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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

PRIMEIRA REUNIÃO PREPARATÓRIA DO XVII FORUM SOBRE O CANGAÇO


Museu Histórico  Lauro da Escóssia / Praça Antônio Gomes, sn.
59610-150, Mossoró – RN / e-Mail da SBEC: sbecbr@gmail.com.br 
DATA: 09/02/2015
HORA: 10H.
LOCAL: Auditório da Biblioteca Ney Ponte Duarte
CONSTATAÇÕES
1)     Direção dos trabalhos: Dr Benedito de Vasconcelos Mendes
2)     Foram convidados representantes de todas as entidades lítero-culturais de Mossoró e região
3)     O caráter do evento é sócio-lítero-cultural e de responsabilidade multi-institucional, sob a direção da SBEC, sendo a coordenação operacional dos Departamentos de Geografia (Jionaldo) e de História (Lemuel) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)
4)     Período de Realização do XVII FORUM SOBRE O CANGAÇO: 11, 12 e 13 de junho de 2015, no Auditório do Campus Central da UERN
5)     Jionaldo fará Ofício ao setor responsável da UERN, solicitando a disponibilidade do auditório para o Evento.
6)     Tema do XVII FORUM SOBRE O CANGAÇO: Geografia do Cangaço. O Forum constará de conferências, palestras, minicursos, apresentações folclóricas e artístico-culturais, concursos de fotografias e de produção literária, sempre abordando sub-temas relacionados ao tema central.
7)     Possíveis Conferencistas: Frederico Pernambucano de Melo (autor entre outros livros: Guerreiros do Sol, Quem foi Lampião, Estrela de Couro, Benjamim Abrahão, A guerra total dos Canudos, Pesquisador Senhor sobre o Cangaço) e Rafael Sânzio de Azevedo (autor de: A terra antes do homem, Literatura cearense. Aspectos da literatura cearense. A Padaria Espiritual e o Simbolismo no Ceará. Dez ensaios de literatura cearense. É membro da  Academia Cearense de Letras)
8)     O professor Romero está se articulando para a vinda do Dr. Frederico Pernambucano de Melo.
9)     Deverão ser providenciadas medidas para viabilizar a concessão da MEDALHA DA RESISTÊNCIA 2014 ao Frederico Pernambucano de Melo e da MEDALHA DA RESISTÊNCIA 2015 ao Governador Robinson Faria.
10) Deverão ser agendados os seguintes contatos formais das presidências das entidades com as seguintes autoridades: Prefeito de Mossoró (Revista Polígono e outros assuntos), Secretária de Cultura e Presidente da Câmara Municipal de Mossoró (Wellington Barreto será o articulador do agendamento com o Presidente Jório Nogueira)
11) Manter contatos com as instituições universitárias, convocando / convidando ao estabelecimento de parcerias: UERN (priorizar o Gabinete da Reitoria, a PROEX e departamentos afins); IF-RN /MOSSORÓ; UFERSA; UNP.
12)Manter contatos com outras instituições culturais, como: CONFOLC (Rogenildo - rogenildosilva13@hotmail.com; sob a responsabilidade de Taniamá); AAPOL (Marcos Pinto, sob a responsabilidade de Benedito).
13)Justificou a ausência à reunião o escritor Lindomarcos (compromisso particular).
14) A SEGUNDA REUNIÃO PREPARATÓRIA DO XVII FORUM SOBRE O CANGAÇO acontecerá na sala de reuniões da OAB, no dia 23 de fevereiro de 2015, às 10horas.
