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terça-feira, 13 de abril de 2021

COISAS DO SERTÃO

   Clerisvaldo B. Chagas, 14 de janeiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.451

O clima da região de Maceió é tropical úmido e no calor deixe a pele oleosa, com dificuldade de evaporar. O clima do Sertão é tropical seco ou semiárido. No calor o suor evapora fácil. Na capital a chuva pára abruptamente como se tivesse sido cortada num só golpe. No Sertão a chuva vai parando aos poucos.

O sertanejo, principalmente do campo, tem um modo especial de falar sobre o tempo. Quando o céu está repleto de nuvens cinzas, ele diz: está bonito pra chover...”. Os mais experientes distinguem as coisas: “Não vai chover, isso é somente carregação...”. E de fato, o céu está bonito para chover mais não chove.

Muitos sertanejos ignoram as quatro estações do ano. Para eles, só existem duas estações: verão e inverno. O verão é marcado pela ação do Sol, o inverno, pelas ações das chuvas. A primavera não conta mesmo sendo amena em relação à temperatura. O outono surge como início de chuvas, portanto, classificado popularmente como inverno. A temperatura em pleno verão pode atingir até 39, 40 graus pelo dia e, à noite sofrer a chamada “amplitude térmica”, quando a temperatura declina, permitindo noites agradáveis e prazerosas.

Um pouco antes das chuvadas de verão, vários tipos de animais chamam atenção do sertanejo. Uma dessas maneiras de atrair a curiosidade é a chamada:” festa no céu”, como aconteceu na tarde de ontem: urubus em bando, sobrevoam em longos círculos repetitivos, distanciando-se aos poucos do ponto inicial da festa.  Dificilmente, nessas ocasiões, o céu não molha a terra até o dia seguinte.

Também não é raro no prelúdio das chuvas, as ventanias que provocam os redemoinhos, diversão de adultos e da meninada que grita insultando o vento: “Rapadura!” “Rapadura!”. Dizem que essas palavras fazem com que o vento furioso se dirija com seus redemoinhos para onde está sendo chamado.

Na situação de temperatura alta com chuvas abundantes e momentâneas, pode ocorrer o fenômeno do granizo, chamado por aqui de “chuva de pedras”.

Entretanto, o presente esperado mesmo pelo sertanejo, é a trovoada, chuvas abundantes de uma vez só, quase sempre acompanhada de raios apocalíticos e trovões terrificantes. Não fica um só cachorro na rua, galinha no terreiro e de nervosos sem mergulhar debaixo da cama.

TROVOADA IMINENTE OU CARREGAÇÃO? (FOTO: B. CHAGAS).



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“PAJEÚ EM CHAMAS: O CANGAÇO E OS PEREIRAS”

Recebi hoje do Francisco Pereira Lima (Professor Pereira) lá da cidade de Cajazeiras no Estado da Paraíba uma excelente obra com o título "PAJEÚ EM CHAMAS O CANGAÇO E OS PEREIRAS - Conversando com o Sinhô Pereira" de autoria do escritor Helvécio Neves Feitosa. Obrigado grande professor Pereira, estarei sempre a sua disposição.


O livro de sua autoria “Pajeú em Chamas: o Cangaço e os Pereiras”. A solenidade de lançamento aconteceu no Auditório da Escola Estadual de Educação profissional Joaquim Filomeno Noronha e contou com a participação de centenas de pessoas que ao final do evento adquiriram a publicação autografada. Na mesma ocasião, também foi lançado o livro “Sertões do Nordeste I”, obra de autoria do cratense Heitor Feitosa Macêdo, que é familiar de Helvécio Neves e tem profundas raízes com a família Feitosa de Parambu.

PAJEÚ EM CHAMAS 

Com 608 páginas, o trabalho literário conta a saga da família Pereira, cita importantes episódios da história do cangaço nordestino, desde as suas origens mais remotas, desvendando a vida de um mito deste mesmo cangaço, Sinhô Pereira e faz a genealogia de sua família a partir do seu avô, Crispim Pereira de Araújo ou Ioiô Maroto, primo e amigo do temível Sinhô Pereira.

