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terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Francisca Rodrigues Duarte - Dona Chiqunha Duarte



Por: José Mendes Pereira
 Dona Chiquinha Duarte

O livro "Ombudsman Mossoroense" do escritor e poeta David de Medeiros Leite, que é sobrinho de segundo grau de dona Chiquinha Duarte, afirma que ela nasceu no dia 17 de Julho de 1895, na cidade de Ereré, no Estado do Ceará. Era filha de Manoel Lucas Sobrinho e Maria José de Souza.

Pedro Nél Pereira

Quando eu ainda residia na companhia do meu pai, Pedro Nél Pereira, fui um dos que sempre fazia favores a dona Maria José de Souza, a mãe de dona Chiquinha, como por exemplo: rachar algumas lenhas para ela usar no seu fogão, encher potes, ou fazer companhia a Antonio Rodrigues de Sousa, o "Naim", seu filho, que era retardado. 

Não tenho real certeza, mas me parece que dona Maria José de Souza faleceu com 104 anos, mas ainda era lúcida, cheia de vida e conhecia todos da sua convivência, sem trocar nomes de ninguém.

Francisco Duarte Ferreira - Chico Duarte

Dona Chiquinha era a segunda esposa do viúvo e fazendeiro Francisco Duarte Ferreira, conhecido por Chico Duarte,  dono de uma enorme propriedade, sendo esta  nomeada "Fazenda Barrinha", que se estendia ao Sul, pelo lado leste de Mossoró, começando pelos sítios Curral de Baixo, Angicos, Martelo, Tabuleiro Grande, Sítio São Francisco, Mururé, Barrinha, aonde era localizada a sua fazenda, e terminava no Norte, no Sítio Melancias, estremando com  as terras de um fazendeiro de nome Joca Correia.


Era médico e ex-senador da república Duarte Filho

Chico Duarte era pai do ex-senador Duarte Filho, e de Manoel Duarte Ferreira, sendo este último, o homem que na tarde do dia 13 de Junho de 1927, na ocasião da tentativa de invasão à cidade de Mossoró, pelo grupo do afamado Lampião, assassinou o cangaceiro Colchete e baleou o Jararaca.

Manoel Duarte - assassinou o cangaceiro Colchete e baleou o Jararaca

O casal também era pai adotivo da freira Letícia Rodrigues Duarte, (Irmã Aparecida), sendo esta filha de um dos irmãos do fazendeiro, mas foi criada e registrada como filha do casal.

Letícia Rodrigues Duarte  - Irmã Aparecida

Todos os meus tios, tanto os irmãos do meu pai como os irmãos da minha mãe, nasceram em sua propriedade, inclusive meus irmãos e eu.

Dona Chiquinha era uma mulher alta, de cor clara, costumeiramente só usava vestidos longos, isto é, abaixo do joelho, de preferência azul e estampado. Muito séria, mas era uma excelente pessoa. 


Escritor David de Medeiros Leite

Ainda segundo o David de Medeiros Leite ela fora a primeira motorista de Mossoró, mas alguns afirmam, ainda não comprovado, que ela também tenha sido a primeira enfermeira de Mossoró. 

Após a morte do seu esposo, dona Chiquinha fez inventário dos bens que haviam ficado em seu poder, entregando aos filhos do falecido (não eram seus filhos), as suas partes de terras, rezes, ovelhas e tudo que lhes era de direito.

www.adf.org.br

O que mais me chama a atenção até hoje, eram as suas fortes rezas, que quando um vaqueiro dava notícia que uma de suas rezes estava com bicheiras, ela se apoderava do terço, e iniciava uma longa reza. Dias depois, o animal havia sido curado.


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Como a palha da carnaubeira depois de seca não pode receber chuva, porque a água lavará o que é mais precioso, o "pó", geralmente apareciam nuvens preparadas para derramarem uma porção de água, e ela fazia o mesmo.  E sob o alpendre da sua casa, andando de um lado para o outro, e com o terço em mãos, iniciava as rezas. E não demorava muito para que as nuvens resolvessem mudar de direção.

