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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

O ASSASSINATO DO Dr. ULYSSES ELÍSIO DO NASCIMENTO WANDERLEY

 Por Antônio Corrêa Sobrinho

O assassinato do juiz de direito do município de Triunfo, em Pernambuco, em dezembro de 1923, Dr. ULYSSES ELÍSIO DO NASCIMENTO WANDERLEY, foi, à época, amplamente noticiado na imprensa nacional. Sobre o qual, nesta minha diletante pesquisa, trago, para conhecimento e satisfação dos que fazem este temático grupo, o que relataram os jornais pernambucanos: Jornal do Recife, Diário de Pernambuco, A Província, Pequeno Jornal; e os diários editados na Capital Federal, Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Correio da Manhã, O Jornal e A Noite.

Observo que formatei este trabalho, trazendo a íntegra da descrição do Jornal do Recife e, entre colchetes, de modo complementar e para fins confirmatório, os informes trazidos pelos sobreditos diários.

HECATOMBE EM TRIUNFO

Jornal do Recife

CONSEQUÊNCIAS DE UMA POLÍTICA DE ÓDIOS E PAIXÕES – TIROTEIO E MORTES – NOTAS

Para empanar o brilho das festividades que deveriam ser realizadas em Triunfo, em solenização à passagem do ano, festividades que se realizaram em todo o Estado e quiçá no Brasil, enchendo de satisfação o nosso povo, na noite de anteontem para ontem, irrompeu naquele município pernambucano uma sangrenta tragédia, que, pela raridade das comunicações telegráficas, não sabemos que origem teve.

No entretanto, há muito que se esperava tão lutuoso acontecimento, pelo aspecto terrível da política local, mais a mais intrincada pela dissidência e competições de seus prosélitos.

Desde que subiu à curul da prefeitura municipal de Triunfo o cônego Leal, várias correntes que não olhavam com bons olhos a política mantenedora de sua candidatura, desde logo se mostraram aguerridas à administração daquele candidato

Eleito, o cônego Leal assumiu o governo municipal, em meio às mais sérias apreensões, tendo o braço forte do Dr. Ulisses Wanderley, juiz de direito da aludida comarca.

Acirrados os ânimos nessa luta partidária, de paixões e ódios que foram sempre o apanágio dos políticos de Triunfo, dia a dia se condensava a odiosidade das partes beligerantes, esperando-se, a cada hora, o despacho, que, anteontem, teve o seu momento fatal.

Hostes levantinas lograram efetivar o encontro e, num intenso propagar de paixões baixas e soezes, investiram contra a ordem e a legalidade, ensanguentando o solo triunfense com o horror de uma hecatombe.

Ao que sabemos, nesse encontro morreu o Dr. Ulisses Wanderley, e foram gravemente feridos numerosas pessoas de responsabilidade, entre as quais o Sr. Temístocles Leal, irmão do cônego Leal, prefeito de Triunfo. Jornal do Recife

[Terminou bem tristemente o ano de 1923 com os sangrentos sucessos de Triunfo.

Ontem, logo às primeiras horas da manhã, entraram de circular boatos de graves ocorrências na próspera cidade sertaneja, em consequência das quais ter-se-ia verificado a morte de diversas pessoas, entre outras, do juiz de direito da comarca doutor Ulisses Wanderley.

A triste notícia teve infelizmente confirmação.

Anteontem, às 22 horas, aquele magistrado, em companhia de sua família e amigos, assistia uma sessão de cinema quando um grupo de indivíduos armados invadiu o estabelecimento onde se realizada o espetáculo, provocando sério conflito.

Findo este notou-se estar gravemente ferido, com diversas punhaladas, o doutor Ulisses Wanderley que faleceu poucos minutos após, tendo ainda recebido ferimentos o Sr. Temístocles Leal, irmão do cônego José Leal, prefeito daquele município, e outras pessoas.

Um indivíduo de nome Januário que fazia parte do grupo assaltante morreu também em consequência de tiros recebidos no conflito. Diário de Pernambuco].

[O destacamento daquele município, antes do desenrolar desses sucessos, compunha-se de 26 praças. A Província].

