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segunda-feira, 4 de abril de 2022

ESCRITOR CAPOEIRENSE JUNIOR ALMEIDA LANÇOU SEU NOVO LIVRO EM PAULO AFONSO - BA

  

O escritor capoeirense Junior Almeida, na noite da sexta-feira, 25/03/2022, lançou seu novo livro, ‘Lampião em Serrinha do Catimbau’. O lançamento ocorreu durante o evento Cariri Cangaço realizado na cidade de Paulo Afonso, Bahia.

Lampião em Serrinha do Catimbau, narra a investida de Lampião e seu bando a Serrinha do Catimbau, na época um distrito pertencente a Garanhuns e, hoje município de Paranatama. O livro traz fatos novos sobre o episódio no qual Maria Bonita foi alvejada com um tiro na região glútea, obrigando Lampião e seu bando saírem em retirada.

- Apresento ao público uma dedicada e extensa pesquisa, onde trago à tona a rota de fuga do bando, após o fogo de Serrinha, o local em que Maria do Capitão ficou em tratamento, bem como seu algoz e seu anjo da guarda, o homem que tratou de Maria Bonita durante quarenta dias, então, nada melhor que um livro que fala tanto sobre a célebre pauloafonsina, ter o seu primeiro lançamento justamente em sua terra." - Disse o pesquisador Junior Almeida.


Este é o quarto livro publicado pelo autor; a capa da obra é criação do professor Ademar Cordeiro.

Brevemente a obra será lançada na cidade de Paranatama e possivelmente em outros municípios da nossa região.

Junior Almeida e escritor, autor dos livros: "A Volta do Rei do Cangaço"; “Lampião, o Cangaço e outros fatos no Agreste Pernambucano” e “Capoeiras, Pessoas, Histórias e Causos’. Ele reside na cidade de Capoeiras - PE, onde é comerciante.




https://blogcapoeiras.blogspot.com/2022/03/escritor-capoeirense-junior-almeida.html?fbclid=IwAR0oY6NV0qs5cB4FfyXVwYxTU25VYpgAKQXwQ6QD1hphg1T9Dyc2Yb-3aWo

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A CULTURA DO CANGAÇO NA OBRA DE ARQUIMEDES MARQUES

 Por FUNDAÇÃO DE CULTURA E ARTE APERIPÊ - APERIPÊ TV

https://www.youtube.com/watch?v=lfq9qN3Ao5Q

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AS MUDANÇAS DO SERTÃO

"No Crato, depois de muito tempo ausente da região, Gonzagão lançou A volta da Asa Branca em um marquise. Um comércio impotente que não podia pagar o cachê, mas a vontade de cantar ali era muito grande. 

Começou a cantar e quando entrou no verso "sertão das muies serias, dos homes trabaiadó", um sujeito da plateia gritou: "Gonzaga, faz muito tempo que você não vem aqui!"

(Do livro Porque o rei é imortal, de Jose Nobre Medeiros e Antonio Francisco da Costa)

 http://hotsites.diariodepernambuco.com.br/2012/gonzaga/causos.shtml

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AINDA SOBRE BALA DE ALGODÃO.

 Por José Cícero da Silva

Convalescendo só hoje pude de fato iniciar a leitura do livro BALA DE ALGODÃO de autoria do confrade e conterrâneo missãovelhense o dr. João Macedo Coelho Filho.

Um verdadeiro timbungar no denso e eterno riacho corrente de parte substancial das memórias históricas da terrinha e, em especial, acerca da controversa deposição por meio das balas, do seu bisavô 'Sinhor Dantas", pela força da violência do afamado cel. Izaias Arruda de Figueiredo num período que se estende de 1926 a 1928. Além de várias outras nuances historiográficas de MV e do Cariri, inclusive, com informes alicerçados em diversos jornais da época. Recomendo. Posto não ser de somenos esta leitura.

De sorte que aqui também aproveito o ensejo para agradecer ao autor pelo presente da obra a mim oferecida e, especialmente autografada. Obrigado.

https://www.facebook.com/josecicero.silva.33/posts/10220954281548430?notif_id=1649092739036219&notif_t=tagged_with_story&ref=notif

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CORISCO - O DIABO LOIRO. A REVOLTA NO EXÉRCITO, O PRIMEIRO ASSASSINATO, SUA PRISÃO, CONDENAÇÃO E FUGA, PRIMEIRA PASSAGEM NO BANDO DE LAMPIÃO. - 1924-1926.

