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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Encontro de Gigantes

Por: Alcino Alves da Costa

Outrora, Poço Redondo era um arruado pertencente ao vasto município de Porto da Folha. Com sua emancipação em 25 de novembro de 1953 quase todas as fazendas nascidas nos escondidos daquelas brenhas caatingueiras passaram a pertencer ao novo município. Dentre elas uma fazenda chamada Pia Nova. Nos idos do cangaço o proprietário da Pia Nova era um caboclo de “boa cepa”, “raiz de braúna”, verdadeira “madeira de lei”, “homem atutanado”, sertanejo de “peso e medida”, chamado Torquato José dos Santos.


Já caindo para a idade seu Torquato cuidava com esmerado carinho e zelo de sua terrinha, de sua família, especialmente de sua numerosa filharada. No meio dela um rapazinho saindo da puberdade, chamado João. Este jovem caboclo carregava orgulhosamente o nome de seu pai junto ao seu nome de batismo. Vindo, com o passar dos anos, a se tornar no célebre João Torquato, o homem que derrotou Corisco, o “Diabo Louro”, na famosa medição de força acontecida na fazenda Queimada de Luís.

Corisco

O sofrimento, dores e provações de João Torquato começaram acontecer naquele entardecer do triste dia 02 de maio de 1937, quando chegou a sua casa um bando de malvados cangaceiros comandados por Zé Sereno e Mané Moreno. 

Zé Sereno à esquerda e Mané Moreno à direita

Numa atitude injusta e perversa, os cruéis cangaceiros assassinam o velho Torquato e seu genro Firmino. Medonha tragédia que destroçou a vida de João e todos da família. Desatinado com tamanha injustiça, João Torquato só pensava em vingar a morte do papai amado e de seu cunhado Firmino. Só lhe restava uma alternativa. Mesmo sabendo que sua mãe iria acrescentar ainda mais as suas dores e sofrimentos se decidiu por procurar uma das “forças do governo” que combatiam Lampião e nela se engajar. Só assim teria oportunidade de caçar e se vingar dos monstros que tiraram a vida de seu pai.

Zé Rufino

Foi o que fez. Procurou a volante comandada pelo famoso Zé Rufino e nela deu início a uma nova e inesperada etapa de sua vida; a vida de caçar cangaceiro. Pouco se demora sob o comando de Zé Rufino. O seu destino é a volante do temido Antônio Recruta, onde perseguiu cangaceiro por longo tempo. Nesta volante, João Torquato participou de vários confrontos com os cangaceiros.

Um deles, no entanto, se tornou célebre. Aquele em que sozinho enfrentou a cabroeira de Corisco, baleando-o e tirando a vida dos cangaceiros Guerreiro e Roxinho.

Como se sabe Corisco, após a morte de Lampião, ficou “atuleimado” e “atarantado” da cabeça, sem tino e sem razão. Ensandecido, cometeu diversas atrocidades, dentre elas as monstruosas execuções e degolamento de Domingos Ventura e mais cinco pessoas da família do vaqueiro da fazenda Patos, nas Alagoas, e como requinte final, após cortar as cabeças de suas desventuradas vítimas, as enviou para a cidade de Piranhas, aonde foram entregues ao prefeito João Correia Britto. O mesmo acontecendo, já em Sergipe, na fazenda Chafardona, em Monte Alegre de Sergipe, quando em mais um ato brutal assassinou Sinhozinho de Néu Militão, cortou a sua cabeça colocando-a em uma gamela e a enviando para o então povoado de Monte Alegre, por um rapaz chamado Santo e entregá-la ao cabo Nicolau que ali destacava.
Foi logo após esse crime que Corisco se deslocou até as caatingas da linha divisória entre Sergipe e Bahia.  Existem duas versões sobre o local em que aconteceu o extraordinário combate travado por João Torquato e Corisco.
O notável historiador Antônio Amaury, em seu livro “Gente de Lampião: Dadá e Corisco”, no capítulo “Agonia do cangaço”, páginas 113, 114 e 115, seguindo as acreditáveis informações de Dadá, diz que este confronto entre Corisco e João Torquato, aconteceu na fazenda “Lagoa da Serra”, residência do coiteiro Geraldo. Ocorre que João Torquato afirmava convicto que o seu embate com Corisco se deu em uma fazendinha abandonada chamada “Queimada de Luís”. Está em muitos livros a história deste confronto. Como se sabe o cangaceiro Guerreiro foi morto pelas balas do fuzil de João Torquato quando caminhava ao lado de Dadá e Roxinho pela malhada da fazendinha.
Imaginando que Guerreiro fosse Corisco, João Torquato faz pontaria em seu corpanzil e dispara a sua mortífera arma. O bandido tomba gravemente ferido. Não é Corisco é o cangaceiro Guerreiro. Corisco e os que lhe acompanhavam pensaram ser uma volante. A cabroeira corre e se ampara no paredão de um tanque. Prepara-se para enfrentar os agressores. Assim pensando, Corisco grita raivoso: “Macacos covardes! Venham! Vamu brigar. Vocês tão pegados é com Corisco” - jamais poderia imaginar que estava sendo atacado apenas por um soldado.
João se surpreendeu ao ouvir aquela possante voz. Pensava que o bandido que havia derrubado na malhada da fazenda fosse justamente Corisco, mas estava enganado. Os cangaceiros estão amparados no paredão do tanque. No outro lado do paredão está João Torquato que os enfrenta como desmedida coragem. Troca tiros com os bandidos. De repente divisa um cangaceiro que como se fosse uma cobra – e cobra ele era – se arrasta cautelosamente a sua procura. Sem perda de tempo o “contratado” dispara seu fuzil e o assecla despenca, rolando em sua direção. O “cabra” é muito jovem. Mais parece um menino. É Roxinho, o mesmo que estava ao lado de Guerreiro e Dadá na malhada da fazenda.

Grupo de Corisco

O menino é valente. Tenta pegar a sua arma que havia escapado de suas mãos. Não consegue. João Torquato com o coice de seu fuzil esbagaça a sua cabeça. Temendo o cerco da volante, assim imaginava Corisco, o mesmo e sua Dadá deixam o paredão do tanque e procuram a proteção da caatinga. João Torquato grita para o “Diabo Louro”:

 “Tá correndo covarde? Num diz que é valente, cabra frouxo. Num corra! Vamu brigar”.