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Dona Chiquinha tinha um desejo de que todos os filhos dos seus moradores estudassem, mas apenas eu tive o privilégio de satisfazer o seu desejo, quando cuidou da minha formação, levando-me para a Casa de Menores Mário Negócio.

Geralmente quando o meu pai me mandava até à sua casa para que ela o emprestasse isso ou aquilo, eu sempre dizia: "-Dona Chiquinha, papai mandou dizer que a senhora emprestasse a ele uma cangalha, por exemplo,  pra mode ele..." 

Esta expressão "pra mode" é muito usada pelo camponês, mas quando eu a pronunciava, parece que doía muito nos seus ouvidos. E todas às vezes que eu a usava, ela me dizia: "- Eu vou arranjar uma escola para você estudar, e deixar de falar esta expressão, "pra mode..., o que significa pra mode?"  - Perguntava-me ela. Eu que não sabia e nem tinha a mínima ideia o que significava, permanecia calado, apenas rindo.

UERN - http://propeg.uern.br

Eu agradeço muito o que ela me fez, por ter me trazido para Mossoró, apesar de ser desta freguesia, colocou-me em uma repartição do governo  - SAM - Serviço de Assistência ao Menor,  nos dias de hoje - FEBEM, e hoje sou formado pela Universidade do Rio Grande do Norte, - FURRN - atualmente UERN, e já me encontro aposentado pela Secretaria de Educação, mas não devo a outra pessoa, e sim, a dona Chiquinha Duarte. 

Sei que muitos me ajudaram durante o tempo em que passei estudando, como dona Caboquinha, dona Severina Rocha, Beatriz, Maria de Lourdes, dona Maria Estela, Dona Luci Pinheiro, irmã desta última, mas o passo principal foi ela quem me deu.

Francisca Rodrigues ou dona Chiquinha foi uma verdadeira mãe para todos os seus moradores. Faleceu em Mossoró, no dia 14 de Maio de 1988, bem próxima de completar  93 anos de idade.

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fonte:
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Se você achar que vale a pena e quiser perder um tempinho, clique nos links abaixo:

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Corisco, o Diabo Loiro


 

Cristino Gomes da Silva Cleto. Este é foi o nome de uma das figuras mais legendárias do cangaço, o terrível Corisco. Ou, Diabo Louro.

Figura atormentada pelo destino nasceu em 10/08/1907, num dia de sábado, na Serra da Jurema, no município de Matinha de Água Branca, em Alagoas. Filho de Manoel Gomes da Silva e de Firmina Cleto teve seis irmãos: Vicente, Francisco, Maria, Jovita, Teodora e Rosinha.

Seu pai morreu muito jovem deixando a viúva com a obrigação de criar sozinha, os filhos ainda pequenos. Dona Firmina, austera e moralista tratava os filhos com pulsos de ferro, surrando-os frequentemente por motivos nem sempre justificáveis. Cristino, de temperamento rebelde desde cedo, fugiu de casa ainda aos 14 anos de idade após uma destas memoráveis surras. Naquele tempo a família já morava na vila de Pedra de Delmiro/Alagoas.

Foi parar em laranjeiras, Sergipe, onde passou cerca de três anos trabalhando como entregador de leite. Em fins de 1923, volta para casa muito doente e é recebido pela mãe, saudosa e muito arrependida.

Em 1924 é convocado para o serviço militar, indo destacar em Aracajú/Sergipe. Alto, olhos azuis, loiro, bem parecido, inteligente e disposto, destaca-se entre os demais recrutas, atraindo para si a admiração dos superiores. Afeiçoa-se às armas, que aprende a manejar com precisão.

Em julho daquele ano o tenente Maynard participa de uma revolta contra o governo, ao qual se mostra infrutífera devido à reação do presidente, apoiado pelos “coronéis” do interior com suas milícias de jagunços. Tendo sido um dos mais exaltados no momento da sublevação, Cristino é também um dos mais perseguidos. Foge então para Pedra de Delmiro para esconder-se ao lado da família, mas em pouco tempo chega uma precatória solicitando sua prisão. Foge então para mais longe, Paraíba. Até então não imaginaria que passaria, a partir dali, a viver fugindo até o fim dos seus dias.

Na Paraíba, homiziou-se em Lagoa do Monteiro, terra do célebre bacharel-cangaceiro Santa Cruz, habitat dos valentões. Naquele tempo o sertão fervilhava de cangaceiros. A mudança não lhe foi benéfica.

Cristino por algum tempo foi trabalhar na roça e no trato com o gado, mas como nem sempre de trabalho vive o homem tornou-se frequentador assíduo dos forrós de fim de semana. Certa feita tira uma moça para dançar e recebe um “não”. Insiste, e é esbofeteado por um parente da moça. Apanhar na cara é uma desmoralização que o sertanejo não perdoa. Vai à casa do patrão, arma-se e despeja toda a carga de um rifle sobre o agressor, matando-o. Consegue fugir, indo ocultar-se em uma das fazendas do patrão. Estávamos nos fins de 1925.

É orientado pelo patrão a entregar-se às autoridades. Ele providenciaria que a pena lhe fosse branda. Confiante, Cristino se entrega e é levado a júri. O tiro lhe sai pela culatra e Pega 15 anos de prisão. O Estado naquela época, não tinha condições de manter prisioneiros encarcerados por tão longo período e normalmente resolvia o problema da maneira mais simples.

Escoltava-se um grupo de prisioneiros com penas iguais ou superiores a 15 anos, até um local deserto na caatinga, mandava que os infelizes cavassem suas próprias covas e fuzilava-os à queima roupa. Às vezes, para economizar munição ou não fazer barulho, optava-se pelo processo da sangria lenta: “Ferro na taba do queixo… feito bode”.

Por sorte, Cristino ficou numa cela com oito companheiros, e um deles era protegido pelo prefeito do lugar. Poucos dias depois recebe uma sacola com alimentos, contendo ainda ferramentas para a fuga e um bilhete avisando que no dia seguinte todos seriam fuzilados e que por isso tratassem de fugir enquanto era tempo. No dia seguinte, quando o sol nascia na Paraíba, Cristino era novamente um homem livre.

Vai parar em Villa Bela (atual Serra Talhada), refugiando-se na fazenda Carnaúba, reduto da família Pereira, celebres no Pajeú devido aos aguerridos combates contra as famílias Nogueiras e Carvalhos. Né da Carnaúba precisava de homens valentes na sua terra para utilizá-los quando necessário, colocando-o entre seus moradores. Novamente Cristino volta pra a vida normal de cuidar do gado e da roça. Estávamos no inverno de 1926. Certo dia, o filho do prefeito de Villa Bela, em visita à fazenda Carnaúba, reconhece Cristino e avisa a seu Né que seu pai recebera uma precatória para sua prisão, e que se fosse levado para a Paraíba seria certamente executado no caminho.

O conhecido fazendeiro explica a situação para Cristino e o aconselha que a única solução seria ingressar no bando de Virgulino Ferreira, Lampião, celebre cangaceiro que à época já chefiava cerca de 100 homens em armas, travando uma guerra de vinditas contra a família Nogueira, esta, ligada aos Carvalhos, inimiga dos Pereiras. Lampião, nesta época já ostentava a patente de Capitão das forças legalistas, dada meio à força pelo Padre Cícero do Juazeiro do Norte, após um convite firmado para que o cangaceiro combatesse a coluna prestes que, em formação de caravana, invadia o sertão.