A partir de uma encrenca surgida entre os Pereiras com uma outra família, os Carvalhos, foi então que o Pajeú entrou em chamas. Gerações sucessivas das duas famílias foram crescendo e pegando em armas.

Pajeú em Chamas: O Cangaço e os Pereiras põe a roda da história social do Nordeste brasileiro em movimento sobre homens rudes e valentes em meio às asperezas da caatinga, impondo uma justiça a seus modos, nos séculos XIX e XX.

Helvécio Neves Feitosa, autor dessa grande obra, nascido nos Inhamuns no Ceará, é médico, professor universitário e Doutor em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (Portugal), além de poeta, escritor e folclorista. É bisneto de Antônio Cassiano Pereira da Silva, prefeito de São José do Belmonte em 1893 e dono da fazenda Baixio.

Sertões do Nordeste I

É o primeiro volume de uma série que trata dos Sertões do Nordeste. Procura analisar fatos relacionados à sociedade alocada no espaço em que se desenvolveu o ciclo econômico do gado, a partir de novas fontes, na maioria, inéditas.

Não se trata da monumentalização da história de matutos e sertanejos, mas da utilização de uma ótica sustentada em elementos esclarecedores capaz de descontrair algumas das versões oficiais acerca de determinados episódios perpassados nos rincões nordestinos.
Tentando se afastar do maniqueísmo e do preconceito para com o regional, o autor inicia seus estudos a partir de dois desses sertões, os Inhmauns e os Cariris Novos, no estado do Ceará, sendo que, ao longo de nove artigos, reunidos à feição de uma miscelânea, desenvolve importantes temas, tentando esclarecer alguns pontos intrincados da história dessa gente interiorana.

É ressaltado a importância da visão do sertão pelo sertanejo, sem a superficialidade e generalidade com que esta parte do território vem sendo freqüentemente interpretada pelos olhares alheios, tanto de suas próprias capitais quanto dos grandes centros econômicos do País.

Após a apresentação das obras literárias, a palavra foi facultada aos presentes, em seguida, houve a sessão de autógrafos dos autores.

Quem interessar adquirir esta obra é só entrar em contato com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br
Tudo é muito rápido, e ele entregará em qualquer parte do Brasil.

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“CAVALOS DO CÃO” – IMPRESSÕES LIGEIRAS.

 Por Leandro Cardoso Fernandes

CAVALOS DO CÃO – Algumas Palavras

Aqui vão algumas considerações ao sabor de terminar a leitura de “Cangaço na Bahia – Cavalos do Cão”, do prof. Rubens Antonio da Silva Filho.  À semelhança do que fiz com o trabalho “Cangaço na Bahia – Canção Agalopada”, algumas palavras para a sequência, a segunda parte desta obra que, especificamente, dá conta do Cangaço e de seus desdobramentos em terras baianas de 1930 ao início dos anos 40.

Mesmo correndo o risco de ser repetitivo, devo mencionar o encanto que a excelência da composição gráfica causa ao leitor.  Dá gosto abrir; passar à vista as imagens... manusear. A composição das suas 536 páginas enfeixando mapas, fotografias (muitas delas inéditas, outras tratadas e melhoradas), além das belíssimas capa e contracapa, com imagens colorizadas de Lampião e seu bando, pinçadas do extenso e primoroso trabalho artístico do autor. A manutenção das referências ao pé da página e a grafia original dos textos extraídos de documentos e jornais atestam a veracidade das informações, tais quais foram colhidas da fonte, sem eventuais “atualizações” linguísticas que poderiam comprometer o sentido original do texto. Ainda por cima, ao final dos capítulos, as assinaturas (algumas obtidas com grande sacrifício pelo autor) dos personagens citados ou perfilados, como a afiançar a veracidade do texto. Rubens Antonio não poderia deixar por menos: afinal, é a coroação do esforço de 20 anos de pesquisa, criação e muito trabalho.