O famoso alagoano escuta as palavras desafiadoras do soldado. É um valente. Vira-se para enfrentar a volante. Surpreso se depara apenas com um inimigo. Cadê os outros? Fica a se indagar por segundos. É a sua perdição. João Torquato aproveita aquela momentânea indecisão e dispara a sua arma. Naquele dia o filho de seu Torquato estava totalmente protegido pela sorte. Uma bala atingiu justamente os dois braços de Corisco deixando-o fora de combate.
O balaço fez com que o fuzil do companheiro de Dadá caísse por terra. Sem forças para segurá-lo o cangaceiro se desespera e procura se proteger na mataria. Percebendo a situação do famoso bandoleiro, João Torquato grita desafiador: “Não corra covarde. Espere pra morrer”. Mesmo com os braços destroçados Corisco pára. Mostra o quanto é valente. Sabe que irá morrer, mas morrerá como um verdadeiro homem. João Torquato aponta-lhe a sua mortífera arma. Será o fim de um dos mais famosos companheiros de Lampião.

Dadá e Corisco

É neste instante tão decisivo que entra em cena a figura de Dadá. Sem temer o inimigo o enfrenta com inusitada coragem. Nele atira, fazendo-o desviar a sua atenção em Corisco e ter que trocar tiros com ela. Dadá não pára de atirar. Atira no feroz inimigo e empurra Corisco na direção de uma baixada protetora ali nas proximidades. As balas de sua arma se acabam. Eis que numa atitude gigantesca e inesperada, a companheira de Corisco o defende jogando pedras em João Torquato, o homem dos olhos grandes e “abotecados” como ela dizia.
Continua empurrando o companheiro. Escorrega e cai. O vingador da morte do pai sorriu. Apontou-lhe o seu fuzil. Iria matá-la sem piedade. Errou o alvo. Com raiva se prepara para o segundo tiro. Percebe então que a sua arma estava sem munição. Enfia uma das mãos no bornal. Tem que recarregar rapidamente o seu fuzil. Ao retirar a mão do bornal com as balas o nunca esperado aconteceu. Seus companheiros vinham chegando e sem medir as consequências atiraram justamente em João Torquato ferindo-o na mão que ele segurava as balas.Os pedidos que naquela agonia Dadá rogava a Nossa Senhora foram atendidos. Na confusão que reinou no meio dos da volante, Corisco e sua valente companheira conseguiram se salvar. Como se sabe, Corisco deixou esse mundo no dia 25 de maio de 1940, assassinado pelas armas de Zé Rufino. Baleada, Dadá teve a sua perna amputada.
João Torquato deixou à volante e retornou a sua amada Pia Nova, onde viveu até o final de seus dias.Em 1958 vamos encontrá-lo ao lado de Zé de Julião. Havia se tornado um de seus fiéis aliados, naquela famosa disputa política entre o antigo cangaceiro Cajazeira e o seu oponente Artur Moreira de Sá, quando os dois eram candidatos a prefeito de Poço Redondo.
Desesperado com a monstruosa perseguição que lhe movia o governador do Estado, Zé de Julião roubou a urna no dia da eleição, ou seja, em 03 de outubro de 1958, e João Torquato ali estava de arma em punho, pronto para matar ou morrer defendendo um dos antigos “cabras” de Lampião, cangaceiros que ele tanto odiava. Para conhecer mais detalhes sobre essa história de sofrimento do povo sertanejo de Poço Redondo, em especial da família Torquato, leia-se os capítulos “Combate da Arara – morte de Zepelim”, página 249; “Os cangaceiros se vingam e matam Torquato e Firmino”, página 259; “A traição se consuma”, página 261; “Um milagre salva a volante”, página 265; e “A vingança de João Torquato, o filho de Torquato e o tiroteio com Corisco”, página 273, da terceira edição do livro “Lampião além da versão – mentiras e mistérios de Angico”, que se encontra a venda com Pereira, em Cajazeira, na Paraíba.

Alcino Alves Costa, o Decano
Caipira de Poço Redondo
Sócio da SBEC, Conselheiro Cariri Cangaço

Alcino estará presente na Caravana Cariri Cangaço-GECC, Desafio de Carnaval.

Cariri Cangaço
http://cariricangaco.blogspot.com

ANTONIO CONSELHEIRO


E o sertão virou mar... de sangue … Na tomada de Canudos, o Exército matou pelo menos 25 mil rebeldes

Não consigo imaginar coincidências quando vemos que todas as iniciativas politicas partidas das classes populares, tratadas como se fossem contra os governos no Brasil, tiveram um fim trágico. A começar pelas insurreições, pela independência do Brasil, passando pelas revoluções de l930, Coluna Prestes, Caldeirão da Santa Cruz, Araguaia e por aí vai. Em todas elas, a força das armas literalmente matou ideias e ideais que podiam ser tomados como exemplo de cidadania.

Nada comparado às atrocidades cometidas pelos que são adestrados para “defender a pátria”, principalmente nas frentes de batalha dos movimentos situados nos lugares mais longínquos da sociedade urbana, como no caso de Canudos. E eu, francamente, não me canso de ler e reler histórias como a de Canudos, Caldeirão, Pau de Colher, Contestado, entre outras. Continuo a cada leitura, sem entender o motivo da ação covarde do poder dominante...

A mim, reações à intervenção urbana nestes movimentos são exemplos de uma rebeldia valente, objetiva, aguerrida, decidida. A mim, eles poderiam servir como exemplo para a promoção de avanços sociais. Avanços estes que dependem da inclusão de ideias simples, vinda de pessoas simples, que ao invés de optarem pela teoria (ora acadêmica, ora politica) preferiram tomar decisões baseadas na solução de problemas diretamente ligados às suas necessidades. Este foi o caso de Canudos.

Diziam que Conselheiro era um louco quando pregava o fim do mundo. Pregava como se fosse um alerta para as nossa obrigações religiosas. Quando perguntado sobre o fim do século, dizia Ele em seus sermões que...”em 1900 as luzes se apagariam e choveriam estrelas. Antes, porém, aconteceriam fatos extraordinários...Em 1896 mil rebanhos correriam da praia para o sertão e o mar se tornaria sertão e o sertão mar. Em 1897 o deserto se cobriria de pasto, pastores e rebanhos se misturariam e a partir de então haveria um só rebanho e um só pastor. Em 1898 aumentarias os chapéus e diminuiriam as cabeças, e em 1899 os rios ficariam vermelhos e um planeta novo cruzaria o espaço.(SIC)...(trecho do livro A GUERRA DO FIM DO MUNDO, Vargas Llosa)

Pelo que li, essa profecia também foi feita por Nostradamus para outra data, outros fatos, porém, de ideia semelhante. Só não compreendo por que Nostradamus é profeta e Conselheiro é “louco”. Mas isto é ideia para outra discussão.

