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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Artesão cearense leva couro do cangaço à passarela da SPFW

Em 1938, Lampião pediu uma sandália ao pai de Espedito Seleiro. Muitos anos depois, ele transformou o molde em tendência fashion

Por: Daniel ADERALDO, iG Ceará

Quando Virgulino Ferreira, de alcunha Lampião – o mais famoso e temido cangaceiro do sertão nordestino –, desenhou o molde de uma sandália com sola retangular, para confundir os rastros deixados pelo caminho, ele não sabia, mas estava criando um estilo. Hoje, “a sandália do Lampião” é a marca do artesão cearense Espedito Veloso de Carvalho, de 72 anos, conhecido apenas como Espedito Seleiro. Ele parou de vestir vaqueiros e agora se dedica à arte de trabalhar em couro, fazendo calçados e assessórios.


 Espedito Veloso de Carvalho, de 72 anos. 
Foto: Divulgalção/Secretaria de Cultura

Molde direto de Lampião

Os “croquis” de Lampião, guardados pelo pai de Espedito Seleiro, ainda hoje são inspiração para o trabalho do artesão cearense. O rei do cangaço gostava de ornamentar as vestimentas usadas por ele e por seu bando. Um dia, teve a ideia de fazer um calçado com um solado com as partes da frente e de trás idênticas. Servia para confundir e despistar a polícia que sempre estava no seu encalço. Em 1938, quando o grupo de cangaceiros liderado por Lampião esteve, como tantas vezes, na região do Cariri, pediu para um de seus "cabras" encomendar a um conhecido artesão local novas peças. Mandou o desenho de como deveriam ser os calçados.

“Meu pai, o Raimundo Seleiro, estava fazendo uma sela no alpendre de casa, aí chegou um homem e perguntou se ele poderia fazer umas alpargatas de couro com o mesmo material da sela para cavalo. Ele explicou que não era bom nisso, que trabalhava fazendo gibão, chicote, chapéu e sela para vaqueiro, mas aceitou. Depois, quando descobriu que era para o coronel Virgulino, ficou todo se tremendo e nem quis cobrar”, conta, rindo, o mestre no ofício.
Reivenção


Mais tarde, Espedito Seleiro, o quarto da geração de mestres em couro, ainda aos oito anos aprendeu com o pai o ofício. “Cada lapada era uma lição. Foi a melhor coisa do mundo pra mim, porque eu aprendi ligeiro”, relembra. A quarta geração de seleiros vive na pequena Nova Olinda, no Cariri cearense, a 552 quilômetros de Fortaleza, mas seu trabalho já compôs coleção de grife internacional, foi apresentado em desfile na São Paulo Fashion Week e exportado para vários países ao redor do mundo.

A sandália do Lampião foi só o começo na guinada que Espedito deu na carreira, forçado pela necessidade. “Meu pai falava que a dor ensina o cabra a gemer. Quando estava acabando, diminuindo o trabalho para os vaqueiros, eu fui pensando 'puxa vida, a família grande, crescendo, pai faleceu...' Eu tinha que arrumar o feijão para dar a esse povo todo. Perdi muita noite de sono desenhando peça. Deus me deu uma estrela e comecei a fazer bolsa e sandália”, conta ele. “Quando o dia amanhecia eu ia fazer. No comércio ia vendo o que o povo gostava mais, o que se admirava mais. Ia prestando atenção. Quando fiz a sandália do Lampião e ela ficou famosa, imediatamente fiz a da Maria Bonita”.

As cores

O colorido das peças de Espedito passou a ser uma de suas principais marcas. É difícil ir ao ateliê e loja do artista no centro de Nova Olinda e não se encantar com a riqueza de tonalidades. O processo de criação desse colorido tem um bastidor curioso. “Perdi tempo com isso aprendendo a tingir. Tinha tinta que ficava feia feito urubu. Mas a cor tão feia era a primeira que vendia. Nem é marrom nem é preta. É cor de burro quando foge”, brinca.