15) Compareceram a primeira reunião preparatória do XVII FORUM SOBRE O CANGAÇO:
a)     Benedito de Vasconcelos Mendes AMOL / AAPOL / SBEC – beneditovasconcelos@gmail.com / 9972-2139
b)     Jionaldo Pereira de Oliveira – DEPt de Geografia da UERN- jionaldooliviera@bol.com.br / 9914-6117
c)      Antonio Clauder Alves Arcanjo - ICOP – clauderarcanjo@gmail.com / 9961-8059
d)      Suzana Goretti Lima Leite – Museu do Sertão / AFLAM - beneditovasconcelos@gmail.com / 8895-8813 / 9961-8059
e)     José Romero Araújo Cardoso – SBEC / romero.cardoso@gmail.com / 8738-0646
f)       Taniamá Veiria da Silva Barreto – ALAM / silvabarretovieira@gmail.com / Taniamar.barreto@yahoo.com.br (84)9954-5990 / 8859-8792 / (61)8188-9059
g)     José Wellington Barreto – AMLERN/ACJUS / jwellingtonbarreto@bol.com.br / 8868-4824
h)     Joaninha – compareceu; mas, não assinou
                RELAÇÃO DE SÓCIOS HONORÁRIOS E BENEMÉRITOS
SÓCIOS BENEMÉRITOS
Dos Estatutos:
Art. 5º - O quadro de Beneméritos não terá número limitado de Sócios, mas a admisssão dos mesmos far-se-á por indicação da Diretoria e posterior aprovação da Assembléia Geral, também por maioria absoluta de votos.
Parágrafo Único - Poderão ser admitidos como Sócios Beneméritos pessoas físicas ou jurídicas, que tenham feito doações ou contribuições valiosas à SBEC.
CÍCERA NOGUEIRA DE OLIVEIRA – Vereadora mossoroense que apresentou o Projeto de Lei tornando a SBEC de Utilidade Pública Municipal.
FERNANDO WANDERLEY VARGAS DA SILVA – Mais conhecido por FERNANDO MINEIRO, Deputado Estadual do RN que apresentou o Projeto de Lei tornando a SBEC de Utilidade Pública Estadual (veja).
PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S. A – A maior incentivadora da Cultura no Brasil e principal patrocinadora dos últimos eventos realizados pela Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço – SBEC, no Brasil.
SÓCIOS HONORÁRIOS
Dos Estatutos:
Art. 6º. – O título de Sócio Honorário será dado à escritores ou Cientistas que, pelo seu notável saber, tenham prestados relevantes serviços às Letras e/ou Ciências e serão eleitos em Assembléia Geral por maioria absoluta de votos ou, ainda, para pessoas que sejam diretamente ligadas aos temas inerentes à SBEC.
Parágrafo Único – A proposta para Sócio Honorário deverá ser subscrita por três (3) sócios.
1993 - RACHEL DE QUEIROZ (Escritora) = Quixeramobim (CE).
1994 – SÉRGIA DA SILVA CHAGAS (Ex-cangaceira Dadá) = Salvador (BA).
1995 - MANOEL DANTAS LOIOLA (Ex-cangaceiro Candeeiro) = Buíque (PE).
1997 - ANTONIO GONÇALVES DA SILVA (Patativa do Assaré) = Assaré (CE).
2005 - JOÃO GOMES DE LIRA (Ex-comandante de Volantes) = Nazaré do Pico (PE).
2005 - MANOEL CAVALCANTI DE SOUZA - Neco de Pautília (Ex-Volante) = Floresta (PE)
2005 - SILVIO HERMANO DE BULHÕES – (Filho de Dadá e Corisco) = Maceió (AL).
2005 - JOSÉ ALVES DE MATOS (Ex-cangaceiro Vinte-e-Cinco) = Maceió (AL).
                RELAÇÃO DOS ASSOCIADOS DA SBEC
SÓCIOS FUNDADORES
ANTÔNIO FILEMON RODRIGUES PIMENTA
Mossoró – RN
Nova Floresta – PB
ANTÔNIO MARCOS FILGUEIRA
Mossoró – RN
GUTEMBERG MEDEIROS COSTA
Natal/RN
IAPERI ARAÚJO