[RECIFE, 31 (A) – Telegrama aqui recebido de Triunfo diz que às 22 horas do dia 30, naquele município, houve uma calorosa discussão no cinema local, estabelecendo-se um grande conflito, do qual resultou a morte do Dr. Ulysses Wanderley, juiz de direito, e de Januário Ribeiro, saindo gravemente feridos Marcolino Filho, Temístocles Leal, chofer de Marcolino, e o comandante Isaias de Medeiros.

O governo, ao ter ciência dessa grave ocorrência, providenciou a fim de apurar as responsabilidades. O Jornal].

[Às 10 horas da noite de ontem, o Dr. Ulysses Wanderley, juiz de direito daquela comarca, achava-se em uma casa de diversões, quando chegou ao seu encontro um grupo armado, assassinando-o a punhal.

Travou-se então grande conflito, saindo gravemente ferido o cunhado do juiz, Temístocles Leal, irmão do cônego Leal, prefeito do município.

Também saíram feridos o indivíduo Marcolino de tal e outros do grupo assaltante. Reina grande pânico na cidade.

O Exmo. Dr. Governador, de posse dessas informações, teve longa e reservada conferência em seu gabinete com o desembargador chefe de polícia, comandante da Força Pública, procurador geral do Estado, tomando as necessárias providências.

Após acertadas as primeiras medidas, o governador exonerou o delegado de Triunfo, tenente-coronel Quintino de Lemos, nomeando para substitui-lo o tenente Pedro Malta, que se transportará para aquele município amanhã, pela madrugada, em trem especial.

O tenente Malta irá acompanhado de numerosa força, a fim de restabelecer a ordem.

O Dr. Sergio Loreto nomeou ainda o Dr. Agricio Brasil, juiz de direito de Quipapá, e o Dr. Euclides Ferraz, para procederem inquérito a respeito. – Pequeno Jornal].

[RECIFE, 31 (Serviço especial da A NOITE, pelo cabo submarino) – A cidade de Triunfo, onde, já, certa vez, houve gravíssima perturbação da ordem por motivos políticos, voltou, hoje, à evidência por uma verdadeira reedição daqueles acontecimentos.

Não se conhecem ainda os motivos principais, constando que se prendem ao partidarismo extremado os lutuosíssimos fatos ali, agora, desenrolados. Com segurança, porém, quanto à origem, nada é lícito afirmar.

As comunicações aqui renhidas adiantam que, depois de um conflito cuja extensão é igualmente ignorada, o juiz de direito da comarca, Dr. Ulysses Wanderley, caiu, assassinado. A Noite].

[“TRIUNFO, 31 (Transmitido às 10 e meia da manhã). Ontem dez horas noite tendo Marcolino Diniz vindo assistir festas aqui encontrou-se Dr. Ulisses Wanderley, que travou com Marcolino calorosa discussão tendo Dr. Ulysses vibrado forte bengalada Marcolino. Travada grade luta faleceram Ulysses Wanderley, Januário Ribeiro, companheiro de Marcolino, saindo gravemente feridos Marcolino Diniz, o chofer de Marcolino e Temístocles Leal, e levemente ferido Isaías Medeiros. Coronel Quintino de Lemos tomou necessárias providências. Laurindo Diniz ”. A Província].

[“TRIUNFO, 31 (Transmitido às 10 e meia da manhã). Ontem dez horas noite tendo Marcolino Diniz vindo assistir festas aqui encontrou-se Dr. Ulisses Wanderley, que travou com Marcolino calorosa discussão tendo Dr. Ulysses vibrado forte bengalada Marcolino. Travada grade luta faleceram Ulysses Wanderley, Januário Ribeiro, companheiro de Marcolino, saindo gravemente feridos Marcolino Diniz, o chofer de Marcolino e Temístocles Leal, e levemente ferido Isaías Medeiros. Saudações. – João Cordeiro, Carolino Campos”.

Eis aí mais um fruto dessa política rotulada de “paz e trabalho”, tão apregoada e que, de fato, só tem sido de desarmonia e sangue. A Província].