A fama que Espedito ganhou no mundo da moda com seus cintos, calçados, bolsas e carteiras multicoloridos acabou se espalhando e ele recebeu uma encomenda como há tempos não havia. Era para fazer gibão, sela, chicote e bota. A indumentária de um legitimo vaqueiro do sertão foi usada pelo ator Marcos Palmeiras no filme “O Homem que desafiou o Diabo”.
“Hoje o cabra passa por mim e nem fala. Pensa que eu trabalho só pro povo de fora, e que não sou mais o mesmo. Mas o que eu faço é por prazer, e ainda faça melhor e mais caprichoso se for para um vaqueiro”
As origens 

Com a profissão do vaqueiro em extinção, os gibões e chapéus do ateliê se tornaram mais uma atração para turista ver, compondo junto com o próprio Espedito e seu local de trabalho uma espécie de cartão-postal. Algo que causa certa melancolia nesse mestre do couro. “Hoje o cabra passa por mim e nem fala. Pensa que eu trabalho só pro povo de fora, e que não sou mais o mesmo. Mas o que eu faço é por prazer, e ainda faça melhor e mais caprichoso se for para um vaqueiro”, conclui.Depois da dica do coroné Ângelo Osmiro pesquei no: IGUltimo segundo
Adendo Lampião Aceso
Na primeira edição do Cariri cangaço em 2009 os participantes - entre eles este blogueiro - tiveram a oportunidade de conhecer Nova Olinda e visitar o atelié desta celebridade sertaneja chamado Espedito Seleiro.Obrigado Coronéeeeee Severo 

FALECIMENTO DO TENENTE JOÃO GOMES DE LIRA

Por Ivanildo Alves da Silveira


Em 10 de outubro de 2010, foi realizada uma visita da SBEC - Sociedade Brasieira de Estudos do Cangaço, ao tenente Jão Gomes de Lira, no distrito de Nazaré-PE.

Naquela oportunidade, participaram do evento:


Paulo Medeiros Gastão (fez a entrevista),


 Dr. Ângelo Osmiro


Aderbal Nogueira, Afrânio, 


 Tomaz Cisne e outros e foi entregue ao bravo Nazareno uma plaquete de sua biografia...

Vejam, logo abaixo,  na lente do renomado documentarista "Aderbal Nogueira", mas um sensacional documentário.
  
http://www.youtube.com/watch?v=KkCWoXV5IRc

Um abraço a todos, e renovamos nesta oportunidade nossas condolências à familia do bravo nazareno Ten. JOÃO GOMES DE LIRA...Uma figura inesquecível, e que, com certeza, ficará para a história..

IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN


VEJAM, LOGO ABAIXO, IMAGENS INÉDITAS DO FUNERAL DO BRAVO NAZARENO " JOÃO GOMES DE LIRA ".

AGRADEÇO A GENTILEZA DO AMIGO "ANDRÉ GATIANO", QUE NOS ENVIOU AS FOTOS, PARA QUE TODOS TOMÁSSEM CONHECIMENTO DO FATO...




FOTO em frente à casa de JOÃO GOMES DE LIRA, no distrito de Nazaré,
por ocasião do velório.


VER-SE, NA FOTO, FAMILIARES E AMIGOS NA RESIDÊNCIA DO BRAVO NAZARENO, ANTES DO SEPULTAMENTO DO CORPO
.

As netas de " JOÃO GOMES DE LIRA " carregando coroa de flores á frente do caixão, indo em direção á igreja Nossa Senhora da Saúde / NAZARÉ-PE, onde o corpo passou 20 minutos, antes do sepultamento.  



Quando o caixão ia saindo da residência, coberto com a bandeira do Brasil, e mais abaixo, a de Carnaiba-PE, onde o mesmo foi vereador na decada de 1970 . Vê-se, ainda, o caixão sendo carregado pelos filhos do " de cujus".


IGREJA DE NOSSA SENHORA DA SAÚDE, SITUADA NO DISTRITO DE NAZARÉ-PE, ONDE O CORPO PERMANECEU, POR CERCA DE 20 minutos, ANTES DO ENTERRO.


FOTO, mostrando a frente do cemitério novo de Nazaré-PE, onde o ten João Gomes de Lira foi seputado.

AOS FAMILIARES Ten. JOÃO GOMES DE LIRA nossas condolências pessoais, e dos membros desta comunidade.

DESCANSE EM PAZ GRANDE NAZARENO...SEU NOME JÁ FAZ PARTE DA HISTÓRIA... .


IVANILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Natal/RN

Novidades em HQ

Outro CARCARÁ? Assim, não dá?!
Por UHQ
 

As violentas disputas entre famílias poderosas e a falta de perspectivas de ascensão social numa região de grande miséria levaram ao surgimento de bandos armados, gerando o fenômeno do cangaço.
Carcará (21 x 28 cm, 96 páginas, R$ 33,00) conta a trajetória de dois fazendeiros, inimigos um do outro, que carregam histórias de sangue e ódio em seus passados.

Na disputa por terras e pela água escassa, naquela região agreste, muitos já tombaram. De um lado, o coronel Emerenciano, como símbolo de um poder oligárquico, dos antigos "coronéis", emanando seu poder por meio da violência, e, do outro, a resistência dos fazendeiros na figura de Ananias, disposto a perder tudo para manter sua honra e a sua família. No meio dessa trama estão vários personagens, entre eles, o famigerado cangaceiro Carcará.

O álbum tem arte e roteiro de Aloísio de Castro e foi selecionado pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, por meio do seu programa de incentivo à cultura ProAC.
O paulista José Aloísio Nemésio Brandão Vilela de Castro é publicitário e ilustrador, e já publicou HQs na antiga revista de terror Calafrio e na Front, além de ter sido corroteirista da animação Cassiopéia.

Carcará é uma publicação da editora Qualidade em Quadrinhos, por meio do selo, BooHQ e está à venda na Comix Book Shop 

O ESTUPRADO

Por: Archimedes Marques


"O ESTUPRADO"

Da periferia das cidades nasce quase sempre, além dos fatos criminosos diversos e das intrigas habituais constantes, as histórias pitorescas e hilárias mais estranhas possíveis e assim as Delegacias dessas localidades vivem incessante problema com grande monta de Inquéritos Policiais, Termos de Ocorrências Circunstanciados, além de um número imenso de audiências realizadas nas tentativas de compor as intermináveis contendas a fim de evitar que os casos sigam para a Justiça já tão abarrotada de Processos.

Em boa parte dessa população, o cidadão considerado pobre, além de pobre financeiramente é pobre também de espírito e não releva nada do seu semelhante ou tampouco procura saber da verdade ou razão dos fatos geradores das intrigas para resolução em conversa com a parte adversa, como pessoas civilizadas. De tudo procura a Delegacia, sempre pensa estar com a razão e quer solução imediata, por vezes relacionada a problemas esdrúxulos e sem sentido algum, como é o presente caso em que um cidadão chegou aflito querendo providencia da Polícia em uma das unidades que trabalhei:

- Doutor, eu amanheci vestido com essa calcinha e com a regueira da bunda toda “melada” de gala e quero as providencias da Polícia porque fui estuprado ontem à noite por três fuleiros que eram meus amigos... Quero que aqueles fios do cabrunco e do estopô balaio da peste sejam presos...

Observando de relance (sem encostar perto) a calcinha que o cidadão mostrava e até cheirava dizendo ter cheiro de gala e que trazia consigo como prova material do pretenso crime, aparentemente estava com resquícios de uma substancia meio grudenta, gosmenta, parecendo realmente ser esperma. Entretanto, pela compleição física da suposta vítima não dava margem de quaisquer suspeitas para a prática do crime de estupro, vez que o cidadão apesar de ter 55 anos de idade demonstrava ter uns 67, além de ser maltrapilho, imundo, fedorento, desdentado, zarolho, esquelético, mas de barriga inchada cheia de vermes, zambeta, bunda seca, barbudo e cabeludo parecendo ter vastas criações de piolhos de toda espécie e qualidade possíveis, um estrupício chupando limão, uma verdadeira bagaceira em final de feira, um arremedo de defunto em decomposição que tinha se esquecido de se enterrar. Então confabulei para não rir da excêntrica situação:

- Quer dizer que o senhor amanheceu vestido com essa bonita calcinha de rendas vermelha e supostamente com a bunda cheia de uma substancia parecida com esperma, por isso acha que foi estuprado pelos seus amigos?... Conte-me esse fato direito para ver se eu entendo como é que foi esse crime.

