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sábado, 15 de junho de 2019

EM BUSCA DA VERDADE, SEMPRE.


Por Sálvio Siqueira

O CANGACEIRO MIRIM “MENINO – DE – OURO” NO BANDO DE LAMPIÃO

Meus amigos, A Frente de Combate a Picaretagem no Estudo do Cangaço – FCPEC – não descansa nunca. Desta feita vimos mostrar que no ataque do bando de Lampião a cidade de Mossoró, RN, em junho de 1927, o cangaceiro mirim Menino de Ouro, que também tinha a alcunha de “Alagoano”, não fora ferido no abdômen durante o ataque e, a seu pedido, foi executado no caminho de volta. Realmente um cangaceiro sofreu esse ferimento e de tanto penar, sofrer, solicitou por várias vezes que algum de seus companheiros acabasse de uma vez por todas com aquele sofrimento. Mas essa história está em uma das partes de nossos textos sobre “a volta, na volta, do rei do cangaço”.

Sobre os esclarecimentos da sobrevivência do citado menino cangaceiro, nada melhor do que ver a explicação na matéria do jornal O Mossoerense numa entrevista cedida pelo pesquisador/escritor, Juiz de direito, Sérgio Augusto de Souza Dantas.

Transcrita na íntegra.

“Há poucos registros sobre a morte de Menino-de-Ouro, que não suportando a dor de um ferimento sofrido em Mossoró teria pedido a Lampião que o executasse. O livro desvenda esse episódio?

O episódio já foi desvendado desde 1995 pelo pesquisador Hilário Lucetti.

Casualmente Hilário encontrou um certo Zeferino que trabalhava na fazenda Piçarra, do velho coiteiro de Lampião, Antônio Teixeira, o Antônio da Piçarra.

Aos poucos lhe granjeou confiança, e acabou com toda a história do Menino-de-Ouro em mãos.

Todo o episódio, as confusões com o apelido, a prisão do ainda garoto, está contado no livro "Lampião e o Estado Maior do Cangaço", do próprio Lucetti.

De fato, eu não desvendo mito nenhum. Apenas referendo as palavras de Lucetti, o qual teve contato direto e quase diário com o chamado Menino-de-Ouro.

E acrescento apenas o seguinte:

O episódio da morte de Menino-de-Ouro é narrada por Raul Fernandes na obra a que me referi anteriormente, e teve como FONTE ÚNICA o depoimento de Antônio Luiz Tavares, o ex-cangaceiro Asa Branca.


Raul chega mesmo a falar que desenterraram o cadáver do garoto ("A Marcha de Lampião", capítulo 14, nota número 11).

Todavia, minhas pesquisas no Arquivo Público do Estado e no Instituto Histórico e Geográfico não registraram a exumação de um garoto no lugar indicado pelo velho Asa Branca, mas de um homem adulto.

Não lhe posso precisar agora a data da edição, mas há uma nota inserida em um exemplar do jornal "A República" sobre o fato. E veja mais um detalhe:

“Segundo o próprio Lucetti me contou, Zeferino, quando vivo, lhe disse que seu apelido era Alagoano ou Oliveira, e raríssimas às vezes se referiam a ele como Menino-de-Ouro.”

Por fim, basta ver a foto do bando tirada em Limoeiro do Norte em 15 de junho daquele ano. Lá está o Alagoano, o Oliveira, o Menino-de-Ouro de Lampião posando para o instantâneo.

Particularmente creio que o ex-cangaceiro Asa Branca, com todo o respeito que devo à sua memória, deve ter confundido nomes e passou de forma errônea a história para o doutor Raul Fernandes, ou mesmo a tradição oral criou o mito Menino-de-Ouro e a posteridade o repercutiu.

Essa é a minha visão. Porém respeito a opinião de quem insiste em contrário.”

Fonte: Trecho de entrevista por: Cid Augusto – O Mossoroense

Nas fotos veremos o Menino de Ouro no registro fotográfico da cidade de Limoeiro do norte – CE, quando do bando de lampião em passagem da vinda do ataque frustrado a cidade de Mossoró, RN, em junho de 1927.

