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domingo, 5 de agosto de 2018

TEMPO BRABO

Clerisvaldo B. Chagas, 2 de agosto de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 1.955

        Madrugada caiu gelo no Sertão alagoano, meu compadre. Essa era a expressão usada por minha sogra e com razão. Céu limpinho, limpinho, mas foi preciso um casaco e dois cobertores para aguentar o tranco. Julho recebeu agosto pocando, como também diz a juventude. Mas as chuvas principais que são aguardadas em julho vieram este ano apenas como amostra grátis. E como o nosso chamado inverno geralmente tinha como limite o dia 15 de agosto, foi um fracasso. O mês em que nós estamos costuma ser o mais frio do sertão, notadamente, na primeira quinzena. Entretanto, a frieza muitas vezes destruiu os feijoais, seguida de pragas de lagartas. Novamente o homem do campo bota as mãos na cabeça e desengana.
NEBLINA. (FOTO: GOVERNO DE SÃO PAULO).
Pela manhã só aparece a neblina ou nevoeiro, isto é, uma formação de nuvens pouco espessas próximas da superfície, provocadas pelo resfriamento e condensação do ar úmido, também próximo da superfície. Isso ocorre, geralmente em noites claras, de céu límpido, sobretudo no inverno e no outono. O solo perdendo rapidamente calor provoca o resfriamento do ar das camadas contíguas à superfície, e a umidade condensada aparece sob a forma de nevoeiro, que tende a acumular-se nos vales e nas planícies. Isso porque o ar frio, sendo mais pesado, geralmente se concentra nas partes mais baixas do relevo. Nem sei se o compadre estar entendendo alguma coisa, mas é assim que a Geografia diz.
Chamamos também de orvalho outro fenômeno parecido.  Este aparece quando o ar durante a noite resfria-se abaixo do ponto de saturação. Esta forma de condensação ocorre muito próxima da superfície e pode ser observada nas plantas e nos objetos ao amanhecer. Quando, porém, a condensação ocorre com temperaturas inferiores a 6C, surge a geada, representada pela formação de uma camada fina de gelo sobre a vegetação e outros objetos.
A propósito, também chamamos no sertão a condensação do orvalho no início da noite, de sereno. As crianças são sempre advertidas pelos pais: “Saia do sereno, Mané!”
Ô Sertão velho de guerra!


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AQUELA CURVA DO RIO

*Rangel Alves da Costa

Logo ao amanhecer deste sábado eu segui rumo ao Velho Chico. Belo São Francisco, que mesmo sem a pujança caudalosa de antigamente, ainda encanta e maravilha a quem sua feição avistar. E foi para esse encantamento que segui viagem.
Ali pertinho. Da cidade de Poço Redondo, no sertão sergipano, até suas beiradas, são apenas 14 km. Primitiva aldeia, antigo porto, lugar que no passado foi de grande fluxo comercial, atualmente Curralinho sobrevive basicamente do que o Velho Chico ainda possa oferecer.
Como dito, já não oferece como antigamente, pois as águas magras, a falta de peixes e as carências de seu povo, provocam um sentimento de verdadeira aflição. Basta olhar para as calçadas altas agora distantes cerca de quinhentos metros para as águas, para sentir quanto definhamento ocorreu.
Mas nem tudo perdido. O rio ainda corre belo e ainda escorre toda uma vida no seu percurso. Um rio de passado fabuloso, de tantas histórias, de embarcações grandiosas, de lugares progressistas às suas margens, de caminhos grandes entre as águas. Agora quase apenas o rio ou o que ainda lhe resta.
O que ainda lhe resta é grandiosamente suficiente para deleitar olhares, corações e mentes. O espelho d’água manso, a correnteza sem pressa, o remanso leve, um leito que descortina na curva do rio e vai seguindo em frente com seu destino de vida.
Mesmo poucas, as águas alargam-se como que em imensidão. Suas margens molhadas, cúmplices daquele destino, bebem de sua vida e verdejam mesmo em meio à sequidão sertaneja.
As canoas e outras pequenas embarcações ora são avistadas miudinhas em meio ao rio, ora adormecem silenciosas nas suas beiradas. A rede de pescar é levada apenas pelo costume. A tarrafa é lançada apenas pelo desejo de arriscar. Nunca aparece além de uma piaba ou outro peixe pequeno.