- Eu e mais três amigos invadimos um terreno lá no Goré, na beira do rio  e construímos um cercado no mangue seco onde guardamos o que de melhor achamos pelas ruas e nas lixeiras, como latinhas de cervejas, metais, garrafas de plástico, papelão e tudo mais que se aproveita na reciclagem, e quando já tem uma boa quantidade a gente vende, divide o dinheiro e compra os mantimentos para o nosso viver...

- Então vocês fizeram uma espécie de cooperativa, não é verdade?... Mas vamos ao que interessa... Ao estupro.

- Cada um de nós tem um barraco separado e moramos vizinhos ali mesmo na invasão onde juntamos o material. Dois deles tem mulher e uma ruma de filhos, eu e o outro não...  Quando a gente vende o estoque sempre há comemoração e ontem foi esse dia... A gente comprou duas garrafas de cachaça pra se divertir, daí não sei mais o que aconteceu porque fiquei bêbado e dormi. Quando me acordei estava nessa situação... De calcinha e todo melado de gala... Fiz a maior arruaça lá, mas aí eles ficaram mangando da minha cara dizendo que tinham arrancado meu cabaço... Como não quero matar ninguém estou aqui pedindo ajuda da policia... Ainda nem me lavei e estou com a bunda toda grudada e melada de gala... Se o senhor quiser pode mandar fazer exame...

- Vamos fazer o seguinte cidadão: Primeiro eu quero ouvir também esses seus amigos antes de tomar qualquer posição... Eles estão lá agora ou estão pelas ruas catando lixo?...

- Com toda certeza que eles estão lá, doutor, porque todas as vezes que a gente ganha algum dinheiro passa dois dias sem trabalhar, só bebendo...

Mandei duas viaturas ao local. Os policiais trouxeram além dos três acusados, as duas mulheres que fizeram questão de acompanhá-los como testemunhas e no meu gabinete um deles explicou o pretenso estupro do cidadão:

- Foi só uma brincadeira, doutor... Como ele não aguentou a cachaça e apagou de vez, então tiramos a roupa dele, colocamos a clara de três ovos na regueira da bunda dele e vestimos essa calcinha vermelha nele que foi da minha mulher... Era tudo pra ele pensar que realmente a gente tinha comido o rabo dele... O senhor nos desculpe doutor...

E então desabafou a suposta vítima:

- Eu não gosto desse tipo de brincadeira, por isso vou embora e quero a minha parte do barraco e das coisas que vão ficar com eles...
Daí uma das mulheres interferiu:

- Deixa de besteira rapaz!... A idéia da brincadeira foi minha... A gente gosta de você... Além do mais você não tem pra onde ir... Você é que nem um urubu no mundo, sem casa, sem ninguém, sem nada, só tem a gente... Prefere morar debaixo de uma ponte só por causa de uma besteira dessa?... Vamos voltar pra lá e “rebater a bucha”... Botei o arroz e o feijão no fogo e até tira-gosto já aprontei... Vamos deixar o doutor trabalhar em paz que ele tem mais o que fazer.


Autor:

Archimedes Marques (Delegado de Policia Civil no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br 

O CONTO DO PERU

Por: Archimedes Marques

 

Relembrando e buscando apoio nas velhas estórias contadas e anotações deixadas pelo meu querido e inesquecível avô Antonio Campos Melo, pessoa simples, funcionário do antigo Departamento dos Correios e Telégrafos, de excelente índole, inteligente, honesto e, que gostava muito de escrever, encontrei nos seus alfarrábios manuscritos um fato policial que diz ele ter sido verídico ocorrido nos idos dos anos 30 do século passado, aqui na nossa simpática Aracaju, que por ser interessante passo então a contar, mudando os dados das figuras principais do enredo para não haver identificação, pois não sei dos seus herdeiros para pedir permissão para tal.