Natal – RN
JERÔNIMO VINGT-UN ROSADO MAIA
Mossoró – RN
JOÃO BOSCO QUEIROZ FERNANDES
Marcelino Vieira – RN
JOÃO PEGADO DE OLIVEIRA RAMALHO
Campo Grande – RN
JOSÉ RODRIGUES
Mossoró – RN
PATRICIA GURGEL MEDEIROS GASTÃO
Mossoró – RN
Mossoró – RN
RAIMUNDO SOARES DE BRITO
Caraúbas – RN
RICARDO JOSÉ DE ARRUDA NETO
Mossoró – RN
SEVERINO VICENTE
Natal – RN
WILSON BEZERRA DE MOURA
Mossoró – RN
SÓCIOS EFETIVOS
ABRAÃO BATISTA - Juazeiro do Norte - CE
ADERBAL SIMÕES NOGUEIRA - Fortaleza – CE
ALBERTO SALES - Caruaru - PE
ALCIDES NUNES DE AZEVEDO - São João do Meriti - RJ
ALCINO ALVES COSTA - Poço Redondo - SE
ALÔNION LINARD - Missão Velha - CE
ANA CLÁUDIA R. MARQUES - Rio de Janeiro - RJ
ANA LOURENÇA - Brasília-DF
ALFREDO BONESSI - Fortaleza – CE
ÂNGELO OSMIRO BARRETO - Fortaleza - CE
ANILDOMÁ WILLIANS DE SOUZA - Serra Talhada - PE
ANTONIO CEDRAZ - Salvador - Ba
ANTONIO FRANCISCO TEIXEIRA DE MELO - Mossoró - RN
ANTÔNIO NIVALDO PEREIRA NETO - Carnaíba de Flores - PE
ANTÔNIO RENATO CASSIMIRO - Juazeiro do Norte - CE
ANTONIO PORFIRIO - Aracaju – SE
ANTÔNIO VARGAS - Fortaleza - CE
ANTÔNIO VILELA DE SOUZA - Garanhuns - PE
ARIEVALDO VIANA - Quixeramobim - CE
ARLINDO MELO FREIRE - Natal - RN
ASSIS ROCHA (Padre) - Flores - PE
ÁTICO VILLAS BOAS - Macaúbas - BA
AUCIDES SALES - Natal - RN
CARLOS ALBERTO A. DE MENDONÇA - Natal - RN
CARLOS CÉSAR DE MIRANDA MEGALE - Recife - PE
CARLOS EDUARDO GOMES - Rio de Janeiro – RJ
CARLOS JOSÉ DUARTE PEREIRA - Campina Grande - PB
CARLOS ROSTAND FRANÇA DE MEDEIROS - Natal – RN.
CÉLIA MAGALHÃES - Missão Velha - CE
CID AUGUSTO DA ESCÓSSIA ROSADO - Mossoró - RN
CLEONICE MARIA DE SOUZA - Serra Talhada - PE
CLOTILDE SANTA CRUZ TAVARES - Campina Grande - PB
CLÓVIS MOURA - São Paulo – SP
CRISTIANO NESTOR GUILHERME - Palmares - PE
DANIEL DUARTE PEREIRA - Campina Grande - PB
DANIEL SOARES LINS - Fortaleza - CE
DANIEL WALKER A. MARQUES - Juazeiro do Norte - CE
DEDÉ MONTEIRO - Tabira - PE
DORIAN GRAY CALDAS - Natal - RN
ELIEL DA CUNHA PACHECO - Recife - PE
ELISÂNGELA SOCORRO DE FÁTIMA COSTA - Pau dos Ferros - RN
EMANOEL CÂNDIDO DO AMARAL - Natal - RN
ENÉLIO LIMA PETROVICH - Natal - RN
ERNANDO URBANO - Garanhuns - PE
FÁTIMA MENEZES - Juazeiro do Norte - CE
FERNANDO SPENCER - Recife - PE
FRANCISCA PEREIRA MARTINS GOMES - Cajazeiras – PB.
FRANCISCO BENTO DAS CHAGAS GUERRA - Mossoró - RN
FRANCISCO DAS CHAGAS NASCIMENTO - Mossoró - RN
FRANCISCO DAS CHAGAS ROCHA - Cuiabá - MT
FRANCISCO DE ASSIS NASCIMENTO - Mossoró - RN
FRANCISCO DE ASSIS TIMOTEO - Triunfo - PE
FRANCISCO FLORÊNCIO - Princesa Isabel – PB.
FRANCISCO HONÓRIO DE MEDEIROS FILHO - Mossoró – RN
FRANCISCO PEREIRA LIMA - Cajazeiras – PB.
FRANKLIN MAXADO NORDESTINO - Feira de Santana – BA
FREDERICO PERNAMBUCANO DE MELLO - Recife - PE
GERALDO AGUIAR - São Francisco - MG
GERALDO FERRAZ DE SÁ TORRES FILHO - Recife - PE
GERALDO MAIA DO NASCIMENTO - Mossoró - RN
HAMURABI BATISTA - Juazeiro do Norte - CE
HIPÓLITO LUCENA - Campina Grande - PB
IRINEU JUSTINO FILHO - Mossoró - RN
ILSA FERNANDES DE QUEIROZ - Mossoró - RN
IVANILDO ALVES DA SILVEIRA - Natal – RN.
JEOVÁ FRANKLIN - Brasília DF.