Lembrando que a referência ao cangaceiro “Alagoano”, número 25 em uma das fotos, é outro pseudônimo do cangaceiro Menino de Ouro, também enumerado pelo numeral 25, em outra das duas imagens, já esta trazendo a alcunha de Menino de Ouro.

Mais um serviço voluntário da FCPEC.
Foto – pescada no grupo de estudo sobre o tema cangaço “O Cangaço”


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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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MARIA BONITA E LAMPIÃO


Por Lenadro Valquer

Maria Déa, popularmente conhecida como Maria Bonita, foi uma sertaneja baiana, natural da cidade de Santa Brígida, fruto legítimo da fazenda de Caiçara, que tornou-se uma das figuras mais emblemáticas  da história da Bahia.

Viveu a infância comum das meninices de sua época e de sua classe social na caatinga, entre os irmãos e a parentalha, divertindo-se no balanço dos arvoredos e nas brincadeiras de roda ou com bonecas de sabugo de milho vestidas de chita. Vez por outra gastava a infância no labor modorrento das roças da família. Maria Déa casou-se bem jovem com o primo, o sapateiro José Neném. Cultivaram no casamento vasto pé de briga, com esparsas separações em que Maria refugiava-se na casa dos pais. Num destes retiros de Maria, por volta de 1929, Lampião rondava pelas cercanias de Santa Brígida, quando, surpreso, deparou-se com Maria Déa, ficando encantado, enlouquecido com sua beleza. Durante um ano Lampião vagou apaixonado pelas redondezas da fazenda, visitando-a regularmente. Aí é que nasceu o personagem Maria Bonita, a bandoleira que Virgulino amaria até o fim da vida, a primeira cangaceira batizada pela mão de Lampião, neste bando que era estritamente masculino.

A entrada de Maria Bonita no bando, com festiva e calorosa recepção de baile perfumado, estimulou o aparecimento de um numeroso e crescente séquito de mulheres guerreiras que mudaram o modo de vida no cangaço. Após a chegada de Maria Bonita, viriam Dadá, Lídia, Inacinha, Maria de Juriti, Verônica, entre outras. Os pequenos grupos relativamente autônomos chefiados por diversos cangaceiros ganharam características mais familiares. No chapéu de couro de Lampião, apareceu bordado com moedas de ouro a palavra Amor. Maria Bonita foi a única pessoa que teve forte ascendência sobre Lampião, e é este signo de mulher firme e libertária que, de certa forma, modelou o comportamento das demais cangaceiras.


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UM CAUSO DE LAMPIÃO :


Por José João Souza

Um belo dia, às 6 da manhã, Lampião entra pela primeira vez no município de Ribeira do Pombal - BA. Vai direto para a casa do prefeito. Dirige-se ao próprio, e dá as ordens:

- O senhor vai logo passando café pra meus homens aí! Seja rápido porque estamos em viagem. 

O prefeito retruca sem saber de quem se trata:

- Qual a sua graça? 

Réplica na lata: 

- Sou o Capitão Lampião. Por quê?

 E a resposta na hora: 

- Seu café sai em cinco minutos.

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CORPO DE MARIA BONITA


Do acervo do pesquisador do cangaço Sálvio Siqueira

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'ELE TINHA NO ROSTO UM PAVOR ENORME', DISSE SOLDADO QUE MATOU O CANGACEIRO LAMPIÃO, HÁ 80 ANOS


"Livre o Nordeste do maior de seus bandoleiros", publicou O GLOBO em sua primeira página do dia 29 de julho de 1938, há 80 anos, quando o jornal noticiou a morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. O fim do famoso cangaceiro ainda seria motivo de manchetes nos dias seguintes, à medida que chegavam à redação mais informações sobre a emboscada na qual o criminoso foi morto pelos policiais comandados pelo Tenente João Bezerra. No dia 1 de agosto daquele ano, O GLOBO publicou um depoimento do soldado que alvejou Lampião, na madrugada do dia 28 de julho, na fazenda Angico, no sertão sergipano.

