Por Aderbal Nogueira
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Por Aderbal Nogueira
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*Rangel Alves da Costa
Muitas vezes,
as loucuras e desesperanças do mundo lá fora não interessam muito. Possuem o
dom de afetar sim, de ferir toda a felicidade, mas a nossa paz interior é
tamanha que tanto faz as angústias e aflições do mundo lá fora.
Acordar e
levantar para ser feliz. Uma decisão do espírito, da alma, do mais profundo do
coração. Levantar para as canções da vida, para as poesias da existência, para
os sonetos e as valsas das grandes conquistas.
Corações aptos
a terem assim o seu dia, certamente não se importarão que a madrugada foi
chuvisquenta, que a manhã está molhada ou que o sol continue escondido detrás
dos montes. Tanto faz que as nuvens continuem encobrindo os caminhos
ensolarados do alvorecer.
Corações
resolvidos à felicidade não se importarão que os pássaros ainda não estejam
voejando pelo jardim, que as revoadas passarinheiras ainda não tenham sido
avistadas aos horizontes. Não há tristeza se a flor mais bela não esteja
brilhando sob a luz da manhã.
E assim por
que corações felizes chamam para si a felicidade, possuem o dom da
transformação, transmudam as cores e os sentidos da vida. Corações felizes não
se deixam afetar pelos pessimismos nem pelos ventos sombrios que sempre
insistem em atormentar.
Corações
felizes abrem a janela do quarto sem tocar os dedos e sentem quando as
borboletas chegam esvoaçantes pelos iluminados espaços. A janela está fechada,
mas o desejo de paz e de felicidade é tamanho que as borboletas chegam
emoldurando a doçura da alma.
Nada é impossível ao coração que deseja paz, que deseja felicidade, que deseja encontrar aquilo que mereça ter. Borboletas na janela são, assim, as asas coloridas das possibilidades, das grandes esperanças e dos desejos de realização.
As borboletas
na janela são como troféus depois de vencidos os labirintos escurecidos. Ora,
se a pessoa quer encontrar lama e podridão, certamente encontrará pelo seu
desejo. E também assim com as dores e os sofrimentos, com as desilusões e
enfermidades, com as feições mais negativas da vida.
Mas se a
pessoa assim não quiser, não chamar para si a dor e o sofrimento, certamente
encontrará janelas com borboletas, com buquês de flores, com bilhetes e
poesias, com o que de mais maravilhoso possa existir. E repente avistará
jardins pelo piso e pássaros voando no céu sob as telhas.
O desejo de
felicidade possui tamanho poder que nada se mostra com maior invencibilidade. O
querer, a sensação de poder, a certeza de conseguira, tudo como imbatível
escudo, como armas do bem esfacelando as maldades e os atrasos do mundo.
É preciso ter
a certeza que o escudo do coração é indestrutível perante a hipocrisia, a
falsidade, a inveja, a mentira, a iniquidade. Tal força interior é o que abre
janelas para a chegada de borboletas, para os jardins surgidos sob o piso
endurecido, para as revoadas que chegam e que seguem cantantes.
Um coração
alegre e festivo, imensamente abraçado à felicidade, que não mais entristece ao
olhar para as flores velhas e esbranquiçadas no jarro de plástico sobre a mesa.
Ora, não que sofrer, não quer se afligir. Quer o sol, quer a luz, quer o
horizonte. E então avista colibris beijando favos de mel sobre as flores de
plástico.
E então, qual
manhã desejada após o seu acordar? Mas deixe seu coração escolher. Ele pode
apenas querer chorar pelo que de mais triste e desalentador possa encontrar no
mundo lá fora, ou pode se decidir pela felicidade. Tal decisão sempre implica
na valorização que cada um dá a si mesmo e na paz merecida que chama para sua
vida.
Dependendo do íntimo desejo de cada um, a janela se abrirá ou não para a chegada das borboletas, e as flores de plástico se tornarão vivas e perfumadas, ou não. Borboletas e flores que são, perante o desejo de cada um, as felicidades da vida ou as angústias da alma.
Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com
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Por Aderbal Nogueira
Sétima parte do vídeo documentário dos 80 anos da morte de Lampião - Combate de Angico.
Link desse vídeo:
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Por Cangaço na Literatura
Vamos começar a saga da Volante de Baltazar. Aguardem mais programas!
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Por O Cangaço na Literatura
https://www.youtube.com/watch?v=RgHbHeQxkOUSerá que encontramos
um cangaceiro vivo?
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Clerisvaldo B.
Chagas, 4 de fevereiro de 2022
Escritor
Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.654
Não tem
parelha: feijão “bage” roxa cozinhado em panela de barro. O Secretário do
Desenvolvimento Rural, Jorge Santana, acrescentou mais uma atração na Feira da
Agricultura Familiar que ocorre às sextas defronte à Secretaria de Agricultura,
no Bairro Monumento, em Santana do Ipanema. Junto à prefeita Christiane
Bulhões, estar sendo resgatada a tradição secular de produção artesanal e venda
de panelas de barro na Capital do Sertão. O produto estava desaparecido e
vinha, antes, do povoado de Poço das Trincheiras, Alto do Tamanduá, mas foi
descoberto quo no sítio vizinho e fronteiriço de Santana do Ipanema Baixa do
Tamanduá, também se produz panelas, similares e brinquedos de barro. E como nos
terrenos do sítio têm bastante matéria-prima, a prefeita e o secretário
resolveram resgatar o produto para o nosso comércio, incentivar a produção e
fazer gerar renda extra na comunidade.
A comunidade
Baixa do Tamanduá, está localizada à margem da BR-316 alguns metros próximos à
divisa com Poço das Trincheiras. Um dos primeiros documentos de Santana dá o
lugar com o nome de Lagoa do Mijo e seus moradores são quilombolas de origem do
povoado pocense Tapera do Jorge. Resgatar a tradição da comunidade é
importante, mas aqui deixamos duas sugestões ao secretário Jorge Santana: 1.
parceria com o SEBRAE para aperfeiçoamento das peças, visando agregar valorores
ao nosso artesanato de barro. 2. Se ainda não estiver registrada, registrar a
comunidade no órgão responsável como descendentes de escravos, pois isto daria
direitos a uma série de benefícios federais ao lugar, à semelhança dos
quilombolas de Poço das Trincheiras, tudo da mesma origem.
De qualquer
maneira é muito bom o retorno da panela de barro ao nosso comércio e vê-las à
venda na Feira da Agricultura Familiar. Ainda se usa na zona rural, panela de
barro, lenha e carvão para se fazer aquela comida que cheira à distância no
recipiente ímpar e sadio do barro. Achamos que a comunidade Baixio do Tamanduá,
vai ficar feliz e deixar muitos feirantes contentes com a novidade. Vendidas na
feira da Agricultura Familiar, muitas encomendas virão para a comunidade antes
dirigida pelo meu saudoso amigo Zeba, cuidadoso com seus amigos quilombolas.
Obrigado Jorge por ter se inspirado em nosso trabalho anterior como diz você.
Vamos agregar valores para àquela gente boa e humilde que também faz gente e
animais do barro, primeira massa usada pelo Grande Arquiteto do Universo.
Parabéns mais uma vez à prefeita Christiane Bulhões, a sua equipe de
sensibilidade e a Secretaria de Desenvolvimento Rural.
Estaremos perambulando na Feirinha sempre que o Senhor dos Mundos permitir.
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/02/aspanelas-do-tamandua-clerisvaldob.html
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Uma das mais incríveis operações de resgate já realizadas por qualquer exército no mundo, que resultou no salvamento de mais de 100 reféns capturados por terroristas. Essa operação foi conduzida por militares de um país que ficava a mais de 3.500 quilômetros do local da ação, executada com um intenso planejamento profissional e que entrou para a história.
Terror no A300
A crise de Entebe começou em 29 de junho de 1976, quando um avião de passageiros Airbus A300 da Air France foi sequestrado. Esse era o voo 139, que partiu de Tel Aviv para Paris, mas realizou uma parada em Atenas. Havia doze tripulantes e uma boa parte dos 254 passageiros e tripulantes eram judeus israelenses. Depois de decolar da capital grega por volta do meio dia, o avião foi tomado por três homens e uma mulher, armados de pistolas e granadas.
O grupo que dominou o A300 representava a ponta afiada de uma estrutura complexa. Incluídos nesse nexo estavam os principais grupos militantes palestinos, organizações radicais de esquerda da antiga Alemanha Ocidental que aterrorizavam aquele país no início da década de 1970 e, por trás deles, o apoio logístico e material da extinta União Soviética e de vários estados árabes.
A equipe atacante estava oficialmente alinhada com uma organização que se autodenominava Frente Popular de Libertação da Palestina – Operações Externas (FPLP-EO). Os atacantes eram dois homens árabes palestinos e um casal de alemães. Os palestinos, Jayel-al-Arja e Fayez Abdul-Rahim al-Jaber, eram agentes seniores da FPLP-OE, já os alemães eram um ex-dono de livraria de Frankfurt am Main, chamado Wilfried Bonifatius “Boni” Böse, e uma educadora de Hannover de nome Brigitte Kuhlmann. Ambos eram membros de uma rede paramilitar de extrema esquerda, conhecida como Células Revolucionárias, ou em alemão Revolutionäre Zellen.
Durante o ataque Kuhlmann assumiu o controle da cabine de primeira classe e os passageiros reticentes levaram coronhadas de sua pistola. O A300 foi então redirecionado para a Líbia sob o sinal de chamada “Haifa One”. Depois de aterrissar para se reabastecerem no Aeroporto de Benina, em Benghazi, alguns passageiros foram libertados, dentre eles uma mulher grávida. Então o piloto francês Michael Bacos foi orientado a seguir para a cidade de Entebe, na Uganda, um pequeno e pobre país do centro da África, que na época era dominado por um ditador histriônico e violento chamado Idi Amim Dadá. Durante o voo de cinco horas, Kuhlmann abusou verbalmente de passageiros com críticas antissemitas.
Quando chegaram ao Aeroporto Internacional Entebe, os quatro militantes que tomaram o avião foram reforçados por mais seis agentes da FPLP-OE, incluindo um homem identificado pela imprensa como Anton Degas Bouvier, mas provavelmente era Fouad Awad. Os outros seriam Abdel al-Latif, Abu Ali, Khaled Muhammad Khalil, Ali Fadl Miari e Abu al-Darda al-Iraqi.
Ao desembarcarem naquela noite em Entebe, as margens do Lago Vitoria, os passageiros foram levados para o antigo terminal do aeroporto, sob a guarda dos oito palestinos e alemães, além do reforço de 50 a 100 militares ugandenses pesadamente armados e que ali se encontravam para “proteger” os prisioneiros.
Durante a aparentemente interminável semana que os passageiros passaram como “convidados” do ditador Idi Amin. Os sequestradores transferiram os prisioneiros para o saguão de trânsito do antigo terminal aeroportuário abandonado, onde os mantiveram sob vigilância pelos dias seguintes. Amin vinha visitar os reféns quase diariamente, atualizando-os sobre os desenvolvimentos diplomáticos e prometendo usar seus esforços para liberta-los por meio de negociações. Consta que o ditador estava adorando a visibilidade junto a mídia internacional.
Em 28 de junho, um sequestrador da FPLP-EO emitiu uma declaração e formulou suas demandas: Além de um resgate de US$ 5 milhões pela liberação do avião, eles exigiram a libertação de 53 militantes palestinos e pró-palestinos, onde cerca de 40 eram prisioneiros em Israel.
Em 30 de junho, os sequestradores libertaram 48 reféns, formado basicamente por não-israelenses, principalmente passageiros idosos, doentes e mães com filhos. Em 1º de julho, depois que o governo israelense transmitiu seu acordo às negociações, os sequestradores estenderam o prazo para o meio-dia de 4 de julho e libertaram outro grupo com cerca de 100 prisioneiros não israelenses, que novamente foram levados para Paris algumas horas depois. Entre os 105 reféns que ficaram no aeroporto de Entebe com seus captores, estavam os doze membros da tripulação da Air France, tendo à frente o comandante Bacos, que se recusou a partir.
Como era impensável para o governo israelense aceitar às exigências dos palestinos e alemães, só sobrava duas alternativas – 1ª Deixar os reféns serem assassinados. 2ª Libertar os que ficaram através de uma ação de resgate.
Secretamente começou a ser planejada e desenvolvida uma operação militar para libertar os prisioneiros.
Missão Complicada
Aparentemente essa última escolha teria sido impossível para quase todos os governos no mundo, pois, além dos reféns estarem sob a guarda dos palestinos e dos alemães, havia o pessoal do Exército de Uganda e Entebe se localiza a mais de 3.500 quilômetros de Israel.
Mas o chefe de gabinete tenente general Mordechai “Motta” Gur, ele mesmo um veterano paraquedista, tinha confiança em seus homens. Gur delegou o planejamento do papel das forças terrestres na ação a um jovem e enérgico oficial, o brigadeiro general Dan Shomron, um veterano de muitas batalhas sangrentas, que tinha ao seu lado o major-general Benjamin “Benny” Peled, da Força Aérea Israelense, cujo trabalho era planejar a parte aérea da missão.
Uma vez que ficou claro que os esforços da diplomacia não iriam resolver a crise, decidiu-se avançar com a ação militar. O plano final foi aprovado pelo gabinete de Israel no último momento possível, no dia 3 de julho, as 18:00, onde envolveria uma equipe de paraquedistas e comandos escolhidos a dedo para serem levados a Entebe.
O “espetáculo” dos israelenses deveria seguir esse “programa”, cujo o elemento surpresa era um fator chave….
Eles seriam levados em quatro aviões de transporte quadrimotores Lockheed C-130 Hércules, que percorreriam toda a distância entre Israel e Uganda sem escolta, para aterrissar na pista de um aeroporto cercados de inimigos armados e, para piorar a situação, o pouso seria à noite. As tropas israelenses então deveriam agir de forma rápida para invadir o antigo terminal, apoiados primeiramente por uma limusine civil e alguns veículos militares leves e, só depois que os outros C-130 pousassem, os atacantes receberiam apoio de alguns veículos blindados de transporte de pessoal (sigla em inglês APC). Eles então teriam de atacar cirurgicamente seus inimigos na área do aeroporto e evitar atingir os reféns. Depois a ordem era escoltar os judeus e a tripulação francesa para o último Hércules a pousar, recolher veículos, armas, mortos e feridos nos outros C-130. Depois deveriam seguir para um ponto de reabastecimento conseguido por pressão diplomática, quando então todos retornariam para Israel.
Se no papel a coisa toda parecia nem um pouco fácil, na prática para realizar essa missão só com um pessoal muito preparado, treinado, motivado, equipado, corajoso e decidido….
Para liderar a equipe de ataque foi escolhido o tenente-coronel Yonathan “Yonni” Netanyahu, um homem que era uma estranha mistura de intelecto e coragem. Havia sido criado em Nova York por pais sionistas e ao completar 18 anos foi para Israel para se juntar a uma das unidades de elite das IDF – Israel Defense Forces (Forças de Defesa de Israel).
Ascendeu rapidamente na carreira por ter se distinguido na Guerra dos Seis Dias de 1967 e novamente nos combates nas Colinas de Golã durante a Guerra de Outubro de 1973. Em uma ousada operação Yonni resgatou seu melhor amigo, um comandante de batalhão blindado que havia sido ferido pelos sírios, mas foi gravemente atingido no processo. Acabou dispensado das IDF com 30 por cento de incapacidade física.
Mesmo assim ele conseguiu retornar para os quartéis. Foram várias operações médicas excruciantes, até convencer o chefe de gabinete do exército israelense quele estava apto a comandar a sua antiga unidade. E é bom ressaltar que essa era uma força de comandos do Sayerat Maktal (Forças Especiais Israelenses), altamente preparada e operacional.
Agora, na tarde de 3 de julho de 1976, Yonni Netanyahu estava no compartimento de carga de um barulhento C-130 Hércules, espremido no banco da frente de uma Mercedes-Benz preta, enfrentando a missão mais difícil de sua vida. Estava no primeiro avião a decolar do Aeroporto de Ofira, perto de Sharm el-Sheikh, na Península do Sinai, uma região egípcia então ocupada militarmente por Israel
Em tempo – O tenente-coronel Yonathan “Yonni” Netanyahu era um irmão mais novo de Benjamin “Bibi” Netanyahu, que havia sido um antigo líder de uma unidade de forças especiais do Exército de Israel, esteve em combate em várias ocasiões e que décadas depois seria primeiro ministro de seu país entre 2009 a 2021.
Planejamento
O C-130 Hércules eram todos do Esquadrão 131 e o avião líder era pilotado pelo tenente-coronel Joshua “Shiki” Shani, o líder do esquadrão. Nas Logo as aeronaves bastante carregadas, os cerca de 100 homens de Yonni se acomodaram dentro dos quadrimotores para a longa jornada em seus assentos, no piso da aeronave, nos bancos dos Land Rovers de ataque, armados com metralhadoras pesadas ponto cinquenta, além dos APCs, que se posicionariam ao redor do aeroporto para protegerem a área.
Enquanto planejavam o ataque, as forças israelenses tiveram que buscar alternativas para reabastecer os C-130. Os israelenses não tinham capacidade logística para voar com aquelas quatro aeronaves carregadíssimas, para tão longe do espaço aéreo israelense. Embora várias nações da África Oriental, incluindo a escolha logisticamente preferida do Quênia, fossem simpáticas a causa de Israel, nenhuma desejava incorrer na ira do maluco do Idi Amin, ou dos palestinos, permitindo que os israelenses pousassem suas aeronaves dentro de suas fronteiras.
Mas o ataque não poderia prosseguir sem a assistência de pelo menos um governo da África Oriental. Após ingerências diplomáticas, os israelenses garantiram a permissão do Quênia para a força-tarefa IDF cruzar o seu espaço aéreo e reabastecer no aeroporto de Nairobi, capital do país. Mas até o momento do ataque, dentro dos C-130, reinava a incerteza desse apoio.
O comandante das forças de assalto havia treinado ao máximo: Nos últimos dias, uma e outra vez, eles correram equipados e armados em um centro de treinamento improvisado, percorrendo a mesma distância entre o local de parada dos C-130 e o terminal de Entebe, até que eles conseguissem terminar o sprint em menos de 120 segundos.
Mas houve outros planejamentos e treinamentos.
Através dos reféns libertados em Paris o Serviço Secreto de Israel, o Mossad, construiu uma imagem precisa do paradeiro dos reféns, o número de sequestradores e o envolvimento das tropas ugandenses. Um passageiro franco-judeu que tinha antecedentes militares e uma memória fenomenal, forneceu informações detalhadas sobre o número de armas transportadas pelos sequestradores. Além disso, uma empresa israelense chamada Solel Boneh estivera envolvida em projetos de construção na África durante as décadas de 1960 e 1970 e construiu o terminal onde os reféns foram mantidos. O exército israelense consultou os engenheiros dessa empresa e ergueram uma réplica parcial do terminal do aeroporto para treinar o ataque.
30 Segundos de Atraso
Após a decolagem da região de Sharm el-Sheikh, os quatro Hércules seguiram para quase oito horas de voo, começando pelo Golfo de Eilat. Eles tomaram as medidas evasivas necessárias para evitar os radares de vigilância do Egito, Sudão e Arábia Saudita, voando a uma altura não superior a 30 m (100 pés) e seguindo uma rota que os levaria profundamente na África. Eles mantinham estrita formação de voo, total silêncio em seus rádios e, para saber se estava tudo bem com os outros Hércules, de vez em quando os outros pilotos emparelhavam suas aeronaves com a cabine do tenente-coronel Shani e se “mostravam”, deixando claro que seguiam tranquilos. Perto da saída sul do Mar Vermelho, os C-130 viraram e passaram sobre Djibuti. De lá, eles foram para um ponto a nordeste de Nairóbi, no Quênia.
Dois jatos Boeing 707 seguiram os C-130. O primeiro Boeing continha instalações médicas e pousou no Aeroporto Internacional Jomo Kenyatta, em Nairobi. O segundo seria um centro de comunicações, controle e comando, que ficou circulando sobre o Aeroporto de Entebe durante o ataque. O major-general Peled estava nele.
O tenente-coronel Shani seguia ouvindo o rádio, cada vez mais tenso ao escutar as últimas notícias sobre o tempo, pois nuvens e trovoadas estavam sobre o espaço aéreo africano. Isso poderia trazer riscos para toda a missão. Logo o céu ficou completamente encoberto, levando a chuva aos para-brisas. A monótona varredura dos limpadores, alternada com o balanço do avião na turbulência, em meio aos flashes sobrenaturais de relâmpagos iluminando o céu negro, com trovões disputando com o barulho dos motores, criava um quadro complicado.
Os pilotos lutavam com os controles e as sacolejadas. Nos compartimentos de carga estava muito desagradável para os soldados. Apesar da noite, estava bem quente dentro dos Hércules. Vários militares vomitaram e ninguém estava preso a nada. Era uma bagunça total. Então, olhando de volta para a cabine, Shani viu a calma dedicada nos rostos dos paraquedistas e foi o calejado piloto que se tranquilizou.
Ao se aproximarem do alvo, Yonni desceu do luxuoso Mercedes e se juntou ao piloto líder na cabine por um momento. Uma reconfortante mão no ombro, uma piscadela confiante e o jovem comandante voltou ao seu posto para preparar seus homens para a ação.
Logo estavam sobre o Lago Vitoria, que divide territorialmente Tanzânia, Uganda e Quênia, sendo um dos Grandes Lagos Africanos, localizado num planalto elevado na parte ocidental do vale do Rift, na África Oriental. Nesse ponto a formação aérea se dividiu, cada piloto tomando seu posto para o pouso de acordo com o planejamento. O primeiro C-130 deveria pousar no aeródromo, enquanto os outros deveriam circular sobre o Lago Vitória e descer sequencialmente. Assim que a primeira aeronave pousasse, primeiramente sairia dela a falsa limusine, liderado por Netanyahu, depois os Land Rovers e todos acelerariam para o terminal.
Os céus de Entebe estavam nublados, com chuva leve caindo, mas surpreendentemente, para a sorte dos israelenses, a pista do aeroporto de Entebe estava totalmente iluminada e o pouso foi facilitado. A aeronave líder entrou cautelosamente na etapa final da abordagem, deslizou silenciosamente para a pista e parou precisamente no local que a inteligência havia planejado. Apesar dessa situação positiva, durante o taxiamento o primeiro C-130 a pousar quase caiu em uma vala.
As primeiras forças israelenses aterrissaram em Entebe em 3 de julho, às 23:00. Incrivelmente todo o trajeto de voo gerou um atraso de apenas míseros 30 segundos em relação ao planejamento. Uma conquista raramente igualada, até mesmo por pilotos de linha aérea veteranos que voavam a anos na África.
O “show” ia começar!
Ataque Cirúrgico
Yonni e seus homens desceram a rampa da primeira aeronave na Mercedes preta, seguido por dois Land Rovers sem marcações na carroceria e dirigiram os veículos para o prédio do terminal.
Relatórios de inteligência israelense identificaram o carro oficial de Idi Amin como sendo uma Mercedes-Benz preta, modelo 600 Pullman W100, que circulou naqueles dias no aeroporto de Entebe, na companhia de terroristas palestinos em Land Rovers. O que os israelenses não sabiam foi que Amin havia comprado recentemente uma Mercedes branca. Então duas sentinelas ugandenses ordenaram que os veículos parassem. Yonni Netanyahu ordenou que os comandos atirassem nas sentinelas usando pistolas com silenciadores, mas eles não os mataram. Enquanto os homens da Mercedes se afastavam, os israelenses que vinham em uma Land Rover os eliminaram com disparos de um fuzil sem silenciador.
Temendo que os sequestradores fossem alertados prematuramente, a equipe de assalto rapidamente se aproximou do terminal para surpreender os terroristas antes que eles pudessem atirar. Os militares israelenses conseguiram se aproximar a uma velocidade fantástica e com surpresa quase total, arrombando simultaneamente todas as entradas e chegando aos reféns.
Dan Shomron, o comandante da operação, que estava no avião C-130 do tenente-coronel Joshua Shani, podia olhar pelas janelas e verificar o correto desenvolvimento da operação correta. Shomron foi capaz de dizer a si mesmo o que ele havia dito ao ministro da defesa três dias antes – se o primeiro avião conseguisse fazer um pouso inocente, sem chamar atenção, a operação seria um sucesso. O avião realmente chegou ao local designado, e os pilotos afirmaram que nunca viram uma força de desembarque agir tão rapidamente. Em dezenas de segundos, os soldados israelenses estavam do lado de fora e imediatamente movendo-se em direção ao alvo.
Os reféns estavam no prédio logo ao lado da pista. Os atacantes adentraram no terminal, gritando em megafones em hebraico e inglês para que os reféns se abaixassem. Então começou o tiroteio. O primeiro terrorista que apareceu foi morto pelo vice comandante da força israelense, o major Muki Betser.
Infelizmente Jean-Jacques Mimouni, um imigrante francês de 19 anos que morava em Israel, levantou-se e foi morto quando o confundiram com um sequestrador. Outro refém, Pasco Cohen, 52 anos, também foi ferido fatalmente por tiros dos comandos. Além disso, uma terceira refém, Ida Borochovitch, de 56 anos, uma judia russa que havia emigrado para Israel, foi morta por um sequestrador no fogo cruzado.
De acordo com o que se soube depois, quatro terroristas foram mortos em menos de um minuto. Dois estavam imediatamente à esquerda da porta de entrada. Outro estava cerca de 10 metros após os reféns e um disparo o pegou no meio do corpo. Um quarto terrorista estava no outro lado da sala e foi atingido. Ele caiu, depois tentou se levantar e foi baleado novamente. A certa altura, um comando israelense gritou em hebraico: “Onde estão os demais?” referindo-se aos sequestradores. Os reféns apontaram para uma porta de ligação do saguão principal do aeroporto, na qual os comandos jogaram várias granadas de mão. Então, eles entraram na sala e mataram a tiros três sequestradores, encerrando o ataque. Foram mortos os quatro sequestradores que tomaram o Airbus, além de cinco, dos que se juntaram a eles em Entebe. Alguns deles morreram sem disparar um tiro.
Sobre os terroristas alemães, consta através dos depoimentos das testemunhas, que a conduta de Brigitte Kuhlmann foi bastante violenta com os judeus. A ex-educadora formada em Hannover, que trabalhava como voluntária junto a crianças em situações especiais no seu tempo livre, ficou universalmente lembrada por sua extrema crueldade e fúria durante o sequestro e no subsequente encarceramento dos reféns. Já em relação a Wilfried Böse, o seu comportamento foi menos radical. Durante o sequestro um passageiro judeu lhe mostrou a tatuagem que recebeu no campo de extermínio de Auschwitz e Böse teria dito: “Não sou nazista! … Sou um idealista”. Jacques Lemoine, engenheiro de voo do avião sequestrado, comentou anos depois que “foi Böse quem tomou a decisão de não matar todos os reféns quando os militares israelenses invadiram o terminal”. Essa versão foi corroborada por Ilan Hartuv, que viu Wilfried Böse ser o único sequestrador que, após o início da operação apontou seu fuzil Kalashnikov para os cativos, mas “imediatamente caiu em si” e ordenou que eles se abrigassem no banheiro, antes de ser morto pelos comandos. De acordo com Hartuv, os disparos de Böse foram para os soldados israelenses e não contra os reféns.
Reação dos Ugandenses
Na sequência uma bazuca destruiu o holofote da torre de controle. Sob uma parcial cobertura da escuridão, os israelenses começaram a reunir os reféns para a viagem de volta.
Sete minutos após a aeronave de Shani ter pousado, os outros três C-130 começaram a aterrissar e as tropas foram se posicionando. Enquanto o Hércules nº 3 se aproximava, os ugandenses cortaram as luzes da pista, mas ele pousou em segurança. O último C-130, cuja função era recolher os reféns, desembarcou com o auxílio da iluminação dos paraquedistas e taxiou próximo ao antigo prédio do terminal. Foi quando soldados ugandenses abriram fogo da torre de controle do aeroporto.
Os homens de Yonni revidaram com disparos de metralhadoras leves e uma granada propelida por foguete, suprimindo o fogo dos ugandenses. Mas durante este breve, mas intenso tiroteio, pelo menos cinco comandos ficaram feridos e o comandante da unidade israelense Yonatan Netanyahu foi morto. De acordo com um dos filhos de Idi Amin, o soldado que atirou no comandante israelense, um primo da família Amin, foi morto no tiroteio. Cerca de vinte soldados ugandenses perderam a vida, mas algumas fontes apontam que o número de mortos foi mais que o dobro.
Os israelenses terminaram de evacuar os reféns, carregaram o corpo de Yonni Netanyahu em um dos aviões e começaram a deixar o aeroporto. Toda a operação durou 53 minutos – dos quais o assalto durou apenas 30 minutos.
Os C-130 agora rolavam devagar pela pista, devido ao peso, quando todo o aeroporto foi subitamente iluminado por uma vasta exibição de “fogos de artifício”. Uma equipe especial de demolição do Sayeret Matkal, liderada pelo major Shaul Mofaz, futuro ministro da defesa de seu país, destruiu sete aviões de caça MiG-21 e quatro MiG-17, que constituíam a força de aviões de combate de Uganda. Agora os israelenses estavam seguros para voar sem possíveis perseguições.
Dos 105 reféns, três foram mortos e aproximadamente 10 ficaram feridos. Já a refém Dora Bloch, de 74 anos, ficou para trás. Ela havia sido levada enferma para um hospital antes do ataque. Na sequência da ação israelense ela foi covardemente morta por membros da elite de segurança de Uganda. Seus restos foram recuperados perto de uma plantação de açúcar a 32 quilômetros a leste de Kampala, capital do país, em 1979, depois que a guerra entre Uganda e a Tanzânia acabou com o governo de Amin. Como retaliação à assistência do Quênia a Israel no ataque, Amin ordenou a morte de centenas de quenianos que viviam em Uganda.
Graças aos esforços dos soldados de elite israelenses, 102 reféns foram resgatados vivos. Havia entre os sequestrados quatro judeus brasileiros, que também foram resgatados.
Alegria e Silêncio
Enquanto as aeronaves retornavam para Israel, ainda próximo de nações que na época eram consideradas inimigas, rádio internacionais de alcance mundial, como a BBC britânica e algumas rádios francesas, já anunciavam o ataque e o resultado positivo para Israel. Isso gerou um certo stress, mas horas depois, na manhã de 4 de julho de 1976, por coincidência no mesmo dia do 200º aniversário da independência dos Estados Unidos da América, as quatro aeronaves C-130 Hércules sobrevoaram as vilas e cidades do sul de Israel escoltados por caças F-4 Phantom.
Três C-130 pousaram na Base Aérea de Tel Nof e o Hércules número 4, seguiu para o Aeroporto Ben Gurion, perto de Tel Aviv.
Uma alegria sem paralelo na história de Israel surgiu e continuou crescendo, conforme a notícia do resgate se espalhava pela nação. Os israelenses empolgados, literalmente explodiram de alegria. Multidões dançaram horas no asfalto. Flores e champanhe foram regados sobre os vencedores. Parecia que toda à nação entrou em um grande carnaval, ou haviam ganho uma Copa do Mundo de Futebol. Uma situação muito difícil de acontecer nesse país, que até hoje só participou da Copa de 1970, no México, e não passaram da primeira fase.
Enquanto a nação israelense se esbaldava de justa alegria, com multidões jubilosas percorrendo as ruas, um grupo severo e triste de homens cansados saia pela lateral da festa em incongruente silêncio. Em seus ombros eles carregavam o corpo sem vida de seu comandante Yonni Netanyahu, o único militar de Israel perdido no ataque.
Extraído do blog Tok de História do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.
https://tokdehistoria.com.br/2022/02/04/1976-o-incrivel-resgate-dos-refens-israelense-em-entebe/
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