JESSIER QUIRINO - Itabaiana – PB
JOAQUIM CRISPINIANO NETO - Mossoró - RN
JOÃO BATISTA CASCUDO RODRIGUES - Mossoró – RN In Memoriam
JOÃO DE SOUZA LIMA - Paulo Afonso – BA
JOÃO GOMES DE LIRA - Nazaré do Pico – Floresta - PE
JORGE LUIZ MATTAR VILLELA - Rio de Janeiro - RJ
JOSAFÁ PAULINO DE LIMA - Campina Grande - PB
JOSÉ ABREU - São Paulo - SP
JOSÉ ALVES DE MATOS - Maceió - AL
JOSÉ ALVES SOBRINHO - Recife - PE
JOSÉ MAIA GUERREIRO - Limoeiro do Norte - CE
JOSÉ MARIA DA CUNHA CARNEIRO - Brasília - DF
JOSÉ MARIA DE ARAÚJO CALDAS - Mossoró - RN
JOSÉ MARIA LUCENA - Fortaleza - CE
JOSÉ NOBRE DE MEDEIROS - Campina Grande - PB
JOSÉ OCTAVIO DE ARRUDA MELO - João Pessoa - PB
JOSÉ PEIXOTO JÚNIOR - Brasília - DF
JOSÉ RODRIGUES NETO - Natal - RN
JOSÉ SALDANHA DE MENEZES SOBRINHO - Natal - RN
JOSE TAVARES DE ARAUJO NETO - Pombal – PB.
JOSÉ UMBERTO DIAS - Salvador – BA
KLÉVISSON VIANA - Fortaleza - CE
LAURENCE NÓBREGA - Natal - RN
LEANDRO CARDOSO FERNANDES - Teresina - PI
LEMUEL RODRIGUES  DA SILVA - Mossoró - RN
LIARA ARAÚJO LEITE - Crateús – CE.
LINDA LEWIN - Berkeley - California - USA H 101
LUIZ CLÁUDIO GADELHA - Rio de Janeiro - RJ
LUÍS FELIPE NERIS - Natal – RN
LUITGARDE OLIVEIRA C. BARROS - Rio de Janeiro - RJ
LUIZ LORENA E SÁ - Serra Talhada - PE
MAGÉRBIO DE LUCENA - Crato - CE
MANOEL ALVES DO NASCIMENTO - Mossoró - RN
MANOEL BATISTA DE OLIVEIRA - Nova Floresta - PB
MANOEL DANTAS LOIOLA - Buique - PE
MANOEL C. DE SOUZA - Floresta - PE
MANOEL MONTEIRO - Campina Grande – PB
MANOEL ONOFRE Jr. - Natal - RN
MÁRCIO DE LIMA DANTAS - Paris - France
MARCOS ANTÔNIO FILGUEIRA - Mossoró - RN
MARCOS FERNANDES LOPES - Natal – RN
MARIANNE L. WIESEBRON - RA Leiden - Holanda
MARIA DA NATIVIDADE PRAXEDES - Caraúbas - RN
MARIA DO ROSÁRIO CAETANO - São Paulo – SP
MARIA LÚCIA ESCÓSSIA DE CASTRO - Mossoró - RN
MARIA RITA G. DE MELO - Serra Talhada – PE
MARILOURDES FERRAZ - Recife - PE
MELQUÍADES PINTO PAIVA - Rio de Janeiro - RJ
NAPOLEÃO TAVARES NEVES - Barbalha - CE
NELCÍ LIMA DA CRUZ - Santa Luz - BA
OLEONE COELHO FONTES - Salvador - BA
PAULO MOURA - Jaboatão dos Guararapes – PE
PAULO NUNES BATISTA - Goiânia – GO
PAULO SÉRGIO GUIMARÃES DE AGUIAR CAMPOS - Cabaceiras - PB
PEDRO CASALDÁLIGA (Dom) - São Félix do Araguaia - MT
PEDRO CELESTINO DANTAS - Pombal - PB
RENATA MÉRCIA DE ALMEIDA ARAÚJO - Paraú – RN
RENATO CASSIMIRO - Fortaleza – CE
ROSÁFICO SALDANHA DANTAS - Natal - RN
ROSEMBERG CARIRY - Fortaleza - CE
ROOSEVELT LACERDA - Mossoró - RN
RONALDO ROBERTO DE ANDRADE - Campina Grande - PB
ROSENATO BARRETO DE LIMA - Campina Grande - PB
SÉRGIO AUGUSTO DE SOUZA DANTAS - Natal - RN
SÉRVULO ANTÔNIO DE HOLANDA GODEIRO - Natal - RN
SEVERINO RAMILDO DE OLIVEIRA - Mossoró - RN
SEBÁ DE CARUARU - Caruaru - PE
SILVIO HERMANO DE BULHÕES - Maceió - AL
SÔNIA MARIA BATISTA - Pombal - PB
TARCÍSIO RODRIGUES - Caruaru - PE
VALDIR CAVALCANTE DE OLIVEIRA - Astúrias - Espanha
VALDIR JÚNIOR - Fortaleza – CE
VERNECK ABRANTES - Campina Grande - PB
VICENTE ALENCAR - Fortaleza – CE
VILMA MACIEL LIRA DOS SANTOS - Juazeiro do Norte - CE
WILLIAM PALHA DIAS - Terezina - PI
XICO NÓBREGA - Campina Grande - PB

