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sexta-feira, 24 de junho de 2016

SEU JANUÁRIO E DONA SANTANA PAIS DE LUIZ GONZAGA


Seu Januário e Dona Santana pais do rei do baião Luiz Gonzaga estão tocando e o filho Gonzaga dançando. Feliz São João a todos! 
Gonzaga está dançando com a mulher de óculos.

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

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UMA FOTO INÉDITA....!


Cangaceiro ANTONIO SILVINO, logo após a sua prisão pelo alferes Theophanes Torres, sendo examinado pelo médico na casa de detenção do Recife, em virtude do tiro que sofreu.


Fonte: Jornal do Recife - edição de 03-12-1914
Cortesia: Geraldo Ferraz

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VISITA À GRUTA DO ANGICO - EMANUEL MESSIAS CATAGUASES MG


Uma visita ao local onde Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros foram assassinados.
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"Lampiao" por Banda De Pau E Corda ( • )

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QUEM TEM RAZÃO? ANTÔNIO AMAURY X OPTATO GUEIROS

Por Junior Almeida

No final do mês de maio desse ano estivemos em Floresta Pernambuco, onde participamos do Cariri Cangaço. Na programação, além do lançamento do livro “As Cruzes do Cangaço”, de Marcos de Marcos De Carmelita Carmelita e Cristiano Ferraz, algumas palestras e visitas a locais com alguma relação ao cangaço, fizeram parte do evento. 


Além da lendária Nazaré do Pico, o grupo de escritores, pesquisadores, curiosos e anfitriões foi à Tapera dos Gilos, fazendas de Eloy Jurubeba, Jenipapo e Ema, além de Poço do Ferro do célebre Ângelo da Gia, hoje município de Ibimirim. Nessa última ouvimos o bisneto do famoso coiteiro e amigo de Lampião, Washington Gomes de Lima, dizer como se deu a morte de Antônio Ferreira, irmão de Lampião, na propriedade.

Coiteiro de Lampião o coronel Ângelo da Gia

A versão do povo do lugar, segundo o fazendeiro, é que Antônio Ferreira morreu de um “sucesso”, que é como os mais antigos se referem a uma morte por acidente. Washington mostrou o local em que a cabeça do cangaceiro ficou exposta, depois que uma força volante desenterrou o corpo do sicário famoso, alguns dias depois de sua morte, e seguiu com a “Família Cariri” para dois locais diferentes: primeiro o local em que está enterrado a cabeça de Antônio Ferreira e em seguida o local onde está o corpo, perto de um umbuzeiro onde segundo a história, o bandido teve a sua cabeça decepada. 

Lampião e seu irmão Antonio Ferreira da Silva

Na sepultura coberta por pedras, uma nova cruz foi colocada pelos pesquisadores paraibanos Narciso DiasJair Tavares e Jorge Remígio, que falou aos presentes, relatando que na época da morte de Antônio, um meninote da fazenda recebera do cangaceiro uma encomenda de uns peixes em troca de um bom trocado, e que quando soube da morte, lamentou apenas o negócio não concluído.

Antônio Amaury Correia de Araújo

O pesquisador Antônio Amaury corrobora com essa versão. Diz Amaury em seu texto:

“Era começo de Janeiro de 1927. Antônio Ferreira, junto de Luiz Pedro, Jurema e um outro rapaz, estava acoitado pelo coronel Ângelo da Gia, na fazenda Poço do Ferro, e jogavam baralho. Luiz Pedro estava numa rede e Antônio em pé. Antônio estava perdendo muito no jogo, enquanto disse a Luiz:

- Luiz, você está sentado nesta rede há muito tempo! Agora deixe que eu me sente um pouco aí.

O rapaz segurando o cano do fuzil, ao apoiar-se para levantar, bateu com a coronha no chão. A arma, destravada, disparou a bala que atingiu Antônio em cheio. Este, antes de cair, só teve tempo de falar:

- Matou-me, Luiz."