Estar às suas margens é ter diante do olhar um livro aberto. Assim por que aquele rio não é apenas aquele rio. Aquele rio leva em cada água nova o que as águas passadas já levaram, apenas com outra feição. Daí ser possível avistar quase todas as vidas do Velho Chico.
Eu por ali, caminhando devagar ou mesmo adentrando seu leito, de repente me via olhando para trás em direção às calçadas altas. E tão altas assim para que as grandes cheias não permitissem que as residências ribeirinhas ficassem tomadas de águas.
Neste confronto entre as águas de agora e a existência ainda de tais calçadas altas, logo me via imaginando como seria aquela imensidão de águas correndo entre beirais altos, serras e calçadas. Água muita e por todo lugar. E no se u leito, as antigas embarcações passando, chegando, partindo.
Em situação assim, de indescritível pujança, é possível ainda avistar aquelas senhoras arrumadas, bem penteadas e perfumadas, sentadas em suas cadeiras de balanço e de olhos fixos na vida e no percurso do rio. Miravam a curva do rio como se sempre desejosas de que as carrancas despontassem, os apitos ecoassem, as lanchas e os vapores desfraldassem suas bandeiras de chegada.
Quanta saudade eu então senti daquelas mulheres e seus olhares, e suas calçadas, e suas cadeiras de balanço, e seus maravilhamentos com os vultos despontando ao longe, na curva do rio, e logo se transforma em forma viva de adoração. Cada passagem era uma festa.
A curva do rio ainda está lá. O rio ainda desponta de lá. Mas de lá pouco aparece que possa encantar além do próprio rio.

Escritor
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CAFÉ PATRIOTA E CARIRI CANGAÇO: NOVIDADE DE ARREPIAR EM FORTALEZA !

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Nos acostumamos a afirmar que o Cariri Cangaço além de ser um grande indutor de fomento ao aprofundamento do estudo e da pesquisa sobre o cangaço e temas capilares da cultura nordestina, além de promover grandes seminários, visitas técnicas, debates, lançamento de livros e ter hoje um significativo grupo de mais de 600 pesquisadores de todo o Brasil, promove acima de tudo o encontro das pessoas e mais que isso, promove o encontro das pessoas com a verdadeira essência da alma nordestina.
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É com esse sentimento que vem norteando todas as investidas de nossa marca, que o Cariri Cangaço firma a preciosa parceria com o Café Patriota; um empreendimento que nasceu com o forte sentimento de amor a história e às nossas verdadeiras raízes. O Café Patriota é um espaço especialmente diferenciado, cafeteria e restaurante com cardápio de primeira classe, livraria e espaço cultural para apresentações de conferências e palestras como também reuniões , situado bem no coração de um dos mais importantes bairros de Fortaleza, Aldeota, já se consolida como uma das casas referência quando se trata de unir gastronomia e cultura.
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Anapuena Havena do Café Patriota:"Já ansiosos por essa parceira com o Cariri Cangaço" 
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A parceria foi firmada no dia 28 de julho último entre o Curador do Cariri Cangaço, Manoel Severo Barbosa e os proprietários da casa, Lincoln Chaves e Anapuena Havena, numa indicação de que muita coisa boa vem por ai. "Já fazia tempo que estávamos, eu e Ingrid Rebouças, namorando o Café Patriota e hoje confirmamos esse namoro a partir dessa parceira onde o Café Patriota, dos amigos Anapuena e Lincoln, receberão periodicamente conferências, palestras, debates e encontros do Cariri Cangaço em Fortaleza, capital cearense, será mais um espaço onde certamente haverá o encontro da alma nordestina" ressalta um entusiasmado Manoel Severo. Já a proprietária do lugar, Anapuena Havena revela:"Estamos ansiosos com essa parceria, o Café Patriota é na verdade um projeto de valorização da história e cultura brasileira e certamente o Cariri Cangaço tem muito a nos acrescentar".
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O encontro se deu por ocasião da palestra "Antônio Conselheiro: o Homem-povoado contra o Anticristo da República" do professor Bruno Paulino nos salões do Café Patriota
 Bruno Paulino levou Antônio Conselheiro ao Café Patriota
Ingrid Rebouças e Manoel Severo
Bruno Paulino, Manoel Severo e Anapuena Havena
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A ideia é promover periodicamente conferencias, debates, apresentação de vídeo documentários como também realizar encontros do Cariri Cangaço na cidade de Fortaleza. Personagens como Lampião, Maria Bonita, Padre Cícero, Antônio Conselheiro, Beato José Lourenço, Padre Ibiapina, Luiz Gonzaga, dentre muitos outros serão as estrelas principais da parceria Cariri Cangaço-Café Patriota. "Já estamos dando o primeiro passo nessa direção, estamos acertando com o Lincoln e a Anapuena já um primeiro encontro para o dia 11 de agosto, um sábado, as 10 horas da manhã nos salões da casa, esse será o primeiro momento do Cariri Cangaço-Café Patriota e nosso convidado especial será Virgulino Ferreira da Silva" confessa Manoel Severo.
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Café Patriota
 
