Por José Mendes Pereira
Não disponho do nome de quem a coloriu
Ontem, 28 de
julho de 2017, completaram 79 anos que o homem mais procurado do Nordeste Brasileiro
e conhecido no mundo inteiro, o pernambucano lá da Villa Bela, atualmente
denominada de Serra Talhada, o Virgolino Ferreira da Silva alcunhado “Lampião”, deixou o nosso planeta, depois de tantas crueldades praticadas por ele e seus
comparsas.
Grota do Angico
Lampião
repousava na Grota do Angico, no Estado de Sergipe, nas terras da cidade de
Poço Redondo, e lá estava no seu coito e se sentindo seguro, enfiado em sua
central administrativa.
Foto colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio
Os calendários da humanidade marcavam 28 de julho de 1938, mais ou
menos às 5:30 da madrugada desse dia, quando ele, sua rainha Maria Bonita e sua
cabroeira foram atacados, e 11 deles, mais um volante
Adrião
Pedro de Souza é o primeiro da esquerda - Esta foto pertence ao acervo do
professor, escritor e pesquisador do cangaço Antonio Vilela de Souza doada a ele por pessoas da família do policial.
de nome Adrião Pedro
de Souza formando 12, foram chacinados pelas volantes policiais comandadas pelo tenente João
Bezerra da Silva da Polícia Militar do Estado de Alagoas.
Tenente João Bezerra da Silva
Segundo alguns
pesquisadores afirmam que, naquele coito, o rei Lampião se sentia seguro, e achava muito difícil
que os policias chegassem ali, e que somente, eles, facínoras, sabiam muito bem
chegarem lá, porque habitualmente, eles eram conhecedores de todos os terrenos que ofereciam difíceis acessos nas
caatingas do Nordeste Brasileiro.
Com exceção dos que ganhavam dinheiro do rei do cangaço, o nordeste brasileiro vibrou com a
sua morte, com o seu fim, porque muitos que estavam marcados para morrerem, e
outros que, mesmo não estando na lista
de morrer, se livraram de passar por
suas mãos vingativas.
Mas outros não gostaram nem um pouquinho
do seu extermínio, porque viviam exclusivamente dos favores que faziam ao rei e
a rainha do cangaço, como também prestavam os seus serviços a toda sua
cabroeira, e a recompensa, valia muito mais do que ficarem do lado da polícia
militar, porque nada ganhavam, ao contrário (segundo pesquisadores) eram
maltratados para que entregassem o rei Lampião a ela.
EM ALGUM
MOMENTO NA VIDA TERIA LAMPIÃO SE ARREPENDIDO DO QUE FEZ E CONTINUAVA FAZENDO?
Eu acho que
sim. Lampião ainda continuava no cangaço porque era constantemente perseguido
pela polícia, e ele como rancoroso, vingativo, não iria se humilhar às
autoridades. Se tivessem dado-lhe uma oportunidade, perdoando o que ele tinha
feito antes, muitas vidas teriam sido poupadas, porque Lampião iria intercalar-se
à sociedade e construído um lá com esposa e filhos, assim como os demais que
foram cangaceiros e beneficiados com o indulto do Getúlio Vargas, nenhum deles,
voltou ao antigo passado. O que passou, passou, e daquele dia em diante,
mostraram que eram capazes de viverem novamente em sociedade.
Não sou
analista sobre nada, mas acho que Lampião quando se deitava um pouco em sua
central administrava, sozinho no seu “eu”, muitas vezes, pensou que um dia poderia
ser um homem da sociedade, e não nômade criminoso e desordeiro como era. Mas o destino foi cruel com Lampião, não lhe deu se quer, uma oportunidade na vida.
Penso eu que
isto sempre passou no “EU” de Lampião:
“Eu não sei
porque a vida preparou para mim um mundo tão triste, tão cheio de decepções,
entregou-me uma agenda só com coisas ruins que eu terei que cumprir. Matar,
roubar, odiar, vingar, só horrores terei que fazer. Mas será que eu não sou
filho também de Deus? Uma das coisas que mais me irrita, é ser excluído pelos
meus irmãos, que nunca me viram com bons olhos. Eu faço parte da mesma
comunidade humana, e por que quase todos meus irmãos me odeiam? Enquanto os
meus irmãos riem de mim, pelo mundo que recebi da natureza, caladamente eu
choro, choro, e choro muito, choro, e choro muito forte, por não ter tido a
mesma sorte de todos os meus irmãos que fazem parte da natureza e que fazem o bem. Se me dessem uma
oportunidade, eu abandonaria o mundo do crime e me intercalava novamente à
sociedade dos homens, e iria praticar só o bem. Mas os meus crimes foram maiores
do que o coração da sociedade, e ninguém me ver com bons olhos. Por onde eu
ando e tento receber um apoio, pelo menos para o meu cansado corpo repousar, mas todos
viram as costas para mim, e com medo da minha pessoa, fogem para as matas, como
se eu fosse o maior animal feroz do mundo. Infelizmente, o sol não nasceu para
mim. Será que eu sou filho de Deus ou do Diabo?”
Quando você
quiser desejar o mal ao seu maior inimigo, deseja que ele herda o mundo de
Lampião, porque não tem outro mundo pior do que o que ele ganhou.
Informação ao
leitor: O que escrevi não tem nenhum valor para a literatura lampiônica, e não
tem nenhum problema se você discordar. Não tenho domínio sobre cangaço, apenas
me divirto com este tema tão polêmico que é “Cangaço”, principalmente quando se
trata de Virgolino Ferreira da Silva o Lampião.
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