Segundo o relato do policial Antonio Honorato da Silva, o cangaceiro estava acabando de acordar quando foi morto por ele. Lampião tinha ao lado a sua mulher, Maria Bonita, que também não foi poupada, mesmo após se render. O casal e mais nove integrantes do bando foram mortos naquela tocaia.

- Vi Lampeão erguer-se, tinha no rosto um pavor enorme. Levei o fuzil ao rosto e mirei bem. A mulher estendeu os braços, pedindo clemência. Nesse instante, fiz fogo. Ele baqueou e eu acompanhei a queda com outros dois tiros. Estou satisfeitíssimo e sou o homem mais feliz do mundo - descreveu Antonio Honorato da Silva, em depoimento enviado por telégrafo.

Naquele mesmo dia 1 de agosto, o jornal divulgava mais informações sobre o chamado Rei do Cangaço, que, durante cerca de 18 anos praticou todo tipo de roubo e assassinatos em sete Estados do Nordeste, sempre acompanhado de seu bando. De acordo com relatos de pessoas próximas a ele, Lampião vinha manifestando a vontade de sair da vida de crimes, depois de comprar propriedades agrícolas em Sergipe. Mas, àquela altura, o pernambucano já estava sendo procurado, vivo ou morto, pelas autoridades de diferentes Estados.


"Chegam agora novos detalhes da maneira por que os cangaceiros foram surprehendidos", relatou O GLOBO. Segundo a reportagem, enviada de Maceió, Alagoas, os policiais foram informados de que os bandidos estavam acampados na fazenda Angico, onde hoje fica o município de Poço Redondo, em Sergipe. Eles cercaram o acampamento do bando no meio da noite, "collocando metralhadoras em todos os flancos, emquanto dois soldados atirariam isoladamente em Lampião e Maria Bonita".

Por volta das 5h da manhã, pouco antes de amanhecer, os soldados avançaram pelo mato sobre as barracas. Quando viu os "volantes", o líder do grupo se levantou e, surpreso, foi alvejado na boca, na nuca e na cintura. "Maria Bonita fez um gesto de supplica, tentando impedir a morte do amante, e caiu sob rajadas de balas", descreveu o jornal. Mesmo depois de ver o líder morto, seus comparsas revidaram fogo, mas os soldados levaram a melhor. Alguns integrantes do bando fugiram, mas pelo menos nove foram mortos naquele confronto. 

Em seguida, os soldados decapitaram os corpos de Lampião, Maria Bonita e outros bandidos. Os corpos mutilados foram deixados a céu aberto, mas as cabeças foram salgadas e carregadas em latas de querosene, sendo expostas em várias cidades desde o local da emboscada até Maceió. A começar pelo município de Piranhas, onde os policiais deixaram as cabeças à mostra na escada de acesso à prefeitura. 




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COMBATE A LAMPIÃO QUASE ENTROU NA CONSTITUIÇÃO DE 34

Por Ricardo Westin
Bando de cangaceiros, Lampião aterrorizou o sertão nas décadas de 1920 e 1930 - Biblioteca Naciona

Ao longo das décadas de 1920 e 1930, Virgulino Ferreira da Silva vulgo Lampião, espalhou o terror pelo Nordeste. Com seu bando, percorreu o sertão atacando vilas, matando inocentes, saqueando mercearias, achatando fazendeiros, roubando gado, trocando tiros com a polícia.

A carreira do criminoso brasileiro mais célebre de todos os tempos chegou ao fim há 80 anos. Descoberto numa fazenda em Sergipe, Lampião foi morto pela polícia a tiros de metralhadora, ao lado de outros dez cangaceiros, incluindo Maria Bonita, sua companheira. Até o New York Times deu a notícia do histórico 28 de julho de 1938.

Os senadores e os deputados da época olhavam o cangaço com preocupação. Documentos guardados nos Arquivos do Senado e da Câmara mostram que os parlamentares trataram do tema na tribuna em inúmeras ocasiões. Em 1926, o senador Pires Rebello (PI) discursou:

— Quem vive nesta capital da República [Rio], poderá achar que o governo tem feito a felicidade completa dos brasileiros. Ofuscados pelos brilhos da luz elétrica, é natural que os cariocas não saibam que naquele vasto interior existem populações aquadrilhadas fora da lei que zombam da Justiça e ridicularizam governos.

