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terça-feira, 20 de novembro de 2018

POR ENTRE ESQUINAS E LABIRINTOS

*Rangel Alves da Costa


Manuel Bandeira, em poema de expressividade cruenta, havia suposto a existência de um estranho animal sobre os lixões. “Vi ontem um bicho na imundície do pátio, catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, não examinava nem cheirava: engolia com voracidade. O bicho não era um cão, não era um gato, não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem”. Eis o retrato de “O bicho”, tão verdadeiro como voraz, e ainda avistável pelos lixões e por todos os lugares.
“O bicho, meu Deus, era um homem”. Que testemunho tão indigno aos olhos de um ser humano. Mas que presença tão constante e costumeira aos olhos do ser humano. E quantos bichos haverão de estar agora pelos mesmos lixões, pelas ruas insensatas e desumanas, pelas marquises solitárias e perigosas, pelos becos carcomidos de vícios, pelas vielas sangrentas e amedrontadas, pelos barracos disformes e nus. Por entre esquinas e labirintos vive a realidade social mais contundente e mais negada. Todo mundo vê bicho, todo mundo sente a presença do bicho. Mas é bicho, e então se afasta. Mesmo sabendo que não é bicho, mas tão humano quanto o espelho de si mesmo.
Uma selva humana em meio aos homens de bem, assim se imagina. Uns dizem se tratar de feras perigosas. Outros dizem que vivem sempre prontos para o ataque, e por isso mesmo é melhor fugir de suas presenças. Já outros, simplesmente ignoram os uivos, os berros, as ruminações, os olhos famintos e as mãos estendidas. E dizem ainda: nem todos são iguais, e por isso tais diferenças que não nos cabe resolver. E seguem adiante, com olhos atentos, amedrontados, temendo sempre serem alcançados por uma diminuta ferocidade: um menino magro e quase nu que pede esmola. Que tempos, que mundo!
Eu também todos os dias vejo bichos na imundície do pátio, catando comida entre os detritos. Meu olhar não pode fugir aos bichos que se estendem adormecidos por cima de bancos de praças, debaixo de marquises, em meio às calçadas, num canto qualquer. E creio que todo aquele que não finja enxergar, certamente também avista a selva humana que está pelos becos, pelas ruas, pelos escondidos da cidade. E também dentro daquilo que se tem como lar. Barracos caindo, moradias de papelão e madeira, quatro paredes frágeis com uma tosca cobertura por cima. E a fome grassando, a carência doendo dentro de cada um, a ausência de prato, a inexistência de comida.
Não há como negar que realidades assim estão por todos os lugares, nas grandes e pequenas cidades. A noção de bicho está exatamente no espanto causado ante o avistamento dessa realidade. Tem-se que não é da normalidade humana viver catando restos e detritos para se alimentar. Tem-se que foge ao comum entendimento que seres humanos ainda se submetam a restos putrefatos das bolsas de lixo colocados em calçadas. Muitos ainda imaginam que mesmo tendo pouco no seu dia a dia, as pessoas não digerem as podridões que encontram pelas ruas.
Tudo uma questão de sobrevivência. Verdade que o bicho do mato se alimenta bem melhor que o homem. As aves carnicentas se alimentam de restos podres por disposição digestiva. Predadores se alimentam de outros animais por que necessitam sobreviver. Em épocas de seca ou de falta de alimentos, sempre reinventam seus alimentos. Contudo, negam aquilo que não desejam, ainda que estejam famintos. Mas com o homem não acontece assim. O homem não tem a palma pinicada em cesto no lugar da pastagem verdejante. O homem não tem o caroço mastigável quando lhe falta o broto. Com o homem é diferente. Ou tem ou não tem.
Qual a escolha a ser feita quando não há mais comida? O que se deve fazer quanto não resta mais tostão nem vintém para comprar tiquinho disso ou daquilo? Qual atitude tomar perante o choro dos filhos e o passar das horas sem qualquer esperança de alimento? Situações dilacerantes para um ser humano suportar. Por perto e pelas distâncias, quantos fogões sem panela, quantas panelas sem alimento, quantos pratos vazios, quantos pais desesperados ante o pedido dos filhos? O que fazer, então? Mendigar, pedir, implorar, catar, animalizar-se. E logo perante uma sociedade que teme o bicho.
Mas não só pela falta de alimento padece a pobreza ou a indigência. A selva social vive repleta de bichos cheios de dores. A penúria é imensa e dolorosa, mas outras angústias também tomam conta desse perverso tempo. Os miseráveis das drogas e outros vícios, os que tiveram as portas fechadas e passaram a ter o desalento como lar, os que padecem como inúteis e discriminados nos corredores dos hospitais, os que desacreditaram na vida e vivem no pêndulo da mesma vida. E quanto abandono de pais pelos filhos. E quanto dói sentir a sociedade cada vez mais desumanizada pelos egoísmos e acumulações materiais. E para nada.
Agora mesmo eu vi um bicho. Ora, quanta insensibilidade no meu olhar e quanta frieza na minha atitude. Pediu e dei-lhe um copo d’água. Com o cuidado para que minha mão tão limpa não se aproximasse muito da dele. Ele poderia morder.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