Enviado pelo escritor, professor e pesquisador do cangaço José Romero Araújo Cardoso

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“O GLOBO”- 17/11/1958 - PARTE XI

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho

COMO SE FORJA UM CANGACEIRO

VENDETA DIABÓLICA

Excitação de Corisco ao Sentir Aproximar-se a Hora da Vingança – Cerco e Emboscada Para Apanhar o Ex-Delegado – O Esfolamento – Alívio do Celerado Com a Morte do Desafeto

FOI depois da morte de Lampião, alguns anos mais tarde, numa época em que a repressão ao cangaço era forte, que Corisco se deparou frente a frente com Herculano. Ele fora informado de que o ex-delegado estava no arraial de Santa Rosa, no interior da Bahia. Ao receber a notícia, Corisco exultou, e todo o ódio antigo renasceu. Pôs-se a arquitetar um plano para afastar Herculano do povoado. Se quisesse, teria entrado no arraial, pois tinha homens suficientes para a empreitada, mas seu desejo era pegar o desafeto longe de todos. Queria ficar só com ele! Herculano Borges, depois que deixou de ser delegado, comprou uma fazenda e dedicava-se ao comércio de tecidos e quinquilharias. Era um próspero e feliz negociante, nem de leve pensando em Corisco. Sabia, porém, que ele se havia tornado cangaceiro e seu nome era conhecido e temido em todo o Nordeste. Mas ignorava que o ódio daquele menino que ele prendera fosse tão grande, que, passados tantos anos, ainda exigisse vingança. Corisco sabia que Herculano tinha que deixar o arraial e ir para a sua fazenda, que, por sinal, não era muito distante dali. Herculano tinha mulher e filhas à espera, e não poderia demorar-se muito. Era homem do lar e fora ao arraial apenas a negócio. Alguém, porém, talvez insinuado pelo próprio Corisco, foi ao arraial. E contou a Herculano que Corisco sabia estar ele naquele local e cercara todos os caminhos para apanhá-lo e desforrar-se. O homem, ao receber a notícia, apavorou-se, e não sabia o que fazer. Aquelas paragens eram pouco protegidas pelos soldados e ele não poderia contar com auxílio. Desesperado, resolveu apelar para o dinheiro que possuía e mandou que propusessem a Corisco receber dez contos de réis, com a condição de ter passagem livre. A proposta veio até Corisco, que mostrou grande interesse pelo dinheiro e mandou dizer que aceitava. Herculano mandou os dez contos e ele os guardou, mandando dizer que “podia passar”, pois iria embora. O ex-delegado, apesar dos pesares, preferiu ficar no arraial mais dez dias e, já mais tranquilo quanto à partida de Corisco, mandou preparar seus burros com as mercadorias e pôs-se a caminho de casa.

O ENCONTRO

NEM bem meia hora andou, quando se defrontou com Corisco e seu bando. Desnecessário será falar do horror que se lhe estampou nos olhos. Corisco olhou-o seriamente e, na sua cama sádica, disse: “Você está mais velho, Herculano”. O ex-delegado não falava, apenas sorria, atemorizado, e concordava com tudo, isso sem desmontar do burro, que estava seguro por Corisco. O máximo que Herculano conseguia fazer era balbuciar uns monossílabos como “Não..., Sim...” tal como procede um homem acovardado. Mas Corisco se fartou daquilo e em dado momento falou, agressivo: “Desça do burro, Herculano!” O homem obedeceu-o prontamente. E , frente a frente, Corisco perguntou: “Cadê tua coragem, Herculano?” Cadê tua valentia?” E, zangando-se por não obter resposta, deu-lhe uma bofetada que fez Herculano rolar pelo chão: “Tu vais morrer, Herculano!” E mandou que seus “cabras” lhe tirassem a roupa, deixando-o inteiramente despido. Em seguida ordenou que o pendurassem de pernas para o ar, mas com as pernas separadas, em forma de “V”. Cumprida a ordem, Herculano começou a gritar, pedir, implorar por todos e por tudo para que Corisco o libertasse. Sem dar ouvidos, Corisco mandou que lhe amarrassem as mãos chão. A posição das árvores facilitou a tarefa, e tenho para mim que Corisco preparou tudo com antecedência, escolhendo até o local onde agarraria Herculano.

O homem, desespera, berrava sem cessar, pedindo que Corisco não lhe fizesse nada. Ignorava o infeliz que ninguém naquele instante poderia afastar Corisco da ideia de vingança. Ele esperava por aquela ocasião quase vinte anos! Dia e noite Corisco sonhava com aquele momento; portanto, os rogos de Herculano não o poderiam afetar, pelo contrário, davam-lhe mais sabor à desforra.