Muitos cangaceiros haviam assustado o Nordeste antes de Lampião, como Cabeleira, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Sinhô Pereira, mas nenhum foi tão temido quanto o rei do cangaço. As investidas de Lampião eram tão brutais que, na Assembleia Nacional Constituinte de 1934, deputados nordestinos — a Assembleia não teve senadores — redigiram cinco propostas para que a nova Constituição previsse o combate ao cangaço como obrigação do governo federal.

A repressão cabia às volantes, batalhões itinerantes das polícias dos Estados. O que parte dos constituintes desejava era que o Exército reforçasse a ação das volantes. O deputado Negreiros Falcão (BA) afirmou:

— Os Lampiões continuam matando, roubando, depredando, desvirginando crianças e moças e ferreteando-lhes o rosto e as partes pudentas sem que a União tome a menor providência. Os Estados por si sós, desajudados do valioso auxílio federal, jamais resolverão o problema.

Justiça privada



O deputado Teixeira Leite (PE) lembrou que os governos estaduais eram carentes de verbas, armas e policiais:

— A força policial persegue os bandoleiros, prende-os quando pode e mata-os quando não morre. Hostilizados de todos os lados, recolhem-se à caatinga e se tem a impressão de que o bando se extinguiu. Mera ilusão. O vírus entrou apenas num período de latência. Cessada a perseguição, os facínoras repontam mais violentos e sequiosos de sangue e dinheiro, apavorando os sertanejos e a polícia.

Leite explicou por que seria diferente com o Exército em campo:

— Que bando se atreveria a aproximar-se de uma zona onde estacionassem tropas do Exército, com armas modernas, transportes rápidos e aparelhos eficientes de comunicação?

Outra vantagem era que as tropas federais podiam transitar de um estado a outro. As estaduais não tinham tal liberdade — e os cangaceiros tiravam proveito disso. Uma vez encurralados em Alagoas, por exemplo, os bandidos escapavam para Sergipe, Bahia ou Pernambuco, estados nos quais as volantes alagoanas não podiam atuar.

Nenhuma das propostas que davam responsabilidade ao governo federal vingou, e a Constituição de 1934 entrou em vigor sem citar o cangaço.

— Na nova Constituição, vamos invocar o nome de Deus. Vamos também constitucionalizar Lampião? — ironizou o deputado Antônio Covello (SP).

Para o deputado Francisco Rocha (BA), o cangaço exigia “remédio social”, e não “remédio policial”:

— As causas do cangaceirismo são a falta de educação, estrada e justiça e a organização latifundiária preservando quase intactas as antigas sesmarias coloniais, para não mencionar a estúpida ação policial dos governos.

Segundo o jornalista Moacir Assunção, autor de Os Homens que Mataram o Facínora, sobre os inimigos de Lampião, o cangaço surgiu na Colônia e tinha a ver com o isolamento da região:

— O sertão ficava separado do litoral e mantinha uma ligação muito tênue com Lisboa e, depois, com o Rio. O que prevalecia não era a justiça pública, mas a justiça privada. Era com sangue que o sertanejo vingava as ofensas. Muitos aderiram ao cangaço em razão de brigas de família ou abusos das autoridades. Uma vez cangaceiros, executavam a vingança contando com a proteção e a ajuda do bando.

Lampião entrou no cangaço após a morte de seu pai pela polícia, em 1921.

— O cangaceiro não era herói. Era bandido mesmo — esclarece Assunção. — A aura de herói tem a ver com um atributo valorizado pelo sertanejo do passado: a valentia. O cangaceiro enfrentava a polícia sem medo, de peito aberto. Isso era heroísmo.

Em 1935, com a nova Constituição já em vigor, o senador Pacheco de Oliveira (BA) apresentou um projeto de lei que destinaria 1,2 mil contos de réis aos estados para repressão ao cangaço. O dinheiro sairia do orçamento da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas, responsável pela abertura de açudes, poços e estradas no sertão.

