Por Geraldo Antônio de Souza Júnior
... pelo
declínio de poderosos reinos e nações, assim como pela queda de formidáveis
personagens da nossa antiga e recente história... como foi o caso de Lampião.
Lampião, que
apesar da vida cangaceira que vivia, passou por várias situações extremas,
cujos desfechos por pouco não terminaram em tragédia, após ter sido traído por
aliados próximos a ele e por diversas vezes conseguiu se safar por causa de sua
coragem, astúcia e experiência na lida da canga. Sendo a sua morte fruto de uma
traição, ainda que de forma involuntária, por parte de um de seus coiteiros de
maior confiança na região que envolve os municípios de Piranhas no estado de
Alagoas e Poço Redondo (Porto da Folha) no estado de Sergipe.
Após a morte
de Lampião alguns de seus comandados mudaram de lado e passaram, ingressados na
polícia, a perseguir os antigos companheiros de cangaço, como foi o caso de
Manoel Pereira de Azevedo o Jurity III, entre outros, que auxiliou as Forças
Volantes na caçada e foi o responsável pela delação da existência de Expedita
Ferreira, filha do casal Lampião e Maria Bonita, que foi deixada pelos pais aos
cuidados do casal Manuel Severo e Aurora moradores da região de Porto da Folha
no estado de Sergipe. Sendo essa atitude de Jurity III uma das mais
desprezíveis que foram praticadas após a morte do chefe-cangaceiro. Jurity que
tempos depois obteve a anistia governamental e saiu da região de conflito,
retornando anos depois para o sertão sergipano, onde foi preso na Fazenda Pedra
D'água em Canindé do São Francisco e levado para o município de Poço Redondo,
ambas cidades sergipanas, onde foi lançado ainda vivo dentro de uma fogueira.
Terminando seus dias de forma trágica a exemplo de suas vítimas.
Por outro lado
temos exemplos de extrema dignidade e fidelidade ao antigo chefe-mor do
cangaço, como foi o caso do cangaceiro Vila Nova IV (Iziano Ferreira Lima), que
após ter se entregado à polícia em troca da prometida anistia, passou por
terríveis espancamentos e torturas nas mãos da polícia por se recusar a delatar
antigos coiteiros e a perseguir seus antigos companheiros que naquela ocasião
ainda permaneciam procurados pela "justiça". Apesar de toda a
violência sofrida Vila Nova sobreviveu ao cangaço e tomou destino ignorado,
demonstrando através de sua postura que mesmo no mundo do crime existem
elementos confiáveis e dignos, ainda que para com os seus pares.
Na fotografia
que ilustra essa matéria aparecem os cangaceiros Jurity III (Esquerda), Vila
Nova IV (Centro) e o velho e famígerado Lampa na extrema direita.
Garranchos e emaranhados de palavras: Geraldo Antônio De Souza Júnior
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