Certo, é que Antônio Mendes Maciel, levou grande parte da sua vida sertões adentro, a aconselhar pessoas, principalmente no interior da Bahia, conclamando a todos a se voltarem pra Deus, ao trabalho e às orações. Conclamava o povo de sertão a recuperar e cuidar de igrejas católicas para, junto com eles, rezar e pedir a Deus a providencia divina para os sofrimentos de todos os sertanejos daquela sofrida região do Nordeste.

“Dava conselhos ao entardecer, quando os homens tinham voltado do campo e as mulheres terminado os afazeres domésticos e as crianças já estavam dormindo. Dava-os nos descampados desmatados e pedregosos que existem em todos os povoados do sertão...falava de coisas simples e importantes, sem olhar para ninguém em especial entre as pessoas que o cercavam, ou melhor, olhando, com olhos incandescentes, através através do ajuntamento de velhos, mulheres, homens e crianças, algo ou alguém que só ele podia ver...Os vaqueiros e os peões do interior escutavam-no em silêncio, intrigados, atemorizados, comovidos, e assim o escutavam os escravos libertos dos engenhos do litoral e as mulheres e os pais e os filhos de uns e de outras(idem)”.

Assim foi que Antônio Mendes Maciel ganhou a alcunha de “CONSELHEIRO”, passando a ser tratado como Antônio Conselheiro. A caminhar pelos sertões levando palavras de enlevo aos que lhe retribuíam com a atenção peculiar do sertanejo.

Um dia a sociedade urbana resolveu que era hora de acabar com a sua história. Conselheiro já tinha se fixado num parte de terra, fundado uma vila (arraial) chamada “CANUDOS. Os homens da cidade empenharam-lhe guerra. Exércitos foram mandados para liquidar com a sua historia. Os sertanejos que o seguiam, em defesa do arraial venceram três de quatro grandes expedições empreendidas. Tombaram na quarta investida, quando o exercito se utilizou da mais cruel e sangrenta tática de guerra, se utilizando inclusive de canhões.

Contam os pesquisadores que a ultima derrota do Beato deu-se por conta de uma disenteria aguda, quando Antônio Conselheiro morre no dia 22 de setembro. O cadáver não foi sepultado de imediato pois que, os seus seguidores, acreditavam que ele pudesse ressuscitar e continuar na luta. Só quando o corpo do beato começa a se deteriorar, já com a fedentina a atrair a sanha dos urubus, os sertanejos o enterram.

O cerco do Exército torna-se mais rigoroso. Passada uma semana, no dia 1º de outubro daquele ano, as tropas do governo empenham o ultimo e decisivo ataque, conseguindo por fim tomar a vila.

Em seu livro, Os Sertões, Euclides da Cunha descreve esse momento final da seguinte forma:

"Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a História, resistiu até o esgotamento completo. Expugnando palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam, raivosamente, cindo mil soldados.(Euclides da Cunha, OS SERTÕES)”.

De inicio cerca de trezentas mulheres levando pelo braço um contingente de crianças se rendem ao exército, mas os homens continuam resistindo numa luta desigual, com as poucas armas que ainda restam, aí incluídas armas brancas, artesanais como foices, pedras e pedaços de pau. No dia cinco de outubro tombam os últimos sertanejos. Eram os quatro heróis falados por Euclides da Cunha.

“Caiu o arraial a 5.No dia 6, acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casas, 5 200, cuidadosamente contadas."Depois da invasão, as ruínas da vila são destruídas e dinamitadas pelos militares. No final, de 25 mil a 35 mil rebeldes morreram nos combates. Entre os soldados, o total de baixas chegou a 5 mil. O corpo de Conselheiro foi desenterrado e sua cabeça foi levada como um troféu do Exército para Salvador, simbolizando o fim de Canudos.

(http://mundoestranho.abril.com.br)
Extraído do blog "Cariricaturas"

Os ursos no carnaval de Mossoró - 14 de Fevereiro de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento
Geraldo Maia e Kidelmir Dantas

Todo ano é a mesma coisa. Pelo menos um mês antes do carnaval eles aparecem. São crianças e adultos fantasiados de ursos que saem às ruas da cidade, seguidos ao som de tambores e taróis, pedindo dinheiro a quem passar pela frente. Para uns, é apenas uma maneira disfarçada de mendigar; para outros, é o último vestígio dos áureos tempos dos carnavais de Mossoró.

Os ursos que se espalham pela cidade nesta época do anos, alimentando o medo das crianças e a curiosidade dos adultos (ou a irritação), encontram na figura folclórica da fera aprisionada um misto de alegria e fantasia, além da oportunidade de ganhar algum dinheiro, que no final é distribuído entre os participantes da troça.
               

Não se sabe quando nem quem primeiro se fantasiou de urso em Mossoró. Mas quem fez, com certeza se inspirou numa das brincadeiras mais estimadas do carnaval do Recife que é a La Ursa; o urso do carnaval cujas origens encontra-se nos ciganos da Europa que percorriam a cidade com seus animais presos numa corrente, que dançavam de porta em porta em troca de algumas moedas, ao som da ordem: “dança la ursa!”
               
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Nesse tipo de brincadeira do carnaval pernambucano, a figura central é o urso, geralmente um homem vestindo um velho macacão coberto de estopa, veludo, pelúcia ou agave. As máscaras, que no início eram feitas de papel-machê pintadas de cores variadas, deram lugar ao plástico de diversos formatos. Na brincadeira, o “urso” é preso por uma corda na cintura, segurado pelo domador, e dança para a alegria de todos ao som de toadas do próprio grupo ou sucessos das paradas carnavalescas, podendo variar para o baião, forró, xote e até polca. A Orquestra do urso de carnaval é geralmente formada por sanfona, triângulo, bombo, reco-reco, ganzá, pandeiro, havendo outras mais elaboradas onde aparecem violões, cavaquinhos, clarinetes e até trombones. O conjunto traz por vezes, além do domador, do urso e da orquestra, o tesoureiro, porta-cartaz ou porta-estandarte, balizas e outros elementos que lá estão só para brincar o carnaval.

Os ursos do carnaval de Mossoró não chegam a ser tão organizados. A maioria dos grupos são formados por crianças, onde uma ou mais se disfarçam de ursos, com fantasias feitas geralmente com material reciclado, enquanto o restante segue com a batucada que é formada por bombo e taróis, ou simplesmente latas. Não cantam; apenas tocam seus instrumentos de percussão, enquanto o urso evolui, fazendo piruetas, correndo atras de crianças ou abordando os adultos em busca de dinheiro.
               
