? – indagou.
- Daí o quê?
- Ora daí o quê!
- Não me aborreça que eu quero passar.
- Ah! E é? É o Lampião? Tá pensando o quê? Você viu uma luzinha piscando quando você passou pelo cemitério? Era eu. Fui eu quem mandou você seguir – rodou algumas vezes com a lanterna à mão e afirmou: sou o último vigia da noite.
Pensei até em gratificá-lo por me ter guiado, mas nem houve tempo. Surgiu um homem à margem da estrada que me disse mansamente: “ele morreu em 1920. Estar querendo brigar. Nem entendo disso, nem sei o porquê, mas se você disser a ele que vai botar um garrote em suas costas, ele sairá correndo”.
O galego deixou a lanterna de lado e armou-se para lutar, à semelhança de um boxeador. Rodeei-o de punhos armados, quando me lembrei das frases do homem da margem. Gritei que iria colocar um garrote em suas costas. O vigia sentiu um abalo. Fui repetindo a frase, complementando-a com força e citando o que aconteceria a ele com um garrote às costas, dizendo safadeza, até que o último vigia da noite, partiu ladeira abaixo espavorido.
Não digo que não vou mais andar à noite por lugares esquisitos. Como dizer, se a vontade não é minha? Que coisa! Ave.


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CARCARÁ, PEGA, MATA E COME...

*Rangel Alves da Costa

Bastião é meu velho amigo sertanejo. Gosto demais de com ele prosear. Todo mundo gosta, de velho a novo, não há um só sertanejo que não se delicie com seus causos e proseados. Contudo, suas histórias de caçador são tão instigantes que causa até medos e arrepios.
Certamente que alguns – ou muitos – não acreditam nessas histórias. E acabam dizendo que não passam de invencionices. E dizem mais: história de caçador e de pescador só não é mais mentirosa por que nunca há testemunha nem da mentira nem da suposta verdade.
Mas Bastião é homem sério. Assim, prefiro acreditar a negar os relatos de suas aventuras no meio do mato, perante as tocas de pedras e tufos nos escondidos. Mas mesmo acreditando, difícil não ficar com alguma dúvida se a história contada aconteceu daquele jeito mesmo.
Segundo Bastião, caçar pelo dia, ainda que aconteçam mais coisas mirabolantes e misteriosas do que se imagina existir, não chega nem aos pés do que acontece depois da boca da noite. O caçador que entra no mato no meio da escuridão pode saber que vai encontrar de tudo, desse e doutro mundo.
Certa feita – nas palavras de Bastião -, caminhava por uma vereda em noite de breu, quando de repente tudo clareou como se fosse dia. Intrigado, já com cabelo arrepiado, olhou adiante e viu como se fosse um cemitério. Só podia ser cemitério, pois um lugar cheio de cruzes fincadas por riba de pequenos montes de terra.
Não pode ser, pensou Bastião. Aqui não há cemitério algum, disse a si mesmo. Encontrou alguma força nas pernas e deu mais alguns passos adiante. E foi quando conseguiu ler na madeira nas cruzes: O tatu que você matou, o peba que você matou, a cotia que você matou, o veado que você matou, a nambu que você matou, a onça que você matou...
E assim por diante. Acima de cada cova a cruz, o nome do bicho e a seguir “que você matou”. O que seria aquilo, pelo amor de Deus? Por que isso? Começou a se perguntar. O problema é que sabia que já tinha matado todo tipo de bicho mesmo. Mas o mais agonizante veio com o que avistou em seguida.


Lá no canto do tal cemitério de bichos, numa cova parecendo maior e com mais quantidade de terra por riba, avistou, conseguiu ler e quase desmaia. Lá estava escrito na cruz: “Aqui é pra você”. Passou a mão pelos olhos, leu novamente e não teve dúvidas do que estava escrito: “Aqui é pra você”.
Tremendo igual vara verde, já sem se encontrar em si mesmo, só lembra que se preparou para fugir dali em correria. Já aprumando o passo na maior velocidade que conseguiu encontrar, foi quando ouviu um barulho e viu quando os bichos começavam a sair de suas covas.
“Ai minha Nossa Senhora do Caçador. Ai minha Nossa Senhora da Cotia e do Guaxinim. Ai minha Nossa Senhora da Onça Pintada. Ai minha Nossa Senhora do Mato, me salve minha Nossa Senhora!...”. Ia gritando enquanto corria desembestado, na certeza maior do mundo de estar sendo seguido pelos bichos mortos.
Não lembra como, só sabe que caiu e ficou desacordado. Acordou já com o dia clareando e com uma caipora bem parada em sua frente. Abriu mais os olhos e viu que o ser encantado das matas e fumador sem igual, estava com feixe de cipós na mão, e em posição ameaçadora. E a ameaça ganhou vida quando ouviu da caipora: “Ei, seu safado, trouxe meu rolo de fumo?”.
Não havia levado. Havia esquecido o fumo daquela vez. Então já sabia o que iria lhe acontecer em seguida. Tomou uma surra tão grande da caipora que chegou em casa mais parecendo um molambo cheio de lanho e dor. Passou uma semana sem poder levantar da cama. E sonhando com aquela cruz: “Aqui é pra você”.