A grande preocupação de Oliveira eram os criminosos que atacavam os trabalhadores e atrasavam as obras.

— Um engenheiro avisou sobre o risco que corria seu pessoal. Como não lhe chegassem recursos, lançou mão do único expediente que lhe era praticável: armou os trabalhadores.

Os cangaceiros matavam os operários por terem ciência de que a chegada do progresso ao sertão colocaria em risco o futuro das quadrilhas nômades.

Amigo de coronéis

O historiador Frederico Pernambucano de Mello autor de Quem Foi Lampião, diz que havia motivos não confessos para que o governo federal e os Estados pouco fizessem para acabar com o bandido de uma vez por todas:

— Lampião vivia fora da lei, mas mantinha excelente relacionamento com os poderosos. Era protegido por coronéis e políticos. O governador de Sergipe, Eronildes Ferreira de Carvalho, tinha amizade com Lampião e lhe fornecia armamento e munição.

A boa vida de Lampião acabou quando Getúlio Vargas deu o golpe de 1937 e instaurou o Estado Novo. Uma das bandeiras da ditadura era a modernização do país. Nesse novo Brasil, que deixaria de ser agrário para se tornar urbano e industrial, o cangaço era uma mancha a ser apagada.

A gota d’água foi um documentário mudo que revelou ao país a rotina do bando de Lampião na caatinga. O que se via eram cangaceiros alegres, bem vestidos e com joias. Nem pareciam fugitivos. Sentindo-se afrontado, Vargas ordenou aos governadores do Nordeste que parassem de fazer vista grossa e aniquilassem o rei do cangaço.

Assim se fez. Lampião e seus subordinados foram mortos e decapitados em 1938, e o governo expôs as cabeças em cidades do Nordeste. Bandidos de outros grupos correram para se entregar, de olho na anistia prometida a quem delatasse companheiros. Corisco, o último dos pupilos de Lampião, foi morto em 1940, e o cangaço enfim se tornou passado.

Colaboração: Celso Cavalcanti, da Rádio Senado
Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/arquivo-s/combate-a-lampiao-quase-entrou-na-constituicao-de-34/combate-a-lampiao-quase-entrou-na-constituicao-de-34


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O GLOBO, 90 ANOS: LAMPIÃO E MARIA BONITA, O FIM DOS REIS DO CANGAÇO



Vaidoso, cangaceiro usava perfume francês e gostava de uísque importado.

Marcelo Remigio

RIO — Ele era chamado de “governador dos sertões”, sem ter sido eleito. Ditou leis no interior de sete estados nordestinos e fez frente ao coronelismo, que dominava a política e controlava instituições como a polícia. Em 29 de julho de 1938, O GLOBO trouxe em sua primeira página o fim da saga de Virgulino Ferreira, o Lampião, e sua companheira Maria Deia, a Maria Bonita, mortos em uma emboscada no dia anterior, junto com outros nove cangaceiros, na Gruta de Angicos, próxima às margens do Velho Chico, em Sergipe.

“Livre o Nordeste do maior de seus bandoleiros — ‘Lampeão’ morreu lutando, e sua cabeça, com a de 9 companheiros, foi conduzida para Maceió — A façanha do tenente Bezerra, traços biographicos do tenente facinora”, dizia a manchete.

Mas os editores queriam um diferencial na cobertura da morte do mais temido cangaceiro. E acionaram um correspondente em Maceió para ir além dos fatos e buscar os bastidores do legado deixado por Lampião. No dia 3 de agosto de 1938, O GLOBO relatou a disputa pela sucessão de Virgulino e arriscou quatro nomes de confiança de Lampião para comandar o grupo: “Quatro bandidos disputam o spectro de ‘Lampeão’! A successão do ‘Rei do Cangaço’ pende ainda entre ‘Corisco’, Roque, ‘Portuguez’ e ‘Sereno’”.

