A MORTE DE
ABRAHÃO O HOMEM QUE FILMOU LAMPIÃO..!
Revistas e jornais nacionais deram destaque ao material fotográfico conseguido
pelo ex-secretário do padre Cícero Romão Batista, ressoando no exterior o
corajoso projeto cinematográfico implementado nas caatingas com o grupo
comandado pelo famoso bandoleiro. Lampião já havia sido enfocado em diversas
matérias jornalísticas em jornais estrangeiros.
Houve contato
entre uma empresa cinematográfica holywoodiana e o cineasta do Cangaço. Os
norte-americanos ofereceram cerca de cinco milhões de dólares pelo filme, logo
descartado por Benjamin Abraão. O objetivo do sírio-libanês era, talvez,
conseguir quantia pelo menos cinco vezes, ou mais, superior à oferta feita pelo
estúdio.
A perseguição
do Estado-Novo de Vargas a Benjamin Abraão se concretizou quando da apreensão
do filme, guardado em Recife, em casa pertencente à família Elihimas,
conterrânea do cineasta, a qual havia migrado com ele quando da fuga do Oriente
Médio, a fim de se livrar da convocação forçada para lutar ao lado dos ingleses
na Primeira Guerra Mundial.
O Departamento
de Imprensa e Propaganda, instituído pelo Varguismo a partir da fase que marcou
o nacional-populismo em 1937, analisou a película cinematográfica, alertando o
ditador sobre a situação desesperadora apresentada, alicerçada nos anos de rapinagem
que marcaram o reinado de Lampião como chefe de Cangaço no sertão nordestino.
Ricamente
adornados com ouro, prata e pedras preciosas, cangaceiros posaram sorridentes e
descontraídos. Coiteiros poderosos apareciam no filme recebendo dinheiro de Lampião.
Cachorros estavam com as coleiras enfeitadas com produtos de roubos. O filme
mostrava a real dimensão do Cangaço comandado por Lampião.
A ordem de
Vargas foi enfática, exigindo, a curto prazo, eliminação imediata de Lampião e
seu estado-maior. Identificados seus protetores, as cadeias sertanejas foram
povoadas com gente importante, antigos ´coronéis´ da Guarda Nacional que ainda
desfrutavam de certo prestígio e garantiam parte do sucesso obtido na luta
cangaceira em plena década de trinta do século passado, quando, em razão do
início do advento da modernidade, o Cangaço já se tornara anacrônico.
Benjamin
Abraão foi violentamente eliminado no ano de 1937, em Pau Ferro, Estado de
Pernambuco, estraçalhado por inúmeras cutiladas de arma branca. Mandante e assassino
nunca foram efetivamente identificados. O leque de desafetos conquistado pelo
ousado sírio-libanês não autoriza apontar responsáveis concretos por sua
trágica morte.
Lampião e seu
estado-maior tiveram também pouco tempo de existência depois da tragédia que se
abateu sobre o desditado cineasta. Em julho de 1938, uma volante alagoana,
comandada pelo tenente João Bezerra, alcançou o acampamento montado pelo grupo
na grota de Angicos, em Sergipe, eliminando onze cangaceiros, incluindo o chefe
supremo e sua companheira, além de importantes membros da estrutura criminosa.
A ousadia e a
trajetória de Benjamin Abraão, bem como o desespero de Lampião e seu bando
quando dos desdobramentos verificados no ensejo da apreensão da película
cinematográfica pelo DIP, ficaram personificados em verdadeira caçada promovida
pelas forças repressoras, o que foi enfocado pelo filme pernambucano intitulado
O Baile Perfumado, de Cláudio Assis e Lírio Ferreira.
Encontrado por
acaso na década de cinquenta do século passado, nos arquivos da Fundação
Getúlio Vargas, os quais incorporaram o acervo do DIP, poucos minutos do filme
rodado por Benjamin Abraão foram recuperados, os quais descortinam momentos
importantes do fantástico e sagaz esquema criminoso arquitetado pelo mais destacado
entre todos os cangaceiros que palmilharam o solo nordestino.
Fonte:
Jornaldiariodonordeste
Fonte: facebook
Página: Voltaseca
Volta
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