O autor fez interessante divisão da narrativa em “meio-dia”, “tarde” e “crepúsculo”, como a evocar a sensação de um dia que nunca acaba - “o mais longo dos dias”, vivido com sangue, suor e lágrimas pelos que sofreram a violência insana do Cangaço. A impressão de que esse fenômeno sangrento durou mais do deveria paira nas páginas do livro, como a reforçar que o autor conseguiu seu intento ao nos trazer, com cores vivas, uma narrativa coerente com a verdade.

Ao debruçar-me sobre “Cavalos do Cão”, veio-me a lembrança o filme “Os Imperdoáveis” (Unforgiven), de Clint Eastwood, que retratou com honestidade um velho oeste completamente desmistificado, onde imperavam a violência gratuita, a bebedeira, a desordem e as mentiras... uma paisagem bem distante do que geralmente se vê nos filmes roliudianos, com “Jesses James” cavalheirescos, a guisa de caricatura glamourizada dos reais personagens históricos. Foi com este sentimento que percebi o livro em epígrafe: a História edificada na busca dos fatos e sua comprovação, seja documental ou por registros da memória oral. Entrevistas carregadas de emoção pungente, documentos, jornais, revistas, mapas atualizados e bastante ilustrativos. Não há ilações nem fantasias. Tudo é fundamentado, mesmo havendo discordância com versões clássicas anteriores de episódios conhecidos ou não. O que importou ao autor, a meu ver, foi reduzir o espaço dentro do qual a verdade está à espera. E aqui vem um pensamento de Arthur Conan Doyle: “excluindo-se o impossível, o que sobra, ainda que improvável, deve ser a verdade”.

A exemplo do primeiro volume, os capítulos são amalgamados com letras e versos de canções do universo musical nordestino, notadamente as canções de Zé Ramalho, Elba Ramalho, Geraldo Azevedo, Alceu Valença, dentre outros ícones representativos da musicalidade que se associa ao “cangaço” como elemento artístico e cultural. No correr dos anos 30, “um cavaleiro do diabo corre atrás do seu destino”, diz a letra da canção que encima o livro, e, também nomeia um dos capítulos mais intensos da obra, onde o autor, ao rastejar o galope do Átila dos sertões, esbarra no ferreteamento cruel de muitas mulheres; nos incontáveis crimes bárbaros de que foram vítimas os pobres sertanejos daqueles tempos brabos; e os expõe de maneira crua, tal como foram registrados pelas diversas fontes. O livro, ao tempo em que se mostra como um libelo de acusação aos cangaceiros, se faz de importante apologia ao resgate das vítimas sofridas, cujos gritos surdos não foram ouvidos, ou, na melhor das hipóteses, preguiçosamente registrados em trabalhos precedentes que abordaram o tema. Esse é um dos grandes méritos do “Cavalos do Cão”: trazer à superfície o pranto das vítimas e de suas famílias, como a deixar sangrar um açude de lágrimas há muto represado. Aqui trago as palavras de Catão: “A verdade é o alicerce da autoridade”. É assim que o livro se impõe: um farol sobre as injustiças e as arbitrariedades; o julgamento inevitável da História para cangaceiros e volantes. Trago na memória o relato do suplício de Herculano Borges, barbaramente morto por Corisco, e o pranto quase sussurrante de Dona Ossanta e sua família. Eles têm, agora, neste resgate, a certeza da justa exposição dos fatos, sem distorções. O que dizer do campo de extermínio pensado por Liberato de Carvalho e realizado por Campos Menezes? Balmés disse que “o poder sem moral converte-se em tirania. Não há maior tirania que a exercida em nome da lei”. Há que se expor visceralmente o Cangaço e o combate a ele.