E continua o pesquisador paulista:

“Lampião, que estava longe, ao receber a notícia, passou a noite na cavalgada para acertar-se do ocorrido na fazenda de seu amigo Ângelo. Perdera assim mais um irmão em sua história de cangaceiro, por um acidente estúpido. Ouviu e concordou com o parecer do próprio coronel sobre o acidente. 

 Lembre-se leitor, que Jararaca só foi morto em Mossoró junho deste ano

Jararaca, um dos chefes cangaceiros, no entanto, propôs que todos os envolvidos pagassem com a vida, por não acreditar que se tratasse de um acidente. Ao saber que seria perdoado, Luiz fez um juramento a Lampião, que passou para a história.

Cangaceiro Luiz Pedro

- Seu capitão... O senhor poupou minha vida. Eu juro acompanhá-lo até o fim. No dia em que o senhor morrer, eu morro também!”

Será mesmo que a morte de Antônio Ferreira foi assim, como conta a versão oficial? Seria Virgulino assim tão justo e compreensivo ao ponto de deixar viver um homem responsável pela morte do seu irmão, mesmo que por acidente?

Optato Gueiros

Optato Gueiros tem outra versão para a morte do sicário, que relata em seu livro “Lampeão; Memórias de um Oficial ex Comandante de Forças Volantes”. Ele diz que:

Coronel Higino em 1973. Foto de Josenildo Tenório - lampiaoaceso

“Foi em 1926 o tenente Higino, sargentos Manuel Neto e Arlindo Rocha achavam-se sob comando do major Téophanes Ferraz, deram na batida do grupo que havia perto de Vila Bela, sequestrando viajantes, impondo-lhes pagamento de cinco contos pelo resgate, e como não dispusessem desse valor, foram conduzidos pelos bandoleiros.


Manuel Neto e Arlindo faziam a vanguarda, tendo o comandante o tenente Higino, ordenando que se aproximassem uma légua da serra, fizessem alto, afim de serem acertados alguns planos para o ataque, pois já tinha previsto o que os aguardava naquele terrível boqueirão da Serra Grande. 

Os sargentos, porém, fizeram alto em local que já estavam ao alcance dos projéteis das armas dos cangaceiros, que em número de noventa e seis, ocuparam as posições mais estratégicas, desde os penhascos de cima às furnas e contrafortes da encosta até o pé da serra.

Nessa altura, o tenente Higino disse:

- Não deveriam ter parado mais, que os planos podemos concertar, já estando nós ao alcance das armas dos cangaceiros? Agora ‘come-los ou verte-los’, avancemos.

Meio minuto correu desses entendimentos, os bandidos abriram fogo. Manuel Neto foi retirado do local onde caíra, com as duas pernas quebradas; e Arlindo Rocha, com um ferimento no queixo, com fratura exposta.

A tropa, que era composta de duzentos e sessenta soldados, lutou até à noite com os inimigos que, além de inexpugnávelmente entrincheirados, davam constantemente ‘retaguardas’.

A força teve dez mortos e mais de trinta feridos.”

O trecho mais revelador do texto de Optato Gueiros, ele diz que:

“Antônio Ferreira ficou baleado e faleceu no Poço do Ferro, onde foi sepultado.

Dias depois fiz a exumação do cadáver, que foi identificado.

Era o segundo irmão que Lampião perdia em combate. O bandido sentiu muito a morte de Antônio Ferreira, e desse dia em diante, não quis mais cortar o cabelo, tornando-se uso entre os cangaceiros, deixar crescer o cabelo, proporcionando-lhes um aspecto ainda mais repulsivo.”

Quem está com a razão, Antônio Amaury, pesquisador sério e respeitado do Sudeste do país, ou Optato Gueiros, comandante volante que participou diretamente das ações contra o cangaço no Nordeste, mas que no mesmo livro cometeu o erro básico ao dizer que o ataque da horda lampiônica à Serrinha do Catimbau foi em 1936 e o comandante da resistência foi Antônio Caxeado, quando se sabe que o ataque foi em julho de 1935, e o homem que baleou Maria Bonita foi João Caxeado?

O dramaturgo grego Ésquilo, conhecido como pai da tragédia, disse que em uma guerra, a primeira vítima é a verdade. Tem razão. São muitas versões, muitas verdades e muitas mentiras. É de se pensar que não seria difícil Lampião decretar a versão da morte por acidente do seu irmão. Será que alguém do Poço do Ferro desobedeceria uma ordem de Virgulino? Não podia essa versão ser contada várias vezes até que virasse verdade, como recomendava o ministro da propaganda nazista Joseph Goebbels? Quem tem razão, Amaury ou Optato?

Fonte: facebook
Página: Junior Almeida
Grupo: O Cangaço

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OCTACÍLIA... UMA PROVÁVEL FILHA DO IRMÃO DE LAMPEÃO

Material do acervo do pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Descoberto e comunicado por Orlins Santana. Este explica, em seu relato:

"Encontrada uma criança de Nome Octacília, e que como de praxe, a Santa Casa de Misericórdia colocava o sobrenome "Mattos" em todas as recebidas na roda dos expostos.


Otacília, no dia 31 de agosto ano de 1929, foi batizada em Miguel Calmon. Nascida a 26 de dezembro de 1929, filha legítima de João Ferreira da Silva e Anna Francisca Ferreira da Silva, incluída no livro do ano de 1927, em agosto de 1930, à folha 109, "Livro de batizados", no Arquivo paroquial de Santo Antonio de Jacobina, sendo padrinhos Porfirio Brandão Filho e D. Julina Fraga Brandão.

Padre Manoel Magalhães Araujo. As custas foram dispensadas devido os pais serem nimiamente pobres.

Otacília foi retirada pela mãe no dia 30 de Abril de 1949.

Era uma menina parda, que foi colocada "na roda" com 5 anos de idade, às 19:30 da noite, em maio de 1933, em bom estado de saúde, com camisola estampada, calçola de morim, capotinho de tricoline com bordados, camisa de morim usada. Com um colar de contas brancas e vermelhas, com um pedido do vigário de Jacobina. 

Obs: A familia Brandão, também tinha membros em Serra Talhada.

Para acrescentar aos arquivos dos amantes do cangaço... Vera Ferreira viu este documento hoje pela manhã. Segundo Vera Ferreira, o tio que conheceram, tinha uma esposa com outro nome. Relatou que Expedita falou que ele, João, era mulherengo, e que tem sentido a matéria.

A menina ficou moça e saiu do orfanato com 21 anos, quando a mãe veio buscar.

Foi a única que saiu com vida. Espero que esteja ainda com vida, aqui em Salvador, pensei em sondar.

Ela é prima da filha de Lampião, então deduzo que, o envio de crianças, já era orientado pela familia Ferreira da Silva.

Agradeço a Deus, ter me iluminado, e fazer vir à tona para vocês.

O que me surpreende, é ter posto as mãos, nas primeiras buscas, logo neste livro, no meio de mais de 20 mil.

Deve ter um grupo, que é só energia, e não mais possue corpo, me guiaram, após ter sintonizado a capacidade e a dedicação.

O achado é impossível...

É por isso que se deve fazer o bem, amar as pessoas, não trair, não mentir. Pois lhe asseguro, que em toda minha vida duvidei, destes acompanhamentos, nunca acreditei. E por isto foi muito chocante, mas, rezo por êles. Muitos estão mergulhados num oceano de arrependimentos. Apesar da atualidade estar mil vezes pior, onde os grupos de cangaceiros, coiteiros e volantes eram uma bobagem. Agora é que se vê ampliado tudo aquilo.Te prepara viu nêgo, êles também estão te acompanhando. Trilhe sobre documentos e não dê asas à imaginação nem invencionice.

Nem tudo que existe, é o que você toca e vê. Se você foi sintonizado e sua energia é da mesma frequencia, aguarde.

Deus nos proteja."

O documento:




Transcrição:


"Anno 1933 – Mês Maio – Dia 8

Pelas 19 horas 1/2 foi posta no Asylo de N.S. da Misericordia uma menina parda com 5 annos 1/2 de idade, em bom estado de saude.
Trouxe os seguintes objectos:

1 – Camisola de tuquim estampado
2 – Sombra de morim com renda de bilro
3 – Calçola de morim (usada)
4 – Camisa de morim usada
5 – Capotinho de tricoline com bordado de linha de côr (usado)
6 – Collar de contas brancas e vermelhas.

Com o seguinte attestado:

1 – Pedido /// Rvmo: Snr Vigario de Jacobina

Abaixo assignada Madrinha de Otacilia Ferreira, filha de João Ferreira da Silva e Anna Ferreira da Silva, carece para fins de caridade, da certidão de teôr do assentamento do seu baptismo, realizado na freguezia de Jacobina no anno 1929, pelo que vou pedil–a a V. Rvma mui respeitosamente
Nestes termos
P. deferimento
Julina Fraga Brandão

Bahia, 27 de Janeiro de 1933

Certidico que revendo os livros do Archivo parochial desta freguezia de Santo Antonio de Jacobina, de um dos livros, já findos, que serviu nos annos de 1927 ao mês de Agosto de (1930) mil novecentos e trinta para lançamento dos baptisamentos desta mesma parochia, delle consta a fls 109 o registro de teôr seguinte: “As trinta e um de agosto de mil novecentos e vinte nove o reveredissimo Vigario baptisou solemnemente em Miguel Calmon a Octacilia, nascida a vinte e seis de Dezembro de mil novecentos e vinte sete, filha legitima de João Ferreira da Silva e Anna Francisca Ferreira da Silva, sendo padrinhos Porfirio Brandão Filho e Justina digo Julina Fraga Brandão. Do que para constar lavrei o presente termo que assigno O Vigario P. Magalhães”

Nada mais continha o termo acima, ao que fielmente copiei e concertei. Ita pi fide parochi Jacobina matriz de Santo Antonio em 15 de Fevereiro de 1932. O Vigario

Pe. Maneol Magalhães Araujo

Dispensada de emolumento por ser miniamente pobre e nada poder por si nem por sua mão

Jacobina 15 de Fevereiro de 1933
Pe. Magalhaes
.
Observações
Sahiu no dia 30 de Abril de 1949 em companhia da genitora."

http://cangaconabahia.blogspot.com.br/2012/03/octacilia-filha-de-joao-ferreira-irmao.html

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UM RARO REGISTRO FOTOGRÁFICO. FAZENDA MANIÇOBA – CURRAIS NOVOS/RN.

Foto: Cortesia de Jose Tavares De Araujo Neto (Pombal/PB)

Na fotografia abaixo registrada no ano de 1981 estão os proprietários da Fazenda Maniçoba, cujo local serviu de cenário para a execução do cangaceiro Chico Pereira, na ocasião em que estava sendo conduzido para a cidade de Acari/RN onde seria julgado por um crime que ao que consta não teria cometido. Em 28 de outubro de 1928 os membros da escolta policial que conduzia Chico Pereira pararam nesse local e o executaram, simulando em seguida um acidente automobilístico.

Hoje nesse local existe uma pequena capela identificando o local do estancamento da vida de um homem que foi arrastado pelo destino para as hostes cangaceiras, um homem que se tornou cangaceiro após vingar a morte de seu pai que fora assassinado, ao que tudo indica, a mando de “poderosos” da região de Sousa/PB.

A injustiça fez vítimas no passado, continua fazendo no presente, e continuará fazendo no futuro se nada for feito de concreto, para que as leis sejam efetivamente aplicadas, sem distinções de qualquer espécie.

Fonte: facebook
Páginas: Geraldo Júnior 
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/profile.php?id=100011337136149&fref=ts

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MOSSORÓ - 80 ANOS DA EXPULSÃO DE LAMPIÃO

https://www.youtube.com/watch?v=YGn_ndImDZU

MOSSORÓ - 80 ANOS DA EXPULSÃO DE LAMPIÃO

Enviado em 10 de mar de 2009
Reportagem sobre a expulsão de Lampião da cidade de Mossoró.
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Menina da Aldeia Humor

HISTÓRIA VIVA: MULHER AGREDIDA PELO BANDO DE LAMPIÃO EM "SERRINHA" COMPLETA HOJE 102 ANOS

Por Junior Almeida 
Maria Gracinda da Conceição

Quando Maria Gracinda da Conceição (foto) nasceu em 24 de junho de 1914 ainda não tinha começado a primeira grande guerra. Ainda não existia copa do mundo e o Brasil era governado pelo Marechal Hermes da Fonseca. Quem governava Pernambuco era o também militar, general Dantas Barreto, nascido em Bom Conselho do Papa Caça. Branca, como é chamada desde pequena casou-se em 1935 com o filho do seu padrinho Francisco Basílio, o agricultor José Basílio, passando a se chamar Maria Gracinda Basílio. Viveram juntos por quase 67 anos, até quando ele faleceu em 2002 com mais de 100 anos de vida. Da união do casal nasceram 14 filhos, sendo 8 mulheres e 6 homens. Desses vieram 50 netos, 63 bisnetos e 9 tetranetos.

Dona Branca está completando hoje, dia de São João, 102 anos, e uma missa será celebrada por tão importante data. Depois da celebração uma festa em sua residência no Sítio Azevém em Paranatama, para familiares e convidados. Dona Branca já viu e viveu muita coisa em mais de um século de vida. Ela já passou pelo mandato de 34 presidentes da república, e mais as juntas provisórias, a de 1930 e a de 1969. No Estado, 48 governadores já ocuparam o cargo desde o seu nascimento. Branca já viu os golpes de 1930, o de 1964 e o recente parlamentar/midiático de 2016. Ela viu surgir o Rei do Baião, viu chegar a “luz de Paulo Afonso”, os automóveis, o rádio, a televisão, e várias outras coisas da vida moderna. 

Era pequena quando aconteceu a hecatombe de Garanhuns, episódio que assombrou não só a região, como todo o país. Branca viu surgir o banditismo rural, o cangaço, que apavorou todo o interior do Nordeste. Não só soube por ouvi dizer, soube por que foi uma das vítimas do maior de todos os cangaceiros, Virgulino Ferreira, o famigerado Lampião.

Foi assim: Corria 19 de julho de 1935, quando por volta das 10 da noite, no Sítio Azevém em Serrinha do Catimbau, hoje Paranatama (foto ao lado), na época distrito de Garanhuns, bateram à porta do casal Zé Basílio e Branca. Do lado de fora da casa uma voz dizia ser Lampião, que abrissem logo, sem demora. As pessoas dentro da casa ainda pensaram em se tratar de um trote, mas a voz de um conhecido feito refém do bando confirmou a má notícia. 

Zé Basílio de pronto foi ameaçado pelo punhal do “Cego de Vila Bela” em seu peito. Faziam parte do bando Virgulino Ferreira, o Lampião, sua companheira Maria Bonita, Maria Ema, Medalha, Fortaleza, Juriti, Moita Braba e Gato. A casa se encheu de gente. Além dos bandidos, alguns homens acompanhavam a horda como reféns do grupo. A caterva tratou de exigir dinheiro e ouro dos donos da casa, sempre com ameaças. Branca em outro cômodo da residência ainda escondeu algum dinheiro da bodega do seu marido em uns sacos de feijão, mas os cangaceiros descobriram, derramando um saco de feijão branco e um preto, misturando os dois. 

Todas as jóias dentro de casa também foram entregues aos cangaceiros, mas Branca ficou com Maria Bonita e Maria Ema, sendo torturada, apanhando de coronha de rifle, para dar conta de mais ouro, o qual não tinha. A sessão de tortura física e psicológica fez Branca, na época com 21 anos, ficar toda roxa de tanta pancada.

Ao final, a horda maldita deixou o casal arrasado financeiramente e psicologicamente, seguindo para casa do pai de Zé Basílio, onde os cabras de Lampião saquearam o que podiam e estupraram duas moças. Na madrugada do dia 20, Lampião seguiu para Serrinha, passando antes na localidade Queimada do André onde assassinaram o agricultor José Gomes Bezerra. Seguiram para a vila, onde um grupo de resistência liderados por João Caxeado e Oséias Correia travaram uma intensa fuzilaria com o Rei do Cangaço e seu bando. O saldo da refrega foi positivo para o povo de Serrinha do Catimbau, pois pelo lado dos cangaceiros ficaram feridas as bandidas Maria Bonita e Maria Ema, além de um cachorro do bando de nome dourado, que morreu em meio ao fogo cruzado, deixando para algum sortudo uma coleira ornada com moedas de ouro e prata. De Serrinha, ninguém se feriu.

Maria Gracinda Basílio estará daqui a muitos anos com seu nome nos livros sobre o cangaço, como já está hoje, citada por grandes pesquisadores, dentre eles João de Souza Lima, de Paulo Afonso na Bahia, terra de Maria Bonita, Antônio Vilela, aqui de Garanhuns e Paulo Gastão, de Mossoró no Rio Grande do Norte, terra que se orgulha de ter vencido Lampião numa batalha épica em 13 de junho de 1927, em que morreram os cangaceiros Jararaca e Colchete, desmantelando o bando de Lampião, fazendo com que ele fugisse pra Bahia com apenas cinco cangaceiros.

Dona Branca é História do Brasil, do Nordeste, da nossa região. É a nossa História. Parabéns Dona Branca pelos seus 102 anos de vida e parabéns a todos os seus descendentes por tão importante figura, memória viva do nosso país. 


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O CORTADOR DE CABEÇAS NUM FORRÓ DE SÃO JOÃO


Naquela época as Forças Públicas dos Estados afetados pelos crimes dos bandos de cangaceiros aceitavam os sertanejos se engancharem, ingressarem, em suas fileiras de todo jeito. A única referência exigida era ter coragem de cair na caatinga e brigar contra Lampião, o que não era pouco.

Alguns sertanejos eram, e são possuidores de algum ‘dom’, especialidade nata, vinda ‘do berço’. 

O vaqueiro sertanejo está ligado, diretamente, com a História do Fenômeno Social estudado. Maior prova disto é seu maior representante, Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, ter sido um. Aliás, o ‘Rei Vesgo’ fazia dupla com seu inimigo número 1, José Saturnino, o Zé Saturnino, nas pegas de boi no mato.

A cangaceira Áurea companheira do cangaceiro Mané Moreno

Havia um vaqueiro chamado Leonídio, que com a experiência de rastrear gado nas ‘mangas’, mata aonde se criava reses soltas, naquele tempo com grandes extensões, pois, não existiam quase cercas para separar um imóvel rural de outro, passou a rastrear cangaceiros na caatinga. Trabalhou para os comandantes Zé Rufino e Odilon Flor, dois, dos mais acirrados e destacados comandantes de volantes.

Volante comandada por Odilon Flor. detalhe: seu filho Luiz, com apenas 15 anos, já fazia parte da volante. Ele encontra-se, na captura, em cima da calçada, sendo o terceiro da esquerda para direita. estava, segundo alguns autores, dando muito trabalho em casa, Então sua mãe o manda para junto do pai. Aí 'caba véi', entrô nos eixo. ele participou do combate em que foram mortos os cangaceiros Mané Moreno, Áurea e Cravo Roxo.

Quando já prestava seus serviços ao sargento Odilon Flor, cortou as cabeças dos cangaceiros Mané Moreno, Área, sua companheira e Cravo Roxo, apesar de em muitas literaturas trazerem como sendo o terceiro, o cangaceiro Gorgulho, o pesquisador/historiador Alcino Alves Costa, em sua obra "Lampião Além da Versão - Mentiras e Mistérios de Angico", comprava que Gorgulho saiu ferido do confronte, tratou do ferimento e voltou para sua região, morrendo de morte natural, quando os mesmos foram mortos durante um forró na noite de São João de 1937. 

Naquele São João, São Pedro, talvez com ciúmes, abre as torneiras e manda chuva aos borbotões. Com isso, facilita para a volante do comandante Odilon Flor tomar chegada a casa em que acontece o ‘samba’.

Na casa, o sanfoneiro não para e a turma balança os cambitos com vontade... tomam uma cachaça aqui, outra ali, e, tome pé no chão no ritmo do forró...

Ninguém, dentre os cangaceiros, nem os coiteiros, pensavam nunca em que, numa noite de São João, com chuva e tudo, a volante estivesse tão perto, mesmo por que eles também eram sertanejos e sentiam no sangue o fervor do repique do triângulo, o batuque da zabumba e o som da sanfona.

Cangaceiro Cravo Roxo

No entanto, para o comandante Odilon Flor, as festas sertanejas ficariam para depois. Quando fossem exterminados os bandos de fora-da-lei que infestavam as caatingas.

Com cautela, a tropa toma chegada e, em pontos estratégico, se acomodam a espera da ordem de ataque.

Lá dentro o forró come solto... de repente, em vez de fogos de artifício, a bala come solta. O tiroteio, no início ainda confunde alguns que ali se divertiam, mas, logo, logo, ficam a par do que realmente está acontecendo.

Os cangaceiros, que até para fazem suas necessidades fisiológicas não deixavam suas armas, começam a responderem ao fogo. 

A coisa é feia, mas, devido à surpresa do ataque, o resultado é rápido. A turba dana-se por sobre a lama e adentram no mato molhado pela chuva.

Os Praças aguardam por algum tempo. Após uma ordem do comandante, vão se aproximando e vasculham tudo a procura de feridos e/ou mortos.

Encontram três corpos. Os arrastam para o meio do terreiro e vão procurar lugar para se acomodarem, a fim de se protegerem da chuva e passarem o resto da noite.

Cabo Leonídio

Pela manhã do dia 24 de junho de 1937, dia de São João, logo cedo, o comandante Odilon Flor ordena ao cabo Leonídio que decepe, corte, as cabeças dos cangaceiros abatidos no combate da noite anterior.

“-- Vamos cortar as cabeças dos defuntos!” (diz o comandante)(blog lampião aceso.com)

Ninguém se dispôs a cumprir a ordem. Realmente, cortar o pescoço de uma pessoa, mesmo estando morta, não é trabalho fácil não. O comandante, vendo que ninguém agia, vira-se para o cabo e diz:

“- nego, vem cá, apanha aqui este facão e vá onde tá os cangaceiros, corte a cabeça e traga!”(blog Ct.)

O cabo nunca tinha cortado pescoço de ninguém, então responde:

“- Sargento, o senhor já mandou todo mundo; nenhum quis ir, só eu é que posso cortar? O senhor podia ir, porque o senhor tem mais costume do que eu!”

“- Eu quero é que você corte!” ( ordena o sargento)(blog Ct.)

“(...)Aí eu apanhei o facão e fui. Quando eu peguei no cabelo do cabra, balancei, fechei a cara pro lado assim e sentei o facão, pá-pá, cortei, e joguei pra lá; peguei a mulher, cortei a cabeça da mulher. Peguei no outro cabra, cortei também a cabeça. Peguei todos os três, levei:
Pronto, chefe, ta aqui(...).”(blog Ct.)

Por mais que a pessoa seja calejado nas batalhas, existem coisas que causam reações contrárias. O cabo sente isso na pele, veja o que ele narra:

“(...)Aí eu apanhei o facão e fui. Quando eu peguei no cabelo do cabra, balancei, fechei a cara pro lado assim e sentei o facão, pá-pá, cortei, e joguei pra lá; peguei a mulher, cortei a cabeça da mulher. Peguei no outro cabra, cortei também a cabeça. Peguei todos os três, levei: Pronto, chefe, ta aqui.

Cabeça dos cangaceiros: Áurea, Cravo Roxo e Mané Moreno

Depois de uns dias, eu senti assim um remorso. De vez em quando, à noite quando eu dormia, sonhando com Manoel Moreno, um pouco assim de nervoso comigo, e coisa. E ele me apareceu um dia, me pegou dormindo. Pela abertura da rede e veio com um punhal em cima de mim; eu então pelejei, não pude fazer nada, gritei: cabra mata o homem, cabra, me dá as armas, cabra, até que dentro do quarto ( eu estava deitado perto da rede de uma criança, meu filho que hoje está em são Paulo), então eu tranquei os pés, a mulher levantou-se, tirou o menino da rede e ficou de lado quando eu ajuntei, pensando que o cabra estava me sangrando. 

Levei a rede de uma vez só, agarrei-me nela, pensando que fosse o bandido, levei uma pancada na cabeça, (bati com a cabeça na parede) aí foi que me acordei, cansado, sufocado, sem fôlego, com o aperto que o cabra me deu. Bom, aí eu fiquei, coisa e tal e disse ao sargento Odilon: sargento, eu to me me vendo aperreado com Manoel moreno. Ele então disse: Você vai comigo daqui uns dias na casa de Pedrinho. Então eu fui. Cheguei lá, o Pedrinho fez lá um remédio pra mim e perguntou como era. Eu disse então os sintomas e depois de uns dias foi desaparecendo. Odilon me ensinou um defumador, umas coisas que o Pedrinho ensinou a ele e mandou eu tomar este defumador e com isto desapareceu. Não vieram mais me aperrear.

Depois da noite na rede a alma de Manoel Moreno tornou a aparecer; e aparecia com os braços estendidos, as mão para cima, pedindo:
Leonídio, cadê minha cabeça que você cortou?(...)”. (blog Ct.)

Imaginemos a cena meus amigos: A pessoa ter que cortar os pescoços de três cadáveres, mortos na noite anterior, com certeza já estavam em estado de rigidez avançado, não é moleza não.

"Leonídio, cadê minha cabeça que você cortou?", isso fora a lembrança, ou pesadelos, que um soldado de volante tinha de um dia de São João... nas quebradas do sertão sergipano.

Fonte blog Ct.
Fotos Benjamin Abrahão
lampiãoaceso.com
pinterest.com

Fonte: faceook
Página: Sálvio Siqueira

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FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELO E A REVISTA NOSSA HISTÓRIAS

Por Geziel Gomes
Frederico Pernambucano de Melo

Na edição de novembro de 2004, da Revista Nossa História, Frederico Pernambucano de Mello, como é contumaz, vai além de simples relato de episódio do cangaço, ele fez interessante análise, sobre a relação da vida pastoril e a produção do cangaceiro, são dois elementos da mesma amálgama.

Assim, dois movimentos é possível pensar: o primeiro que o cangaceirismo é "fabricado" pela cultura e que dentre, tais elementos culturais, a formação agro pastoril é muito presente, e o segundo que este modo de vida, é subjetivado no cangaço. Segue para suas análises, a publicação da Revista, que consta o caso, de emasculação cometido pelo subgrupo de Moderno, na localidade Morro Redondo, no sertão de PE, e a edição do Diário de Pernambuco em 26.05.1936, com a entrevista do Sr. Manuel Luis Bezerra, o Eunuco do Morro Redondo. PDF no arquivo.








Fonte: facebook
Página: Geziel Moura
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