Consta que o Senhor João Limeira, comerciante próspero da antiga Aracaju, possuía uma sapataria situada na Rua João Pessoa, então via principal do centro da cidade.
João Limeira, além de ser um verdadeiro unha-de-fome, tinha a fama de esperto, de nunca ter sido enganado por alguém, de nunca ter perdido um centavo sequer para qualquer pessoa, razão pela qual, gabava-se de ter prosperado na vida, não só pela sua luta, pela sua capacidade, mas também por conta de tais atributos.
A vida de João Limeira resumia-se em quatro coisas, tão simplórias quanto acomodadas e estranhas pareciam ser: casa, trabalho, feira semanal e enterro de alguém a partir do seu respectivo velório... Não tinha nenhum vício nem tampouco se divertia ou levava sua mulher e seus filhos ao parque, praia ou cinema, não ia a lugar algum ou fazia algo diferente além dessas quatro atividades para não ver o dinheiro sair do seu bolso desnecessariamente.
Em casa muito economizava, regrava de todo jeito e reclamava gastos extras com a sua esposa, no comércio negociava sapatos mais baratos com menor lucro justamente para vender mais, na feira pechinchava de tudo e estava sempre na xepa, no resto de feira, enquanto que, para sua estranha diversão estava o velório e enterro de pessoas amigas, conhecidas ou não. Para o diferente e mão-de-figa cidadão o importante era morrer alguém para ele estar presente em condolências.


Ninguém entendia se era mania psicótica, quem sabe medo, trauma, superstição, ou mesmo grande virtude, qualidade, humanismo, mas o certo é que João Limeira era solidário com os familiares dos mortos, fosse quem fosse. Não perdia nenhum velório e acompanhava todos os enterros, de rico ou pobre que dele tivesse conhecimento dentro de Aracaju, fazendo até questão de pegar na alça dos caixões, ou seja, ajudar a carregar os defuntos nos trajetos até os cemitérios que por muitas das vezes eram feitos a pé.


Além de participar de todos os funerais o senhor João Limeira usava nesses eventos o indumentário que de melhor possuía. Vestia de maneira garbosa o seu lindo a alinhado terno preto italiano, além da sua camisa


branca de seda chinesa e uma gravata azul-marinho portuguesa, sem esquecer-se dos seus sapatos pretos também importados que de melhor tivesse em sua loja e, do seu valioso relógio de bolso suíço cravejado de diamantes com grossa corrente de ouro 18 quilate que sempre estava no bolso do paletó e só era usado somente nessas ocasiões.


Para se manter impecável nessa sua mania o senhor João Limeira não tinha medido esforços, era o esse o único meio que tinha saído dinheiro do seu bolso sem reclamação. Com esse rico vestuário de gala ele orgulhosamente e garbosamente desfilava na sua homenagem aos mortos.


Falavam que além da sua importante casa comercial, da sua boa residência situada na Colina de Santo Antonio e do seu invejável e sempre brilhante Ford preto 1930, o que o senhor João Limeira tinha de mais importante e valioso era esse indumentário usado nos enterros.
Buscando economizar combustível no sentido de não ter que voltar em casa para se aprontar quando houvesse um eventual falecimento ao seu conhecimento, todos os dias o João Limeira trazia para o trabalho e levava de volta para sua casa o seu estimado vestuário-mortuário.
Certo dia ele se esqueceu dessa obrigação, ficando por isso muito preocupado, tendo comentado com o seu funcionário de confiança:
- Estou rezando para que não morra ninguém hoje, pois caso contrário terei que voltar em casa ou pagar alguém para ir até lá buscar a minha roupa que me esqueci de trazer...
Ocorre que alguém, um vigarista quem sabe, estava ali próximo olhando os sapatos e ouvindo a conversa logo arquitetou um plano:


Adquiriu um peru para impressionar e se fazer de confiança, indo em seguida até a residência do comerciante que todo mundo sabia onde ficava. Lá chegando se apresentou para dona Josefina como sendo porta-voz do seu marido que pediu para que o mesmo entregasse o peru que ganhara de presente e pegasse a sua roupa, vez que tinha ocorrido o falecimento de alguém. De pronto a mulher sem desconfiar de nada entregou tudo ao trapaceiro.
Só restou, além da raiva e da bronca do senhor João Limeira ao chegar em casa e constatar o golpe, o trabalho de ir até a Chefatura de Polícia para registrar a ocorrência e se contentar com o arremedo do prejuízo, comentando tristemente:
- Pelo menos ele nos deixou um peru para a ceia do próximo Natal!...
Passados de 30 a 40 dias, já próximo ao Natal, quando tudo se acalmou, o suposto vigarista completou o seu golpe combinando com o seu parceiro que foi até a residência do senhor João Limeira e lá chegando falou para dona Josefina:

- A Policia prendeu o ladrão que roubou a roupa do seu marido!... Está o maior reboliço lá na Chefatura e o seu João Limeira me mandou buscar o peru que o Delegado quer para o acerto de contas com o larapio...
- Graças a Deus. Eu já não aguentava mais de tanta repugnância e reclamação!... E mandando os seus filhos pegar no quintal o peru já bem gordo e bonito, entregou-o toda contente ao comparsa do trapaceiro.
O golpe ficou conhecido na época como o CONTO DO PERU e todos riam e gozavam do mão-de-figa engabelado, alguns até mais ousados grugrulejavam feito um peru quando viam o João Limeira, que por duas vezes perdeu para o mesmo criativo e inteligente vigarista.

Archimedes Marques
(Delegado de Polícia no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Pública pela UFS)
meus+artigos/o+conto+do+peru
http://blogdomendesemendes.blogspot.com/

Tu vai tá em Recife? Então espie


 1º SEMINÁRIO do CANGAÇO
do RECIFE| História e Memória
25 e 26 de outubro de 2011 - na Livraria Cultura

PROGRAMAÇÃO

Dia 25/10
15:00 h MESAHistória e Memória do CangaçoA Presença da Mulher no Cangaço
PALESTRANTES
Vera Ferreira: Jornalista e Pesquisadora do Cangaço. (Neta de Lampião e Maria Bonita)
Wanessa Campos: Jornalista e Escritora.
Expedita Ferreira: Filha de Lampião e Maria Bonita .

16:00 h MESA :
Verdades e Mentiras (causos).O Cangaço e a Literatura.
PALESTRANTES:
Anildomá Williams: Escritor e Pesquisador do Cangaço.
Adriano Marcena: Historiador, Escritor e Dramaturgo .
MEDIADOR:
Mário Ribeiro: Historiador e Doutorando em História.

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Dia 26/10
14:30 h MESA:
O Cangaço e a MídiaA Estética do Cangaço
PALESTRANTES
Rosa Bezerra: Escritora e Pesquisadora do Cangaço.
Germana Araújo: Profª da UFSE, Escritora Doutorando em Cultura e Sociedade .

16:00 h Apresentação do Grupo "Cabras de Lampião"
MEDIADOR:
Clébio Marques: Prof. de Metodologia da Pesquisa Científica.
 
17:30 h Coquetel de Encerramento. Entrega dos Certificados.
Realização
Prefeitura do Recife
Fundação de Cultura Cidade do Recife
Gerência de Formação Cultural .
Informações e inscrições
(81) 3355 - 8018 / 3355 - 808 / 3355 - 8046
 


Abriram-se as Porteiras para o Cariri Cangaço

Por: Manoel Severo

Dra. Socorrinha, Prefeito Manoel Novaes, Manoel Severo e Danielle Esmeraldo

Um dos momentos mais marcantes de todo o Cariri Cangaço 2011 foi sem dúvidas a magnífica recepção do município de Porteiras aos participantes do evento. Na manhã do último dia 24 de setembro; sábado, chegamos ao município e fomos recebidos pelo senhor prefeito Manoel Novaes e sua esposa, dra Socorrinha, juntamente com toda a equipe administrativa do município e toda a Câmara Municipal.

A bela Porteiras acolhe o Cariri Cangaço 2011
Prefeito Manoel Novaes, Napoleão Tavares Neves, Heldemar Garcia e Manoel Severo
Laser Video
Manoel Severo, Napoleão Tavares Neves, Antônio Amaury e Múcio Procópio

A beleza da cidade, traduzida pela arquitetura de suas linhas, as ruas bem cuidadas e espetacularmente limpas, as praças belíssimas e os prédios públicos totalmente restaurados;  refletiam a harmonia da família porteirense, que se confirmou na inesquecível recepção do começo da tarde no Ginásio Poliesportivo, recepção que nos "assustou" a todos. Mais de 600 pessoas lotavam todas as dependências do ginásio, quadra totalmente cheia de cadeiras e as arquibancadas tomadas pelo público, ávido para conhecer o Cariri Cangaço.