NOVOS LIVROS!

Os interessados poderão adquiri-los através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br



e Flores do Pajeú História e Tradições de Belarmino de Souza Neto.

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MAIS UMA DESCOBERTA..! COM AUXÍLIO DE UMA LUPA


Por Voltaseca

Descobri que o cangaceiro JURITY usava uma "PALMATÓRIA" para supliciar as suas vítimas..! 

Sobre esse assunto, nenhum livro escrito, até hoje sobre o cangaço, faz menção a esse fato.

Foto: Benjamin Abrahão, 1936.

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CURIOSIDADE

Por Joel Reis

- Neném com uma arma, provavelmente do Gorgulho.

- Há a possibilidade de que Gorgulho tenha tirado a foto, já que ele deu sua arma para Neném segurar.


P.S.: a outra foto está no primeiro comentário.
Barra Nova II, Juriti III, Neném, Sabonete II
Local: AL, Sertão nordestino, nas proximidades do rio São Francisco, 1936.


Fonte: Aba-Film
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2036243606440525&set=gm.953752004833744&type=3&theater&ifg=1Perdi a fonte:

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MORREU HOJE PELA MANHÃ, MAIS UM IRMÃO DA VIOLA!


Por José Ribamar Alves

Deste vez, o poeta Antônio Nunes de França. Ele que cantou por muitos anos na Rádio Vale do Jaguaribe, de Limoeiro do Norte-CE, Duplado Com Juvenal Evangelista, Chico Pedra de Oliveira & Zé Cardoso.


Segundo Francimar Belé, poeta, o sepultamento será amanhã dia 21-11-2018, às nove horas da manhã em DR. Severiano-RN.


Nossos pêsames a todos os familiares!

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VELOCIDADE E PANCADA LADEADOS POR POLICIAIS

Foto do acervo do Natan Pereira

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LAMPIÃO ERA UM SUJEITO FORMIDÁVEL. MAL-EMPREGADO ELE NÃO TER ESTUDADO. - GENERINO BEZERRA


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RESGATE & MEMÓRIA



O humor nos tempos do Cangaço
*
As dificuldades da imprensa para informar
o paradeiro certo de Lampião e seu bando, 
no final dos anos 1920.

*
- Charge publicada no Jornal do Recife, edição de 08 de março de 1928 (quinta-feira), autor não informado.

Material do acervo do professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2051427591614269&set=gm.2074507249528442&type=3&theater&ifg=1

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PAPA FRANCISCO PERDOA PADRE CÍCERO E ENVIA CARTA AO CRATO

Fonte: O Povo

O bispo da diocese de Crato, dom Fernando Panico, divulgou neste domingo, durante missa na Catedral de Crato, que o Padre Cícero Romão Batista foi perdoado pelo Vaticano das punições impostas pela igreja Católica entre 1892 a 1916. A reconciliação é um passo definitivo para a reabilitação de padre Cícero na Igreja Católica.

Durante a homilia na Sé do Cariri, dom Fernando Panico informou que "Hoje, por ocasião da abertura solene da Porta Santa da Misericórdia nesta Catedral de Nossa Senhora da Penha, quero anunciar com alegria, à querida Diocese de Crato e aos romeiros e romeiras do Juazeiro do Norte, um gesto concreto de misericórdia, de atenção e de carinho por parte do Papa Francisco para nós: a igreja Católica se reconcilia historicamente com o padre Cícero Romão Batista". 

Segundo a carta, assinada pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, “A presente mensagem foi redigida por expressa vontade de Sua Santidade o Papa Francisco, na esperança de que Vossa Excelência Reverendíssima não deixará de apresentar à sua Diocese e aos romeiros do Padre Cícero a autentica interpretação da mesma, procurando por todos os meios apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial e na dinâmica de uma evangelização que dê sempre e de maneira explicita o lugar central a Cristo, principio e meta da História”.

