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quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Memórias do Cangaço na Paraíba

 Por Lau Siqueira
Manoel Severo e Lau Siqueira no Cariri Cangaço Parahyba 2014: Sítio Jacu 

As histórias do Cangaço não são as mais elogiáveis. Mas, também não diferem de histórias recentes. O que está posto é uma sofisticação midiática separando o passado do futuro. Eram duros os tempos do Cangaço. Extorsão, violência, corrupção e conluios políticos. Mas, por acaso hoje é diferente? Mudaram os métodos, mas as práticas pouco foram alteradas.  Há uma maquiagem modernizante encobrindo as fissuras do tempo. O fato é que, inegavelmente, o mito do Cangaço existe e bate com firmeza nas portas do futuro. São as memórias do medo e da sedução pulsando na identidade Nordestina. Herança de um tempo onde a valentia, o heroísmo popular e a indignação diante das injustiças era a moeda corrente. O Cangaço cumpre um papel fundamental na compreensão da história do povo nordestino. Apesar de tudo, as lutas sangrentas nas caatingas se mostram aos olhos do mundo moderno esbanjando altivez.

A herança de Lampião, Corisco e outros personagens é tão robusta que há um inegável receio - principalmente em rodas oficiais - de mexer no vespeiro. Mas, talvez já seja tarde demais.  Pesquisadores do Nordeste inteiro e mesmo de outros rincões brasileiros já acenderam o estopim. O Grupo de Estudos “Cariri Cangaço” é um bom exemplo. Pelo segundo ano consecutivo realizou o Seminário Parahyba Cangaço. No final de agosto, pesquisadores e simpatizantes da causa estiveram reunidos em Sousa, Nazarezinho e Lastro para debater o tema. O evento foi mais uma provocação à história oficial e uma lição de coragem e lucidez perpetrada pelo Cariri Cangaço e pelos militantes do Grupo Paraibano de Estudos do Cangaço. Acontecimentos que pulsam tão fortemente quanto estes até podem e devem ser questionados. Mas, não podem nem devem ser relegados ao esquecimento. Principalmente pelo que representam em termos de perspectiva para um desenvolvimento sustentável no Sertão da Paraíba.
  

Um exemplo muito claro da localização geográfica desta história é o Sitio Jacu, em Nazarezinho. Entre todas as moradas do Cangaço na Paraíba esta parece a mais estratégica. O lugar foi propriedade e morada do Coronel Chico Pereira e possui uma história que revela as razões dos confrontos do Cangaço com o sistema dominante na época. Todavia, enquanto se discute a viabilização do Memorial do Cangaço, o tempo passa e a degradação aumenta. Aquelas paredes crivadas de bala, sem dúvidas, atrairiam para o local uma legião apaixonada de turistas em substituição aos morcegos e ao esquecimento. Aliás, essa é a história contada pelos que sonham com um futuro de dignidade e respeito para o povo paraibano. Com a viabilidade do semiárido sustentada nos pilares da história e da cultura, o passado será a grande novidade. 

Lau Siqueira
Presidente da FUNESC , João Pessoa - PB
Fonte:http://www.lau-siqueira.blogspot.com.br

http://cariricangaco.blogspot.com
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Lampião encontra em floresta-BA dois irmãos que eram seus inimigos


"Há quem chora o seu, chora o seu dono. Há muito tempo que procuro esses dois garrotes, e hoje estou feliz em reencontrá-los".

Lampião ao encontrar dois inimigos irmãos florestanos (de Floresta no Estado de Pernambuco). Se inimizaram com Lampião e foram embora para a Bahia, achando que o perverso e sanguinário rei do cangaço, o Lampião nunca iria encontrá-los. Nesse dia, por infelicidade dos dois, Lampião os encontrou em Riacho Seco, lá mesmo onde eles pensavam que o rei esqueceria a confusão, isto é deixando para lá. Isto aconteceu no ano de 1929.

Adendo - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Amigo leitor: 

Lamento, mas o autor do texto não informou o que o capitão Lampião fez com os infelizes.  Se os matou, ou se os açoitou e os mandou irem embora.