Alcino Costa, Wescley Rodrigues e Isabel Barroso
Confrades da Família Cariri Cangaço em Porteiras
O Batuque invadiu o cangaço...
Sabino Bassetti e Ivanildo Silveira
Manoel Severo, José Peixoto Junior e Ângelo Osmiro

Uma cidade que cuida e zela pelo bem de sua memória e cultura, é uma cidade que sem dúvidas trata do que possui de melhor; a matéria prima mais precisosa; seu povo. Porteiras mostrou tudo isso em uma só tarde. A fantástica orquestra de violões, entoando Luiz Gonzaga e o Coral sob o comando do maestro Soares Neto, nos trouxeram um dos mais singelos momentos do evento. Parabens Manoel Novaes por compreender a importancia de construir cidadania com responsabilidade, trabalho, dedicação, seriedade, arte e coração.

A conferência do mestre Napoleão Tavares Neves proporcionou ao público presente um recorte em sua própria história. Chico Chicote e sua Guaribas, com todo o seu conteúdo épico, pouco conhecido pelos próprios moradores do lugar, nos foi presenteado com firmeza e leveza, próprio daqueles que possuem o dom da palavra e do encantamento quando falam, assim é Napoleão e assim foi o dia maravilhoso em Porteiras.

Manoel Severo
Curador do Cariri Cangaço


Escritores Reunidos no III Cariri Cangaço

Por: João de Sousa Lima


Uma das partes mais gratificantes do Cariri Cangaço, sem sombras de dúvidas é o encontro dos pesquisadores dos diversos seguimentos da historiografia nordestina e brasileira, essa confraternização serve para se conhecer novos trabalhos literários, discutir sobre dúvidas e descobertas, além de expor pesquisas em andamento.
Na fotografia um raro momento onde quase todos os pesquisadores e escritores se uniram para uma fotografia:

ÂNGELO OSMIRO, WESCLEY, ANTONIO VILELA, GERALDO FERRAZ, JOÃO DE SOUSA LIMA, KIKO MONTEIRO, ALCIVANDES, ALCINO ALVES COSTA, JADILSON FERRAZ, IVANILDO SILVEIRA, SABINO BASSETI, PAULO GASTÃO, LUIZ RUBEN, ANTONIO AMAURY E BARROS ALVES.



O escritor Antonio Galdino lança mais uma obra literária

Por: João de Sousa Lima


Dia 11 de Outubro  (amanhã) o professor Antonio Galdino lança mais um livro.


O lançamento acontecerá no auditório do colégio
Sete de Setembro, às 19 horas.


Antonio Galdino



O livro é mais um capítulo sobre a história de Paulo Afonso.


Uma dose grande de cultura!

Por: Isabel Zastine 
Izabel Zastine

Severo e Danielle,


começo pedindo desculpas por não ter despedido-me como queria, mas como saí durante a madrugada jamais iria acorda-los. Quero dizer que não tenho palavras para agradecer a atenção que foi dispensada, dizer ainda que nunca havia experimentado uma dose tão grande de cultura e conhecimento. O Cariri do Cangaço é um seminário diferente, pois todos ali, não estão fazendo o seminário por trabalho ou interesses, o único interesse é o de amor a dedicação ao conhecimento e a cultura. Mas uma vez agradeço, peço desculpas por alguma coisa, e afirmo que minha casa está de portas abertas para toda sua família.

Um grande abraço a todos até o próximo. 

Profª.Isabel Cristina B. Zastani
Joinville - Santa Catarina
http://cariricangaco.blogspot.com/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com/

Sebo Kariri no Cariri Cangaço 2011

Samara Inácio e Sandra Leite, do Sebo Kariri
 
Olá Severo,estou escrevendo para agradecer a acolhida dada pelo Cariri Cangaço à Livraria e Sebo Kariri. Apesar de não termos quase nada sobre o cangaço, nosso acervo foi bem aceito pelos participantes e quase conseguimos chegar à nossa meta. Agradeço imensamente a atenção, carinho e respeito com que fomos tratadas por todos que fazem o Cariri Cangaço. Esperamos que em 2012 possamos novamente estar com vocês.

Cordialmente, Samara Inácio e Sandra Leite
Livraria e Sebo Kariri.