"Conheci recentemente o Café Patriota. Criado por Lincoln Chaves, amante da história do Brasil, o Café Patriota traz uma mensagem de amor à pátria e ao seu povo. Com uma decoração repleta de símbolos e sentimentos, o Café Patriota tem em suas paredes quadros que retratam a história de nosso país. O café também possui uma livraria, em parceria com a Chiado Editora, e tem, na sua agenda cultural, lançamento de livros, com debates e conversas, além dos famosos Saraus Literários.Os cafés, de uma forma geral, sempre foram ponto de encontro e de debates, e o Café Patriota quer resgatar esse costume. O cardápio do Patriota foi criado por Leandro Restrepo, trazendo pratos contextualizados historicamente, tudo uma delícia e feito com produtos de primeira qualidade. São pratos montados, tapiocas, sanduíches, drinks e outras bebidas, e, claro, os cafés mais tradicionais. O Café Patriota é mais uma opção gastronômica na querida Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, e traz um serviço diferenciado que certamente irá agradar aos seus clientes. 
Viva a diversidade de ideias e os espaços para discussões sadias e responsáveis."
Leo Gondim
http://conhecendooceara.com.br/na-cozinha-com-leo-gondim-um-charme-de-lugar/
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Café Patriota
Av. Santos Dumont, 1453 Aldeota - Fortaleza - CE.
Estamos abertos todos os dias e feriados das 12h às 22h 

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/07/cafe-patriota-e-cariri-cangaconovidade_31.html

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ENCANTOU-SE

Por Valdir José Nogueira
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Foi no dia 23 de julho de 2014 que o escritor e dramaturgo Ariano Suassuna deixou no coração e na literatura dos brasileiros uma enorme lacuna. “Encantou-se”, parafraseando o escritor Guimarães Rosa. Com a singularidade que ele tinha, o mestre entrou para a memória do seu povo como uma figura inesquecível e, agora saudosa.

João Suassuna, dona Zélia Suassuna, Valdir Nogueira e Manuel Suassuna

No último domingo de julho, dia 29, no sertão que Ariano tanto amou, os belmontenses, seus amigos, fãs e familiares relembraram o escritor com uma missa especial. A Missa de Encantamento de Ariano Suassuna, o Imperador da Pedra do Reino, como foi batizada a cerimônia, aconteceu em São José do Belmonte às 8:30 h em frente à Pedra do Reino, símbolo máximo do município que deu nome ao romance de Suassuna em 1971.Para a celebração, a Prefeitura Municipal disponibilizou ônibus que saíram às 6h da Matriz de São José, com destino ao Sítio Histórico da Pedra do Reino.

Devoto da Compadecida, católico apostólico romano, o escritor, dramaturgo e Imperador da Pedra do Reino Ariano Suassuna foi lembrado na missa de quatro anos de Encantamento que aconteceu na manhã do domingo, dia 29; na Ilumiara Pedra do Reino, município de São José do Belmonte, no Sertão Central de Pernambuco. Uma forma de lembrar de quem encarou a vida como se fosse eterna, igual a dos personagens a quem deu vida nas entrelinhas da 
história da literatura brasileira

No sábado que antecedeu a missa, dia 28, aconteceu no Castelo Armorial o espetáculo “Na Trilha do Mestre” com participação dos familiares de Ariano Suassuna, e que resgata as inesquecíveis aulas espetáculos do saudoso mestre.
 
O evento foi uma realização da Prefeitura Municipal através da Secretaria de Turismo, Diretoria de Cultura, da Associação Cultural Pedra do Reino e do Castelo Armorial.

Valdir José Nogueira
Pesquisador e Escritor
Associação Cultural Pedra do Reino
Presidente da Comissão do Cariri Cangaço SJB 

E vem ai...

http://cariricangaco.blogspot.com/2018/08/encantou-se-porvaldir-jose-nogueira.html

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OS ETERNOS MISTÉRIOS DE ANGICO!

 Por Alfredo Bonessi
A presente postagem é resultado de espetacular entrevista feita pela pesquisadora Juliana Pereira com o confrade capitão Alfredo Bonessi. (Foto)

Carissíma Juliana;
Todas as respostas as suas perguntas serão de minha parte “possivelmente” – não temos como afirmar com precisão o que realmente aconteceu na madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angicos – Sergipe, onde foram mortos 11 cangaceiros pela tropa volante comandada pelo Tenente João Bezerra da Força Alagoana. Quem estava lá e quem esteve lá, deixou de esclarecer a pura verdade - aquilo que hoje interessa a todos nós. Temos ainda um volante vivo e dois cangaceiros vivos (acredito) – os cangaceiros somente contarão a versão deles, onde estavam no momento do ataque, o que eles fizeram para escapar do tiroteio, depois aonde aconteceu a reunião do grupo qual foi lugar, o rumo que cada um tomou depois dessa reunião e nada mais.