Ótima informação aos leitores do nosso blog sobre os inimigos de Lampião, segundo o pesquisador Virgolino Ferreira da Silva:

Amigo Mendes:

Aquela matéria que você postou em seu blog, sobre Lampião em encontro com seus velhos inimigos da região do navio (Floresta-Pe), em Riacho Seco-Ba eles foram mortos de imediato pelo próprio Lampião, amarrou-os em uma frondosa árvore no meio da rua de Riacho Seco. Perguntou a um qual seu último pedido. Ele respondeu: “- mate-me, mais deixe meu irmão vivo, pois tem uma numerosa família com filhos pequenos”. Lampião se dirige ao outro e recebe um grande escarro no rosto.  Lampião sem perguntas de imediato atira na cara do mesmo. Os dois forma mortos.

Fonte: facebook

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A SEDUTORA CAIXA DE FÓSFOROS

Por Clerisvaldo B. Chagas, 4 de setembro de 2014 - Crônica nº 1.254

Sempre percebi um encanto todo especial na chamada caixa de fósforos. Falo do seu formato pequeno, quase quadrado, sendo bonita até dentro do bolso da camisa. Está certo que a palavra composta era outra beleza para a escrita no papel, mas mesmo com a nova ortografia caixa de fósforos mantém a formosura. 


É bem verdade que a palavra sem os hifens ficou igual à senhorita sem a flor que usava no cabelo, mas caixa de fósforos é caixa de fósforos, com hifens ou sem hifens.


Nunca fumei e nem pretendo, entretanto, achava o gesto uma verdadeira fantasia quando o cidadão iluminava o cigarro. Era como se um ato mágico estivesse acontecendo no clique do pauzinho na caixa, na chama do pequeno cilindro e nos gestos os mais variados do fumante para apagar o palito de fogo.  Uns faziam um círculo no ar, outros agitavam a mão e outros ainda jogavam o palito ao solo com um fascínio especial em fazê-lo. E como eu apreciava esses gestos que pareciam ensaios teatrais!

Parece que os cangaceiros também gostavam de objetos ou coisas que ostentavam fogo: Lampião, Corisco, Candeeiro, Querosene e até Caixa de Fósforos, na época cangaceiro com hífen.

 Caso o leitor tenha vivido no tempo sem energia elétrica, há de convir como eram bonitos esses objetos que iluminavam as trevas: lampião, candeeiro, artefato popular trabalhado em zinco e com pavio de algodão retorcido. Mas a caixa de fósforos que se tornou tão comum que você não enxerga o it continua sendo olhada por mim com olhar poético, para as cabeças de negros emparelhadas no interior; para o rótulo amarelo implorando leitura; para o seu formato sedutor; para o seu assento em qualquer lugar ou para os seus filhotes em chamas circulando na mão e lançados na mácula da rua.

É longa e bela a história do fósforo como nós o conhecemos. Vem paulatinamente se aperfeiçoando através de centenas de anos até passear no bolso dos homens e nas bolsas das mulheres. Nem mesmo o isqueiro mais tentador conseguiu derrubá-lo.

Meus respeitos amiga e sempre SEDUTORA CAIXA DE FÓSFOROS



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EU E DULCE: A ÚLTIMA GUERREIRA DO CANGAÇO

Por João de Sousa Lima
Edson, Dulce, João de Sousa Lima e Ciça

Em 2003 imprimi a 1ª edição do livro Lampião em Paulo Afonso e fui convidado pelo escritor Antônio Amaury para lança-lo em São Paulo, em um evento que sempre acontecia na estação do Braz, com o título: O AUTOR NA PRAÇA.  Amaury aproveitou minha ida a SAMPA e me apresentou aos irmãos “MANO VEIO E MANO NOVO”. Dois irmãos que tem um famoso programa de rádio destinado aos nordestinos.

Lançamos com sucesso os livros na companhia de mais alguns escritores da região.

No dia seguinte pedi pra Amaury me levar em uma feira de antiguidades e no domingo nos dirigimos ao MASP- Museu de Artes de São Paulo, onde acontece uma famosa feira de Antiguidades. Ao nos aproximarmos da feira, a primeira pessoa que Amaury foi vendo foi o senhor “Acir” e me disse:

 - João, esse rapaz, o Acir, é filho da cangaceira Dulce!

 - Vamos lá falar com ele!

Amaury me apresentou o rapaz e conversamos por alguns minutos, depois o presenteei com um exemplar do meu livro e ele disse que só não me levaria pra conhecer a mãe dele porque ela residia em Campinas e estava doente no momento, deixando claro que a única coisa que eu conseguiria era apenas ser fotografado ao lado dela, pois ela não dava entrevistas e lembrou ainda que Amaury a conhecia há vários anos e mesmo tendo essa amizade e mantendo contatos com a cangaceira ela nunca cedeu entrevista a Amaury. Eu falei que entendia a postura e o direito dela manter o silêncio sobre seu passado.