Alguns foliões se fantasiam de ursos já a bastante tempo. Pesquisando nos jornais locais, encontrei uma entrevista com um foliões nas páginas deste centenário jornal “O Mossoroense” , onde o marceneiro Francisco Lauro dizia que se fantasiar de urso era um sonho de criança. “Eu quando pequeno acompanhava ursos para me divertir e sonhava um dia poder divertir crianças com a mesma intensidade que sentia”. As vezes acontecem imprevistos, como o que relata Francisco Lauro: certa vez, o folião saiu fantasiado de urso com seus amigos, cercado de crianças, quando se dirigiu a um homem para pedir dinheiro. Em vez do dinheiro pedido, o homem puxou uma arma e a correria foi grande, afirma o marceneiro. Sem saber o que fazer nem ter tempo para correr, e já esperando pelo pior, Francisco Lauro teve a idéia de cair e se fingir de morto, numa cena hilária. O resultado foi que o homem acabou esquecendo a raiva e caindo na gargalhada. “E tudo acabou numa boa”, explica o folião.
               
Divertindo, assustando ou irritando, seguem os “ursos” com suas maneiras exóticas de brincar o carnaval, mantendo viva uma tradição que é passada de geração a geração.

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comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.

Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

Fonte:


ORGULHO DE PAI

O Combate de Uauá - Canudos

Por: Rubens Antonio

Apesar de algo distante do evento do Cangaço, como alguns dos seus nomes chegaram a participar de ambos eventos, reproduzimos aqui algo do material relacionado à rebelião de Canudos.
Relatório do Tenente Pires Vieira - Comandante da I Expedição Contra Canudos.
"Combate de Uauá – Logo que chegamos ao arraial, no dia dezenove, mandei estabelecer o serviço de segurança, postando guardas avançadas nas quatro estradas que ali conduzem em distancia conveniente, afim de evitar qualquer surpreza; nomeei o pessoal de ronda, e conservei toda a força no acantonamento. O dia vinte passou-se sem nenhum incidente notavel, a não ser o abandona do arraial à noite, e furtivamente, por quase todos os habitantes. Das informações que colhi consta que assim procederam com receio da gente do Antonio Conselheiro. Inclino-me, porém, a crer que se achavam mancommunados com esta para atraiçoarem a força publica, como o fizeram, pois que até os poucos que ficaram no arraial não foram offendidos pelos bandidos, e garantiram-me antes do combate que ali não havia fanaticos, nem adeptos do Antonio Conselheiro; que este e o seu povo se achavam em Canudos, de onde não sahiriam, não obstante terem elles a certeza quando isso me affirmaram de que os mencionados bandidos se achavam a quatro léguas de distancia, dirigidos por Quimquim Coyam, e viram atacar a força na madrugada do dia immediato.
A’s cinco horas da manhã do dia vinte e um, fomos surprehendidos por um tiroteio partido da guarda avançada, colocada na estrada que vae ter a Canudos. Esta guarda, tendo sido atacada por uma multidão enorme de bandidos fanaticos, reistiu-lhes denodamente, fazendo fogo em retirada. Por essa occasião o soldado da segunda companhia Theotonio Pereira Bacellar, que por se achar muito estropeado não poude acomlpanhar, a guarda foi degolado por um bandido. Immediatamente, dispuz a força para a defensiva, fazendo collocar em distancia conveniente do acantonamento uma linha de atiradores, que causou logo enormes claros nas fileiras dos bandidos.
Estes, não obstante, avançaram sempre, fazendo fogo, aos gritos de viva o nosso Bom Jesus! Viva o nosso Conselheiro! Viva a monarchia! etc., etc., etc, chegando até alguns a tentarem cortar a facão os nossos soldados. Um delles trazia alçada uma grande cruz de madeira, e muitos outros traziam imagens de sanctos em vultos. Avançaram e brigaram com incrivel ferocidade, servindo-se de apitos para execução de seus movimentos e manobras. Pelo grande numero que apresentaram foram por algumas praças calculados em tros mil! Há, porém, nisso exagero, proveniente de erro de apreciação; seriam uns quinhentos, mais ou menos, os que nos atacara, divididos em varios grupos, que procuravam envolver a nossa força e apoderar-se do arraial, o que não conseguiram devido às energicas providencias que tomei, effecazmente auxiliado pelos officiaes e a disciplina das praças. Conseguiu, entretanto, grande numero delles, apoderar-se de algumas casas abandonadas, que se achavam desguarnecidas por insufficiencia da força e de onde nos fizeram algum mal, mas, sendo necessario incendiar as dictas casas, afim de desalogja-los, o que conseguimos depois de alguma trabalho.
Chegados a esta phase do combate, depois de mais de quatro horas de luta, conhecendo que elles já se achavam desmoralizados, pela dificuldade com que respondiam, ao nosso fogo, e porque já tentavam fugir, passei a tomar a offensiva, e fiz perseguil-os até meia legua de distancia, morrendo muitos delles nessa occasião, e ficando o resto completamente desbaratado. Não levei mais longe a perseguição e mandei toca a retirar, por constar-me, achar-se um grande reforço delles um pouco adiante, e por estar a nossa gente cançada e sem alimentar-se desde a véspera. Além disso cumpria-me reunir os elementos que me restavam, afim de resistir a uma nova aggressão que porventura se desse. Seria pouco mais ou menos meio dia, quando terminou essa luta, com o regresso de nossas praças ao acantonamento, sem que durante a perseguição tivesse soffrido prejuízo algum. Na phase mais aguda do combate, houve fogo incessante e renhido de parte à parte, durante mais de quatro horas. Todos os officiaes, inferiores e praças portarem-se nessa emergência com um heroísmo e uma disciplina sem par, o que muito concorreu para seu bom exito, faltando-me palavras com que possa exprimir o procedimento nobre, correcto e enthusiasmador de que deram exhuberantes provas, honrando assim a corporação a que pertencemos.