Não tenho como apontar aqui um ponto alto do livro, pois poderia parecer injusto. A exemplo de uma cordilheira, o conjunto é o que importa.  A “quase” expedição de Carlos Chevalier; a prisão de Volta Seca (capítulo primoroso); a morte de Arvoredo; a impressionante “bestialização” de Calais, que escravizou a moça Selvina; o périplo das “cabeças cortadas” de Lampião e Maria até sua exumação em 2002; o fim melancólico de Corisco... dentre outros. Há nas páginas 360 e 361 do livro a exposição em sequência de 6 mapas muito elucidativos, que retratam a involução do Cangaço na Bahia de 1928 a 1935 visualmente, de maneira clara e inequívoca. Estes mapas são fundamentais, pois complementam o texto ao descortinar ao leitor uma perspectiva de entendimento evolutivo pela percepção visual ampliada, do todo.

É precisamente em 1931, onde há um ponto de inflexão, um marco na queda progressiva no vigor do cangaço lampiônico de outrora: cada vez mais os cangaceiros se encolhem, limitando sua área de atuação, numa asfixia lenta e constante, a culminar com a expulsão de Lampião, na prática, das terras baianas, indo ele sucumbir em Angico, Sergipe, em melancólico epílogo, no tão decantado 28 de julho de 1938. Rubens Antonio vai além e persegue os rastros desse Cangaço ferido de morte, estrebuchante, até o tiro de misericórdia dado por José Osório de Faria, o Zé de Rufina, com a morte de Corisco, o “Diabo Loiro”, em maio de 1940. Este oficial foi o mais eficiente matador de cangaceiros da polícia baiana. Sua atuação e biografia são destaque no livro.

 Uma coisa interessante, no que diz respeito ao matador de Corisco, é exatamente o descompasso entre sua bem-sucedida campanha como chefe de volante com a sua progressão com “freio-de-mão” puxado, como oficial. Mesmo tendo no curriculum mais de uma dezena de cangaceiros mortos, e ter matado Corisco no posto de 2° Tenente, recebe apenas uma “menção de louvor”. O brioso Zé de Rufina, vejam vocês, conseguiu chegar a Tenente-Coronel por antiguidade em 1962. O livro faz justiça ao empenho, inteligência e fiel cumprimento de seu dever, inclusive com comportamento correto, sem excessos, em relação aos sertanejos.

Minhas excelentes impressões a respeito do Capitão João Facó, como secretário da Polícia e Segurança Pública da Bahia, e da atuação humanizada do Capitão Anníbal Vicente Ferreira, como comandante do destacamento no Nordeste do Estado, na condução das entregas. Estes oficiais mostraram-se dignos da farda que vestiam, cumprindo seu dever com consciência cívica e inteligência.

Bom, para finalizar, gostaria de recordar as palavras do autor, Rubens Antonio: “eu escrevi um livro que eu, como leitor, gostaria de ler”. Esta afirmação dá o pano de fundo para um bom livro, pois Aristóteles dizia que “o prazer do trabalho aperfeiçoa a obra”. Convido-vos, amigos, a mergulharem nas páginas de “Cavalos do Cão”, pois é a oportunidade de, além do prazer de contemplar um texto com excelente precisão vocabular e coerência, degustar composição autêntica, vez que não foi contaminada com impressões processadas por outros autores e pesquisadores. O livro é imprescindível para estudantes, professores, pesquisadores que queiram ter à mão Arte, História (com H maiúsculo), Jornalismo, Cartografia num trabalho que já ganhou o horizonte como um dos melhores já feitos sobre o Cangaço e a sobre a recente história do Brasil.

https://cangaconabahia.blogspot.com/2021/04/cavalos-do-cao-impressoes-ligeiras-por.html?fbclid=IwAR0_ndIynZgFZeavZPG1TLs_j2NH0dCuGcDiWpkz_Kn1VJoJXahko93zqTM

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PEREIRA VERSUS CARVALHO , A MAIS EXTRAORDINÁRIA GUERRA DO SERTÃO, NOS GRANDES ENCONTROS CARIRI CANGAÇO

 

Nesta próxima quarta-feira, dia 14 de abril, os Grandes Encontros Cariri Cangaço trazem um dos conflitos mais emblemáticos dos sertões nordestinos com estreita relação com o fenômeno do Cangaço, notadamente com os ciclos de Sinhô Pereira e Virgulino Ferreira da Silva. 