Ciça, João de Sousa Lima e Dulce

Passei mais alguns dias com Amaury e retornei a Paulo Afonso, pois as férias estavam acabando e precisava retornar ao trabalho. Na época eu trabalhava como gerente de abastecimentos de aeronaves no aeroporto local.

Dulce com minhas filhas Letícia e Stéfany

Um dos vigilantes do aeroporto chamado Eraldo, sempre me dizia que sua avó  tinha sido cangaceira e como ele era muito brincalhão eu fui levando a conversa sem dar muita atenção. Certo dia passando em uma rua tive a atenção despertada por Eraldo que acenou pra que eu parasse minha moto. Eraldo foi logo dizendo:

 - Venha conhecer minha  avó que foi do cangaço!

Estacionei e fui ouvir essa história. Uma simpática senhora, já passando dos 90 anos de idade, saiu do seu quarto e veio falar comigo. Eu perguntei se era verdade que ela tinha sido cangaceira e ela respondeu:

 - Não meu filho, isso é conversa do Eraldo, minha irmã é que foi cangaceira mais ela morreu no cangaço!

 - E qual o nome de sua irmã?

 - Dulce!

 - Dulce? Dulce de Criança?

 - Essa mesmo!

 - Mais a Dulce tá viva!

- É mentira! Dulce morreu em Angicos!

- Não! Quem morreu em Angicos foi Maria Bonita e Enedina!

Nesse momento lembrei-me do Acir e contei a história que tinha conhecido o filho da Dulce, e por mais que eu afirmasse as histórias sobre a cangaceira, dona Maria “Cícera” dizia não acreditar. Vasculhei em minha carteira o telefone do Acir e quando encontrei, pedi pra utilizar o telefone dela pra comprovar o que estava dizendo.

Dulce, Dil, Maria Ciça e João de Sousa Lima

Liguei e fui atendido de imediato pelo Acir. Quando falei que era o escritor João de Sousa Lima, o Acir foi muito receptivo e alegremente comentou, dizendo que tinha lido meu livro e que tinha gostado muito das histórias. Eu o ouvi atentamente esperando a oportunidade de falar sobre o real motivo de minha ligação. Quando enfim ele perguntou por que eu estava ligando. Eu disse que estava na casa de uma senhora que afirmava ser irmã de sua mãe Dulce. Houve um breve silêncio e depois Acir comentou:

- Pelo amor de Deus João, minha mãe procura uma irmã a mais de 60 anos, me deixa falar com ela pra ver se é ela mesma!

Dulce com minha família

Passei o telefone para Maria Cícera e fiquei na expectativa sobre a conclusão da conversa. De repente Cícera chorou, desligou o telefone, sentou e com um grande sorriso de contentamento falou:

- Minha irmã tá viva!

Cangaceira Dulce em rara fotografia

Ficamos alguns minutos observando a felicidade daquela senhora, participando de sua alegria.

Dias depois recebo uma ligação. Dulce estava em Paulo Afonso e queria me conhecer.

Ela e o filho Acir vieram no voo da BRA, que fazia São Paulo/ Paulo Afonso duas vezes por semana.

Família de Dulce em Paulo Afonso

Dia seguinte, dentro do horário marcado, segui até a casa de Cícera, que morava com sua filha Dil. Quando cheguei, vi várias pessoas na sala e me aproximei. Apresentei-me, e Dulce, conversamos muitos minutos e pude observar sua capacidade intelectual, mulher inteligente, com um misto de dureza na face e ao mesmo tempo de doçura na alma. Tempos depois ela  falou:

Dulce como cangaceira

- Eu tenho uma grande dívida com você. Você me proporcionou o momento mais feliz de minha vida, tendo encontrado essa minha irmã. Meu filho aqui presente sabe que não dou entrevista pra homem nenhum, mas vou abrir uma exceção pra você, pois fiquei sabendo que você escreve livros sobre o cangaço e precisa saber um pouco de minha passagem por esse momento que não gosto de falar! Você quer fazer como?

- Quero filmar!

- Quanto tempo?

- Três horas!

- Três horas não, serão duas horas!

- Certo!