A comunicação da reconciliação da igreja com Padre Cícero "é mais que uma reconciliação. É um pedido de perdão da igreja pelo o que aconteceu o sacerdote brasileiro", afirmou Armando Rafael, assessor de comunicação de dom Fernando Panico. 

Na mensagem enviada à diocese do Crato, o papa Francisco exalta várias virtudes de evangelizador de padre Cícero, fundador de Juazeiro do Norte e primeiro prefeito do município. 

Sobre a Reconciliação histórica da Igreja Católica com a memória do Padre Cícero Romão Batista.

Em longa correspondência enviada ao Bispo Diocesano de Crato, Dom Fernando Panico, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, afirmou que: “A presente mensagem foi redigida por expressa vontade de Sua Santidade o Papa Francisco, na esperança de que Vossa Excelência Reverendíssima não deixará de apresentar à sua Diocese e aos romeiros do Padre Cícero a autentica interpretação da mesma, procurando por todos os meios apoiar e promover a unidade de todos na mais autentica comunhão eclesial e na dinâmica de uma evangelização que dê sempre e de maneira explicita o lugar central a Cristo, principio e meta da História”.

A mensagem lembra, inicialmente, as festas pelo centenário de criação da Diocese de Crato acrescentando “que (essas comemorações) põem em realce a figura do Padre Cícero Romão Batista e a nova Evangelização, procurando concretamente ressaltar os bons frutos que hoje podem ser vivenciados pelos inúmeros romeiros que, sem cessar, peregrinam a Juazeiro atraídos pela figura daquele sacerdote. Procedendo desta forma, pode-se perceber que a memória do Padre Cícero Romão Batista mantém, no conjunto de boa parte do catolicismo deste país, e, dessa forma, valoriza-la desde um ponto de vista eminentemente pastoral e religioso, como um possível instrumento de evangelização popular”.

Lembrando que Deus sempre se serve de pobres instrumentos para realizar suas maravilhas e que todos nós somos “vasos de argila” (2Co 4,7) em Suas mãos, o texto afirma, sem dúvida alguma, que Padre Cícero, pelo seu intenso amor pelos mais pobres e por sua inquebrantável confiança em Deus, foi esse instrumento escolhido por Ele. O Padre respondeu a este chamado, movido por um desejo sincero de estender o Reino de Deus.

Na correspondência constam vários tópicos, dos quais alguns são reproduzidos, a seguir, textualmente:

“Mas é sempre possível, com a distância do tempo e o evoluir das diversas circunstâncias, reavaliar e apreciar as várias dimensões que marcaram a ação do Padre Cícero como sacerdote e, deixando à margem os pontos mais controversos, por em evidência aspectos positivos de sua vida e figura, tal como é atualmente percebida pelos fiéis”.

“É inegável que o Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”.

“Deixou marcas profundas no povo nordestino a intensa devoção do Padre Cícero à Virgem Maria” no seu título de “Mãe das Dores e das Candeias” (...) Como não reconhecer, Dom Fernando, na devoção simples e arraigada destes romeiros, o sentido consciente de pertença à Igreja Católica, que tem na Mãe de Jesus Cristo um dos seus elementos mais característicos?

“A grande romaria do dia de Finados, iniciada pelo Padre Cícero, transmite a dimensão escatológica da existência humana. Pois, como afirma o documento de Aparecida, Nossos povos (...) têm sede de vida e felicidade em Cristo. (...)

“Não deixa de chamar a atenção o fato de que estes romeiros, desde então, sentindo-se acolhidos e tendo experimentado, através da pessoa do sacerdote, a própria misericórdia de Deus, com ele estabeleceram – e continuam estabelecendo no presente – uma relação de intimidade, chamando-o na carinhosa linguagem popular nordestina de “padim”, ou seja, considerando-o como um verdadeiro padrinho de batismo, investido da missão de acompanhá-los e de ajuda-los na vivência da sua fé”.

“No momento em que a Igreja inteira é convidada pelo Papa Francisco a uma atitude de saída, ao encontro das periferias existenciais, a atitude do Padre Cícero em acolher a todos, especialmente aos pobres e sofredores, aconselhando-os e abençoando-os, constitui sem dúvida, um sinal importante e atual”.