Ainda sobre o bando do qual pertenciam, se lembrarem de alguma coisa, poderão comentar. Mas Lampião nunca revelava, por questão de segurança interna do grupo, os segredos que se foram com ele. Com a morte do chefe, aquela forma de Cangaço se extinguiu. Restaram, na ocasião, os grupos de Corisco e Dada, que não conseguiram levar a diante a forma de cangaço que Lampião manteve no sertão por mais de 20 anos e outros. Com a morte de Corisco, Dada revelou muito pouco a quem se interessou em saber alguma coisa sobre o grupo de cangaceiros, ou não foi perguntada, escondeu verdades com receio de ser envolvida com a justiça ou mesmo para não envolver as pessoas que estavam ligadas ao cangaço.

De igual forma Balão, Zé Sereno, Vinte e Cinco e muitos outros que sobreviveram à Angicos, não contaram os seus crimes por receio de serem presos, ou mesmo de serem mortos por aqueles que antes apoiavam de uma forma ou de outra os grupos de cangaceiros. Hoje se analisa esses depoimentos e salta aos olhos as contradições de ambas as partes, tanto de cangaceiros, como de volantes, bem como daqueles que foram os responsáveis pelo sucesso do ataque policial a Grota de Angicos.

1. Quais armas foram usadas em 28 de julho de 38 em Angico?

As armas que foram usadas foram o fuzil Mauser modelo 1898, 1908, Metralhadora Bergman 24, 32, possivelmente a Winchester 44.40, facas, facões e punhais. Ambas as partes em confronto portavam revólveres em calibres variando do 32 ao 44 e pistolas Luger 7,65, 9mm. As Armas que entraram em combate na Grota naquela madrugada de 28 de julho de 1938, fizeram parte da listagem das armas objeto da nossa palestra no Cariri Cangaço II. Por exclusão, possivelmente não tomaram parte na luta, a metralhadora *Hotchkiss, o bacamarte, o fuzil 'chuchu', o Manlicher, a Conblain.

2. O primeiro tiro, partiu de que tipo de arma? Qual o alcance do projétil e em que distancia se podia ouvir o estampido?

Possivelmente de um fuzil mauser, calibre 7 mm de um volante. Declino o ano da arma. O soldado errou o tiro no Cangaceiro Amoroso, imaginamos ser em distância de menos de 5 metros, e com certeza não deu somente um tiro, deu vários, de igual maneira todo o grupo de soldados, depois do primeiro tiro, abriu fogo nutrido em cima de Amoroso, que saiu em desabalada carreira. Amoroso morreu anos depois de maneira trágica. O alcance do projétil dessa arma é para 2400 metros. Para atirar em um homem isolado seu alcance de precisão é de 600 metros. E para um grupo de homens é de 1200 metros. O tiro de combate em um confronto bélico é de 300 metros. A velocidade da bala é de 700m/s e a força do projétil na boca do cano é de 300 Kg ( seis sacos de cimento).

O som derivado do estampido da arma pode ser ouvido em variadas distâncias, dependendo do fator local, aí incluindo temperatura, velocidade do vento, pressão atmosférica e naturalmente o estado de concentração e de saúde do ouvido de quem houve. Normalmente o som do estampido pode ser ouvido entre 1,5 Km até 3 Km de distancia.

3. Na sua opinião, independente de Amoroso ter sido atingido há 50 ou 100 metros do restante do grupo, daria para se ouvir o som do tiro?

Sim. Amoroso estava aproximadamente a 80 metros de distância de Lampião e a 60 metros de Maria Bonita. Ocorre que após este tiro a tropa (28 homens) atirou nos alvos previamente estabelecidos. O soldado Noratinho estava com Lampião na mira de sua arma e Maria Bonita estava correndo quando recebeu um tiro nas costas, bala que saiu pela frente. Caiu, levantou e saiu correndo novamente quando recebeu um outro tiro a curta distância, de lado, no ventre, indo cair próximo a Lampião. Em um combate os estrategistas se utilizam destas condicionantes para um ataque em que se visa alcançar sucesso, com menos perda possíveis: cerco - surpresa - velocidade e força. Quem cai nessa armadilha dificilmente vencerá uma luta. Nisso João Bezerra foi perfeito.

Além do mais o ataque foi ao amanhecer, quando os cangaceiros estavam se levantando, se espreguiçando, ou fazendo suas necessidades, a sua higiene. Uma pessoa nessas circunstâncias está sonolenta, sem reflexos, seus sentidos ainda não estão alertas, tempo depois de acordar e levantar e aos poucos é vão entrando na realidade da vida que o cercam, para bem depois tomar um café, fumar um cigarro, bater um dedo de prosa com alguém ou com o grupo, tratar sobre as atividades para aquele dia, quais sejam remendar o equipamento, desmontar e lubrificar o armamento, afiar facas, tratar algum ferimento, realizar o asseio corporal, tomar um banho, e até mesmo voltar a dormir por debaixo de uma fresca ramada. Mas se ainda estiver dormindo e entrar na bala, será um Deus-nos-acuda.
Juliana Pereira

4. A volante levou muitas armas, me refiro ao peso das mesmas, dada a circunstâncias, levando-se em consideração a distancia e as condições geográficas, no caso muito íngreme? 