[... Agora, depois dessa série abominável de crimes, vem o caso de Triunfo – cidade pernambucana, onde se repetem as incursões dos cangaceiros do deputado José Pereira Lima. Aí, o prefeito de Princesa, Marcolino Diniz, cunhado do deputado Pereira Lima, acompanhado de vários celerados, assassinou a tiros e a faca o juiz de direito de Triunfo, Dr. Ulysses Wanderley. O fato prende-se a um caso anterior, ocorrido quando era governador de Pernambuco o doutor Borba: o chefe político de Triunfo, coronel Deodato, incorreu no desagrado dos Pessoa de Queiroz, sobrinhos do Sr. Epitácio, sendo logo dadas ordens ao deputado Pereira Lima para o assassínio do mesmo senhor, o que não tardou em ser cumprido. De Princesa saiu um numeroso grupo de cangaceiros, e Deodato, atacado a tiros, sucumbiu, juntamente com alguns amigos que o defenderam na ocasião.

Esses horripilantes crimes constituem, por assim dizer, o programa político da gente do Sr. Epitácio.

Basta ver o que a respeito desse hediondo crime de Triunfo diz a folha oficial do governo, A União, noticiando-o, em sua edição de 5 de janeiro presente:

“O fato desenrolou-se por ocasião de uma festividade pública, sendo de lamentar as suas consequências, PELA CIRCUNSTÂNCIA (só por isso!!!) DE SER O CORONEL MARCOLINO DINIZ UMA PESSOA DE RECONHECIDA ESTIMA E ESPÍRITO ORDEIRO, O QUAL DESFRUTA CONSIDERÁVEIS SIMPATIAS EM TODO O SERTÃO.” (Eis a moral política do epitacismo paraibano...). Correio da Manhã].

Avante na sua faina de morte e destruição, os assassinos tirotearam a granel o próspero município, implantando o terror, a viuvez e orfandade nos lares.

Ontem pela manhã, teve notícia telegráfica da triste ocorrência o Exmo. Sr. Dr. Sérgio Loreto, o governador do Estado, que logo conferenciou com o desembargador Silva Rego, chefe de polícia e coronel João Nunes, comandante da Força pública, iniciando as providências que o caso requeria.

Por ato de ontem o senhor governador nomeou o doutor Agricio Brasil, juiz de direito de Quipapá, para presidir o inquérito, e o doutor Euclides Ferraz, promotor público de Floresta, para, em comissão, acompanhar o processo e formação da culpa.

Ainda pelo excelentíssimo senhor, doutor governador do Estado foi exonerado do cargo de delegado de polícia de Triunfo o tenente coronel Antonio Quintino de Lemos é nomeado para delegado especial do governo em Triunfo o tenente Pedro Malta, delegado de Olinda.

Para aquele município seguiu ontem, em trem especial da Great Western, o tenente Pedro Malta, que se fez acompanhar de um pelotão da Força Pública composto de 70 praças.

Estivemos em a residência do Dr. Felinto Wanderley, [conhecido clínico aqui residente. Diário de Pernambuco] irmão do Dr. Ulisses Wanderley, S. S. mostrava-se profundamente abalado, sendo o seu estado bastante agitado.

Em sua companhia encontramos vários amigos que foram à sua residência apresentar os seus sentimentos pelo doloroso fato.

O doutor Felinto mostrou-nos os seguintes despachos, telegráficos que havia recebido de Triunfo, ontem, pela manhã: Triunfo, 31 – Marcolino acompanhado grupo, ontem, noite, assassinou barbaramente Ulisses. Temístocles e Marcolino gravemente feridos.

Já telegrafei governador pedindo providências.

(a) Cônego Leal.

Felinto Wanderley – Triunfo 31 – Criminosos, morto um feridos dois – Luiz.

O doutor Ulisses Wanderley era juiz de direito de Triunfo, desde o governo do Dr. Manoel Borba, quando se submetera a concurso, tendo conquistados o primeiro lugar.

Antes, porém, havia sido juiz municipal de Afogados de Ingazeiras e Triunfo, respectivamente.

Contava 40 anos, formou-se pela Faculdade de Direito do Recife em 1904.

Era filho do saudoso Sr. Olímpio Elísio Wanderley.

Casado com dona Elisa Leal Wanderley, irmã do cônego José Leal, atual prefeito de Triunfo, deixa o saudoso 5 filhos menores.