“O afeto popular que cerca a figura do Padre Cícero pode constituir um alicerce forte para a solidificação da fé católica no ânimo do povo nordestino (...). Portanto, é necessário, neste contexto, dirigir nossa atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem que ele suscitou por meio do Padre Cícero”.

“Assim fazendo, abrem-se inúmeras perspectivas para a evangelização, na linha desta recomendação do Documento de Aparecida; “Deve-se dar catequese apropriada que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular”. (Documento de Aparecida, 300).

“Ao mesmo tempo que me desempenho da honra de transmitir uma fraterna saudação do Santo Padre a todo o povo fiel do sertão do Ceará, com os seus Pastores, bendizendo a Deus pelos luminosos frutos de santidade que a semente do Evangelho faz brotar nestas terras abençoadas, valho-me do ensejo para lhe testemunhar minha fraterna estima e me confirmar de Vossa Excelência Reverendíssima devotíssimo no Senhor.

O Povo


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SEM CONDIÇÕES DE FUGA O REI LAMPIÃO ATRAVESSA O RIO SÃO FRANCISCO E ENTRA NAS TERRAS BAIANAS


Por José Mendes Pereira
Igreja de São Vicente em Mossoró - Local onde os resistentes se esconderam para atacar Lampião em 1927 quando da sua tentativa de assaltar Mossoró - https://pt.wikipedia.org/…/Igreja_de_S%C3%A3o_Vicente_(Moss…;

Tendo sido expulsado em 13 de junho de 1927 da cidade de Mossoró no Estado do Rio Grande do Norte, o rei Lampião tomou destino para o Ceará com a sua respeitada malta. Mas seria melhor procurar outra vez o apoio do padre Cícero Romão Batista, no Juazeiro do Norte, que por duas vezes foi recebido pelo religioso? Não senhor! O reverendo o recebeu com seus homens, mas é bem provável que foi contra gosto.

Padre Cícero Romão Batista de Juazeiro do Norte - Segundo a lenda ele foi quem armou o bandido Lampião e sua malta - https://cidadeverde.com/…/papa-francisco-perdoa-padre-cicer…;

Com a pouca sorte que teve quando colocou pela primeira vez os seus pés nessas terras, Lampião sentiu que a sua “Empresa de Cangaceiros Lampiônica & Cia” parecia estar em decadência, e sendo assim, para mantê-la ainda se bulindo era necessária fazer uma limpeza nela, e a solução seria demitir alguns dos seus comandados, mesmo contra vontade, porque, quanto menos homens, melhor seria para fugirem de uma perseguição das volantes policias. Mas iria fazer isto, atitude que ainda não tinha feito em toda sua vida de bandoleiro, mesmo com o coração partido, porque aqueles homens eram como se todos fizessem partes da sua família. E aos poucos, foi dispensando os seus asseclas, ficando apenas os mais amigos que já vinham de muitos anos, isto é, da velha guarda.

Lampião tinha outros Estados que ele ainda não havia percorrido ou feito coitos por lá, como era o caso do Maranhão, do Piauí, de Sergipe e da Bahia, mas eram Estados que ele não os conhecia, e não iria arriscar entrar em terras que ele jamais pisou, e poderia se repetir o que aconteceu em Mossoró, que teve que sair às carreiras após ter perdido um importante cangaceiro como era o Colchete, que foi assassinado no momento da tentativa de assaltar a cidade. O Jararaca não foi morto no momento, mas ficou para trás baleado, e dias depois, foi assassinado pelos policiais da época.

O primeiro é o cangaceiro Massilon Leite. Foi ele quem incentivou Lampião a tentar assaltar a cidade de Mossoró - http://honoriodemedeiros.blogspot.com/…/massilon-conhece-la…; 

O rei Lampião lembrava também que só tentou invadir Mossoró porque o cangaceiro Massilon Leite o incentivou para esta empreitada, dizendo que antes tinha sido comboieiro, transportando algodão, vendendo à empresa “Alfredo Fernandes”, e que era conhecedor das estradas e as altíssimas condições financeiras do município de Mossoró. Depois foi que Lampião viu que tinha caído de boca aberta na conversa de um principiante de cangaceiros, como foi o caso do Massilon Leite.