- Venha amanhã dez horas da manhã e conversaremos. Só que você não poderá me fazer duas perguntas que eu sei que você sabe sobre minha vida, pois se fizer eu encerro a entrevista.

- Uma das coisas eu sei e não te perguntarei. O outro assunto eu não sei do que se trata, e se por acaso eu te fizer alguma pergunta sobre isso, a senhora não responde!

- Combinado! Aguardo você amanhã!

Dia seguinte, eu e o pesquisador e cinegrafista Petrúcio nos dirigimos ao encontro marcado.

Dulce nos recebeu sorridente, conversamos um pouco e fomos até o muro, lugar onde uma frondosa árvore dava sombra e reinava um silêncio propício para não atrapalhar a filmagem.

Petrúcio com Dulce, Dil e Ciça

Petrúcio colocou a filmadora em um tripé, eu me acomodei entre as duas irmãs, Cícera e Dulce, a entrevista começou. Durante duas horas as mulheres foram falando do sofrimento. Da dor de Dulce ter deixado a casa de seus pais, a força, levada por seu cunhado, pra ser trocada por ouro.

O tempo passou rápido. Finalizamos a entrevista e antes de sairmos, Dulce me agradeceu por aquele momento e disse:

- Você só poderá lançar essa entrevista depois que eu morrer! Posso confiar?

- Pode!

Dia seguinte, eu com minha família e o amigo-irmão Edson Barreto fomos visitar Dulce. De lá fomos todos almoçar em um restaurante no centro da cidade. Conversamos por muito tempo e ali eu pude entender o porquê do silêncio daquela misteriosa e ao mesmo tempo tão doce mulher. Suas dores  tão profundas de ter enfrentado um mundo tão hostil, sendo ainda tão criança. Pude compreender sua fé inabalável no Cristo que rege seus passos. Conheci os caminhos que a fizeram sábia. Entendi que suas feridas cicatrizaram na compreensão do silêncio que outros não entenderam. Dulce é tão pura-bela-sábia que é difícil não se emocionar, mesmo ela permanecendo em seu silêncio.


Quando hoje só resta Dulce nos registros dos ex-cangaceiros, sendo a última pessoa a vergar sobre seu corpo as vestimentas do cangaço, eu afirmo que dentre muitas histórias que vivi nesse vasto mundo cangaceirístico, essa foi uma das histórias que mais marcas deixaram no íntimo de minha inquieta alma.

Fico feliz de tê-la conhecido e de em certo momento ter feito parte de sua alegria, mesmo ouvindo e compreendendo suas dores e tristezas de um passado ainda tão latente, tão presente nos sonhos de uma criança que correu caatinga à dentro, trocando seus mais puros desejos infantis pela dura concepção da realidade dura do aço e do ferro em brasa de armas que embalaram lutas ferrenhas no mais inóspito terreno do nordeste do meu Brasil.

João de Sousa Lima é historiador, escritor. Membro da ALPA - Academia de Letras de Paulo Afonso. Membro do GECC – Grupo de Estudos do Cangaço do Ceará. Membro da IGH- Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso. Membro da SBEC – Sociedade Brasileira de estudos do cangaço.

Paulo Afonso, 02 de setembro de 2014.

http://www.joaodesousalima.com/

Enviado pelo autor para postagem neste blog.
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LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS

Autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro contém: 736 Páginas
Tamanho: 28 centímetros
Largura: 20,5 centímetros
Altura: 4 centímetros

Adquira logo o seu através destes endereços:

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.: (79)9878-5445 - (79)8814-8345
E-mail: lampiaoaraposadascaatingas@gmail.com
josebezerra@terra.com.br

É fantástica esta obra. Eu estou lendo e vale a pena você adquiri-la. É o rei Lampião com todos os seus ingredientes

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Encontro de escritores e poetas


Da esquerda para direita:

1 - David de Medeiros Leite autor do livro "Casa das Lâmpadas" além de outros trabalhos poéticos.

2 -  Crispiniano Neto autor do livro "PoesRia com Luiz Campos" além de outros trabalhos poéticos.

3 - Kydelmir Dantas autor do livro "Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte" além de outros trabalhos poéticos.

 4 - José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo autor do livro "Mossoró e Tibau em Versos: Antologia Poética", em parceria com David de Medeiros Leite, além de outros poéticos.

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http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

PERIPÉCIAS DA DADÁ – DOR DE DENTE !