A polícia levava o equipamento de costume que não era pesado, uma vez que o soldado saía para uma operação e depois de poucos dias retornava para sede. Bem diferente do Cangaceiro cujo equipamento necessário pesava bem mais que 24 Kg, (no mínimo). No dia 27 de julho, a noitinha, os soldados não sabiam para onde iam e nem quem iriam combater. Ficaram sabendo horas antes do combate quando já deslocavam para a Grota que o ataque seria contra Lampião. Essa medida foi adotada pelos oficiais como medida de segurança, para evitar que a operação chegasse aos ouvidos de Lampião. Se o deslocamento da polícia fosse de dia e nas vistas de pessoas de Piranhas e ao longo do rio, com certeza Lampião seria avisado a tempo.

Após o combate João Bezerra foi conduzido ao porto por dois homens, uma vez que estava ferido e mesmo por segurança uma vez que os Cangaceiros estavam espalhados por todos os lados. O restante, 45 homens, trouxeram com folga e certa vantagem o equipamento dos cangaceiros. Acredito que remar, e subir o rio até Piranhas foi o maior transtorno encontrado pela tropa, que faminta, com sede e muito cansada - estava a mais de dezoito horas sem repouso. Mas a alegria pelos troféus que conduziam em suas canoas apagavam qualquer sinal de enfado, pois os soldados orgulhosos e felizes não acreditavam que tinham matado o Cangaceiro mais famoso e o homem mais valente do sertão.

5. Como militar, como o senhor pensa que foi a estratégia usada pelo Tenente João Bezerra? Lampião morrera por falta de sorte ou atenção/descuido? 

A morte de Lampião não foi por acaso. Lampião foi vítima de uma manobra policial que deu certo entre tantas outras que não deram certo. Lampião não era fácil de ser encontrado. Quem o ajudasse de alguma forma era sustentado a peso de muito dinheiro e sabia muito bem que se o delatasse e fracassasse na tentativa, pagaria bem caro com a vida sua e de seus familiares. Além do mais entre os coiteros e informantes de Lampião cada um vigiava as atitudes dos outros. Pelo lado de Lampião, ele mesmo mantinha um certo segredo em não revelar entre eles quem era ou deixava de ser para que se fosse pego um coitero, não houvesse a denúncia de todos. Mesmo dentro da polícia, com certeza, havia informantes que poderiam avisar Lampião para que se cuidasse daquele ou outro coiteiro. Dinheiro é tudo e tudo é por dinheiro. Assim como Lampião aliciava as autoridades e policiais em seu favor, a policia também aliciava e fingia que fazia corpo mole com alguns informantes seus. O objetivo da policia era Lampião e não o coiteiro. Aquele coiteiro que a polícia sabia que era amigo de Lampião, ficava de “molho” para troca de informações, estratégia utilizada pela própria policia para descobrir o paradeiro do procurado, que era quem realmente interessava.

Depois, em pressão, a coitero assumia o compromisso de cooperar com a policia – fato esse que ficava somente com o comandante da tropa e não chegava aos ouvidos dos soldados, uma vez que dentre os soldados havia aqueles que tinham parentes Cangaceiros. O próprio vaqueiro Domingos dos Patos, que foi o canoeiro que atravessou em canoa o bando de Lampião para Sergipe, trabalhava na fazenda do pai da Dona Cyra, esposa de João Bezerra, o comandante que queria pegar Lampião. Na volante que matou Lampião e Maria Bonita estava um soldado parente dela.

Os coadjuvantes vitais...
Joca Bernardes, ou Joca da Fazenda Capim, era um desse coiteiros, que descoberto, tinha se comprometido com o Sargento Aniceto, a cooperar naquilo que soubesse contra os cangaceiros. Joca era coiteiro de Corisco e ficou sabendo da chegada de Lampião pela boca do cangaceiro 'Vila Nova' – só não sabia onde ele estava.
 Joca Bernardes


Com as compras de Pedro de Cândido de queijos fabricados por Joca e já encomendados, em grandes quantidades, Joca denunciou Pedro ao sargento Aniceto. Pedro era aquele coiteiro que estava na mira da polícia, tinha tido vários encontros com o Tenente Bezerra, mas estava de “molho” para uma ocasião futura e propícia e essa hora havia chegado.
Sgto. Aniceto Rodrigues
Mesmo assim ao receber o telegrama em Pedra do Delmiro o Tenente João Bezerra não alarmou o pessoal e marcou um encontro com o Sargento na metade do caminho entre Piranhas e Pedra do Delmiro, onde os comandantes das frações fizeram conferência dentro do mato, quatro horas depois da saída de Pedra e três horas depois da saída do caminhão com o Sargento Aniceto de Piranhas.

Era aproximadamente 16 para 17 horas da tarde. Mas ainda faltavam as confirmações que o Tenente tanto esperava. Antes da saída de Pedra passou um telegrama para ele mesmo, dizendo que alguém avisara ele que Lampião estava para os lados de Moxotó.

Mas alguém de Moxotó enviara de fato um telegrama a ele sobre o aparecimento de cangaceiros na região de Moxotó, só que não eram cangaceiros, mas a tropa do próprio Sargento Aniceto.

O Tenente antes de seguir destino para o encontro com o Sargento e de telegrama na mão gritou a pleno pulmões no meio do pessoal civil aglomerado, entre eles estavam alguns suspeitos de serem coiteiros de Lampião: vou combater o cego no Inhapi. Essa informação que a força tinha ido para o Moxotó chegou ao entardecer a Lampião no coito de Angicos, tendo Lampião brincado e dado risadas, pilherando afirmou: então pode dormir de cueca.

A força ainda se encontrou com Joca que relatou tudo ao Tenente, depois ainda na incerteza se deslocou até um ponto com segurança para então mandar buscar Pedro que relatou tudo o que sabia, e sabia até demais, sabia onde o pessoal dormia e por onde estavam os sentinelas, se é que haviam. Mesmo assim o Tenente ainda desconfiava de tudo aquilo, porque Lampião não era fácil de ser pego assim tão facilmente. Avaliando o tamanho do efetivo de cangaceiros e se deixando levar pelos desconhecidos chegou a querer desistir da operação – só um temerário atacaria Lampião naquelas circunstâncias – e mesmo porque já sabia que Lampião o tinha ameaçado de morte - aquilo tudo poderia ser uma armadilha.

Mas no momento de indecisão entra em cena a figura do Aspirante Ferreira de Melo, que contestou a ideia de atacar os cangaceiros somente pela manhã, de dia e com seus 16 homens iria mesmo assim atacar Lampião. Se tivesse ido, ele mataria Lampião somente com esses homens, uma vez que Pedro conduziu a Policia até a menos de dez metros da barraca de Lampião e ainda apontou Lampião que estava em pé, fora da barraca.

No mais a sorte de Lampião se acabara naquele dia, o destino pôs ponto final em sua vida naquela manhã. Na hora do início do tiroteio se ele estivesse deitado dentro da barraca ou mesmo a alguns metros por detrás das pedras teria escapado, mas veria a sua mulher ser morta a vinte metros de distância. Dado o primeiro tiro naquela manhã, Lampião não teve tempo para raciocinar, para saber o que poderia ser - uma arma disparou por acidente ? – alguém deu um aviso ? – tudo isso e mais poderia pensar que despertava no interior das toldas, não imaginavam que estavam cercados pela polícia e fugir daquele local era a salvação de suas cabeças.

Quem cercou Lampião naquela manhã sabia o que estava fazendo e era assim que sempre procedia: o quadrado mortífero. Só não conseguiu a exterminação total dos cangaceiros porque o alvo era Lampião e além do mais a mata espinhenta ao redor da grota e a hora do ataque, o amanhecer, sem os raios do sol, dificultava em muito quem precisava enxergar alvos e necessitava da claridade para ajustar a mira das armas e abrir fogo. Depois outro fator que contribuiu para a fuga dos cangaceiros foi a fumaça originada pela queima da pólvora por ocasião dos disparos das armas em conflito, que cobriu a grota como um manto de morte.

Negligência???

Negligência ? sim. Descuido ? sim, a começar pela escolha do local. Nada de lugar com uma só boca, como falaram depois quem escapou para contar história. Não foi isso que matou Lampião. Lampião foi morto por uma estratégia militar, num jogo de informação e contrainformação utilizado até hoje nos meios policiais. Aquele lugar, aquela gruta não é local para defesa, mas as cercanias, no cimo dos morros sim. Homens bem distribuídos , em locais previamente marcados, acordados, vigilantes, e sóbrios, impedem qualquer efetivo que se aventure a abater quem estiver no interior da furna.

Quem estiver no interior da furna terá tempo suficiente para escapar ileso de qualquer ataque que venha a sofrer, desde que a força atacante se encontre previamente com sentinelas postados a mais de cem metros de distância da furna. Além do mais o local não serve para esconderijo porque do meio do rio se enxerga com relativa facilidade o rolo de fumaça que sobe das fogueiras onde eram cozinhadas as comidas, e deveria haver mais de uma. Não é crível que 45 homens comam de um mesmo fogo.

Quanto maior a fogueira, maior é o rolo de fumaça, maiores serão os odores que exalam das carnes assadas, do café requentado, do fumo dos cigarros de palha. E o som dos vozerios compartilhados, das músicas, das toadas, das gargalhadas, dos casos contados, dos acontecidos, das boas empreitadas com ganhos fáceis, e aquele cabra que implorou para não morrer ?, aquele rosto desfigurado pelo assombro da morte, quando a ponta do punhal sangrador foi afundando devagarinho na base do pescoço ? – motivos de comemorações e de alegrias para aquele bando de gente impiedosa não faltavam.

Não se pode culpar Lampião por isso ou aquilo, ou pelo que deixou de fazer, mesmo porque o bando não era uma milícia organizada, com estratégia de defesa e ataque, as manobras de guerra a bastante tempo não eram postas em práticas depois que Antonio Ferreira e Sabino haviam desaparecidos. As orientações do chefe eram quase sempre as mesmas: não enfrente os macacos – fuja ! A policia, sabendo desse proceder dos cangaceiros, se sentia motivada a se aproximar dos grupos e de abrir fogo sobre eles, com a certeza que correriam abandonando o campo da luta.

Fugiam não por medo, mas por economia da munição, cara e escassa, pela preservação da própria vida, além do mais o que se ganharia em matar uns poucos macacos – depois desses viriam mais e mais numa sequência de mortandade que nunca terminaria. Por isso a melhor defesa residia simplesmente na grande mobilidade, nas andanças, percorrer grandes distâncias em poucas horas, e nessas poucas horas estarem em vários lugares diferentes – assim a informação dos delatores não chegaria aos ouvidos da polícia com tempo suficiente para ser transformada em uma ação planejada a ponto de surpreender o grupo.

Outro fundamento do grupo era sumir sem deixar rastros, ou deixar vestígios bem visíveis que conduziriam os soldados a um lugar determinado, culminando em uma emboscada. Outras vezes os rastros não levavam a lugar nenhum e a volante ficava bobando no meio da catinga. Na maioria das vezes os grupos de cangaceiros sumiam por meses e ninguém sabia por onde andavam, até que um caçador informava a pista deles, na maioria das vezes falsa e sem sentido, às vezes a mando dos próprios cangaceiros para despistar uma ação de assalto a alguma localidade.

Portanto, a escolha de Angicos como ponto de reunião, mesmo que seja para passar uma semana, foi um erro mortal, mesmo com a desculpa do tratamento de Maria Bonita em Própria, ou para tratar operações futuras, ou pela necessidade de aproximação com a água devido presença de mulheres, nada justifica a desatenção para com o fator segurança do chefe em particular e do grupo em geral. Caso fosse irremediavelmente necessário a permanência na área - isso até não seria considerado um problema desde que os homens fossem dispostos estrategicamente ao redor, no cimo dos morros, no leito do riacho, em vigilância constante e protegendo quem estava no fundo daquele buraco.

6. Levando-se em condição ao que já leu, Lampião morreu conforme a literatura oficial contou e conta?

Ninguém sabe ao certo como Lampião morreu. Um repórter do Rio de Janeiro chegou a falar com os soldados que atiraram no rumo de Lampião, mas esse repórter não aprofundou o assunto, mesmo porque o momento era de festa, de alegria e a segurança era necessária, ou mesmo talvez como precaução, cautela com receio de uma vingança posterior por algum grupo de cangaceiros. Naquela ocasião ninguém poderia supor que o cangaço terminaria pois outros grupos ainda operavam como o grupo de Zé Sereno, Corisco, Labareda e Pancada. Em minha opinião a ocasião mais propicia de se saber a verdade era aquela em que os homens estavam eufóricos, comemorando e não tinham tempo de enfeitar a história, aumenta-la, diminuí-la, ou fantasia-la.

Por isso que eu fico com as declarações do Comandante da volante proferidas três dias depois do ocorrido em Santana de Ipanema – sede da volante- quando ainda ferido deu declarações a esse repórter do Rio de Janeiro, em uma página de 25 linhas, como tudo aconteceu, em Angico - depois o Tenente baixou ao hospital para ser tratado.

7. Terá havido envenenamento ou alguma substancia capaz de deixar o bando sonolento ou mesmo sem reflexo?

Muita bebida alcoólica ingerida e a despreocupação que tudo estava bem. Essa ideia do envenenamento, creio eu, foi proferida por alguém do grupo para diminuir o feito da polícia e com a certeza de que mais tarde seria essa a verdade definitiva que deveria perdurar, a de que os cangaceiros foram mortos por uma procedimento vil por parte da policia, que não teve coragem de enfrentar os cangaceiros em uma combate leal - mas não foi nada disso - foi bobeira mesmo, e bala, muita bala para cima do pessoal dorminhoco e descuidado.

8. Porque escapou tantos cangaceiros, se estavam em total desatenção quando atacados? Porque só um policial foi atingido, posto que os cangaceiros já houvessem sido surpreendidos em ataques anteriores e mesmo assim saíram ilesos ou mesmo deixaram uma baixa maior na volante?

Porque o alvo do ataque era Lampião e a volante cercou a gruta. Quem estava espalhado pelas encostas dos morros e mesmo nos cimos, de lá mesmo escapou, alguns passando por cima da própria polícia. Não houve retaguarda porque a desorganização foi geral e não houve um líder de coragem para voltar e atacar os policiais que faziam festa no fundo do buraco. Mesmo porque muitos estavam desequipados, desarmados, a maioria feridos, arranhados pelos espinhos, desmuniciados, chocados ao saberem que Lampião, Maria Bonita e Luiz Pedro haviam havia morrido - noticias levadas por Zé Sereno que assistiu a morte do pessoal que estava na gruta ao redor de Lampião.

Quanto ao soldado que morreu até hoje não se sabe como. Foi fogo amigo ? – foi fogo de algum inimigo dentro da polícia ? foi fogo de algum cangaceiro ? – dizem que foi Elétrico que baleou aquele soldado, sendo em seguida metralhado por João Bezerra – Elétrico não morreu de tiro, foi esfaqueado por um soldado da volante, procedimento esse que muito contrariou o Chefe que determinara a morte do cangaceiro a tiros e não a faca.

"Não houve um líder de coragem para voltar e atacar os policiais que faziam festa no fundo do buraco"

Há uma versão que foi o soldado 'Mané Véio' que viu o soldado sofrendo por ter levado um tiro no quadril e aí aliviou as dores do mesmo matando-o com um tiro. Note que o soldado foi imediatamente sepultado naquela mesma tarde, sem autópsia – ninguém deu importância ao fato – entretanto levaram para exame a cabeça dos cangaceiros. Isso por si só demonstra que alguém queria que a morte do soldado passasse despercebida pelas autoridades. Morto em combate o corpo do soldado deveria ser examinado por um legista.

Mas mesmo assim, nesse caso se o mesmo tivesse levado tiros pela frente ou por detrás, se por acaso fossem encontrados em seu corpo os projéteis como se iria descobrir o autor ou autores dos disparos ? As únicas armas de calibres diferentes que atiraram foram as metralhadoras de João Bezerra e do Aspirante Ferreira de Melo, em calibres 7,63 ou de 9 mm. Teriam que ser examinados os projéteis encontrados no corpo do soldado pela balística – trabalho esse que naquele tempo ainda não tinha chegado ao interior do sertão.

O cangaceiro Balão assumiu publicamente a morte do soldado em declarações ao Dr Amaury, (Assim Morreu Lampião) afirmando que o soldado tinha acabado de matar o cangaceiro Mergulhão e estava dando coronhadas na cabeça do mesmo, e em ato subsequente encostaram o cano das armas e que disparam ao mesmo tempo, sendo que nele, Balão, não acontecera nada e que o soldado caíra morto. Com relação a escapar de ataques, vai depender muito como estava o dispositivo do grupo no terreno e a forma de como foram atacados. Em se tratando da Gruta de Angico quem estava lá embaixo não tinha como escapar – a policia estava perto demais – para uma bala de fuzil, em tão pouca distância, não há mandinga que sustente o corpo fechado.

9. Por que Lampião não usou a sua estratégia, já bastante conhecida e testada quando ouviu o primeiro tiro, se é que ouviu?

Não a usou porque ali naquele momento não deu tempo para nada, foi tudo muito rápido, além do mais depois que se aperta o gatilho de uma arma daquela e ela estiver apontada para alguém, não há tempo para mais nada. Quem leva tiro um tiro de fuzil, não escuta o som do tiro que o mata.

10. Qual seu parecer sobre o episódio Angico?

Angico é um mistério – o combate de Angicos é o resultado de um belíssimo trabalho policial – Angicos serve para reflexão para quem vive da lida das armas, que mais hoje, mais amanhã a lei baterá as portas de quem vive as margens da lei, quem quiser ser vitorioso sempre permaneça ao lado da lei, porque o crime de uma forma ou de outra não compensa - é uma ação incerta e a lei, vitoriosa contra o crime - é sempre certa.

Entrevista publicada pelo www.cariricangaco.com sítio do Coroné Severo  

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 *ADENDO
Como não tenho autoridade nem conhecimento necessário para maiores contestações faço apenas uma simples observação que inclusive já foi destacada em outro artigo por nosso amigo e colaborador Fábio Costa e que se faz novamente necessária. É quanto à grafia correta para a temível metralhadora: O correto é HOTCHKISS e não "HOTKISS". Prova rápida e interessante é que se você procurar no Google ocorrências para "Hotkiss" vai encontrar somente referencias à sex shops e sobre a tradução literalmente. 
Os leitores que desejarem opinar fiquem a vontade para assinalar outros pontos.
ATT. Kiko Monteiro 
http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Hotchkiss

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