 Do acervo do Guilherme Velame Wenzinger

Ao contrário do que muitos pensam, Cristino Gomes da Silva Cleto, o Corisco, não entrou para o bando apenas após a passagem do grupo para a Bahia em Agosto de 1928. Este momento marcou o RETORNO dele para o cangaço. Em 1924 Cristino participa de uma sublevação no exército, revolta contra o tenente Maynard. O mesmo foge junto com outros militares e busca refúgio com a família em Pedra de Delmiro, no entanto, uma precatória fora expedida pedindo a sua prisão. Caiu no mundo e foi parar em Lagoa do Monteiro na Paraíba, lá encontrou trabalho e continuou levando sua vida normal. Em uma sexta-feira, num forró local, Cristino chamou uma moça para dançar duas vezes e a mesma recusou, um rapaz que estava no local achou o ato ofensivo e deferiu alguns tapas em Cristino, este, que com toda a valentia de um sertanejo e não podendo acreditar no que aconteceu, foi até a casa do seu patrão, pegou um rifle, voltou ao ambiente e matou o homem, na correria conseguiu fugir e se encontrou com seu patrão, sendo recomendado pelo homem que ele se entregasse a polícia. O homem louro aceitou a recomendação, entregou-se e foi preso, posteriormente recebeu uma condenação de 15 anos, nesta época era entendimento que todo homem que recebesse pena maior do que 15 anos fosse morto. Ficou encarcerado com mais 8 homens, um destes era o "líder", de nome "Cordonis", este famoso ladrão de cavalos. Um dia Cordonis recebe do prefeito uma cesta com alimentos, dentro havia frutas, uma talhadeira, um martelo e um bilhete com os dizeres:

"Me compadeci da situação de vocês. O que pude fazer é isso. Vão fuzilar os presos amanhã de madrugada."

E assim os presos começaram a cavar um buraco na cela, omitindo o barulho cantarolando. Os presos conseguiram êxito e começaram a fugir, um dos 9 que estavam na cela, este que não conseguiu sair pelo buraco gritou: "Us preso tão fugino!". Dois presos que ainda estavam dentro da cela antes de sair acabaram por matar o delator, com pancadas de cabo de madeira e uma garrafada no pescoço. Os soldados percebendo a fuga começaram a atirar nos criminosos em fuga mas não conseguiu pegar nenhum deles. 10 anos depois, um dos soldados que estavam nesse dia e era carcereiro reencontraria Corisco, mas não mais pelo lado da lei, e sim como cabra de Virgínio, este vinto a ser o cangaceiro Serra de Fogo. Dadá contou ao Dr. Antônio Amaury que Serra de Fogo sempre ficava desconfiado quando encontrava-se com o bando de Corisco. Após a fuga, o ainda Cristino perambulando pela caatinga topa sozinho com a força volante de Nego Higino, ele se esconde e aguarda a tropa passar, depois dá alguns passos e se encontra com dois membros da força, dois negros altos, que estavam mais para trás, estes gritam com Cristino, o chamam de coiteiro e perguntam sobre Lampião, este responde que não sabe de nada, sendo rebatido pelos policiais. Os dois largam Cristino e voltam para seguir a força, a partir desse dia Corisco nutre uma certa aversão e preconceito a negros.

No início de 1926, Cristino estava trabalhando em Vila Bela onde foi apresentado ao fazendeiro José Carlos, dono da Fazenda Condado, onde foi chamado para trabalhar na lavoura dando duro no cabo de enxada. Um certo dia Cristino se desentendeu com José Carlos, pediu as contas e foi embora, pedindo abrigo na fazenda Maxixeiro, esta de propriedade de Simplicio Pereira Maranhão e Josefina Pereira Maranhão, esta neta do Barão do Pajeú.

O ano de 1926 continuou com algumas viagens, visitas a família e outras passagens menos importantes para Cristino. Mas neste ano ele conheceu um fazendeiro chamado Neco Valões que ficou muito seu amigo e estava amasiado com sua prima, Bernardina. Neco Valões viria a ser o personagem principal do encontro de Lampião com Corisco. Neco certo dia pediu a um coiteiro de Lampião para em descrição marcar um encontro deles, este local foi acertado na localidade de "Poço de Dentro". Enquanto esperava o dia da visita, o fazendeiro recebeu a visita de algumas pessoas de Vila Bela, dentre estes, o filho do prefeito, que acabou por reconhecer Cristino. Chamando Neco Valões para um local isolado, este disse:

""Seu Neco, o meu pai recebeu uma precatória para a prisão desse moço. É caso doloroso, eu sei. Ele vai ser morto, não é nem pra chegar na cadeia."

