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terça-feira, 29 de janeiro de 2019

AUGUSTO SANTA CRUZ UM CANGACEIRO DOUTOR

Por: Pedro Nunes Filho

Pedro Nunes Filho
Um dia, Antônio Silvino, vendo sua fama declinar, queixou-se enciumado: ”De uns tempos desses para cá, só se quer saber de cangaceiro-doutor!

Referia-se ao Dr. Augusto de Santa Cruz Oliveira, graduado pela Faculdade de Direito do Recife, em 1895. Moço, esquentado e imbuído dos ideais libertários da Casa de Tobias, foi nomeado promotor público em Alagoa do Monteiro, sua terra natal. Naquele tempo, existia a politicagem togada. Juízes e promotores podiam envolver-se em política e até disputar eleições majoritárias. Numa dessas disputas calorosas, Augusto se indispõe com seu opositor, juiz José Neves, de quem descende a clã dos Neves, que até hoje matém tradição de honradez e dignidade na vida privada e no mundo jurídico do Recife. 

Fonte: Tok de historia "Rostand"
Augusto (foto a esquerda) não demora também a discordar da oligarquia que dominava a Paraíba do Norte, rompendo com o presidente da província, João Lopes Machado. Sentindo-se com suas prerrogativas políticas abolidas e com o direito de defesa cerceado, recruta 120 cabras dos porões do cangaço e, no dia 6 de maio de 1911, invade a cidade de Monteiro, quebra a cadeia pública, solta um protegido seu e os demais presos que se incorporam ao grupo armado. Em seguida, encarcera o destacamento de polícia local, pego de surpresa ainda dormindo, numa madrugada-manhã invernosa e fria. 

Depois, os revoltosos avançam contra a cidade, vencem a resistência armada que lhe fizeram as autoridades auxiliadas por alguns cidadãos desafetos do chefe. No final da tarde, a cidade resta dominada e presos o prefeito Pedro Bezerra, o promotor público José Inojosa Varejão, capitão Albino, major Basílio e capitão Victor Antunes, pai do ilustre professor internacionalista da Faculdade de Direito do Recife, Mário Pessoa. No tiroteio, morreram algumas pessoas e, em pavorosa, a população da cidade evade-se, deixando suas casas comerciais e residências abandonadas.Sem condições de resgatar os reféns, o governador João Machado pede ajuda ao governador de Pernambuco, Herculano Bandeira.

Corria o ano de 1911 e confrontavam-se em acirrada disputa pelo governo de Pernambuco, o prestigiado político, comendador Rosa e Silva, e o general Dantas Barreto, herói da Guerra do Paraguai. Em sua mocidade, antes de ir para a guerra, Dantas Barreto havia morado em Monteiro, onde exercia a profissão de relojoeiro e fez amizade com a família Santa Cruz. Por esta razão, o general resolve dar apoio ao bacharel revoltoso. Temendo que durante a disputa política Dantas Barreto pudesse se socorrer do braço armado das hostes guerreiras do paraibano rebelado, o governador de Pernambuco, que era rosista, autorizou um batalhão de 240 praças e 10 oficiais, sob o comando do Major Alfredo Duarte, invadir a Paraíba, munidos de 40 mil cartuchos mauser para guerrear o bacharel-cangaceiro, como o chamavam seus inimigos.

Ao contingente de Pernambuco, somaram-se 120 homens da polícia paraibana. No dia 27 de maio de 1911, um século atrás, atacam a Fazenda Areal, onde o bacharel estava aquartelado e mantinha os reféns prisioneiros. O combate dura uma manhã inteira. Não conseguindo resistir, Dr. Augusto bate em retirada e vai se refugiar no Juazeiro, levando consigo os prisioneiros. Ao longo da fatigante trajetória de muitos dias, vai libertando os reféns um por um, pois não ficaria bem chegar com prisioneiros no reduto sagrado. Na condição de perseguido político, entra no Juazeiro e é recebido pelo padre Cícero que o acolhe, desarma seus homens e arranja-lhes trabalho digno. Naquele mês de junho, o Juazeiro estava em pé de guerra com o Crato, lutando por sua independência e o padre precisava mostrar-se forte.

Homens do Cangaceiro Doutor
O patriarca tenta pacificar a Paraíba e não consegue. O conflito se estende até o ano seguinte e é chamado Guerra de 12. Frustrada em seu intento de resgatar os reféns, antes de deixar o palco da luta, a polícia destrói e queima a fazenda Areal e mais algumas propriedades de familiares do bacharel Santa Cruz.Em 1912, o Dr. Augusto retorna à Paraíba e se junta com o médico-fazendeiro Franklin Dantas, pai de João Dantas. Igualmente insatisfeitos com o desprestígio político que suas famílias estavam sofrendo, os dois doutores formam um exército de 500 homens e saem invadindo as principais cidades do sertão paraibano, com o propósito de depor o governador João Machado. Não conseguindo o intento desejado, Augusto refugia-se em Pernambuco, sob a proteção de Dantas Barreto que havia assumido o governo do Estado. Alguns anos depois, é nomeado Juiz de |Direito de Afogados da Ingazeira. Correto, exemplar e temido por sua história de vida, fez justiça e impôs respeito nas comarcas por onde passou. Morreu na comarca de Limoeiro em 1944. Esse fato histórico está minuciosamente descrito no livro Gurreiro Togado, do autor desta coluna.

Pedro Nunes Filho é advogado tributarista e escritor, sendo o livro Guerreiro Togado a sua obra de mais destaque.
Contato: pnunesfilho@yahoo.com.br


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A QUESTÃO COM ZÉ SATURNINO DEPOIMENTO DO FILHO DO 1º INIMIGO DE LAMPIÃO

Documentário da Laser Vídeo com direção de Aderbal Nogueira.

João Saturnino é filho do célebre Zé Saturnino, primeiro inimigo de Virgulino. Participação do escritor José Alves Sobrinho, filho de Luiz Cazuza.






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ALAGOAS:TURISMO REPETE COLONIZAÇÃO

Clerisvaldo B, Chagas, 29 de janeiro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.049


   Notícias sobre turismo em Alagoas, nessa época do ano, são sempre auspiciosas. É aquela eterna citação de percentagem ocupacional dos hotéis da capital.  Nas praias da cidade, principalmente em Pajuçara, Jatiúca, Ponta Verde, é apresentada uma verdadeira babel de visitantes, pelas origens das Cinco Grandes Regiões Geográficas. Os atrativos principais para os viajantes são as praias mais bonitas do Brasil. Depois da caprichada urbanização naquela área e a intensa divulgação das belezas da orla, o fluxo turístico tem aumentado sensivelmente e no comércio praieiro é só comemoração. Mas também são procuradas outras fontes como museus, gastronomia, passeios lagunares e mesmo compras e visitas ao Comércio local. Atualmente o Turismo faz parte da cabeça econômica do estado.

(SISTEMA CHESF/DIVULGAÇÃO)

       O sertão alagoano foi conquistado através do rio São Francisco. As expedições exploradoras e colonizadoras chegaram pela foz do Grande Rio, navegaram à montante e ocuparam gradativamente toda a região sertaneja. Somente muito depois foram surgindo com imenso sacrifício estradas para a capital. Atualmente, após centenas de anos no marasmo, o turismo vai chegando também seguindo as pegadas dos colonizadores, no sertão. Penedo, que sempre reinou só na área turística do interior, vai dividindo espaço com outros municípios ribeirinhos. Depois das filmagens da Globo em Piranhas, houve um despertar gigantesco para a hidrelétrica de Xingó, cânions da região, e roteiro para a fazenda Angicos onde foram assassinados Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros em1938.
       A tendência é que a expansão turística de Piranhas continue através de Pão de Açúcar, Delmiro Gouveia, Olho d’Água do Casado e Belo Monte, na área de caatinga. Mas nada vem de graça e será preciso muito empenho de prefeitos interessados em atrativos mínimos para os visitantes. Enquanto isso o Sertão mais distante do rio não acena uma palha para essa atividade. Parece dormindo em relação aos dólares e, ao que parece, está aguardando mais cem anos para que o Turismo venha após a consolidação no São Francisco. Não se considera o turismo religioso, de fazendas, de trilhas, de escaladas, religioso e gastronômico... Nada, absolutamente nada. Esta visão medieval é irritante e só deságua no umbigo dos coronéis
       Arre!  Quanto  egoísmo nos feudos!

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AS FLORES QUE ESTAVAM ALI

*Rangel Alves da Costa

E de repente, a normalidade se transforma em caos, os passos seguros se tornam em correria, as palavras passam a ecoar em gritos, e tudo também aflige as flores. As flores que estavam ali...
Flores de Brumadinho. E quantas flores. Flores humanas, flores da terra, flores nas plantas, flores nos bichos, flores nas vidas.
E de repente as comportas se rompem, as engenharias cedem às pressões dos descasos e das omissões, as estagnações transbordam em rios de lama, as furiosas enxurradas se lançam derramam em mar de sofrimento e morte. E levam as flores que estavam ali...
Flores que apenas queriam viver, brotar, florescer. Flores acostumadas com os seus dias, até sem medo, e que jamais esperaram que o horror viesse na fúria da lama.
E de repente, quando a brisa se transforma em ventania, quando a ventania logo se torna em vendaval, quando a calmaria se transmuda em todo o mal, logo as flores se vão. As flores que estavam ali...
Flores dando vida aonde a morte se espreitava em sombras. Às sombras dos minérios, dos dejetos mortais, dos metais perigosos, da química acumulada em lamaçais ferozes.
E de repente, os rejeitos rejeitando a vida. E sobre as vidas avançando sem piedade. Não adiantou correr, não adiantou fugir, não adiantou gritar, não adiantou chorar. Quanto mais se abraçava à esperança de salvação, mais os braços do lodo sufocando a existência. A existência das flores que estavam ali...
Flores da Mina Córrego do Feijão, flores de jardim e de algodão. Flores com nomes, sobrenomes, famílias, vidas. Flores nas espécies, nas feições, nos arredores de tudo.


E de repente o outono mais perverso, desumano e furioso, que pudesse existir. Não o outono da natureza, do desfolhamento de folhas e murchamento de pétalas, mas o outono da insensatez humana, da ganância, da ambição, dizimando tudo o que encontrasse pela frente. Dizimando as flores que estavam ali...
Flores do Igarapé, flores das nascentes e das corredeiras, das fontes e das junções. Flores aguadas não pela água boa, água limpa, mas do lixo, do lixo e da química putrefação.
E de repente as pessoas sendo arrastados, encobertas, sumidas, desaparecidas. De repente os gritos sufocados e as agonias pela incapacidade de salvação. De repente apenas a lama, o terrível e voraz lamaçal, encobrindo e levando tudo. Levando as flores que estavam ali...
Flores do Rio Paraopeba, flores de outras águas, flores são franciscanas, flores que um dia nasceram em jardim e que de repente se transformaram em espinhos na alma.
E de repente o bicho feito um brinquedo miúdo sendo revirado, sacudido e levado pela voracidade da lamacenta correnteza. Casas, veículos, utensílios domésticos, pequeninos animais, tudo de repente tornado em triste folha seca sendo açoitada. E na imensidão jazendo as flores que estavam ali...
Flores da Bacia do São Francisco, flores de um mundo ajardinado e que de repente se viu em escombros de guerras. As mãos implorando salvação apenas afundando na fúria sem fim.
E de repente apenas o luto e a certeza da incerteza de quantos partiram assim, na agonia, no sofrimento e na aflição. Sequer partiram, pois simplesmente afundados e levados pelos esgotos humanos da ganância e da ambição, do lucro e da insensatez. E assim morreram as flores que estavam ali...
Flores da dor, do choro, da lágrima. Flores sem vida, pois flores mortas. O que vale uma vida para uma Vale que negligenciou a vida e gestou a morte das flores que estavam ali?

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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NAS VEREDAS DA HISTORIOGRAFIA CANGACEIRA.


Por Sálvio Siqueira

O INCANSÁVEL PESQUISADOR/POETA EGIPCIENSE -PAULOAFOSINO, JOÃO DE SOUSA LIMA É CONSIDERADO UMA DAS MAIORES AUTORIDADE NO TEMA ATUALMENTE.






https://www.facebook.com/groups/545584095605711/

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CARTA DE THEOPHANES FERRAZ PARA EUCLIDES DE SOUZA FERRAZ


Por Geraldo Ferraz

Carta de Theophanes Ferraz para Euclides de Souza Ferraz (Euclides Flor). Correspondência cedida, gentilmente, pelo primo Hildebrando Nogueira Neto.





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VÁRZEA DA EMA, UM PEQUENO POVOADO NO MUNICÍPIO DE CHORROCHÓ NO ALTO SERTÃO BAIANO! NINHO DE ANTIGOS CANGACEIRO!!!!


Por Guilherme Machado

O calor do sertão deixa a terra seca, porém permite as cores reluzentes, as marcas nas peles, as texturas das paredes de adobe e da aridez do chão. Várzea da Ema, povoado pertencente a Chorrochó (Bahia), com todo o emaranhado de tradição sertaneja, povoou a concentração fotográfica do baiano Luciano Carcará. “Mostrar essa realidade para o público foi a minha intenção, sobretudo, pela grande chance de trazer, ao debate, as condições de vivência do sertanejo que, acima de tudo, mantêm vivas suas raízes e heranças culturais. O sertanejo é patrimônio brasileiro”, resume Carcará.

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O PUXA SACO DE DOM PEDRO


Por Junior Almeida

Conta a piada que o cabra era tão babão, mas tão babão, que disse ao homem para quem trabalhava e puxava muito o seu saco, que “só tinha duas coisas na vida que gostava: uma era ele, seu patrão...”
E a outra? Quis saber o chefe.
A outra o senhor escolhe. Disse o adulador
O safado da piada era de um jeito, que quando saía de perto do chefe já se adiantava dizendo:
Meu patrão, tô indo ali, se por acaso senhor espirrar e eu não estiver aqui, saúde!

Anedotas à parte, encontrei numa passagem do livro do confrade Antônio Corrêa Sobrinho, sobre a visita do imperador Dom Pedro II à Piranhas, Penedo, Entremontes, Curralinho e Paulo Afonso, dentre outras, em outubro de 1859, um personagem que se encaixaria perfeitamente no anedotário popular. O repórter do “Jornal da Bahia” que não tem seu nome citado fazia parte da grande comitiva do monarca, sendo um correspondente de viagem. O cabra safado, para usar um adjetivo bem leve, só passou para os seus leitores o glamour da viagem, se preocupando até em informar as cores das roupas e lenços de Dom Pedro. Quem lesse o relato deve ter imaginado um conto de fadas das 1001 noites, ou algo parecido. Imagino que o então dirigente do Brasil não tenha tomado banho no Velho Chico, isso apenas com receio de afogar o informante do jornal baiano. Vejam uma parte do texto bajulador do dito repórter:
Os penedenses vos esperam, e a concessão de uma
semelhante graça será recebida por eles como uma
esperança do pobre e uma aventura do infeliz, porque
esta cidade jamais pode esquecer os dias de sua maior
glória; aqueles em que V.M. Imperial, estando nela,
demonstrou ainda uma vez ao mundo inteiro que o
Imperador D. Pedro II, presidindo os destinos gloriosos
do Império do Brasil, deixa por onde passa os vestígios
de que é ele a verdadeira imagem de Deus cá na terra.
É mole ou quer mais?!

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HERÓI


Adquiri no acervo da Roberta Lacertda

Jefferson, 34 anos, desempregado, viu sua pequena casa ser levada pela barragem, lutou contra a lama. Ajudou a salvar 40 pessoas, ficou ao lado de uma mulher no chão reanimando-a até os bombeiros chegarem. A irmã dele ainda está desaparecida. 

Jefferson perdeu tudo que tinha, até a família. Mas, dentro dele existe uma força que é maior que tudo debaixo do sol: a força que vem de Deus e o sentimento de nunca se entregar e ajudar o próximo. 

Jefferson é um herói, daqueles que a gente só vê nas séries da netflix. 

Quando te falarem que participantes do BBB são heróis, você dê aquele sorriso de canto de boca e pense em jefferson. O cara que não precisou de holofotes pra se jogar na lama e ajudar 40 pessoas, mesmo tendo perdido tudo.

#Repost Amigos de luz

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