Os inimigos deixaram no campo e dentro das casas que occupavam mais de cento e cincoenta cadaveres, sendo incalculavel o numero de feridos que tiveram e dos que foram morrer pela estrada, ou dentro das catingas. As nossas perdas foram aliás insignificantes quanto ao numero, sendo, porém, dolorosamente sensíveis e lamentaveis, por terem sido victimados pelas balas dos bandidos o distincto e temerario alferes Carlos Augusto Coelho dos Santos, o bom e destemido segundo sargento Hemeterio Pereira dos Santos Bahia, os valorosos cabo de esquadra Manoel Francisco de Souza, anspeçada Antonio Joaquim do Bomfim, soldados Herculano Ferreira de Araujo, Victorino José dos Santos e João Chrysostomo de Abreu, além do já mencionado Bacellar, que foi degollado no começo da ação, tendo sido assim a primeira victima. Ficaram feridos: gravemente - cabos de esquadra Cesario João dos Santos, Manoel Antonio do Nascimento, Pedro Leão Mendes de Aguiar, anspeçadas Tiburtino de Oliveira Lima, Minervino Bello da Cruz, soldados José Antonio Moreira, Casemiro de Freitas Passos, João Ferreira de Pinho e Virgilio Manoel dos Reis; levemente - cabos de esquadra Athanazio Felix de Sant'Anna e Salustiano Alves de Oliveira, anspeçadas João Evangelista de Lima e Raphael Pereira Cardoso, soldados - Antonio Bispo de Oliveira e Feliciano José dos Santos. Faleceram, tambem na luta, os paisanos Pedro Francisco de Moraes e seu filho João Baptista de Moraes, que nos serviam de guias, e que se portaram com galhardia na ocasião do combate, juntando-se à força e enfrentando os bandidos. Eram ambos casados e deixaram familia sem recursos. Perdemos, portanto, um oficial, um inferior, um cabo de esquadra, um anspeçada e quatro soldados, que com os dois paisanos guias dão um total de dez homens mortos no referido combate. Me cumpre ainda notar que alguns casos de morte se deram por excessos de bravura, praticados pelas victimas que se expunham sem necessidade ás balas do inimigo. Os cadaveres do official e das praças foram cuidadosamente sepultados na capella do arraial, os dos bandidos ficaram insepultos por não dispormos de tempo, pessoal, nem dos instrumentos necessarios para o enterramento delles. Fomos forçados a retirar para Joaseiro, na tarde do mesmo dia do combate, não só para evitar o mal que poderia advir da decomposição de tantos corpos, como tambem pela falta de viveres e outros recursos em Uauá.
Os bandidos estavam armados em grande parte com carabinas Comblain e Chuchu, outros tinham bacamartes, garruchas e pistolas, e quasi todos traziam, além das armas de fogo, grandes facões, foices e machados. O dr. Antonio Alves dos Sanctos, medico adjunto do exercito, que acompanhou a força, prestou -reas serviços durante o combate, tratando as praças feridas com interresse e desvelo, mostrando-se na altura da humanitaria missão que lhe fôra confiada; tendo, porém, depois de terminada a luta apresentado symptomas de desaranjo mental, entreguei os feridos logo que cheguei ao Joaseiro aos cuidados do facultativo civil dr. Antonio Rodrigues da Cunha Melo, que se encarregou do tratamento, fazendo-o com dedicação, solicitude e interesse, operando até algumas praças, no que foi auxiliado pelo cirurgião dentista Brigido Pimentel, que muito se prestou durante alguns dias com incansavel zelo.
Armamento
Fuzil Mannlicher, de que se acha ainda armado o batalhão, comquanto seja de repetição e de grande alcance, com seu projectil dotado de uma força de penetração extraordinaria, e dando ao tiro uma justeza admiravel, comtudo não compensa com essas bôas qualidades, alliadas a muitas outras que possui, o prejuizo resultante da extrema delicadeza de seu mecanismo que facilmente se estraga, ficando o fuzil reduzido a simples arma branca, quando adaptado no extremo do cano o componente sabre-punhal. Basta um pouco de poeira ou um simples grão de areia, introduzido na camara, para que não possa o ferrolho funccionar. Acontece, além disso, que com o fogo um pouco prolongado os carregadores não podem entrar no deposito com o numero de cartuchos regulamentar, dilata-se o aço do cano que, aumentado de diametro, difficulta a introducção dos cartuchos para o tiro simples, não podendo a arma funccionar como as de repetição. Dahi um grande numero de armas incapazes para o seu mister na ocasião opportuna, como aconteceu no combate em que tive de tomal-as das mãos das praças, afim de ver si conseguia fazel-as funccionar, sendo infructiferos todos os esforços nesse sentido. Mesmo em muitas das armas que funccionavam, o extractor, peça de grande delicadeza, perdia a necessaria justeza e enfraquacia a móla, deixava de extrahir o cartucho, que tinha de ser extraido á mão, o que prejudicou a rapidez do tiro. Esse armamento não convém ao nosso exercito, por não dispor ainda este de meios de transporte facil, rapido e commodo, de que dispoem os exercitos europeus; não merece a confiança dos officiaes, nem das praças que delles se utilizam, por não poderem contar, com segurança, com seus bons effeitos numa emergencia qualquer. Não obstante os assiduos cuidados que tive pela boa conservação do armamento das praças, pois que como é intuitivo do estado delle dependeria, em grande parte, em uma dada circumstancia, a victoria ou derrota de nossa força, ainda assim tive o desprazer de observar o que venham de referir. Durante o combate muitas armas flcaram tambem inutilizadas por outros motivos, umas perderam os respectivos ferrolhos que saltaram com a violencia do choque na defesa á arma branca, outras tiveram as coronhas partidas a talho de fação ou por balas; algumas ficaram com a camisa do cano inutilisada por bala, muitas seus sabres punhais, e ainda outras com os depositos arrebentados. A poeira e as escabrosidades das estradas, o calor de um sol abrasador e insupportavel, as condições em que foram feitas as marchas, sem commodidade de ordem alguma, tudo isso, frustrando os meus previdentes cuidados, deram o resultado acima apontado. Acontece ainda que essas armas que serviram na campanha de S. Paulo e Paraná, em mil oitocentos e noventa e quatro, já se achavam bastante usadas, tendo a mór parte dellas soffrido concertos. Outras fossem as condições de resistencia e solidez de seu mecanismo, e melhor teria sido o resultado obtido na luta.
Fardamento
O das praças que compuzeram a força de meu commando ficou bastante estragado, em estado mesmo de não poder continuar a servir, devido a acção dos raios solares, da chuva e da poeira, e ainda do uso constante que delle fizeram, por necessidade, pois que não só marchavam, como dormiam com elle, á noite, sobre o solo nú e barrento das estradas, pela falta de barracas; e também pela necessidade de conservar-se a força sempre em armas em sitios cuja topographia nos era desconhecida, e onde não podiamos fiar em informações adrede preparadas, com o intuito de nos illudir. Muitas praça tiveram ainda algumas peças de seus uniformes, perdidas por completamente inutilizadas, como fossem tunicas de flanella cinzenta e calça de panno garance, rasgadas pelos galhos das arvores e espinhos das picadas, estrada, etc. Algumas perderam na marcha as gravatas de couro, ourtas tiveram no combate os gorros e os capotes crivados de balas ou cutilados a facão, em farrapos e ensanguentados. Ainda outros perderam os gôrros, levados pelas balas. O calçado incapaz de resistir a uma marcha tão longa, e por tão maus caminhos, estragou-se, ficando um grande numero de praças descalças.
Disciplina
Foi mantida em toda sua plenitude, sem que tivessem havido, infracção alguma digna de nota, durante todo o periodo de meu commando. 
Quartel da Palma, na Bahia, 10 de dezembro de 1896 - Manuel da Silva Pires Ferreira, tenente."
(Apud Aristides Milton, 1902, p.35)
Trazido de:


Enviado pelo professor Rubens Antonio

AURORA FOLIA: Carnaval 2012 - Programação Oficial

Por: José Cícero
José Cícero Silva

Neste carnaval em Aurora vai ser bom demais...