Escritor
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EXUMAÇÃO DAS CABEÇAS DO CASAL CANGACEIRO LAMPIÃO E MARIA BONITA.



Fotografias das cabeças de Lampião (Esquerda) e de Maria Bonita registrada no momento da exumação ocorrida no ano de 2002.

As cabeças do casal cangaceiro foram exumadas pelos doutores Lamartine de Andrade Lima e Orlins Santana.

O texto abaixo é de autoria do doutor Lamartine de Andrade Lima que nele explica os pormenores da exumação.

“Na década de 1960 trabalhei com as cabeças decapitadas de "Lampeão", "Maria Bonita" e "Curisco", e mais outras de cangaceiros menos conhecidos, ao todo sete, no Museu Estácio de Lima, do Instituto Nina Rodrigues, ainda vizinho da Faculdade de Medicina da Bahia, do Terreiro de Jesus, no Pelourinho em Salvador, Bahia. A cabeça de "Maria Bonita" estava íntegra mas exibindo alguma modificação das feições causada pela ação dos compostos conservantes, como formaldeido.

A cabeça de "Lampeão" tinha o crânio polifraturado (o que era mostrado em radiografia) e estava recomposta e suturada, exibindo igualmente transformações na face. Cerca de 40 anos depois, a família daquele casal de cangaceiros pediu-me para que procedesse a exumação daquelas cabeças, que estavam em nichos num recanto do Cemitério da Quinta dos Lázaros, o que fiz, acompanhado pelo meu amigo pesquisador de cangaceirismo e cirurgião-dentista Dr. Orlins Santana, na presença de netas deles, inclusive a escritora e fotógrafa Vera Lúcia Ferreira Nunes. A cabeça de "Maria Bonita" estava íntegra, com os olhos entreabertos, cujos globos oculares logo se pulverizaram.

A cabeça de "Lampeão"' estava com as suturas cirúrgicas corroídas, desfeitas, e as suturas anatômicas esfaceladas, abertas traumaticamente no passado, observando-se também múltiplos fragmentos ósseos e dentários, restando notar o osso occipital quase indene, cabendo registrar que a intersecção interna das cristas occipitais, constituindo a Torcular de Herófilo de Alexandria, não apresentava a Fosseta de Lombroso, aquele achado anatômico do mestre de Turim, o italiano Professor Césare Levi Lombroso, que, segundo ele, caracterizava o criminoso nato”. (Lamartine de Andrade Lima)

Geraldo Antônio de Souza Júnior

http://cangacologia.blogspot.com.br/2018/02/exumacao-das-cabecas-do-casal.html

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EXUMAÇÃO DAS CABEÇAS DE LAMPIÃO E MARIA BONITA.



Abaixo um depoimento do doutor Lamartine de Andrade Lima que fez o procedimento da exumação das cabeças de Lampião e Maria Bonita.

“Na década de 1960 trabalhei com as cabeças decapitadas de "Lampeão", "Maria Bonita" e "Curisco",e mais outras de cangaceiros menos conhecidos, ao todo sete, no Museu Estácio de Lima, do Instituto Nina Rodrigues, ainda vizinho da Faculdade de Medicina da Bahia, do Terreiro de Jesus, no Pelourinho em Salvador, Bahia. A cabeça de "Maria Bonita" estava íntegra mas exibindo alguma modificação das feições causada pela ação dos compostos conservantes, como formaldeido.

A cabeça de "Lampeão" tinha o crânio polifraturado (o que era mostrado em radiografia) e estava recomposta e suturada, exibindo igualmente transformações na face. Cerca de 40 anos depois, a família daquele casal de cangaceiros pediu-me para que procedesse a exumação daquelas cabeças, que estavam em nichos num recanto do Cemitério da Quinta dos Lázaros, o que fiz, acompanhado pelo meu amigo pesquisador de cangaceirismo e cirurgião-dentista Dr. Orlins Santana, na presença de netas deles, inclusive a escritora e fotógrafa Vera Lúcia Ferreira Nunes. A cabeça de "Maria Bonita" estava íntegra, com os olhos entreabertos, cujos globos oculares logo se pulverizaram.

A cabeça de "Lampeão"' estava com as suturas cirúrgicas corroídas, desfeitas, e as suturas anatômicas esfaceladas, abertas traumaticamente no passado, observando-se também múltiplos fragmentos ósseos e dentários, restando notar o osso occipital quase indene, cabendo registrar que a intersecção interna das cristas occipitais, constituíndo a Torcular de Herófilo de Alexandria, não apresentava a Fosseta de Lombroso, aquele achado anatômico do mestre de Turim, o italiano Professor Césare Levi Lombroso, que, segundo ele, caracterizava o criminoso nato”.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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CERTIDÃO DE ÓBITO DO NAZARENO ODILON NOGUEIRA DE SOUZA "ODILON FLOR".


Odilon Flor, para quem não conhece, foi um dos primeiros inimigos de Lampião e um dos mais respeitados pelo Rei do Cangaço, que sempre que podia, evitava os confrontos diretos contra sua Força Volante. Inclusive reconhecendo publicamente a valentia e destemor desse bravo combatente.

Odilon Flor (Odilon Nogueira de Souza) nasceu no estado de Pernambuco no dia 12 de janeiro de 1903 e faleceu na cidade de Itabuna no estado da Bahia no dia 07 de novembro de 1950, aos 47 anos de idade em decorrência de um câncer na garganta.

Levando em consideração os serviços prestados e os esforços que desempenhou em sua luta na persiga e repressão aos grupos cangaceiros sertão a fora, foi injustiçado pela Força Pública Policial da Bahia, sendo reformado simplesmente como 2º Sargento daquele estado.

Após a morte de seu irmão Idelfonso de Souza Ferraz “Idelfonso Flor” ocorrida no dia 14 de novembro de 1925 durante um combate contra Lampião e seu bando na localidade Chique-Chique nas proximidades da então cidade de Vila Bela (Atual Serra Talhada/PE), Odilon Flor passou a ter uma dívida de sangue com o cangaceiro-chefe, passando a partir de então a perseguir implacavelmente os bandos cangaceiros e em especial o liderado por Lampião.

O valor negado pela Força Pública Policial do estado baiano a Odilon Flor é atualmente compensado e reconhecido por quem estuda e pesquisa a sério o fenômeno cangaço. É inegável a importância de Odilon Flor ao que se refere ao combate ao cangaceirismo/banditismo nos sertões do Nordeste. Foi sem dúvida alguma um dos maiores perseguidores de Lampião e sua gente.

Um homem de extrema coragem que escreveu com glórias e honras o seu nome nas páginas da história cangaceira. Sua luta não foi em vão. Seu nome ecoará através das gerações e terá sempre o merecido reconhecimento por quem se interessa, com responsabilidade, pelo assunto.

Contemplem... Pois afinal não é todos os dias que temos a oportunidade de ver um documento como esse.

Cortesia: Odilon Nogueira
Geraldo Antônio De Souza Júnior

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SOU POETA NASCIDO NO SERTÃO DEFENDENDO A CULTURA POPULAR...


Sou o verso de Pinto do Monteiro
Trocadilho que “Louro” penduou
Sou canção que Gonzaga entoou
Sob a sombra do pé de juazeiro
Sou aboio rimado do vaqueiro
Sou sextilha e galope à beira mar
Sou o mote difícil de glosar
Plenilúnio do livro de Canção
SOU POETA NASCIDO NO SERTÃO
DEFENDENDO A CULTURA POPULAR...

(João Furiba)

Sou “Inácio” duelando com “Romano”
Versejando lá na Serra do Teixeira
Sou o Poeta “descambado”, “Zé Limeira”
Sou o dia, sou o mês e sou o ano
Sou o caipira, andarilho, sou cigano
Sou o rio, sou a chuva e sou o mar
Sou canário que não para de trinar
Sou “tapera” construída com torrão
SOU POETA NASCIDO NO SERTÃO
DEFENDENDO A CULTURA POPULAR...


Sou do berço imortal da poesia
Onde a rosa é brotada do espinho
E um ‘cancão’ atrevido fez seu ninho
No clarão do luar que extasia.
Vi o choro, o sorriso, a agonia
Nas estrofes d’um poeta saltitar,
Otacílio, Louro e Jób eu vi cantar
Vi Zezé e Catota em expansão
SOU POETA NASCIDO NO SERTÃO
DEFENDENDO A CULTURA POPULAR...


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DUELO A SABRES NA REVOLUÇÃO FARROUPILHA


No dia 27 de fevereiro de 1844, durante a REVOLUÇÃO FARROUPILHA, BENTO GONÇALVES, mentor da revolução e presidente do RS, trava duelo de sabres e mata seu contendor, o coronel ONOFRE PIRES.

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COMUNICADO


Por Benedito Vasconcelos Mendes

Comunico aos amigos que a data da entrega do Título de Cidadão do Rio Grande do Norte à minha pessoa foi mudada para 26 de abril (quinta-feira), às 10 horas. Em vez de 15 de março, foi alterada para 26 de abril.                                    

A referida entrega será no Plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte, em Natal-RN.

Enviado pelo professor e escritor Benedito Vasconcelos Mendes

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PRIMOS NA SENDA DA VINGANÇA


Forte de São Tiago das Cinco Pontas

Torna-se necessário, para aqueles que querem estudar o Fenômeno Social Cangaço, sair da história do seu último grande chefe cangaceiro, e ‘nadar nas águas' daqueles que o antecederam.

Há uma ruma de chefes cangaceiros anteriores a Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, desde os idos de 1756, mais ou menos, até 1920, mais ou menos, quando dar-se início a sua saga, quando o Cabeleira, citado como sendo o primeiro cangaceiro que surgiu, deixava a zona da mata e a área metropolitana do Recife, Capital de Pernambuco, aterrorizada. Só tendo fim quando ele, seu pai e mais alguns cabras são presos e condenados à morte, por enforcamento, no Forte São Tiago das Cinco Pontas, naquela metrópole.

Diferente do que muitos pensam, o Fenômeno Social, Cangaço, migra do litoral para o interior do Estado, devido à colonização, até certo ponto forçada pelos grandes produtores de cana-de-açúcar, para criação de animais, principalmente bovinos. Esse Fenômeno, que nasce pela consequência de outro, o “coronelismo”, não fora gerado, criado, nascido na caatinga sertaneja.

As glebas, faixas territoriais ou faixas, pedaços de terra, são demarcadas pela autoridade religiosa e, a partir daí, tem-se início ao povoamento, se assim podemos dizer, do sertão. 

São doadas aos Patriarcas das famílias ligadas a coroa. Mesmo entre elas, coisa que também migra da Europa para a América do Sul, são as rixas e intrigadas lá afloradas e, por aqui, continuadas.

A colonização do sertão nordestino é penoso, lento e regado a lágrimas e sangue daqueles que se aventuraram a fazê-la. A maior parte dessas intrigas é entre duas, ou mais, famílias. Onde os clãs, por algum motivo, deixam surgir à causa, a circunstância, o motivo para acontecerem. Sem procurarem a razão, propriamente dita, deixam-se levar pela emoção, honra e vaidade gerada pela ganância ao poder latifundiário, político e econômico, ao enriquecimento a qualquer custo. Ao longo do tempo, as coisas não mudaram naquelas quebradas da região semiárida sertaneja.
Em determinada data, dois clãs se digladiam com sucessivas mortes de ambos os lados. As famílias Carvalho e Pereira, frutos que a história relata como ‘cepa’ da mesma rama, entram em uma feroz e longa guerra particular, deixando o Pajeú das Flores sem o perfumes das rosas. Chegando a tingirem as águas temporárias do famoso rio Pajeú de vermelho.

Manuel Pereira da Silva Jacobina e sua esposa, dona Francisca Pereira da Silva. "Padre Pereira' e 'Chiquinha Pereira', respectivamente.

Mais ou menos em 1907, componentes da família Carvalho, assassinam um da família Pereira, Manuel Pereira da Silva Jacobina, conhecido por ‘Padre Pereira’, esposo de dona Francisca Pereira da Silva. Algum tempo depois, um dos Pereira, Manuel Pereira da Silva, conhecido como Né Dadú, parte para ‘lavar’ a honra com sangue e mata dois da família Carvalho, Joaquim Nogueira e Eustáquio Carvalho.

Sebastião Pereira da Silva, nas Minas Gerais, na década de 1970.

Os Carvalho, dando sequência a já antiga intriga, em 1916, matam Né Dadú. Um irmão dele, Sebastião Pereira da Silva, apronta-se para entrar na senda da guerra, com o intuito de vingar a morte do irmão. Nisso, a viúva, dona Chiquinha Pereira, Francisca Pereira da Silva, manda seu filho, Luiz Pereira da Silva Jacobina, conhecido pela alcunha de Luiz Padre, acompanhar o primo na vereda sangrenta.

Em pé, Luiz Pereira da Silva Jacobina, o cangaceiro Luiz Padre. Sentado, Sebastião Pereira da Silva, o chefe cangaceiro Sinhô Pereira.

Sebastião Pereira da Silva, sabedor do potencial armado e político dos Carvalho, resolve então fazer diferente. Segue em direção ao poente, vai ao Estado vizinho do Ceará e forma um pequeno grupo de cabras dispostos e profissionais no manejo da espingarda. Após escolher os ‘cabras’ a dedo, juntamente com seu primo, Luiz Padre, Sebastião Pereira da Silva, conhecido por Sinhô Pereira, retorna as terras do Vale do Pajeú, sedento de sangue, e agora como chefe de um bando de cangaceiros.

Em sua trilha, disposta do cariri cearense em direção ao Pajeú pernambucano, o jovem chefe queria varrer da face da terra todo e qualquer Carvalho. Não só as pessoas penariam, mas seu patrimônio seria devastado para pagarem o sangue que tinham derramado de seus familiares. Fazendas são queimadas, assim como suas casas e/ou cercados, depois de terem seus animais mortos a tiros. Seu primeiro grande desafeto foi no monte de casebres chamado São Francisco, que na época podia-se comparar a um Povoado. Sua meta, nessa localidade seria o comerciante Antônio da Umburana. Não estando no momento do embate Antônio da Umburana, o bando saqueia seu comércio. Mas, dias depois, em outra povoação, Sinhô Pereira o mata em um duelo.

O Barão do Pajeú

A razão, muitas vezes foge da mente do homem, quando esse se vê cego pela vingança. E isso é o que estava ocorrendo com a mente do jovem chefe cangaceiro, Sinhô Pereira. Ele, com sua turba, por onde passavam, deixavam danos de todas as formas imagináveis. Parecia um rolo compressor.

Diante desses acontecimentos, muitos da família adversária, deixaram suas moradias em busca de refúgio. Então, é solicitado a Força Pública do Estado pernambucano seus serviços contra aquele bando de proscritos. Porém, Sinhô Pereira previra essa represália das autoridades. E aí, começa uma caçada constante de um lado... Do outro, uma fuga permanente, sem direito a descanso.

A família adversária, os Carvalho, não deu moleza ao bando de cangaceiros não. Além de empunhar armas e combate-los, na época, mandava politicamente em todo aquele vale, mais precisamente nos municípios de Belmonte e Vila Bela. Tinha como aliado o Estado, a Força Pública. Enquanto que seus rivais só contavam com a coragem, a destreza e a força de Sinhô Pereira...

Após deixar o cangaço e viver sua vida em terras goianas e depois nas das Minas Gerais, o ex chefe cangaceiro declara, quando de seu retorno a terra natal, quando inquirido se ele fora o mais valente dentre os do seu clã, respondeu “Bastião”:

“- Havia homens valentes até quase a loucura, entretanto, brigavam para matar. Na hora de morrer até fugiam do campo de luta, naquelas circunstâncias matar ou morrer para mim seria a mesma coisa. Daí a diferença.” (“O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo “Ioiô Maroto””- NEVES, Vinício Feitosa. Cajazeiras, PB. 2016)

As façanhas desse jovem chefe cangaceiro, contava com mais ou menos vinte anos de idade, quando da sua entrada para o cangaço, contaremos em outras matérias daqui... Das terras do Pajeú das Flores.

Fonte Ob. Ct.
Foto www.google.com.br
cangaceiroscariri.com
Antônio Amaury

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ÚLTIMAS AQUISIÇÕES NOVOS INQUILINOS...!


Por Volta Seca

O livro Mata e Sertão de Nertan Macedo é raríssimo. O livro de Nelson Motta sobre o cineastra Glauber Rocha e seus filmes, me surpreendeu. Por sua vez, o DVD Chapéu Estrela é um excelente documentário, além de Quelé do Pajeu ( dvd). 

A saga de Ipueira, também, se trata de um excelente trabalho que trata do ataque de Lampião e seu bando a essa Fazenda, em que foi duramente repelido e, morto o cangaceiro de alcunha " Tempero "...etc.




XILOGRAVURA QUE ILUSTRA MATÉRIA DE TÍTULO "O CANCIONEIRO DE LAMPIÃO", DO JORNAL CARIOCA ÚLTIMA HORA DE 6 DE JULHO DE 1976.

Por Junior Almeida

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