[O Dr. Ulisses Wanderley era um magistrado inteligente e estudioso, tendo uma obra publicada sobre assuntos forenses, e vários artigos na imprensa.

Formado em 1904 pela nossa Faculdade de Direito ocupara os cargos de juiz municipal de Afogados de Ingazeira e Triunfo, para cuja comarca, tendo feito brilhante concurso, fora nomeado juiz de direito no governo do Dr. Manoel Borba].

O fato covarde ocorreu anteontem às primeiras horas da noite na ocasião em que todos se entregavam ao festivo novenário que ali se realizava, momentos depois da chegada do cônego José Leal, que procedera de Recife, onde veio se entender com o governador e pedir providencias ao mesmo sobre as ameaças de morte que vinham sendo feitas pelos chefes da política em oposição, ali.

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O chefe do grupo que assassinou o doutor Ulisses Wanderley é ali conhecido; é filho do Sr. Marçal Florentino Diniz e sobrinho do Sr. Laurentino Luiz, ex-prefeito de Triunfo.

Marcolino vive em Cajazeira, fazendo constantemente a travessia de Princesa a Triunfo.

O assassino é ainda cunhado do coronel José Pereira, de Princesa.

A família do Dr. Felinto Wanderley é unânime em acreditar que o assassinato do Dr. Ulisses Wanderley foi motivado por dissidência política, pois há tempos a vítima vem sofrendo mesquinha oposição por não obedecer às ordens da corrente que queria a todo transe dominar Triunfo pelo terror.

O Dr. Ulisses era grandemente estimado pelo seu modo sereno de agir, procedendo sempre como um verdadeiro juiz.

Lamentando o fato, que veio enlutar uma grande família pernambucana, compungindo as almas daqueles que privavam da amizade do chorado extinto, levamos à família Wanderley os nossos pêsames pelo fatal acontecimento.

Que as providências tomadas ponham termo a essas lutas fratricidas são os votos que fazemos.

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Na palestra, embora ligeira, que tivemos com o Dr. Felinto Wanderley, S. S. não podendo esconder a sua grande dor de irmão, deixou-nos compreender que a sua família atribui a responsabilidade intelectual do bárbaro assassinato a uma pessoa de importância, residente nesta cidade, a qual, há muito tempo, não calava a sua animosidade contra o Dr. Ulisses Wanderley, por ter este reagido sempre contra absurdos e outros processos políticos agitados em Triunfo.

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Do Palácio do Governo recebemos a seguinte nota:

O Governador do Estado, tendo em vista o que dispõe o artigo 122 da Constituição do Estado e as informações recebidas da cidade de Triunfo após o assassinato do juiz de direito, bacharel Ulisses Elísio do Nascimento Wanderley, ali ocorrido ontem, resolve determinar que o juiz de direito da comarca de Quipapá, bacharel Agricio Gonçalves da Silva Brasil, se passa temporariamente para aquela comarca e ali proceda a rigoroso inquérito, formação da culpa até pronuncia inclusive dos responsáveis pelo referido crime, bem assim designa o promotor público da comarca de Floresta, bacharel Euclides Ferraz, para promover os termos da acusação penal, de acordo com o artigo segundo da Lei nº 1.098, de 30 de junho de 1911, e Ancilon Ferraz para servir como escrivão ao referido inquérito.

[A propósito dos lutuosos acontecimentos desenrolados em Triunfo, Pernambuco, e dos quais veio a resultar a morte do Dr. Ulisses Wanderley, juiz de direito daquela comarca, o Dr. Solidonio Leite, líder da bancada pernambucana na Câmara, recebeu do Dr. Sergio Loreto, Governador daquele Estado, o seguinte telegrama, datado de ontem:

“Dr. Solidonio Leite. Rio – Acabo de receber telegrama de Triunfo, comunicando grave perturbação da ordem ali, sendo assassinado o juiz de direito e feridas gravemente diversas pessoas que tomaram parte no conflito. Imediatamente fiz seguir para ali diversos contingentes da Força Policial e nomeei novo delegado militar, que seguiu hoje em trem especial, levando reforços. Nomeei, também, juiz de direito, promotor e escrivão em comissão, para fazerem o inquérito e a formação da culpa dos criminosos, nos termos da Constituição. Afetuosas saudações. (a) Sergio Loreto.” Jornal do Brasil].

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Imagens publicadas pelo Jornal do Recife, do infausto Dr. Ulysses Wanderley e dos seus cinco filhos, com as seguintes descrições:

*Juiz de direito da comarca de Triunfo, covardemente assassinado a punhaladas, anteontem, no município acima, quando assistia a uma festividade religiosa.

*Filhinhos do doutor Ulysses Wanderley, que foi, anteontem, vítima de covarde atentado, pagando com a vida a impretensidade de seu caráter de magistrado.

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QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COINCIDÊNCIA.

Por Geraldo Júnior

O próximo vídeo do nosso canal YouTube Cangaçologia, será uma entrevista inédita com um sobrinho-neto do cangaceiro Félix Caboje ou Félix da Mata Redonda, como assim também era conhecido.

Fomos até a Mata Redonda e tivemos a grata satisfação de conhecer e bater um papo com esse descendente do cangaceiro Félix Caboje e saborear aquele cafezinho com um sabor inigualável e que só nasce naquelas paragens.

Na esquerda na fotografia abaixo está o José Rodrigues da Silva o Déca, sobrinho de Félix Caboje, e a direita está o veterano cangaceiro que tanto trabalho deu para a polícia e desafetos nas décadas de vinte e possivelmente na década de trinta do século passado.

A entrevista completa vocês assistirão em breve no canal YouTube... Cangaçologia.

Forte abraço.

Geraldo Antônio de Souza Júnior - Criador e administrador do canal.

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VÊ-LO NESSAS CONDIÇÕES... ERA O DESEJO DE MUITOS.

Por Geraldo Júnior

Mas até na hora da morte Lampião teve "sorte", porque se tem sido pego com vida por seus inimigos, principalmente pelos Nazarenos, que tinham dívidas de sangue a serem cobradas, teria sofrido todo tipo de suplício, antes de ser finalmente eliminado. A vingança teria sido cobrada lentamente, sem pressa e sem hora para acabar.

Mas quis o destino que o célebre cangaceiro fosse eliminado em instantes e sem dar um único tiro sequer. Escapando assim mais uma vez das mãos de seus tão temidos inimigos.

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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NADA DE AZAR. NADA DE ASSOMBRAÇÃO E NADA DE MAU AGOURO.

Por Geraldo Júnior

Apenas um gato que encontrei em cima da sepultura do coronel Zé Pereira de Princesa (Paraíba), no dia em que estive filmando no cemitério local.

Nada além disso. kkkkkkkkk

Lembrando que ainda hoje apresentarei no canal YouTube Cangaçologia a filmagem do cemitério e do túmulo do famoso coronel Zé Pereira de Princesa (Paraíba), que no ano de 1930 bateu de frente com o governo estadual e declarou Princesa como território livre, desafiando assim a autoridade estadual, dando início a chamada Revolta de Princesa, onde centenas de vidas foram ceifadas.

Ainda hoje no canal.

Quem ainda não é inscrito, aproveite para se inscrever. Estou deixando o link logo abaixo.

Abraço a todos.

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ONDE E QUAIS LIVROS COMPRAR?

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Uma pergunta frequente no canal e que agora respondo através desse vídeo, que nada mais é que uma formidável consultoria prestada pelo cangaceirólogo Professor Pereira (Cajazeiras/PB) a respeito das grandes obras já escritas sobre o fenômeno cangaço e Nordeste.

Assistam e ao final deixem seus comentários, críticas e sugestões.

INSCREVAM-SE no canal e ATIVEM O SINO para receber todas as nossas atualizações.

Forte abraço!

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CANGACEIRA BONITA!

 Por Itamar Nunes Art



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COMO SURGIU O DITO POPULAR "BREGA".

 Por José Mendes Pereira

https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=4OWyt_7gjA8&ab_channel=osDECENTES

As histórias geralmente se confundem e tomam rumo diferentes no meio da verdade, e o pior é que, as mentiras às vezes se tornam verdades, assim como alguns dizem como surgiu a palavra "brega". Mas Lindomar Castilho que foi grande cantor em décadas passadas, tem a sua versão diferente de outros que nem sabem como surgiu.