4º Aurora Folia 2012 - o maior e mais animado Carnaval de rua do Cariri cearense. 

   

Aurora Folia – O povo no carnaval da alegria!
Dias: 18, 19, 20 e 21 de fevereiro no largo da rua Boa Vista no coração da cidade.

Com grandes atrações e desfiles dos blocos:
Auropirados, Rebolation, Kuduro, Só Papai, Chapolim e Moleque Doido...
Pegue a sua fantasia, vista seu abadá e venha curtir com a gente: Aurora Folia 2012. Anote ai: Programação Oficial -
Sábado dia 18 - 
abrindo oficialmente o nosso carnaval, a partir das 17 hdesfile dos blocos pelas principais ruas de Aurora.(Saíndo da rua Marica Leite em frente a escola técnica no Araçá).
E a noite a partir da 21 h no corredor da folia tem: a super banda da Bahia
· Axé Meu Rei.
· Arromba elétrico
· e Forró Xoteado em ritmo de carnaval.
Domingo, dia 19 –
Axé total com a super Banda
Axé Bom,
A cantora Stefany Pontes e banda.
Seguida da atração baiana:
Bonde da Levada.
Segunda-feira, dia 20 tem:
Sorriso Novo,
Rekebrança
E Garotos Bacanas elétricos.
Terça-feira, dia 21:
De volta a Aurora a sensação do carnaval baiano:
Karamba na Kara,
Chica Boa
E Revela Samba.
4º Aurora Folia 2012.
* Quarta-feira a partir das 14 h na quadra Poliesportiva do Araçá acontece a apuração para os vencedores do Concurso de Blocos, além do Rei mono e da Rainha do Aurora Folia 2012.
Premiação do Concurso de Blocos:
1º lugar - 4.000,00
2º " - 3.000,00
3º " - 2.000,00
Rei Momo - 500,00
Rainha do AuroraFolia 2012 - 500,00
Mais bonus de ajuda a cada Bloco participante no valor de 1.000,00.

Realização:
Prefeitura Municipal de Aurora
Promoção:
Secretaria de Cultura, Turismo e Desporto – Seculte

“Nossa Cultura em boas mãos”

Apoio:
Secretaria de Turismo
e Governo do Estado do Ceará.

LEIA MAIS EM:

6 de setembro de 1928, no “Diario de Noticias”

Por: Rubens Antonio

Lampião

DESLISOU ENTRE OS SITIANTES, FARDADO DE SARGENTO DA POLICIA PERNAMBUCANA...

Preliminarmente: Virgolino não é cearense; é Pernambucano ou do Rio Grande do Norte.

É o que nos escreve, affirmando, o sr. J. Sampaio Barros, que faz questão de provar a naturalidade do clavinoteiro ambulante.

Lampeão, a estas horas, deve estar fugindo das caatingas da serra da Tranqueira, depois de deixar terras do Cumbe, perseguindo os fazendeiros locaes.

E sobre a sua estadia no Cumbe, estamos informados do seguinte episodio: certo dia, surgiu um grupo de praças, montadas e embaladas, de chapéos de feltro de abas largas, na fazenda do coronel X, o mesmo amigo e correligionario do senador Plinio Dantas;

Recebeu o coronel a caravana na “varanda” da fazenda, curioso, ao responder aos bons dias da tropa, de saber de quem se tratava.

– Somos, disse o chefe, um destacamento da policia de Pernambuco...
– Muito bem. Estão em diligencia?
– ... à procura do celebre Lampeão.
Queremos, por isso, pousada e, depois, armamento e munição.
O coronel mais confiado:
– É pena não poder servir aos camaradas. Armas e munições é o que me faltam.
E, lamentando:
– Infelizmente, porque gostaria de os auxiliar na prisão desse bandido Lampeão.
O destacamento saltou, amarrados os animaes, afrouxados os arreios, fez–se o almoço. Estomago cheio, depois duma prosa habil, o commandante da força pernambucana chamou á parte, o fazendeiro:
– Eu não gosto de enganar ninguem. O coronel tem vontade de ver Lampeão preso, esfolado ou morto. Pois eu sou Virgolino Ferreira – Lampeão.
– Ahhhhhh...
Mal poude gemer, o coitado.
Mas, não sofreu outro mal além do susto.
Lampeão minutos depois, “voava” em animaes da fazenda, mettendo–se como “almas de outro mundo” entre os sitiantes, rumo da serra mais estrategica e proxima, em demanda de Tranqueira, donde já se fez rumo á Serra do Meio.

O fazendeiro do Cumbe depois, botou a bocca no mundo telegraphando ao sr. chefe de Policia.
Enviado por: 
Rubens Antonio do blog: Cangaço na Bahia

Literatura Sobre Lampião e o Cangaço:

Por: Guilherme Machado
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O cearense Leonardo Mota (1891-1948) foi jornalista e um dos maiores pesquisadores das coisas do Nordeste. Não o encantava nem ouro e nem prata – abriu mão de uma vida tranquila de dono de cartório; dedicou-se a percorrer os sertões colhendo palavras. Ano 1930


O cearense Leonardo Mota (1891-1948) foi jornalista e um dos maiores pesquisadores das coisas do Nordeste. Não o encantava nem ouro e nem prata – abriu mão de uma vida tranquila de dono de cartório -; dedicou-se a percorrer os sertões colhendo palavras e histórias diretamente da boca do povo, registrando-as em em seus livros.

Em “Nos tempos de Lampião” [1930] ele escreveu, na primeira parte do livro, histórias sobre o mais famoso cangaceiro que percorreu os sertões nordestinos.

São estas histórias, 11 no total, que vou reproduzi-las neste blog, já que a última edição do livro [a que vocês veem ao lado] é de 1967 – e não foi mais republicado.