Direto do vale do Pajeú, Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, recebe os pesquisadores e memorialistas, Luiz Ferraz Filho, de Serra Talhada, antiga Vila Bela e Valdir Nogueira, de São José de Belmonte para nos contar a verdadeira face do conflito entre os clã Pereira e Carvalho; a gênese, as implicações, os interesses, as tramas, Sinhô Pereira, Luiz Padre e Virgulino Ferreira se encontram nesse espetacular emaranhado da mais cruel historia nordestina.

PEREIRA x CARVALHO
A Mais Extraordinária Guerra do Sertão
DIA 14/04/2021
19H30
Canal do YouTube do Cariri Cangaço

https://cariricangaco.blogspot.com/2021/04/pereira-versus-carvalho-mais.html

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SANGUE RURAL

 Clerisvaldo B. Chagas, 12 de abril de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.509

 

TERREIRO COM GALINHAS DE CAPOEIRA (CRÉDITO: STOOK FHOTO)

Sou do tempo em que os terreiros das fazendas se enchiam de galináceos: pintos, galinhas, galos, guinés, capãos, pavões, patos, perus e guinés. Os cuidados de defesa eram apenas com o gavião e com a raposa. Revejo-me aguardando o canto da galinha para pegar ovo do ninho. Mulheres quilombolas chegando para capar os pintos maiores e torná-los frangos e capãos. A cuia cheia de milhos e o sacudir de mancheias quando o alvoroço da galinhada chegava para catar os grãos jogados no terreiro. Vinham correndo, voando, uma por cima das outras disputando o milho dourado produzido no local. Ti, ti, ti... Chamava a alimentadora.  Gradeados gigantes de ripas prendiam os capãos para cevá-los e transformá-los em delícias nas ocasiões especiais.

Revejo ninho enjeitado, com caramujo para atrair a galinha. Rezadeira aplicando remédio caseiro contra o gôgo no criatório. As batidas da mão de pilão pilando café com rapadura e o aroma alcançando dezenas e dezenas de metros de distância. Roupas sendo lavadas nos pilões de pedra, ruídos de cavalos comendo milho em aiós pendurados à cabeça. Placas à querosene nos pregos das paredes. O vai e vem do balanço de redes cearenses e as cantigas evocadas de mestres dos Guerreiros. Noites tremendamente escuras e o medo no pé da goela. Arrebóis de lindas estampas e garrinchas fazendo ninho nas biqueiras da casa. Abelhas sobrevoando pé de coração da índia. Pancadas de chuva no telhado; cheiro gostoso da terra molhada e fartura da roça transportadas em carros de boi.

A mente ainda vê o homem arrancando mandioca na terra fofa. Senhoras rapando raízes para farinhada. Pessoas tangendo o gado para longe da manipueira. Batalhões de trabalhadores apanhando algodão com sacos brancos e fundos. Cantigas na roça do “Mineiro ou Maneiro Pau”. Litros de gás óleo vendidos nas bodegas. Ensacamento do algodão em estopa para venda às algodoeiras. Bêbados conversando miolo de pote e cuspindo no pé do balcão. Cavaleiros esquipando seus cavalos baixeiros de volta à casa após as feiras livres. Bois de cambão esticando correntes puxando carros de boi lotados de mercadorias. Remoer de garrotes devorando ração de palma santa. Carreiros elogiando as morenas do sertão e o musical no mundo dos forrós que ilustravam as noites de escuro.