O jornalista Alexandre Gurgel que reside em Natal e em um dos seus artigos fala que, Massilon Leite Benevides convenceu o capitão Lampião para atacar a cidade de Mossoró, mas a sua finalidade mesmo era para raptar uma das filhas do prefeito Rodolfo Fernandes (o jornalista não cita o nome da filha do prefeito), que ele era apaixonado. Esta paixão surgiu quando ele transportava algodão para a firma "Alfredo Fernandes" que era localizada bem próxima da casa do prefeito. É possível que ela era muito jovem e ele também, e devido alguns contatos durante a sua jornada de comboieiro, deve ter batido papos com ela, findou se apaixonando pela filha do coronel Rodolfo Fernandes.
Como vinha sendo bastante perseguido por alguns Estados do Nordeste brasileiro e não tinha mais opções para continuar segurando o seu desastroso movimento social de cangaceiros, Lampião sentiu-se obrigado a cruzar o Rio São Francisco em direção ao Estado da Bahia, levando um pequeno número de facínoras sobre a sua responsabilidade. E no dia 21 de agosto de 1928, Lampião juntamente com os seus poucos asseclas cruzaram a fronteira do Rio São Francisco, puseram os seus pés na Bahia, terra da sua futura companheira Maria Bonita, e lá, iria se proteger durante algum tempo no sertão. A fugida de Lampião das volantes policiais tinha sido desde quando tentou invadir Mossoró.

A Bahia já havia tomado conhecimento que o famoso e sanguinário rei do cangaço Lampião estava caminhando em busca de refúgio em suas terras, mas mesmo ele sendo um perigoso bandido, o Estado baiano receberia o seu mais novo inquilino sem incomodá-lo.

Dizem alguns escritores e estudiosos do cangaço que o capitão Lampião perdeu a vez de deixar a vida de bandoeiro, e poderia ter tentado uma nova vida, tornando-se um homem do bem, livre, trabalhador, construído uma bela família, já que estava com os embornais cheios de joias, ouro e dinheiro, e com certeza, os crimes que havia feito durante o tempo de facínora teriam sido perdoados pelas autoridades, assim como aconteceu com o Zé de Julião o cangaceiro Cajazeiras esposo da Enedina, que chegou por 2 vezes ser candidato ao cargo de prefeito da cidade de Poço Redondo, mas o destino de Lampião falava mais alto, estava virado para ser mesmo bandido. Lampião não pensou duas vezes, e continuou afogado no meio do mal sem temer a ninguém.

Quando orei Lampião resolveu entrar nas terras baianas ele já contava com 31 anos de existência, e como recebera com orgulho a patente de capitão no Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, e que segundo a literatura lampiônica afirma que este título militar foi dado pelo padre Cícero Romão Batista, mas aquele patente de capitão nada valia, era quase simbolicamente. Quem mais teve sorte foi o religioso padre Cícero por não ter recebido uma visita inesperada e maldosa do facínora e perverso rei Lampião em sua casa paroquial, por ter o enganado com uma patente que nunca foi registrada na Corporação Policial do Ceará.

Segundo os estudiosos do cangaço a finalidade do rei Lampião na Bahia era dar um tempo para depois começar a reorganizar um novo grupo de cangaceiros, juntando aos que com ele entraram nas terras baianas. O mais importante para ele era restaurar o seu bando e com cuidado, fazer novos planos longe de Pernambuco porque a polícia de lá estava apavorada, temendo a sua presença na sua terra natal.

Este é o coronel Petronilo de Alcântara Reis que enganou Lampião. Lampião ainda anda atrás dele para acertar as contas - http://lampiaoaceso.blogspot.com/…/joao-na-pisada-do-cangac…;

O rei Lampião quando chegou no Estado da Bahia estava faminto, cansado, mas o que não lhe faltava era dinheiro na mochila; assim fala os pesquisador do cangaço, que ele declarou na época ao coronel Petronilo de Alcântara Reis, chefe político de Santo Antônio da Glória. Este se tornara seu inimigo por comprar propriedade junto com Lampião e o coronel colocou em seu nome, fazendo com que Lampião se irritasse e o perseguisse. Com medo de ser assassinado pelo rei do cangaço o coronel Petronilo arrumou seus panos de bunda e se mandou para o Estado de Alagoas.

Mesmo com poucos comandados o velho guerreiro não tinha medo das volantes policiais que os perseguiam, e muito menos de ninguém. Era realmente um velho guerreiro.

Informação: Este material está de acordo com o que eu tenho lido durante o tempo em que estudo cangaço. Não usei as fontes porque são materiais armazenados na minha mente.

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