O título desta primeira história é “O príncipe”, referência a Lampião. Observem – principalmente os estudantes de jornalismo – que a descrição inicial que o mestre Leonardo Mota faz, tem 224 palavras, antes que ele pingue o ponto final.

Qualquer manual de redação condenaria uma exorbitância dessas. Mas vejam o ritmo, o encadeamento das palavras, que não deixam o leitor se perder, algo que inevitavelmente aconteceria com alguém menos hábil para manejar o vernáculo.
O príncipe

AMULATADO e de estatura meã; magro e semicorcunda; barba e nuca ordinariamente raspada; cabelos compridos e, sempre que é possível, perfumados; na perna esquerda, encravada, uma bala, com que o alvejou o sargento Quelé, da polícia, paraibana; o olho direito, branco e cego, escondido pelos óculos pardacentos, de aros dourados; mãos compridas, que semelham garras; os dedos cheios de anéis de brilhantes, falsos e verdadeiros; ao pescoço, vasto e vistoso lenço de cores berrantes, preso no alto por valioso anel de Doutor em Direito; sobre o peito, medalhas do Padre Cícero, escapulários e saquilhos de rezas fortes; chapéu de cangaceiro, tipicamente adornado de correias e metal branco; ensimesmado toda vez que defronta uma turba de curiosos, folgazão quando entre poucos estranhos ou no meio de seus comparsas; não se esquecendo dum guarda-costa vigilante, à direita, sempre que desconhecidos o rodeiam; paletó e camisa de riscado claro, calças de brim escuro; alpercatas reluzentes de ilhoses amarelos; a tiracolo, dois pesados embornais de balas e bugigangas, protegidos por uma coberta e xale finos; tórax guarnecido por três cartucheiras bem providas; ágil como um felino, mas aparentando constante estropiamento e exaustão; às mãos o fuzil e à cinta duas pistolas “Parabelum” e um punhal de setenta e oito centímetros de lâmina: eis Virgolino Ferreira da Silva – LAMPIÃO – duende das estradas, assombração das matas e caatingas! Leonardo Mota.

Extraído do blog: 
"Portal do Cangaço de Serrinha - Bahia"

Após greve, Comando Geral da PM investiga e prende líderes do movimento


Hoje 14/02, por volta das 08h30min, os policiais militares foram surpreendidos com a notícia da prisão de 06 policiais do 20º BPM em Paulo Afonso-BA.
Os PM’s foram conduzidos para a Corregedoria Geral da Polícia Militar da Bahia, no QCG dos Aflitos, na capital baiana e ficarão à disposição detidos no Batalhão de Choque, na cidade de Lauro de Freitas.

A corregedoria da PM por determinação do Comando Geral está apurando o envolvimento dos PM’s “Moreirão”, Evandro, “Chico Sabe Tudo”, Mariel, Gilmário e Sany, na liderança do movimento grevista da guarnição do 20º BPM/PA.
Notícia de PA
Enviado por: Roberto Evangelista

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

DIFERENÇAS - RELIGIÃO E ESPIRITUAL​IDADE


Minha foto

"Não leia com o intuito de contradizer ou refutar, nem para acreditar ou concordar, tampouco para ter o que conversar, mas para refletir e avaliar.”

A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro"..

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência..

A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.

"Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual...
  Somos seres espirituais passando por uma experiência humana... "

Sir Francis Bacon
Texto do Prof. Dr. Guido Nunes Lopes
Graduado em Licenciatura e Bacharelado em Física pela Universidade Federal do Amazonas (FUAM, 1986), Mestrado em Física Básica pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IF São Carlos, 1988) e Doutorado em Ciências em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA, 2001).

Enviado pela poetisa:
Dulce Cavalcante


A história de Jesuíno Brilhante

Por: Romero Cardoso

Chamava-se Jesuíno Alves de Melo Calado, nascido em 1844, em Patu, Rio Grande do Norte. O sítio Tiuiú foi seu reduto, firmando seu valhacouto inexpugnável na casa de pedra da Serra do Cajueiro, próximo ao local onde nasceu.

Fez-se chefe de Cangaço devido a intrigas com a família Limão, protegida por influentes potentados rurais das províncias do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Mello (1985, p. 92) afirma que “seus principais biógrafos são unânimes em reconhecer-lhe o caráter reto e justiceiro”.

Jesuíno Brilhante agiu no semi-árido paraibano e potiguar, quando a instituição do escravismo ainda vicejava de forma proeminente, refletindo as exigências da classe dominante em fazer valer seus interesses em detrimento de valores humanos.

O cangaceiro transformou-se em ´Robin Hood, intervindo em prol dos humildes em diversas oportunidades, com ênfase quando da grande seca de 1877-1879, atacando comboios de víveres enviados pelo governo imperial, distribuindo-os com famintos e desvalidos dos sertões ermos e esquecidos.

Mello (id.; ibid.) afirma ainda que “como principais asseclas podem ser mencionados seus irmãos Lúcio e João, seu cunhado Joaquim Monteiro e mais os cabras Manuel Lucas de Melo, o Pintadinho; Antônio Félix, o Canabrava; Raimundo Ângelo, o Latada; Manuel de Tal, o Cachimbinho; José Rodrigues, Antônio do Ó, Benício, Apolônio, João Severiano, o Delegado; José Pereira, o Gato; e José Antônio, o Padre.”

Entre as mais fantásticas de suas ações encontram-se o ataque à cadeia de Pombal, na Paraíba, no ano de 1874, e a resistência à prisão em Martins, Rio Grande do Norte, em 1876.

Embora tenha feito várias alianças com chefes políticos, a exemplo da firmada com o comandante João Dantas de Oliveira, a fim de que houvesse condições de atacar a cadeia de Pombal, intuindo libertar o irmão e o pai, que ali se encontravam prisioneiros, Jesuíno se indispôs com o mandonismo local devido à sua ética.

A negativa em assassinar o eminente professor Juvêncio Vulpis Alba, em Pombal, rendeu-lhe a inimizade com o todo poderoso João Dantas, o que resultou em conluio deste com o Preto Limão, para que o vingador sertanejo fosse assassinado.

Jesuíno morreu de emboscada no Riacho dos Porcos, em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba, no final da seca de 1879, atingido por carga de bacamarte disparada pelo visceral inimigo Preto Limão.
BIBLIOGRAFIA


Bibliografia consultada:

MELLO, Frederico Pernambucano de. Guerreiros do Sol – O banditismo no nordeste brasileiro. Recife: FUNDAJ: Ed. Massangana, 1985: XVIII+310 p::20 fotos. - (Estudos e pesquisas, 36)

NONATO, Raimundo. Jesuíno Brilhante: O cangaceiro romântico. 2 ed. Mossoró/RN: Fundação Vingt-un Rosado, 2000.