Nascido em Bordéis Lindomar Castilho que é um dos precursores da música "brega", credita o adjetivo pejorativo ao nome de uma rua na cidade de Salvador, famosa por abrigar casas de prostituição. 

Diz Lindomar: “Esse nome começou comigo. Eu frequentava a Rua Nóbrega, que nem sei mais se existe, lá em Salvador. Eu e os demais cantores de músicas românticas tocamos em algumas dessas casas, mas gostávamos de ir lá para ver as garotas de programa. Ficamos conhecidos como os rapazes da Nóbrega, que viviam lá, que a palavra "Nóbrega" foi abreviado para "brega" tempos depois, perdendo o início da palavra que é "No”.

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CORISCO: O BRIGÃO, O OPERÁRIO, O EXÉRCITO E A LENDA DO CANGAÇO (PARTE 1)

José João Sousa

A aventura do homem aqui na Terra parece escrita antes mesmo do cabra nascer e até virar uma lenda, ele haverá de percorrer as tais “linhas tortas” traçadas pelos deuses - é o caso de Cristino Gomes da Silva Cleto – o Corisco.

Como numa Ópera, a vida de Corisco não se resume a uma Ária, no sentido da carreira solo ou em bando. Adolescente brigão que foge de casa, operário sem aptidão, rapaz errante, soldado de um Exército Brasileiro dado a quarteladas e, claro, cangaceiro. Seria este um resumo apressado daquele que foi considerado “a sombra” de Lampião.

Filho de pais separados, Cristino vivia às turras com os irmãos Vicente, Francisco, Maria Firmina, Jovita, Rosa e Teodora. Quando nasceu, dona Firmina Maria da Conceição, sua mãe, já estava separada de Manoel Gomes e saindo com outro, daí uma incógnita sobre sua paternidade, também em função dos seus traços físicos: cabelos lisos e ruivos; pele alva e olhos amarelados.

Dona Cristina foi como todas do seu tempo: uma mulher guerreira, de pulso firme na educação dos filhos que não hesitou em aplicar uma surra no “esquisito” filho Cristino que só vivia “trancado” dentro de casa e tornara-se suspeito pelo sumiço das parcas economias de dona Firmina, dinheiro para feira do mês - Cristino, claro, foi o suspeito do furto.

O garoto já com 15 anos foge de casa, perambula por fazendas em busca de trabalho e apoio de parentes. Não deu certo, o rapazola era problemático demais.

Volta pra casa com o “rabo entre as pernas”, é recebido pela mãe que já trabalha de empregada na fábrica Estrela, de linhas de costura de Delmiro Gouveia, o icônico empreendedor cearense, e onde dona Firmina lhe consegue um emprego.

Cristino passa a levar a vida de operário ao tempo em que gasta o dinheiro que ganha em farras homéricas, que sempre acabam “no cacete” – o rapaz era brigão demais. Numa dessas, seu desafeto era um cabo de polícia, destacado em Vila da Pedra; a peleja não fica por isso mesmo obrigando Cristino a pegar a estrada novamente.

Vai passar uns tempos da casa do pai, Manoel Gomes, completa 21 anos; solicita e consegue ingresso no Exército Brasileiro, que não fazia muitas exigências em relação à certidões e tudo o mais. Cristino jura bandeira no 28 Batalhão de Caçadores de Aracajú, a unidade militar mais próxima do sertão alagoano.

O Exército é um emprego certo, nele permanece até os 30 anos, onde aprende a ler e escrever e “jeito de gente” disciplinada e eficiente, a ponto de ingressar na Tropa de 1ª Linha espécie de Tropa de Elite, como franco-atirador.

Mas o mundo de Cristino não gira – capota.

Em julho de 1924 estoura uma quartelada no Exército, em São Paulo, mais conhecida na História como Revolta Paulista de 1924 e o 28 Batalhão de Caçadores, sob o comando do capitão Eurípedes e tenentes Soriano e Maynard, segue os revoltosos paulistas. O movimento fracassa; em São Paulo os revoltosos são liquidados a tiros de metralhadoras e bombardeios de avião.

Mas o 28 Batalhão de Caçadores ainda segue em armas e em movimento a ponto de ocupar o Palácio do Governo. E Cristino estava lá na condição de atirador de elite, ignorando tudo que se passa ao redor da política – como soldado, apenas cumprindo ordens.

Com a quartelada no Exército fracassada os líderes se rendem, e para os soldados resta apenas a Corte Marcial com condenação certa de seis meses a dois anos de xadrez seguidos de expulsão.

Ficar no quartel era esperar tempo ruim e ainda pagar sem dever.

A opção para muitos soldados foi “pegar o beco”, desertar. E o soldado Cristino Gomes foi um deles; que agora, além ser perseguido pela briga que resultou na morte de um cabo de Polícia num passado não muito distante, agora era um desertor e procurado pelo Exército.

Cristino, mais uma vez, desaparece no oco do mundo.

Agora na clandestinidade por deserção do Exército, Cristino deixa Sergipe, cruza Alagoas, Pernambuco, até achar a um porto seguro na Paraíba, em Alagoa do Monteiro – hoje Monteiro.

Arranja trabalho em uma das fazendas do município, mas cuida de não se expor muito. O misterioso forasteiro cuida do gado, ergue cercas, ajuda no plantio. Cristino baixa a guarda e volta às farras e bebedeiras homéricas aos sábados e domingos, nas fazendas Serrote, Malhadinha, Capitão-Mor.

O sergipano loiro misterioso volta a se envolver em confusão. Com ele, as farras acabam em pancadaria. E uma delas começa porque Cristino jogou seu “charme” pra cima de uma garota; a convida para dançar e recebe de volta um Não!

O machismo em Cristino fala mais alto. Já “puxando fogo” não aceita o “não” e passa a ser grosseiro com a garota.

Não sabia Cristino que estava em “terra de cabra macho” como ele. Um primo da moça, percebendo o assédio grosseiro chega perto para tomar satisfações e aplica um bofete na cara do galã rejeitado e, de volta, recebe um soco bem aplicado. O forró não para e cacete também não.

A polícia aparece e leva os dois pra cadeia.

O rapaz do lugar é um “boa pinta”, filho de gente rica e logo é solto. Já Cristino, sem parente nem aderente por perto, não tem a mesma sorte e passa alguns dias no xadrez.

Ao ser solto, sua reputação de brigão já está alta e não tem a mesma simpatia do lugar. O jeito foi pedir as contas e cair na estrada, outra vez.

Deixa Monteiro para trás, cruza a divisa e vai para Vila Bela, hoje Serra Talhada, onde arranja emprego, mas não se demora no lugar e segue em frente até a cidade de Bom Nome, onde uma parente sua mantém uma relação amorosa com o poderoso do lugar chamado Manoel Valões.

Eis que Valões, certo dia, recebe em sua fazenda amigos influentes de Vila Bela. Entre eles está um filho do poderoso João Alves de Barros, intendente (prefeito) de Vila Bela. O rapaz, discretamente chama Valões para uma conversa “pé de oreia” e abre o jogo.

- Esse Cristino aí é desertor do Exército e é procurado pela polícia, delatou o rapaz.

Cristino, mais uma vez, não tem saída e lhe restam duas opções: seguir fugindo ou encarar cadeia.

Nesta quadra da vida, Cristino resolve abraçar o banditismo. Manifesta vontade de ingressar no bando de Lampião, pois esse era o desejo ou sonho de muitos rapazes da época: fazer dinheiro fácil e fugir de perseguições.

E foi o próprio Manoel Valões quem fez a intermediação. Recebeu Virgulino Ferreira da Silva e seu bando na sua fazenda e fez as apresentações.

- Capitão Virgulino, este aqui é Cristino, habilidoso nas armas, bom de mira e procurado pelo Exército por deserção e pela polícia por ter matado um cabo.

Mas aqui já é prosa para outro artigo, porque a vida de Corisco só pode ser contada em vários capítulos.

João Costa. Acesse: blogdojoaocosta.com. br.

Fonte: “Corisco – A Sombra de Lampião”, de Sérgio Augusto Dantas.

Fotos. Benjamim Abraão Botto.

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O BANDO DIANTE DE DEUS

João Filho de Paula Pessoa

Era Abri de 1929, o Padre Artur Passos rezava uma missa em Poço Redondo/SE, quando percebeu que do lado de fora da capela, estava um grupo de forasteiros em pé, em silêncio e armados, com seus chapéus nas mãos e respeitosamente assistindo a missa. Ao final da missa o padre foi até eles, e percebeu que na verdade tratava-se de um Bando de Cangaceiros, e logo um deles se adiantou e se apresentou como Virgulino Ferreira, o Lampião. 

O Padre os observou atentamente e com eles conversou por mais de uma hora, o suficiente para conhecer a todos e receber uma anotação do próprio Lampião com os nomes e apelidos de todos que assistiram aquela sua missa, estavam lá Lampião, Ezequiel, Virgínio, Luiz Pedro, Corisco, Mariano, Arvoredo, Fortaleza, Labareda e Volta Seca. Ao final da conversa Lampião beijou a mão do velho Padre pedindo-lhe bênçãos e partiu com seu bando. 

Após este inusitado encontro o Padre escreveu alguns artigos, intitulados “O Bando diante de Deus” em que mencionou “Alguns são calados e reservados, não mostrando, porém, face carrancuda, nem os vi com maus modos. Não têm inclusive Lampião, cara repelente, como imaginamos nos bandidos em geral”. Sobre Lampião, disse “Em tudo, guarda serenidade e presença de espírito”. 

Deste episódio restou uma amizade entre Lampião e o Padre, que voltaram a se encontrar outras vezes em casas de coiteiros quando o padre pousava para descansar, ocasiões em que o padre confessava os cangaceiros, conversavam, jogavam baralho e até bebiam vinhos juntos. 

João Filho de Paula Pessoa, Fortaleza/Ce. 10/02/2021.

Assista o filme deste Conto:

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PAU-BRASIL

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.471

“Árvore de até 30 m (Caesalpinia echinata) da família das leguminosas, subfamília cesalpinioídea que outrora habitava o litoral brasileiro, do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, e hoje em dia é bastante rara, com casca tanífera, madeira de cerne vermelho e tinta da mesma cor, folíolos pequeninos, flores amarelas  e vagens oblongas, também cultivada como ornamentais e por usos medicinais; arabutã, árvore-do-brasil, Arubatã, brasilaçu, brasilete, brasileto, brasil-rosado, ibirapiranga, ibirapitá, ibirapitanga, ibirapuitá, imbirapatanga, muirapiranga, orabutã, pau-de-pernambuco, pau-de-tinta, pau-pernambuco, pau-rosado, pau-vermelho, sapão”. (Wikipédia)

Pau-Brasil em tempo nublado (foto: B. Chagas).

Uma árvore com tantas denominações indígenas e regionais, foi quase extinta no Brasil pela ambição desmedida dos europeus. Além do nome pau-brasil, esse vegetal é semelhante ao papagaio com seus matizes verdes, carimbados como brasileiros. Suas folhas são belíssimas como se tivessem sido rendadas pelas mais exímias rendeiras do Nordeste. Como o pau-brasil é uma árvore que pode chegar aos 30 metros de altura, bom que seja plantada em fazendas, parques, sítios e chácaras. Não é aconselhável seu plantio para arborização de ruas devido ao seu porte, mas também, cultivada nas ruas, não encontra terreno fértil, afina, entorta o tronco e se amarra em, aproximadamente, 3 a 4 metros de altura. Mesmo assim é de uma beleza desconcertante com suas folhas em cachos suaves e amarelos. Costuma ser visitadas por borboletas, abelhas e pássaros pequenos.

Temos o privilégio em ter a companhia de um pau-brasil na casa vizinha e na arborização da Rua José Soares Campos onde a maioria das árvores é de algumas espécies de Acácia. A arabutã, além de conservar parte da história do Brasil em nossa rua, é até motivo de pesquisa pela sua raridade e folhagem majestosa. Além das sombras para descanso dos passantes, essas árvores atraem os pássaros rurais que invadem as nossas ruas como rolinhas, bem-te-vis e beija-flores que nos oferecem canto e companhia na solidão do Covid 19.

E diante da via completamente deserta, não resistimos a formosura da árvore pau-brasil e zás! Tome uma foto de celular para adoçar os nossos escritos.

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