CORRESPONDENTE SE ESPANTA COM PESO DE CANGACEIRA

Durante a cobertura da morte de Lampião e Maria Bonita O GLOBO fez um alerta: o banditismo não havia terminado, pelo contrário, tinha chegado à “phase mais aguda, porque o governo comprehende a necessidade de manter a ocupação do sertão por suas forças”, desafio semelhante ao enfrentado hoje, quase 80 anos depois, em áreas pacificadas do Estado do Rio.

Na mesma edição de 3 de agosto de 1938, Maria Bonita ganhou destaque. Em um texto exclusivo, o correspondente em Maceió trouxe a narração do soldado Bertholdo, que teve a missão, ou para parte da tropa, a honra de cortar a cabeça de Maria Bonita.

“Paciência, Maria Bonita!...”, disse o soldado, antes de decepar a cabeça da companheira de Lampião. Segundo o correspondente, a frase resumiu o sentimento do militar na hora. Ainda no relato, chamou a atenção a descrição que Bertholdo fez da cangaceira: “‘Maria Bonita’ estava gorda. No pescoço mais de dois dedos de banha foram notados pelo soldado.”

Lampião tinha como uma de suas paixões o rifle Winchester 44, chamado de Lampião, origem de seu apelido. Era afilhado e amigo de padre Cícero. Vaidoso, usava lenços de seda, perfumes franceses e óculos alemães, que disfarçavam o defeito no olho esquerdo. Gostava também de beber uísque importado. Em uma de suas fotos mais conhecidas, aparece lendo O GLOBO. O flagrante, sem crédito, acredita-se ser do libanês Benjamin Abrahão, secretário de Padre Cícero e único a filmar Lampião e seu bando. Benjamin foi retratado no filme “Baile perfumando.”

CIDADES SITIADAS PELO MEDO

Dos tempos do cangaço aos dias de hoje, o sertão de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe — onde o Rei do Cangaço agia — ainda é alvo da violência. Pesquisa do Instituto Igarapé aponta que seis dos dez estados com maiores taxas de homicídio estão no Nordeste: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe. Das dez cidades mais violentas, seis são nordestinas: Maceió, Camaçari, Fortaleza, João Pessoa, Vitória da Conquista e Imperatriz. Para o pesquisador José Maria Nóbrega, da Universidade Federal de Campina Grande, a violência está ligada à fragilidade do Estado:

— À época de Lampião, o país vivia uma instabilidade política. Hoje, a violência está ligada ao aumento do poder aquisitivo, a drogas e a falhas da polícia.


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MARIA BONITA


"SE PENSAR "NEU" NÃO PENSE COM ÓDIO. LEMBRE-SE QUE VOCÊ FOI ABENÇOADO(A) POR DEUS. JÁ EU NÃO TIVE A MESMA SORTE QUE TEVE VOCÊ". 

Deixei a minha comunidade em família para viver na caatinga. Você acha que eu gostava de viver ali? Não. O destino me levou para lá. Quem é que não gosta de ter um teto? Prenda a sua língua para não dizer bobagem comigo.

Clique no link abaixo, ouça a música e depois desista de dizer o que queria dizer ruim comigo.


As fotos foram coloridas pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.



Ninguém use isto na literatura lampiônica porque não tem nenhum valor para ela. Maria Bonita nunca disse isso. São apenas as minhas inquietações como se ela tenha dito isto, E também para porpagar a sua foto.

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CANTOR AGNALDO TIMÓTEO TEM "MELHORA SURPREENDENTE", DIZ FAMÍLIA...


Rodolfo Vicentini
Do UOL, em São Paulo

Agnaldo Timóteo teve uma "melhora surpreendente", informou a família do artista ao UOL. Na semana passada, o boletim médico indicava que seu estado de saúde era "crítico".

Segundo seus familiares, o cantor de 82 anos já está acordado. Agnaldo não precisou fazer hemodiálise e os médicos informaram que ele está reagindo bem aos exames e medicamentos.

O cantor está internado desde o dia 20 de maio, quando sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). Após um pico hipertensivo, acompanhado de vômito e glicemia baixa, ele foi internado em uma UPA da cidade de Barreiras, na Bahia. Agnaldo Timóteo foi transferido para São Paulo no dia 8 de junho e segue sem previsão de alta no Hospital das Clínicas...


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