Ô sanfoneiro

Moça mandou lhe chamar...

Para tocar um baião no Ceará

Tu diz a ela

Que de pé em não vou lá

Eu só vou de avião

Se mandarem me buscar...

Como deixar ausente o vermelho e verde SANGUE RURAL?!


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FRANCISCA RODRIGUES DUARTE - DONA CHIQUINHA DUARTE

 Por José Mendes Pereira


Mesmo não sendo a mãe dos filhos do grande fazendeiro de Mossoró Francisco Duarte Ferreira,  Francisca Rodrigues Duarte (dona Chiquinha Duarte cimo era chamada) era considerada por toda região de Mossoró a matriarca da família Duarte. Ela foi a 2ª. esposa do fazendeiro, e também cosiderada como sendo a primeira motorista que dirigiu um automóvel nas terras Mossoroenses. 

Dona Chiquinha Duarte nasceu no dia 17 de Julho de 1895, na cidade de Ereré, no Estado do Ceará. Era filha de Manoel Lucas Sobrinho e Maria José de Souza.

Conheci bastante a sua mãe dona Maria José de Souza, e diariamente eu a visitava em sua residência na Fazenda Duarte, bem próxima a casa em que meus pais e eu  morávamos de favor. Mas meu pai nunca foi empregado do fazendeiro Chico Duarte, e nem da viúva dona Chiquinha Duarte. 

Quando antes não tinha propriedade meu pai fazia empreitas de algumas atividades da fazendeira, e colocava trabalhadores para executarem aquela obrigação empreitada.

Manoel Duarte Ferreira

Dona Chiquinha era madrasta de Manoel Duarte Ferreira, que na história sobre a invasão de Lampião à Mossoró, no Rio Grande do Norte, no dia 13 de junho de 1927, ele é considerado o matador do cangaceiro "Colchete", e teria baleado o José Leite de Santana -  o famoso facínora Jararaca. Mas alguns estudiosos do cangaço afirmam que existem controversias. Se há controvérsias ou não, não posso afirmar.

Francisca Rodrigues Duarte foi quem me colocou na Casa de Menores Mário Negócio em Mossoró, para estudar, e assim, eu cheguei à porta de uma universidade, para cursar Letras, na Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte, que em  29 de setembro de 1997, através da Lei Estadual nº 7.063, o Governador Garibaldi Alves Filho transformou a Universidade Regional do Rio Grande do Norte em Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, mantendo no entanto, a sigla URRN. a Lei 7.761, de 15 de dezembro de 1999, publicada no DOE de 16.12.1999, alterou a denominação anterior para Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-UERN. 

O Decreto 14.831, de 28 de março de 2000, publicado no DOE do dia 29.03.2000, modifica a denominação da mantenedora para Fundação Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-FUERN.

Dona Chiquinha Duarte queria que todos os filhos dos seus moradores estudassem, mas somente eu cheguei a uma faculdade, muito embora, outros iniciaram os seus estudos, e por uma razão qualquer, não concluiram nem se quer o ginásio. 

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LAMPIÃO, CANGAÇO E NORDESTE

 Por Francisco Alvarenga Rodrigues

Há tempos persigo este livro, mas foi difícil devido ao preço exorbitante que os sebos cobram por peças raras como essa. Por módicos 450 reais, consegui finalmente esta raridade em ótimo estado, sem grifos ou rabiscos. E vamos a leitura.

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A BRUTALIDADE CRIMINOSA DA VOLANTE CONTO NOVO - 12/04/2021

 Por João Filho de Paula Pessoa

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VOLANTE NAZARENA

 Por Giovane Gomes

Os volantes do clãs dos Gomes de Sá do Ambrósio Altino Gomes de Sá, Pedro Aleixo de Carvalho e Sebastião Sobreira.

Altino e Pedro eram primos entraram nas volantes paraajuda os parentes nazarenos no início foram da Volante de Odilon Flor e depois de Manoel Neto.

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