Dadá sempre teve pouco sono, em razão da vida que levou no cangaço.

Certa vez, ela vendo todo mundo dormindo, ficou agoniada e resolveu aprontar uma com sua netinha. Acordou-a, falando que estava morrendo com dor de dente.

Muito prestativa, é claro, correu e falou para sua mãe, a situação da avó. Esta sobressaltada foi pedir remédio ao vizinho, que começou a dar altas gargalhadas, mangando das duas, dizendo o seguinte: "- Como pode ela ter dor dente, sem sequer ter um só dente na boca!?, - e dava risadas.

- Mas vó, porque a Senhora fiz isso?

- Há, eu estava sem sono, queria conversar...!

Pegou as duas, e danou a conversar noite a dentro. Até hoje essa “pegadinha” é lembrada !

Fonte: facebook
Página: Adauto Silva

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O beato Antonio Conselheiro

Por Guilherme Machado
Pesquisador de Serrinha-BA - http://portaldocangaco.blogspot.com

Única imagem viva do beato Antônio Conselheiro. Esta imagem não existe no google, por isto está emoldurada, faz parte do Portal do Cangaço de Serrinha. Uma doação do poeta Pingo de Fortaleza ou Pingo Guará.

 

Antônio Vicente Mendes Maciel nasceu em Quixeramobim, no Estado do Ceará, no dia 13 de Março de 1830, e faleceu em Canudos, pequeno vilarejo no Estado da Bahia, no dia 22 de Setembro de 1897. É  mais conhecido na história do Brasil como Antônio Conselheiro, que se autodenominava "O Peregrino". Foi um líder religioso brasileiro.


Figura carismática, adquiriu uma dimensão messiânica ao liderar o Arraial de Canudos, um pequeno vilarejo no sertão da Bahia, que atraiu milhares de sertanejos, entre camponeses, índios e escravos recém-libertos, e que foi destruído pelo exército da república na chamada Guerra de Canudos em 1897.

Imagem de filme - "Guerra de Canudos" em 1997 - extra.globo.com


A imprensa dos primeiros anos da república e muitos historiadores, para justificar o genocídio, retrataram-no como um louco, fanático religioso e contra-revolucionário monarquista perigoso.

Fonte: facebook
Ilustrado por José Mendes Pereira

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O CANGAÇO - OS CANGACEIROS COSTURANDO NA CAATINGA


LUIZ PEDRO, um cangaceiro que, também, costurava a exemplo de LAMPIÃO (Vide Foto acima - autor desconhecido).

Na foto, vemos o famoso cangaceiro costurando numa pequena máquina, sobre um pequeno tapume de madeira, inserto em plena caatinga (coito).

Era comum, quando estavam num local seguro, alguns cangaceiros (as) praticarem a costura de roupas; conserto de sua indumentária; confecção de peças de couro, bornais etc.

Fonte: facebook - Página: Voltaseca Volta


"Aqui, também o comandante de toda cabroeira, o afamado e sanguinário o capitão Lampião,  posou para câmera como se estivesse costurando algo. Se está ou não, mas pelo menos deu a entender que também sabia fazer trabalhar com máquina de costura.


Nesta foto aparece Maria Gomes de Oliveira, a rainha do cangaço Maria Bonita, fazendo também seu charme na máquina de costura. Imagine, quantas vezes deixaram algumas máquinas na caatinga, no momento de uma fugida, tentando escaparem das volantes. Máquina de costura pesa muito, e é provável que algumas delas ficaram nas matas abandonadas". 

Fonte: http://blogdomendesemendes.blogspot.com

3. 32 INQUÉRITO DE CELERADOS


Por Joel Aguiar
(Especialmente para o “Jornal de Notícias”)

UM JOVEM QUE DESDE OS 12 ANOS DE IDADE SE HABITOU À PRÁTICA DO CRIME – “VOLTA SECA”, QUANDO CRIANÇA, FOI CHAMADOR DE BOIS NO ENGENHO CONTADOURO E DEPOIS VENDEU QUEIMADOS NAS RUAS DE ARACAJU. NO “FOGO” DE CAPELA, O SICÁRIO “GATO” FOI FERIDO NO BRAÇO – O JOVEM BANDIDO, DEPOIS QUE INGRESSOU NO GRUPO DE “LAMPIÃO” NUNCA ESTEVE NO ENGENHO CENTRAL.