Sugestões de temas abordados dentro do filme Jesuíno Brilhante – O cangaceiro (William Cobbett, 1970), que podem ser trabalhados em sala de aula com os alunos.

1. A grande seca – 1877-1879.

1.1 – O que representou a grande seca de 1877-1879 no sertão nordestino?

1.2 – Como acontece o fenômeno das grandes secas no sertão nordestino?

1.3 – Quais os problemas gerados.

1.4 - O que os sertanejos fizeram para sobreviver?

1.5 – O que o governo imperial fazia para ajudar a população na época da grande seca
de 1877-1879.

2. Coronelismo como donos do poder, das terras, dos meios de produção e a abolição dos escravos em 1888.

2.1 – O que era ser escravo negro no Brasil?

2.2 – O que é Coronelismo?

2.3 – Por quê existiam escravos?

2.4 – Para que serviam os escravos?

2.5 – Como era feito o pagamento do trabalho escravo?

2.6 – De que países da África provinham os negros que aqui chegavam?

2.7 – Qual a relação existente entre patrão e empregado no período que vai de 1888 e os nossos dias?

3. Cangaceiros e bandidos.

3.1 – Qual a origem do nome cangaceiro?

3.2 – Quais os primeiros cangaceiros do sertão nordestino?

3.3 – Qual o mais conhecido cangaceiro do sertão?

3.4 – Qual a diferença entre Jesuíno Brilhante e Lampião?

3.5 – Por quê?

3.6 – O que é ser Robin Hood?

3.7 – Qual a diferença existente entre cangaceiro e bandido Robin Hood?

3.8 – Por quê Jesuíno Brilhante foi considerado herói “ Robin Hood” do sertão mesmo sendo um fugitivo da lei?

Respostas aos temas propostos:

1. A grande seca – 1877-1879

1.1 – Representou um dos mais dolorosos flagelos à população do semi-árido nordestino, sobretudo as mais pobres. Houve intensa migração para a Amazôniae o Sudeste, além de incontáveis perdas humanas traduzidasem mortes. Animais domésticos e selvagens também morreram em profusão. A grande seca de 1877-1879 desestruturou os meios de produção e as forças produtivas do semi-árido.

1.2 – Pesquisas científicas comprovam que o fenômeno natural de aquecimento das águas do pacífico sul-americano, o El Niño, interfere na circulação da massa de ar nordeste, impedindo que massas de ar proveniente do sul, frias, se encontrem com massasde ar quente, riundas do equador. Aliada a isso tem-se a barreira orográfica representada pelo planaltoda borborema, que também impede a passagem de massas de ar que poderiam trazer chuvas.

1.3 – A agropecuária foi desestruturada, a miséria atingiu patamares estratosféricos. A morte se espraiou pelos campos nordestinos.

1.4 – Os sertanejos migraram em massa, sobretudo para a Amazônia e Sudeste. Os que ficaram na região comeram couro de cadeiras, móveis e sementes nativas, como a mucunã. Das cactáceas retiravam água.

1.5 – Enviava mantimentos para s coronéis fiéis ao império distribuir com a população,ao invés de democratizar o acesso,os potentados distribuiam com os correligionários.

2. Coronelismo como donos do poder, das terras, dos meios de produção e a abolição dos escravos em 1888.

2.1 – Ser escravo negro no Brasil, na maioria dos casos, era estar submetido aos mais desumanos suplícios, ser tratado, conforme João Antonil, membro da Igreja Católica que apoiou o escravismo, autor do livro Cultura e opulência no Brasil em suas drogas e minas, defendia que os negros tinham que ser tratados com três pês: Pano, pau e pano.

2.2 – Era uma política de compromissos envolvendo poderes imperial, provincial e municipais, surgida no Brail Império com a guarda nacional, quandoa obediência se fazia necessária. O Coronelismo assegurava plenos poderes aos potentados locais.

2.3 – Para fazer os trabalhos pesados nas lavouras e minas, bem como os domésticos, em razão de que acumulação da classe dominante exigia tal relação.

2.4 – Pela rebeldia dos índios em realizar trabalhos braçais, os escravos negros foram trazidos da África e brutalmente inseridos na exigência metropolitanas de gerar riquezas a todos custo.

2.5 – Era feita apenas como o fornecimento de parcos alimentos, toscas vestimentas e muita violência.

2.6 – Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, das colônias portuguesas.

2.7 – Das regiões de Angola e Guiné Bissau, ou seja, principalmente da África Ocidental, locais onde os Holandeses, fornecedores de escravos a Portugal, concetraram suas investidas desumanas.

2.8 – Como o país era eminentemente voltado para atividades agrárias, à exceção das áreas contempladas com a imigração estrangeira, havia predominância de relações sociais de produção pré-capitalistas, como a parceria, o arrendamento, a meia, etc. Depois, com os sucessivos processos de substituição de importaçõese o advento da industrialização, houve ênfase ao assalariamento.

3. Cangaceiros e bandidos.

3.1 – Há diversas hipóteses. Câmara Cascudo enfatiza que Cangaço era o conjunto de objetos miúdos dos pobres, equipamento que conduziam os valentões de outrora. Outra vertente diz que cangaço vem de canga, instrumento que subjuga os animais no trabalho do eito. A vida nômade no cangaço era estressante, razão por que os bandoleiros se apoiavam nas armas longas, parecendoque estavam na canga.

3.2 – Cabeleira, noséculo XVIII. Lucas da Feira, no século XIX. Rio Preto, no século XIX e Jesuíno Brilhante, no século XIX.

3.3 – Lampião e seu bando.

3.4 – Origens e ações. A origem de Jesuíno era vinculada ao mandonismo local, enquanto Lampião vinha de sitiantes humildes. Jesuíno se portava de forma honrada, enquanto Lampião se portava de forma ensandecida e tresloucada.

3.5 – Há estudos diversos sendo enfatizados, considerando desvios de comportamento.

3.6 – Com base no imaginário inglês, a tradição nos transmite que Robin Hood e seu alegre bando roubavam dos ricos para dar aos pobres. Robin Hood seria um bandido social que implementava justiça.

3.7 – O cangaceiro bandido é aquele que não tem ética e nem compaixão, enquanto o Robin Hood é o inverso.

3.8 – Devido a forma nobre e honrada como se portou, roubando os comboios de víveres quando da grande seca de 1877-1879 para distribuir aos pobre famintos, além de promover justiça às famílias desonradas. 

José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor Adjunto do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Especialista em Geografia e Gestão Territorial e em Organização de Arquivos. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Fonte: