Por Joseane Pereira
D. Pedro II em pintura oficial - Domínio Público
O óbito do imperador enterrado junto a um pacote com terra do Brasil, teve repercussões
significativas entre os brasileiros.
No ano de
1891, D. Pedro II vivia seu melancólico exílio na Europa. Expulso do Brasil em
1889, após o advento da República, ele e sua família se refugiaram na França e
no Império Austro-Húngaro. O banimento
da Família Imperial só seria suspenso em 1920, quase trinta anos após
sua morte.
Os dias finais
do ex-Imperador foram marcados por tristeza e saudosismo. Vivendo modestamente
no hotel Bedford em Paris, ajudado por seu amigo Conde de Alves Machado, ele
registrava em diários seu desejo de retornar ao Brasil. Sua esposa, Teresa
Cristina, morrera logo após chegar à Europa devido a problemas respiratórios, e
ele vivia cercado de alguns monarquistas fiéis e do restante de sua família.
Nos últimos
anos, D. Pedro envelhecera rapidamente, estando à beira da morte em diversas
ocasiões. Após fazer um longo passeio pelo Rio Sena em um dia de inverno, ele
contraiu um resfriado que evoluiu para uma pneumonia grave, levando à sua morte
em 5 de dezembro de 1891 – três dias após seu aniversário de 66 anos.
Nas 72 horas
entre aniversário e morte, uma procissão ininterrupta de pessoas foi visitar o
ex-imperador. Suas últimas palavras foram: "Deus que me conceda esses
últimos desejos, paz e prosperidade ao Brasil”.
Impacto em
solo brasileiro
Durante a
preparação do corpo para o velório, um pacote lacrado foi encontrado em seus
aposentos, junto à seguinte mensagem do imperador: "É terra de meu país.
Desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de minha pátria”. O
pacote continha terra de todas as províncias brasileiras.
Pedro II em
seu leito de morte / Crédito: Wikimedia CommonsUm livro foi
colocado sob sua cabeça no leito de morte, simbolizando que sua mente
descansava sobre o conhecimento. O governo Francês realizou um funeral de
Estado, e diversos membros da monarquia Europeia compareceram à cerimônia,
assim como representantes de governos americanos e de países como Turquia,
China e Pérsia e membros da Academia de Belas Artes.
Nenhuma
manifestação oficial foi realizada na República
brasileira. Contudo, segundo o historiador José Murilo de Carvalho, o povo
brasileiro não ficou indiferente ao seu falecimento: "repercussão no
Brasil foi também imensa, apesar dos esforços do governo para a abafar. Houve
manifestações de pesar em todo o país: comércio fechado, bandeiras a meio pau,
toques de finados, tarjas pretas nas roupas, ofícios religiosos", afirma
ele em seu livro “D. Pedro II: ser ou não ser”.
Missas solenes
foram realizadas por todo o país, enaltecendo D. Pedro II e o regime
monárquico. Os brasileiros se tornaram ainda mais apegados à figura do
Imperador, a quem consideravam o Pai do Povo, e uma nostalgia com relação ao
seu reinado crescia cada vez mais.
Enquanto o
povo acreditava que as crises políticas e econômicas que afetavam a República
se davam por causa da deposição do Imperador, sentimentos de pesar se
manifestavam inclusive entre republicanos, que consideravam Pedro II um modelo
de governante, com méritos e realizações genuínas.
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Imperador, de Lilia Moritz Schwarcz
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A história não contada: O último imperador do Novo Mundo revelado por cartas e
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Imperador
cidadão: e a Construção do Brasil, de Roderick J. Barman
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