A VINGANÇA

ERA chegado o grande momento. Corisco sacou de uma faca bem afiada, tipo navalha, preparada com antecedência. Aproximando-se de Herculano, falou: “Para de gritar, Herculano!” E calmamente iniciou sua vingança, que consistia em tirar a pele do homem vivo. Os que assistiram a essa cena disseram que Corisco estava pavoroso, a esfolar o seu desafeto. Todo sujo de sangue, olhar fixo e atento no que fazia, parecia alucinado! Herculano gritava e estrebuchava como louco, e Corisco não parava. Só dizia de quando em vez frases como estas: “Herculano, desgraçado, é por tua causa que eu vivo nesta vida miserável pelo mato, que nem bicho. Foi você que me jogou nesta desgraça, Herculano! Tudo por causa de quinhentos réis que eu já tinha dado ao fiscal, Herculano! E você ainda me deu um pontapé, Herculano! Daqui por diante, Herculano, nunca mais você vai dar pontapé em ninguém! Nunca mais, Herculano! Eu tenho sofrido o diabo por essas caatingas. Herculano, longe dos meus filhos e sofrendo que nem cão leproso. E você é o culpado de tudo! Você não vai dar pontapé em ninguém, Herculano, porque um homem não é cachorro e só se dá com o pé em cão sem dono, Herculano!”

Toda a carnagem de Herculano foi acompanhada de lamentações dessa ordem, e aquele pontapé era a todo instante recordado por Corisco. O suplício durou quase uma hora, e Corisco tomava sempre cuidado para não atingir as partes vitais do corpo de Herculano. Mas quando a resistência do desgraçado se findou e ele morreu, Corisco resolveu esquarteja-lo!

ALIVIADO...

TERMINADA a tarefa, o local ficou semelhante a um matadouro, e Corisco andou pendurando os membros e órgãos de Herculano pelas árvores vizinhas, e a pele, ou grande parte dela, pregou-a no tronco de uma árvore. Quando o bando prosseguiu viagem, ele estava satisfeito, aliviado de uma coisa que lhe pesava barbaramente na consciência anormal: o ódio! Dera caba de seu inimigo, conforme ele queria, fazendo-o sofrer ao máximo. Se houve pecado em Herculano fazer Corisco um cangaceiro e assassino de mais de uma centena de seres humanos, seu castigo foi à altura. Herculano, a meu ver, deveria ter tido uma vida cheia de crueldades, pois o suplício porque passou nas mãos de Corisco foi desses que um indivíduo passa para pagar todos os pecados de uma geração!

Conforme disse anteriormente, Corisco morreu pouco tempo depois, mas os “cabras” que o acompanharam, e mesmo gente da volante, declararam que ele morreu como sempre viveu: matando! Sua coragem jamais arrefeceu e abateu vários soldados antes de tombar morto.

O nome de Corisco, no Nordeste, era odiadíssimo, e todos sabiam de suas crueldades. Uma de suas filhas, infeliz menina de menos de dez anos de idade foi barbaramente torturada por uma família de malvados que a criava e julgava correto vingar os crimes do pai na criança. A pobrezinha ficou pele e ossos, tuberculosa e monstruosa. Há um ditado na minha terra que diz: “Depois da onça morta, todo o mundo bate nela”. Grande verdade...

CONTINUA...

Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho

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O CANGACEIRO BRONZEADO


O cangaceiro Bronzeado foi morto no ano de 1927, no Estado do Rio Grande do Norte. A fonte não diz em qual cidade deste Estado que o cangaceiro Bronzeado foi assassinado. Ele foi...

Fonte: facebook
Página: Cap Cangaceiro

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CRIME NA SERRA DO ARARIPE

 Por Iderval Tenório

Era noite do dia 23 de junho de 1928, o estrategista desconhecido chegou sorrateiramente e sem nenhuma dúvida ou remorso metralhou toda uma família de dezoito componentes, do mais velho ao mais novo dos Pereiras e alguns serviçais, vasculhou todos os aposentos, conferiu cada um dos corpos, montou no seu alazão, arrumou a sua geringonça noutro animal e sumiu estrada afora...

No nascer do sol os caseiros da fazenda, que moravam nos recantos mais distantes da sede, jamais imaginariam , que aqueles estrondos de bombas de artifícios juninos fossem balas da mais afamada metralhadora nordestina, apelidada de costureira, dizimando toda a família patronal, o autor não deixou pistas, não deixou um único rastro da autoria do crime , em nada mexeu, a mesa continuo posta, cadeiras caídas no chão, sangue salpicados nas paredes, alguns corpos debruçados sobre a mesa, animais domésticos circulando pelo ambiente à procura de restos, panelas no fogão a lenha, algumas com os alimentos esturricados, todos os potes e barricas aos cacos, água ensopando os corpos e estes com vários orifícios transpassando os tórax na altura dos peitos, todos, todos sem vida.

Na Serra do Araripe, não ficou um só cristão que não tomasse conhecimento da fatídica tragédia, quem era aquele forasteiro, porque aniquilou toda uma família que até aqueles dias se mostrava pacata, trabalhadora e honesta, não se conheciam inimigos num raio de 50 quilômetros, os Pereiras eram respeitados naquela redondeza, era o ano de 1928 , Lampião e o seu bando, já se encontravam pelos lados da Bahia, naquele arrebol já reinava a paz, muitos núcleos familiares se expandiam com os casamentos consanguíneos e moravam em casas equidistantes desde quando uma avistasse a frente ,a lateral e a saída da outra, era uma maneira de um proteger o outro. A dúvida tomou conta da pequena população, quem foi o forasteiro que cometeu tão sanguinário crime.

Os familiares distantes apareceram, os corpos foram contados, muitos não possuíam documentos, os serviçais só tinham apelidos, todos foram sepultados em covas rasas enfileiradas nos aceiros da velha estrada, fincado uma cruz na cabeceira de cada monte de terra, primeiro o chefe, depois os outros por ordem de importância. A polícia foi informada, compareceu timidamente e pelo pequeno contingente três soldados, dois cabos, um sargento , pouca munição e seis mulas esquálidas foi a primeira a fugir com receio de ser atacada de surpresa pelo o assassino ou os assassinos dos Pereiras, nunca mais apareceu ou tomou conhecimento dos fatos.

A sede da Fazenda ficou abandonada por pouco tempo, os moradores mais antigos aos poucos foram se acostumando com o acontecido, os parentes mais distantes voltaram para os seus distritos, ficando apenas as indagações sobre o horrendo crime, quem teria motivos para tal desventura, roubo não foi, só poderia ter sido vingança, a melhor maneira de cobrar dos desafetos os males cometidos em datas anteriores, só poderia ser vingança, não haveria outra explicação, só poderia ser vingança.


O PASSADO...

Conta o velho Malaquias dos altos dos seus 90 anos, que tempos atrás, lá pelos meados de 1871, quando um jovem padre de 27 anos de idade assumiu a capela do povoado Tabuleiro Grande no Sul do Ceará, hoje Juazeiro do Norte, duas famílias de Alagoanos foram morar nesta região para ajudar este jovem missionário. Com as duas famílias completas, o jovem Padre aconselhou os amiguinhos que fossem morar na Serra do Araripe plantar feijão de pau, conhecido como o serial ANDÚ muito apreciado naquele mundo. As famílias se deslocaram e começaram a habitar a mesma gleba de terra por manterem parentesco , viviam em paz até o dia em que, o governo de Pernambuco resolveu legalizar a posse e criar uma escritura, houve desentendimento entre os líderes de cada família e numa noite escura do dia 23 de junho de 1897, ano em nasceu Virgulino Ferreira Lampião , uma das famílias aniquilou todos os componentes adultos da outra família, todavia, cometeu um grande pecado, não vistoriou todos os aposentos da pequena casa e lá deixou vivo um criança de 09 meses que engatinhava por debaixo da cama do infeliz casal aniquilado.

A criança sem pais , sem parentes foi assumida por tropeiros, que cruzavam a velha serra Pernambucana com destino à mais nova vila Nordestina no sul do Ceará, a famosa vila do Juazeiro que crescia com muitos fanáticos religiosos devido o milagre da Beata Maria de Araújo em 1889, quando na comunhão, a hóstia saída das mãos do Padre Cícero se transformava em sangue e derramava-se pelos cantos da boca da jovem negra e beata de 28 anos de idade. A criança foi criada no mais diferente mundo que deveria ser criado, não tinha paradeiros, não tinha endereço fixo e à proporção que crescia tomava conhecimento da grande chacina que aniquilou uma determinada família, no topo da Serra do Araripe no idos de 1897, a criança cresceu, virou homem. Naquela redondeza não se conhecia o seu destino ou paradeiro. A família que cometera a esquecida e distante chacina se encontrava bem instalada e próspera no cume daquela abençoada Serra, o cangaço que reinava na região estava em baixa devido acordos feitos pelos governadores da época dando total poderes à polícia a entrar no território do outro à caça de qualquer desordeiro. Grassava no arrebol o sentimento de congraçamento e descontração devido o grande número de parentes casados entre si, existia calmaria.


A VINGANÇA...

O Jovem morava num pequeno sítio distrito da então e próspera cidade de Juazeiro do Norte , conhecia muito bem a grande Chapada do Araripe , divisa do Ceará com Pernambuco, celeiro fóssil das Américas , hoje fazendo parte do Geoparque do Araripe.

O jovem procurou se familiarizar com os moradores do distrito, aos poucos foi mapeando o fatídico acontecimento de 1897 e localizando os familiares que junto com os seus pais se mudaram para a velha serra a pedido do jovem padre em 1871, ficou claro e ciente de cada componente, colheu a história da época, como mercante compareceu à sede da fazenda e conheceu cada membro. Voltou aos seus afazeres de almocreve e numa noite de são João, quando os fogos de artifícios pipocavam nos ares da silenciosa serra, o jovem estrategista, na sorrelfa executou o seu vingativo e mirabolante plano, eliminando de uma só vez todos os descendentes dos criminosos da noite de São João do século passado, tomando o cuidado de vistoriar exaustivamente todos os aposentos, todos os ambientes e arredores para não cometer os mesmos erros dos autores da chacina de 1897, com esta atitude fechou o ciclo do grande ditado do povo nordestino: quem comete um mal um dia será vingado pela vítima, pelo filho da vítima, pelo neto ou bisneto da vítima, um dia o crime será vingado.