Lampião, ao ouvir as razões que o fizeram virar um foragido da justiça, resolve admiti-lo no bando, colocando-o sob a chefia de Jararaca, um valente cangaceiro natural de Buique/PE. Jararaca, ao conhecer o alagoano Cristino, vai logo dizendo que o mesmo tem que mudar de nome, pois cangaceiro tinha que ter um vulgo que impusesse medo. Seu primeiro tiroteio foi logo no dia seguinte na fazenda Tapera, quando fora chacinada a família Gilo (este, um assunto guardado para páginas seguintes, devido à gravidade dos fatos e a um grande mal que assolava o sertão na época. O Boato). A partir daquele dia, diante da bravura, agilidade e intrepidez do louro Cristino, este ganhou o apelido de Corisco.

Corisco ficou no bando até maio de 1927. Tanto isso é verdade que não se vê a sua presença no grande ataque à cidade de Mossoró/RN em 13/06/1927. O mesmo tentara deixar o cangaço e mostrara a Lampião que queria começar vida nova. Viver sem ser perseguido. Tinha muita vontade de ir para a Bahia, terra dos seus pais e onde ainda tinha muitos parentes. Queria montar um comercio ou entrar na polícia. Queria levar uma vida sossegada, pacata. Lampião ouviu suas razões e disse que não tinha problema, poderia ir quando quisesse, mas que tivesse cuidado, pois se descobrissem que ele havia participado do bando de Lampião seria morte certa. Disse-lhe ainda que no dia em que quisesse voltar seria bem recebido.

Corisco, agora com o nome de Cristino de novo, vai para Salgado do Melão e fica no meio dos parentes. Era cidadão comum de novo e nova vida iria recomeçar. Um homem valente não passa despercebido e em pouco tempo Cristino foi convidado para ser guarda costas do Coronel Alfredo Barboza, em Vila Nova da Rainha. O serviço não exigia tempo integral e o ex-cangaceiro, agora regenerado, dedicava-se também ao comercio de pequenos animais, abatendo-os e vendendo a carne nas feiras semanais. Data desta época o desentendimento do jovem feirante com o delegado Herculano Borges, quando Cristino reclama da cobrança abusiva de um imposto na feira, é brutalmente agredido pelo delegado e seus ajudantes. Com mais esta desmoralização Cristino opta por não se vingar imediatamente, pois caíra nas graças do coronel e até noivo estava de uma sobrinha sua, a Marieta, e já tinha também a promessa de montar uma mercearia quando desposasse a donzela.

Novamente o destino lhe é cruel. Cristino tinha uns primos envolvidos em questões, coisa comum naquele sertão sem lei, e ele termina arrastado naquele desmantelo de desavenças e intrigas. São emitidas precatórias para a prisão dele e dos primos. Este, com o sonho do casamento desfeito, passa a viver escondido no mato, enquanto seus parentes passam a sofrer todo tipo de perseguição.

Herculano Borges, antes indisposto com ele, agora não lhe dá sossego. Vários de seus parentes são torturados, castrados, violentados, assassinados pelas volantes e, acreditem alguns até enterrados vivos.

Cristino perde tudo. Comercio, noiva, emprego, família, e volta novamente para a clandestinidade. Agora, com o coração ardendo em ódio, une-se a Ferrugem, Hortêncio, vulgo Arvoredo, Emilio Ribeiro, vulgo Beija Flor e Manoel Cirilo, vulgo Jurema, quase todos os primos seu. E ele… De novo, e agora para sempre: Corisco, o Diabo Louro!

É nesta época que Corisco se apaixona por uma jovem de 12 a 13 anos de idade, sequestrando-a, leva a donzela para casa de parentes seus. Não sem antes violentá-la e fazê-la, mesmo à força, sua mulher. A moça se chamava Sérgia, e quando Corisco consegue enfim trazê-la para perto de si, passa a tratá-la com desvelo e delicadeza tamanha que a mesma se apaixona pelo facínora. Sérgia seria futuramente a Dadá, mulher valente, perversa e considerada a princesa do Cangaço. Corisco passa a atuar com grupo próprio nos meados de Agosto de 1928. Já em Dezembro do mesmo ano vamos vê-lo incorporado ao bando de Lampião quando este viajava em rota batida, fugindo dos desafetos de Pernambuco, indo se homiziar em terras baianas. No dia 17/12/1928, o grupo do cangaceiro Lampião é fotografado na vila de Pombal (ver foto abaixo), com um contingente reduzidíssimo, devido as perseguições, mortes, prisões e debandadas de alguns cangaceiros.