Neco Valões viu a precatória e foi avisar a Corisco sobre o ocorrido, e assim o propõe:


"Você vai ter que sair daqui. Só vejo um jeito de escapar. Quer ir para onde está Lampião?"

Sob a ameaça de morte e vendo que não tem o que fazer, Cristino responde: "Eu vô".

Dias depois Neco foi ao encontro de Lampião no dia marcado e contou a situação do rapaz, pedindo para Lampião que o aceitasse no grupo. O Rei do Cangaço marcou a entrada de Cristino nas proximidades da vila de Santa Maria, no povoado "São Francisco. Era 24 de agosto de 1926 quando no ponto marcado Neco Valões se despediu de Lampião e Cristino, este que agora faria parte de seu bando. Lampião gostou do que viu do novo "cabra", jovem aloirado, alto, forte. No mesmo dia Virgulino entregou Cristino aos cuidados de um afamado cangaceiro, o José Leite de Santana, vulgo Jararaca, este disse ao chefe que se encarregaria dos cuidados e de dar um nome de guerra ao novo cangaceiro. No dia 26 de Agosto de 1926 o bando saiu em direção a fazenda Tapera, o atacado era Manoel Gilo, o bando cercou a casa e o "pau quebrou", Manoel Gilo estava acompanhado de apenas mais 4 homens dentro da casa. Depois de horas de intenso tiroteio e apenas Manoel Gilo resistindo o mesmo é preso pelos cangaceiros e levado até a presença de Lampião, que acaba por ser morto pelo cangaceiro Horácio Grande(esta morte de Gilo pode ser explorado pesquisando no google por "Massacre da família Gilo"). Depois do combate, Jararaca tendo reparado no rápido manejo de Cristino com o "papo amarelo", vendo as chamas amarelas do cano como "relâmpagos", vendo que a rapidez do rapaz era como um raio, sim, um raio, mas este nome não ficaria bom. O moço loiro atira e rola no aceso da luta: Corisco. E assim foi batizado e nasceu o cangaceiro Corisco, o Diabo Loiro, um dos mais afamados cangaceiros da história do Nordeste.

Informações retiradas do livro "Gente de Lampião - Dadá e Corisco" do Dr. Antônio Amaury. Vale ressaltar que nem tudo são transcrições, mas sim descrito com minhas palavras acerca daquilo que está no livro. Terá continuação.

https://www.facebook.com/photo/?fbid=5452149171540338&set=gm.1875515255990743

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IMBURANA

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de abril de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.684

Existem árvores na caatinga, verdadeiras preciosidades pelo porte, pela utilidade, pela beleza. Pena que a mata nativa já tenha sido amplamente devastada, muito boa parte dela por completa ignorância dos nossos agricultores passados. Mas, sempre encontramos fazendas com reservas de mata nativa, conservadas pelo próprio fazendeiro. Nelas geralmente encontramos todas ou quase todas as espécies contidas na literatura da caatinga. Tivemos a felicidade de participarmos de uma visita a uma dessas fazendas no município de Poço das Trincheiras, durante uma pescaria magra de açude. Em torno da barragem havia uma reserva de mata deixada pelo matuto proprietário. Admiramos a exuberância da caatinga, extremamente verde com um complexo invejável de espécies e cuja penetração na mata era muito difícil.  

IMBURANA-DE-CHEIRO (CRÉDITO EMATER)

Encontramos logo no início a Imburana (Commiphora leptophloeos). A imburana pode ser de cheiro e de cambão. A primeira é muito valorizada, a segunda, nem tanto. A imburana é uma árvore de grande variação na altura. É bastante utilizada no Sertão em cercas de fazendas, em acessório de carro de boi e no uso de ancoretas para armazenagem de aguardente. Isto sempre como preferência a imburana-de-cheiro. Sua casca tem certa semelhança com o chamado “pau-ferro”, em algumas regiões denominado “Jucá”. Tem o seu tronco de película ligeiramente enrolada, num fenômeno único.  A imburana-de-cambão, não presta para muitas coisas, mas é utilizada em galhos tortos para fazer cambão, pelos vaqueiros. O cambão é uma peça que é usada no animal de porte para que ele não se distancie muito ou como castigo, daí o nome imburana-de-cambão.