Tudo, nos sertões do Nordeste é, atualmente, triste e sombrio porque Virgulino Ferreira conseguiu, à custa de indiscutíveis crimes, implantar um regime bárbaro, em que a vida humana não tem garantias. Nos lares dos sertanejos não reina o sossego. Matando e trucidando cidadãos honestos, violando donzelas, Lampião vai deixando assinalado, por onde passa, o rastro das suas alpercatas de couro cru. Diante da série desses negros crimes e horrorizado pelas notícias que lhe chegaram ao conhecimento, Coelho Neto, pegou da pena, em brilhante artigo, ao se ocupar do ousado bandido que assola as regiões nordestinas, formulou essa pergunta:

“... De que poder satânico disporá esse Átila encourado para bater expedições postas em seu encalço ou para escapar-lhes através de matas e caatingas, tornando-se lhes invisível, ele e a sua caterva?”

Mas, o brilhante escritor que é o príncipe dos nossos prosadores, se apressa logo em respostar o quesito que formulou com essas palavras cheias de verdade e senso:

“... A crendice dos aterrados afirma ter ele o corpo fechado às balas, acrescentando que não há ferro, por mais acerado que seja, que lhe atravesse a vestia. Poderoso talismã tem ele e só por tal prestígio pode ser explicada a sua permanência nos sertões espavoridos. Esse prestígio quem lho dá são os politicóides dos quais ele é o capanga e o executor de alta justiça, com direito de vida e de morte sobre quantos lhe seja apontados pelos magnatas da politicalha, que o sustentam e amparam, munindo-o de armas, suprindo-o de víveres e dando-lhe guarida e fuga quando a polícia lhe sai na pista.”

Ninguém melhor do que Coelho Neto escreveu sobre Lampião. Hoje, com as medidas adotadas pelos governos, após o advento da Revolução, nós estamos vendo que o sinistro bando está perseguido, desfalcado e sem dar assaltos aos seus lugares prediletos, porque lhe faltam as informações e os víveres que dantes eram fornecidos.

O plano de combate ao banditismo tem dado ótimos resultados. Em Sergipe, o honrado interventor Maynard adotou tão enérgicas providências que Lampião deixou de penetrar no Estado, e se o fez, ultimamente, foi usando de um ardil covarde, mas não pôde, de forma alguma, permanecer no território sergipano, fugindo, às pressas, para as caatingas desconhecidas. Em Bahia, o governo tem agido energicamente. Frutos das medidas governamentais são as prisões de Volta Seca, Passarinho e Bananeira, três ousados sicários que nós vimos aqui detidos e que por nós foram interrogados sobre os horrendos crimes por eles praticados. Vejamos o que nos disse Volta Seca.

No aprazível Largo Santo Antônio, em Bahia, está situada a Casa de Detenção. Foi aí que encontramos Volta Seca, preso numa cela tocando um realejo que lhe fora oferecido. É moreno, forte e no seu semblante não existem expressões manifestas de que ele seja um criminoso nato. Fala sem embaraços e sorri amavelmente, para as pessoas que o visitam.

- Conhece Lampião, desde quando? perguntamos.

- Quando eu tinha 12 anos de idade, entrei, a convite do “capitão”, para o seu bando, no lugar denominado Gisolo, sertão de Bahia.

- Você é de Sergipe?

- Sou filho de Manuel Santos e nasci no Saco-Torto, perto de Itabaiana. Quando menino trabalhei no Engenho Contadouro do coronel Antônio Franco e depois estive em Aracaju. Conheço bem Itabaiana e Malhador.

- Conhece algumas pessoas de Itabaiana e de Malhador?

- Poucas. Conheço Dorinha que perseguiu o “capitão” e com quem o “capitão” falou pelo telefone, e o senhor José Sotero. Percebendo a nossa curiosidade, o bandido nos perguntou em que lugar morávamos.
- Capela, disse-lhe eu.

- Conheço muito. É uma “terra” grande e que recebeu o “grupo”, a primeira vez, sem reação.

- Por que Lampião foi a segunda vez a Capela?

- Não sei. Lampião antes de “entrar” mandou saber se o recebiam sem novidades. A resposta não veio e nós tivemos ordens para “entrarmos na cidade acontecesse o que acontecesse” em vista do capitão ter recebido, de uma pessoa por mim desconhecida, a notícia de que havia gente em armas, colocou na frente os seus homens de mais confiança: Virgínio, eu, Labareda, Mariano e Gato, e tentou invadir as ruas. Houve “fogo”. Atiravam muito contra o “capitão”. Só Gato, por facilidade, recebeu um ferimento no braço. Brigamos em “campo raso”. Lampião resolveu sair.

- Lampião vota ódio a Capela?

- Não sei. Ele nunca me disse que desejava ir mais nessa cidade; mas ele quando é recebido a tiros fica guardando ódio. Capela não é lugar bom para nós porque é perto de outras cidades.

- Você já viu o coronel Antônio Franco?

- Vi, quando menino. Sexta-feira última ele esteve aqui e eu não o reconheci. Desde que passei para o grupo de Lampião que nunca mais fui ao Engenho Central.

- Lampião deseja mal a ele?

- Hoje, é bem fácil porque o “capitão” fez uma carta pedindo dinheiro e ele disse que tinha bala.

O Antônio de Engrácia, que hoje é bandido do grupo Lampião, já foi trabalhador do Coronel e dizia ao “capitão” que ele é um homem bom.

Eram cinco horas da tarde quando eu, Ernane Prata e João Prado, ambos estudantes de Direito, deixamos as paredes do cubículo onde se acha Volta Seca. O bandido nos prometeu contar algo sobre as incursões do sinistro bando de Lampião, em Sergipe, no dia seguinte. E nós prometemos voltar.

OS BANDIDOS QUE TOMARAM PARTE NO “FOGO” DE SÃO PAULO – VIRGÍNIO QUIS MATAR O INTENDENTE DE CAPELA QUANDO O BANDO ESTEVE NA CIDADE – ANTÔNIO DE ENGRÁCIA PEDIU A LAMPIÃO QUE INVADISSE MACAMBIRA PARA ASSASSINAR O CORONEL JOSÉ RIBEIRO – VOLTA SECA DIZ QUE IMPEDIU A MORTE DO DR. JUAREZ – PASSARINHO NUNCA ANDOU NOS SERTÕES DE SERGIPE

Voltamos novamente à Casa de Detenção para ouvirmos a linguagem de Volta Seca, desfiando, conta a conta, o rosário dos crimes praticados por Lampião e seus asseclas. Além dos acadêmicos Ernane Prata e João Prado, foi em nossa companhia o aplicado estudante de direito, Luiz Melo que desejava conhecer o jovem bandido que era uma pessoa de confiança do famigerado Lampião. O nosso distinto conterrâneo Tenente Hanequim, que com patriotismo, está colaborando na atual administração baiana nos recomendara ao diretor do Presídio. Volta Seca nos olhou com alegria e foi respondendo às inúmeras perguntas que nós lhe fazíamos.

- Que sabe do “fogo” de São Paulo?

- Eu não fiz parte do grupo chefiado por Corisco destinado a assaltar as fazendas do município de São Paulo.

Esse grupo foi perseguido pelo coronel José Ribeiro e dele faziam parte: Corisco, Beija-Flor, Cirilo, Mariano, Fortaleza e Bemtevi. Seis homens apenas. Os melhores atiradores do nosso grupo. Ninguém foi ferido no tiroteio, apesar de se dizer que Beija-Flor morrera. É notícia falsa!

- José Ribeiro é conhecido de Lampião?

- De nome, o bando todo o conhece e é tido na conta de homem disposto. Lampião não lhe deseja mal, mas Antônio de Engrácia já pediu ao “capitão” para invadir Macambira a fim de matá-lo.

- Quando foi isto?

- Nós estivemos a meia légua distante de Macambira e aí soubemos por um fazendeiro que prendemos, que José Ribeiro tinha quinze homens armados. A data não sei. Lembro-me bem de que Antônio de Engraça pediu ao “capitão” para invadir o lugarejo, mas Lampião disse que nada tinha que ver com as questões dos outros. Disse mais: Vá você com três homens. Antônio de Engraça não quis ir.

- Que nos diz mais de Capela?

- Em Capela nós soubemos logo que o chefe político era sobrinho do presidente do Estado. Era um moço baixo e Lampião o chamava “Major”. Virgínio pediu ao “capitão” licença para matá-lo.

- E por que não matou?

- Porque Lampião dissera que lá ninguém nunca lhe fez mal e disse ainda a Virgínio que se fizesse qualquer morte em Capela, “ajustaria as contas depois”.

- Lampião não tinha medo da Polícia, em Capela?

- Não. O “capitão” não tem medo “das forças”. Em Sergipe nós ouvíamos falar muito num tenente Elesbão, mas ele nunca se encontrou com o grupo, apesar de viajar muito. Em Capela disseram que vinham forças e o “capitão” só “tocou o apito de retirada” pela madrugada.

- Lembra-se de Aquidabã?

- Muito. Invadimos as ruas pela madrugada. O delegado Dr. Juarez esteve com Lampião e comigo: Percebendo eu que o “capitão” tencionava matá-lo aconselhei a fuga.

- Como?

- Pedi ao doutor um copo d’água a fim dele sair de perto de Lampião e quando ele foi buscar a água eu disse que ele fugisse, o que fez.

- Então você gosta de salvar os inocentes?

- Salvei muitos.

Nós sorrimos. Volta Seca quis nos convencer de que possui um coração afeito à prática do bem. O caso do Dr. Juarez ele nos contou com seriedade.

Depois dessa prosa fomos olhar Passarinho, Nascimento, Faustino e Sabino. Fizemos perguntas. Passarinho disse não conhecer o sertão sergipano, pois fazia parte do grupo de Labareda. Conhecia Antonio de Engraça e nos disse que morreu. Volta Seca contesta a notícia e nos diz que Engraça está em Alagoas.

Perguntamos ao Volta Seca onde se acha Lampião. Ele nos disse que ignorava. A última vez que esteve com o “capitão” foi em Raso da Catarina. Lampião tinha 48 homens.

Tudo nos sertões é triste como o piado da acauã e doloroso como o gemido do gado nas noites da seca. E Volta Seca em plena adolescência, numa idade em que o homem sonha com o Trabalho e a mulher com o Amor, adere ao grupo sinistro para matar e trucidar pessoas trabalhadoras e chefes de família honrados. Sua história é triste. Diz que está arrependido. E quando nós lhe perguntamos se ele assistira a um bárbaro crime que Lampião praticara no Candeal, em Nossa Senhora das Dores, assassinando o infeliz Elpídio dos Santos, o ousado bandido, com as faces entristecidas, nos contou que Lampião não ordenara essa morte, mas João Baiano desacatando as ordens do chefe, matara covardemente o rapaz.

Em Sergipe fez-se processo contra Lampião. Pensamos ser o único que existe no Estado. Em 28 de janeiro deste ano, o Dr. Nicanor Leal, cuidadoso juiz municipal de Dores, em longo despacho, pronunciou Virgulino Ferreira. Como promotor público da Comarca, os autos vieram às nossas mãos e louvamos a ação das autoridades dessa Comarca.

Eis o que nos contou Volta Seca que alimenta a ideia, ou melhor, o sonho de achar amparo na Lei, para sair da prisão, não para retornar ao banditismo, mas para viver na sociedade.

Realizar-se-á esse sonho?...

JORNAL DE NOTÍCIAS – Aracaju: 19 de Abril de 1932 e 20 de junho de 1932.

Fonte: facebook
Página: Robério Santos

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A EX- CANGACEIRA DO BANDO DE LAMPIÃO QUE AINDA ESTÁ VIVA

Por Charles Garrido
Na imagem colorida, a ex-cangaceira acima dos noventa anos, nos dias de hoje.

Prezados, saudações.
Atendendo aos pedidos, segue a foto da única testemunha ocular ainda viva a ter feito parte do bando de Lampião. Trata-se da Sra. Dulce, que hoje reside em Campinas-SP.

Infelizmente tenho uma certa frustração quanto a não conhecê-la pessoalmente, pois, muito embora tenha tentado em algumas oportunidades, a mesma não pôde me receber.


Na foto antiga, podemos vê-la em destaque junto ao bando após à morte de Lampião e boa parte de seus asseclas, quando a maioria dos remanescentes entregaram-se às autoridades no Estado da Bahia.

João de Sousa Lima, o cangaceiro Vinte e Cinco e a jovem cangaceira Lili Conceição

E creiam, para nós pesquisadores, o falecimento do último dos cangaceiros (homens), é uma perda irreparável. Um arquivo vivo que se vai, e com ele, os derradeiros momentos da história mais importante do nordeste, e porque não dizer, uma das mais intrigantes do país.

Charles Garrido
Pesquisador
Fortaleza-CE


Fonte: facebook

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