Por: Ângelo Osmiro Barreto
José Osório de Farias, o afamado ZÉ RUFINO, conheceu LAMPIÃO- Rei do cangaço quando ainda era um sanfoneiro, percorrendo o sertão brabo das ribeiras do Pajeú e adjacências, no sertão de Pernambuco, estado onde nasceu.
Zé Rufino
O primeiro encontro entre os dois valentes sertanejos deu-se nas terras do município de Salgueiro. ZÉ RUFINO tocava numa festa de casamento e LAMPIÃO era um dos convidados, a empatia do chefe dos cangaceiros com o sanfoneiro foi imediata. LAMPIÃO convidou ZÉ RUFINO para ingressar no bando. Com muita habilidade o futuro matador de cangaceiros disse que não podia acompanhar o grupo, pois sua mãe já era idosa e como “arrimo” de família tinha os irmãos para criar, além de tudo não gostava de armas, o capitão o desculpasse, mas não tinha nascido para aquela vida.
O rei Lampião
Passado algum tempo, aconteceu um novo encontro com o rei do cangaço, mais uma vez LAMPIÃO convidou ZÉ RUFINO para acompanhá-lo. Com medo de negar novamente um pedido do Capitão, disse ao rei do cangaço que antes precisaria solucionar alguns problemas familiares; como iria deixar sua mãe e seus irmãos? Tinha que resolver essas questões.
LAMPIÃO o liberou, entretanto marcou uma data para sua apresentação, e dessa vez não aceitaria desculpas.
ZÉ RUFINO agora tinha que se decidir, ou entraria no cangaço para acompanhar aquelas verdadeiras feras humanas, ou iria se apresentar como soldado na volante, o que pouco diferenciava de um cangaceiro, como sanfoneiro não poderia mais ficar. LAMPIÃO não o perdoaria.
A decisão foi difícil, mas ZÉ RUFINO optou por entrar na polícia, seu destino agora seria perseguir cangaceiros.
ZÉ RUFINO foi um dos mais temidos perseguidor de cangaceiros, chegou rapidamente ao oficialato, alcançando a posição de Coronel da Policia Militar da Bahia.
Consta na literatura sobre o cangaço cerca de vinte e duas mortes feitas pela volante comandada por ZÉ RUFINO. Sua volante ficou famosa no sertão por cortar as cabeças dos cangaceiros mortos em combate. Sua façanha mais conhecida foi à morte do cangaceiro Corisco o “Diabo Louro”, um dos mais famosos cangaceiros que se tem noticia. Marcando definitivamente ente o fim do cangaço.
O cangaceiro Corisco
O Coronel ZÉ RUFINO combateu na volante baiana até o extermínio do cangaço. Terminada a campanha contra o banditismo, “comprou algumas fazendas na região de Geremoabo” no Estado da Bahia, aonde já idoso veio a falecer.
Afim de enriquecer algumas informações complementares de nosso colaborador Ivanildo Silveira.
Em 1936, em um período em que Lampião já vivia uma discreta decadência, ZÉ RUFINO eliminou o bando de Mariano, um cangaceiro da velha guarda que acompanhava o Rei do Cangaço há 13 anos. O bando foi destruído em Cangaleixo (SE), o que ajudou a torná-lo o maior matador de cangaceiros.
O cangaceiro Mariano
Segundo afirmou ao cineasta Paulo Gil Soares, Ele eliminou cerca de vinte integrantes dos bandos ligados a Lampião. Os homens de Mariano usavam roupas muito ricas, com peças de ouro e moedas de prata nos chapéus de couro. As cabeças dos bandoleiros foram cortadas e expostas em vários locais com o objetivo de provar à população que eles haviam sido eliminados.
Paulo Gil Soares
Um ano depois ZÉ RUFINO, um simples civil (sanfoneiro) contratado para combater os cangaceiros, enfrentou os grupos de Lampião e Zé Sereno no episódio conhecido como Fogo de Domingo João, na Fazenda Crauá.
Zé Sereno à esquerda
Aparentemente, esse foi o último combate de Lampião. O cangaceiro “BARRA NOVA” foi morto no confronto e o soldado da volante Antônio Izidoro saiu ferido no braço.
Ao centro Barra Nova, à direita Luiz Pedro
De acordo com a descrição do pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo, o combate se deu da seguinte forma:
Antonio Amaury e João de Sousa Lima
Rosalvo Marinho, amigo e coiteiro de Lampião, chegou à fazenda correndo e avisou os cangaceiros:
- Foge que vem aí! Sai daí! Sai já, que a força vem aí!
Lampião, calmamente, perguntou-lhe:
-Força de quem?
O coiteiro o respondeu que era de ZÉ RUFINO.
Mais tenso, Zé Sereno ordenou a seu bando que se equipasse (pegasse as armas e demais equipamentos).
Lampião, ainda mais tranquilo, disse:
- Se a força vier, nós vamos brigar; se não vier, vamos comer. A comida já está no fogo e não vamos deixar pros macacos. Ou comemos ou briguemos.
Pouco tempo depois rajadas de metralhadora espalharam as brasas do fogo e atingiram nas costas o cangaceiro BARRA NOVA, cozinheiro de plantão.
O cangaceiro“NOVO TEMPO” também foi ferido.
Os cangaceiros fugiram depois de garantir a retirada de:
Maria Bonita
e das cangaceiras:
Sila
e Dulce.
Na foto, da esquerda para a direita: Dulce, Dona Dil (sobrinha) e Cícera (irmã de Dulce), hoje com 102 anos de vida. Reside em Paulo Afonso. E na frente o escritor João de Sousa Lima.
Segundo o escritor e pesquisador do cangaço, o João de Sousa Lima, a cangaceira Dulce foi uma das sobreviventes de Angico, e hoje reside em campinas, São Paulo.
Trasladado do blog: "Gavião da Paraíba" - Cultura Nordestina
Observação:
Alguns cangaceiros mortos por Zé Rufino
Corisco, Mariano, Pavão, Pai Veio, Zepelin,
Catingueira, Quina-Quina, Sabonete, Azulão,
Canjica, Maria Dora, Zabelê (possivelmente Zabelê 2),
Barra Nova, Meia-Noite...
Dr. Ivanildo Alves da Silveira e o escritor
Ângelo Osmiro Barreto.
Não há dúvida que em anos remotos, bandidos eram os verdadeiros donos de festas.
Imagine os senhores, quantas pessoas ilustres existiram naquela época para serem convidados ou padrinhos de casamentos, e olhem quem foi convidado, o famigerado Lampião para participar da festa de casamento. Ou tinham respeito ao bandido, ou temiam que ele aparecesse para acanalhar a festa.
"Memórias do Cangaço" com a entrevista de
Zé Rufino ao jornalista Paulo Gil Soares.
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José Rufino foi o tema da conferência de abertura
do Cariri Cangaço 2010, com o escritor e pesquisador
Antônio Amaury Correa de Araujo.
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J. Mendes Pereira
Fonte: Youtube
Cariri Cangaço
Fonte: Youtube
Cariri Cangaço