No mundo sertanejo, quando um do casal quer ter o domínio absoluto sobre o outro, se diz: “quer botar cambão”. Em Santana do Ipanema havia um casal: Zé e Regina Cambão que moravam por trás do Comércio, na Rua Prof. Enéas. Extrema pobreza, ele varredor de rua, ela, prestando serviços com vasculhamento de casas. Ambos moravam numa pequena casa de taipa que havia ficado como peça de museu, defronte ao Poço dos Homens. Pois assim são as coisas simples, naturais e humanas do nosso mundo interiorano.

A propósito, imburana em Tupi é Árvore d’água, falso imbu.

Você aceitaria cambão?

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O BOIADEIRO DO CIRCO EM SANTOS

 

Zé Dantas e Luiz Gonzaga

"Certa vez, no circo em Santos, quando ele começou a fazer a introdução da música "A volta da Asa Branca", alguém da plateia, antes do Gonzagão começar a cantar, canta: 

"Vai boiadeiro que o dia já vem/ leva o seu gado e vai pra junto do seu bem".

O circo quase vem abaixo de tantas risadas. Quando se fez silêncio, Gonzaga voltou a fazer a introdução e começou a cantar: 

"vai boiadeiro que o boi já fugiu...". 

O cabra completou: 

"leva o teu gado e vai pra puta que pariu". 

O circo veio abaixo novamente."

(Do livro Porque o rei é imortal, de Jose Nobre Medeiros e Antonio Francisco da Costa)

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LIVRO DO JOÃO DE SOUSA LIMA


Uma Grande aventura narrada em 268 páginas direto das pessoas que vivenciaram os fatos.... para adquirir: direto como autor: 75-988074138 ou supermercado Suprave e ainda no Maria Bonita Turismo (térreo do hotel San Marino).

https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?multi_permalinks=2175506229280148&notif_id=1649033251114895&notif_t=feedback_reaction_generic&ref=notif

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COITEIRA DE LAMPIÃO

 Por Odisseia Cangaço

https://www.youtube.com/watch?v=VX5FiJlawXI

O Odisseia Cangaço se embrenhou nas caatingas de Canindé, em Sergipe, para conversar com a Dona Maria Marinho, esta simpática senhora filha da ex coiteira, e pessoa de extrema confiança de Lampião, a Dona Delfina. O intuito da conversa era coletar informações sobre o local da morte do cangaceiro Juriti - vide programa Odisseia Cangaço n° 33, "A Morte de Juriti". Mas a conversa rendeu grandes revelações sobre a época do cangaço e sobre a intimidade com os cangaceiros em sua casa, formando um programa especial aqui no Odisseia. 

Gostaríamos de agradecer veementemente aos grandes pesquisadores Aderbal Nogueira e João de Souza Lima por toda contribuição e carinho. Um forte abraço do Odisseia Cangaço a vocês. Se inscreva no Canal Odisseia Cangaço e deixe seu Like.

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A HISTÓRIA DA DONA DE BORDEL QUE SE TORNOU A BEATA MAIS LINHA DURA DE SERRA TALHADA.

 Por Géssica Amorim

Crédito: Géssica Amorim/MZ Conteúdo

O único retrato de Maria Cordeiro que se tem notícia está guardado na Casa de Cultura de Serra Talhada, junto às imagens e histórias de outras personalidades importantes para a cidade. Segundo informações do acervo da instituição, teria sido na década de 50, durante uma passagem de Frei Damião por Serra Talhada, que Maria Cordeiro decidiu se converter. Ao ouvir uma das pregações do frade, que viajava pelo sertão do Pajeú em uma de suas missões, Maria teria sido tocada e, então, resolvido abandonar a vida de prostituição e aliciamento de meninas e decidiu deixar tudo para trás e mudar o seu destino. 

A história exposta na Casa da Cultura conta que Maria Cordeiro abriu mão do dinheiro que acumulou se relacionando com ricos fazendeiros da região, dos seus pertences, e da casa onde morava, para passar a viver de caridade, sob a guarda do padre espanhol Jesus Garcia Riaño, que chegou à cidade em 1936 e permaneceu à frente da Paróquia de Nossa Senhora da Penha, padroeira de Serra Talhada, por 54 anos. 