 
Ao lado do Capitão Lampião está o que restou dos seus melhores homens: Ponto fino (Ezequiel, seu irmão), Moderno (Virgínio, seu cunhado), Luiz Pedro (seu lugar tenente), Antonio de Engracia, Jurema, Mergulhão e por ultimo, Corisco.  

A partir deste ano de 1928 até maio de 1940 muitos crimes foram perpetrados pela horda assassina. A maioria era crime de vingança, como o assassinato do Delegado Herculano Borges, assunto que brevemente iremos postar. Contudo, no dia 03 de Maio de 1940, Corisco já considerado o novo Rei do Cangaço, devido à morte do seu Chefe e amigo Lampião em 28 de junho de 1938, – dois anos antes da sua – resolve fugir com a mulher Dadá e apenas uma criança de 10 anos que os acompanhava. Corisco planejava fugir para Mato Grosso ou Goiás, pois tinha muito ouro guardado e negava-se se entregar à volante, pois sabia que com certeza seria morto, pois ali a única coisa que interessava à polícia era o seu dinheiro.

E foi no que se deu. O tenente Zé Rufino, policial pernambucano que prestava serviço à Bahia, estava no seu encalço. Corisco, devido às diversas escaramuças e fugas da volante, estava debilitado e seus dois braços ficaram inutilizados por força de ferimentos à bala em tiroteio recente. Dadá, sua mulher, passara a usar o fuzil no seu lugar. A volante alcança-o em Barra do Mendes, município de Brotas de Macaúbas, na fazenda Pulgas, onde se escondia.

A volante toma posição, cercando a tapera em que o cangaceiro se escondia. O tenente Rufino grita:

- Aqui é o Tenente Zé Rufino! Se entreguem que eu agaranto a vida de voceis!

Na saída do casal de dentro da casa o que se ouve é uma fuzilaria infernal. Era Dadá, que atirava com o fuzil por sobre o ombro do marido aleijado e impotente. A resposta é imediata. Corisco, metralhado na barriga, tomba desfalecido, com as vísceras expostas. Dadá, ao seu lado urra de dor com um dos pés dependurado nos tendões.

A volante se aproxima. Um soldado coloca para dentro os intestinos do velho cangaceiro, dizendo:

- Tenente, esse aqui já era! Tá fedendo a merda, e fedeu a merda é morte certa, não é?

Zé Rufino se apresenta para Corisco e pergunta:

- Pru quê num si intregô, Rapaiz?

- Tô sastifeito. Sô homi pra morrê, não pra sê preso! Respondeu Corisco.

Corisco, após este episódio, veio a falecer algumas horas depois. Dadá, levada presa, teve a perna amputada. O tenente Zé Rufino, se transformou num herói, por ter sido o responsável pelo fim do cangaço no sertão nordestino, fechando assim um ciclo terrível que lavou o sertão de sangue e desgraça. Ciclo este só comparado às entradas dos Bandeirantes, que chacinavam índios indefesos dentro de suas próprias terras, em nome do processo de colonização. Mas esta já é outra estória! 

http://www.luizberto.com/bau-de-estorias-paulo-moura/corisco-o-diabo-louro 

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Hospital de Caridade de Mossoró - 09 de Fevereiro de 2014 às 12:20

Por Geraldo Maia do Nascimento




A idéia da criação do primeiro hospital de Mossoró surgiu em 14 de junho de 1920, por ocasião de um almoço no Grande Hotel, oferecido ao comércio local por um grupo de representantes comerciais. Na ocasião, Antônio Decusati, um representante da empresa Alvadia Novais & Cia, do Rio de Janeiro, usando da palavra, convidou os presentes para trabalhar em prol da criação de uma instituição hospitalar de caridade. Sugestão aceita, formou-se, de imediato, um Comitê para tal fim. O Comitê era formado por: Dr. Francisco Pinheiro de Almeida Castro, presidente; Cel. Delfino Freire da Silva, vice-presidente; Dr. Rafael Fernandes Gurjão, secretário e Cel. Luiz Colombo Ferreira Pinto, tesoureiro. Já no dia seguinte, o Comitê compareceu a uma reunião na Sala das Sessões da Associação Comercial de Mossoró, onde foi lavrada a ata de criação do “Comitê Central”.


Apesar do esforço dos membros do Comitê, só em agosto de 1925 é que foi lançada a pedra fundamental do Edifício do Hospital de Caridade de Mossoró, por D. Pereira Alves, Bispo de Natal. O início da construção, no entanto, teve que esperar mais um ano. Assim, em setembro de 1926, foi iniciada a construção propriamente dita sob a direção do Sr. Vicente Carlos de Sabóia Filho. Essa primeira fase se constituiu no levantamento das paredes e durou até novembro de 1928, quando foi paralisada por falta de verba.

A Segunda fase da construção começou em 1930. O Comitê era constituído nessa ocasião por: Antônio Florêncio de Almeida, vice-presidente em exercício; Dr. Vicente de Almeida, tesoureiro e Joel Carvalho de Araújo, secretário. Nessa fase foi erguido o teto e revestidas as paredes, de modo que em 1932, quando uma terrível seca assolou o município, já pode ser instalado nele um hospital de emergência para as vítimas da calamidade.

Em 27 de dezembro de 1933 era eleita uma nova diretoria para o Comitê, formada por: Vicente Carlos de Sabóia Filho, Diretor Geral; Padre Luiz Mota, vice-Diretor Geral; Dr. Aldo Fernandes, secretário; Joaquim Felício de Moura, tesoureiro; Dr. João Marcolino de Oliveira, Diretor Médico e Dr. Otoni Soares, vice-Diretor Médico. Com a renúncia dos Drs. Aldo Fernandes e Otoni Soares, substituídos respectivamente pelos Drs. Lahire Rosado e Francisco Duarte Filho. Essa diretoria conseguiu concluir a construção do prédio, de modo que em 2 de fevereiro de 1938 era inaugurado o Hospital de Caridade de Mossoró, 18 anos depois da criação do Comitê.

Mas, mal começou a funcionar, observou-se que a procura era muito maior do que a capacidade de atendimento do hospital, fazendo-se necessário, de imediato, uma ampliação. E no mesmo ano da inauguração foi iniciada a construção de um pavilhão destinado aos serviços externos e dependências domésticas, que juntamente com um gabinete de Raios X, um Ambulatório de Ginecologia, uma lavanderia e um poço tubular destinado ao abastecimento de água, eram inaugurado em 1939, graças ao apoio recebido da Prefeitura Municipal e da Associação Comercial.

Em 1940 era inaugurado um Gabinete Dentário e uma cisterna, para captação de água. Em 1941 foram construídos dois ambulatórios antivenéreos, um necrotério, um Laboratório de Análise, um posto anti-rábico, dois pavilhões para isolamento com capacidade para 12 leitos cada um e um Pavilhão para pensionista com dois apartamentos e nove quartos.

E foi assim que o Hospital de Caridade de Mossoró foi construído. Fruto da benevolência dos cidadãos mossoroenses, que acatando a idéia de um visitante, abraçaram a causa e lutaram para realizar um sonho, sonho que durou 18 anos até se tornar realidade. Dos que abraçaram a causa do Hospital de Caridade de Mossoró, muito há ainda por dizer, “porque de feitos tais, por mais que se diga, mais me há de ficar ainda por dizer” (Camões, III.5).

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Autor:

Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:

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