A agora beata, que dormia no chão de um quartinho da Matriz de Nossa Senhora da Penha sem lençóis ou qualquer conforto, por muito tempo, foi proibida de frequentar missas e assistir a casamentos locais. Carregando o estigma de mulher desonrada e mal vista pelos serratalhadenses da época, Maria deixou o bordel para tocar o sino, cuidar da limpeza, preparar as missas e organizar a igreja onde muitas vezes foi rejeitada. 

 Crianças da época, hoje pessoas adultas, contam que Maria era uma figura sisuda, séria, brava e muito rígida. Andava com um vestido fino de algodão azul, com um corte que lembrava as vestes franciscanas, e usava um cordão branco amarrado à cintura, além de um véu cobrindo os cabelos e parte do rosto. 

Quem foi vítima da rigorosa e inflexível ira de Maria Cordeiro à frente da organização da igreja matriz foi dona Maria das Graças de Moraes, 61 anos, conhecida como Gracinha do Padre, que, àquele tempo, tinha 14 anos. Um dia, Gracinha, com traquinagem de criança, tocou o sino da igreja sem permissão e fora de hora. Maria não poupou a menina do seu desagrado, lhe advertindo com dureza e fúria.

Dona Gracinha do Padre. Crédito: Géssica Amorim/MZ Conteúdo

Apesar do sermão e do desgosto, Gracinha do Padre foi a escolhida por Maria para lhe substituir. Gracinha, que era sobrinha de dona Doralice, amiga íntima de Maria Cordeiro, aprendeu com a beata a organizar a igreja e o altar para o início e andamento das missas, até, finalmente, ocupar o seu lugar. 

Segundo Gracinha do Padre, Maria Cordeiro lhe ensinou “com muito gosto e paciência”. Atenta, ela aprendeu tudo e, às 18h30 do dia 02 de fevereiro de 1974, acendeu as luzes, organizou o altar e tocou o sino da igreja de Nossa Senhora da Penha para anunciar a missa da noite. Horas antes, às 6h30 da manhã daquele dia, Maria Cordeiro havia falecido, vítima de uma crise aguda de asma. “Ela tinha mais de 80 anos, com certeza. Aquela figura enjoada, bruta e malcriada era só por fora. Comigo, apesar da bronca que eu levei por me intrometer e tocar o sino da igreja, ela era muito boa pessoa. Ela vivia de caridade mesmo. As pessoas é que davam comida a ela. Eu ia buscar o almoço dela um dia na casa de um, outro dia na casa de outro. Ela deu tudo o que podia para a igreja. A sua disposição em servir era admirável”, conta Gracinha. 

O corpo de Maria foi velado na igreja Matriz. Muitos serratalhadenses compareceram ao seu velório e acompanharam o cortejo até o cemitério local, onde foi enterrada e o seu túmulo marcado com uma cruz que, um dia, esteve no alto da Igreja de Nossa Senhora da Penha. Gracinha conta, ainda, que padre Jesus segurou uma das alças do caixão de Maria demonstrando muita tristeza, lamentando ao longo de todo o caminho até o cemitério público municipal. “Padre Jesus ficou muito abalado. Ele gostava muito de Maria. Ela cuidava de tudo mesmo. Era como uma mãe para ele. Ele segurou o caixão até a chegada ao cemitério, como alguém da família, estava muito triste”.

Após o falecimento de Maria Cordeiro, Gracinha do Padre passou 20 anos à frente da organização da Igreja. Hoje, ela trabalha vendendo doces e artigos religiosos em frente à lotérica da praça Doutor Sérgio Magalhães, em Serra Talhada. Quem quiser saber sobre Maria e o tempo em que ela viveu, pode chegar até a banca de Gracinha, que, gentilmente, ela irá contar a história da cafetina que virou beata e outros personagens e acontecimentos que testemunhou. A poucos metros, também na praça Doutor Sérgio Magalhães, está o pequeno museu que cujo acervo trata da história da cidade e de gente como o forrozeiro Assisão, o cangaceiro Lampião, o padre Jesus e a beata Maria Cordeiro.

Frei Damião em uma de suas passagens por Serra Talhada. Crédito: Reprodução/Blog Farol de Notícias

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