E foi assim que se desenrolou a grande chacina de 1897.
Vingança, pura vingança.

Iderval Reginaldo Tenório
E em Março...

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HISTÓRIAS DO CANGAÇO – RUMO AO MASSACRE DE ANGICO - PARTE II

Por Anildomá Willans de Souza

(Extraído do livro LAMPIÃO. NEM HERÓI NEM BANDIDO. A HISTÓRIA, de Anildomá Willans de Souza)

Noutra ocasião, desapareceram uns dois ou três bodes do criatório da família Ferreira. E tudo levou a crer que  o autor da estripulia foi um morador da Pedreira,  chamado João Caboclo.

O velho Saturnino foi informado do acontecido mas nenhuma providência convincente foi nesta ocasião devidamente tomada. De tal forma que a situação andava colocando todo mundo a se olharem atravessado, com desconfiança.

Em outro momento, Virgolino em suas viagens como almocreve, comprou em Piranhas, Alagoas, dois chocalhos novos e pôs em seus animais. Zé Saturnino, numa brincadeira de mau gosto, provocou, dizendo que foram roubados. No bate boca que tiveram, o acusador acabou ganhando um apelido nada agradável: Zé Chocaio.

E o pior, o apelido pegou!
Começou mode um chocalho
Essa questão tão antiga
Com José Saturnino
Iniciou-se a intriga
Um debochava de cá
Outro xingava de lá
Assim começou a briga.
(Gilvan Santos)

A partir de futricas como estas os dois clãs começaram a andar na corda bamba.

E aí começaram a aparecer bodes com chifres quebrados, com orelhas cortadas, cavalos castrados, quando as miunças de um entravam na roça do outro, eram mortas.

Um torvelinho tomava conta de tudo.

Entretanto, os dois pais de família sempre conversavam tentando conter o ímpeto dos filhos, que eram quem mais demonstravam rancor.

Certo dia, no apagar das luzes do ano de 1916, num extremo de tarde, os três irmãos mais velhos dos Ferreiras, Antonio, Livino e Virgolino estavam juntando umas reses numa manga, para levar pro curral. Quando passaram dentro da fazenda Maniçoba, também pertencente a Saturnino, escutaram gritos e gargalhadas. Ao olharem, perceberam que era José Saturnino com um grupo de amigos, entre eles, Zé Caboclo, Dionizio Vaqueiro e Paizinho derrubando a mata pra construírem uma casa e quando viram os Ferreiras passando começaram a soltar galhofas.

Não disseram nada.

Foram pra casa e relataram tudo ao pai e não foram mais juntar o gado.

Foi motivo de mais um encontro dos dois chefes de famílias com o intuito de ponderar a situação.

No dia seguinte, do meio pro fim da tarde, os três irmãos, Antonio Rosa e um tal de Luís Gameleira, saíram nas montarias para fazer o serviço que deixara de fazer no dia anterior.

Ao retornarem pra casa, conduzindo o criatório, ao passarem próximo a duas gigantescas pedras, uma sobre a outra, uma bela obra da natureza, nas imediações da fazenda Pedreira, uma emboscada estava pronta, montada por Zé Saturnino e seus homens, Zé Caboclo, Zé Guedes, Tibúrcio, Chico Moraes, Batoque, Olímpio Benedito e seus dois irmãos, Manoel e José.

A reação dos emboscados foi fugir levando Antonio Ferreira com um ferimento não muito grave na região do abdômen.

Depois do caso chocalho
Bastava qualquer asneira
Para haver desavença
Com a família Nogueira
Chegando a brigar armado
Quando saiu baleado
Um da família Ferreira.

Com Antonio baleado
Zé Ferreira disse então
Vamos embora daqui
Antes que aumente a questão
Isso não vai findar bem
Conheço os filhos que tem
Aqui não vai prestar não.
(Gilvan Santos)

Também morreu sua burra de montaria.
Foi o primeiro confronto envolvendo armas.
O desespero tomou conta do Sítio Passagem das Pedras.
No dia seguinte amanheceram em Vila Bella.

O velho José Ferreira, os três filhos e dois amigos, Venâncio e Roberto do Cipó foram direto procurar as autoridades, o coronel Cornélio Soares, Antonio Timóteo e o delegado segundo-tenente Pedro Malta. Nada resolveram. Apenas disseram não quererem se meter em questões de ninguém.

Foram então ao fórum. Deporam ao juiz e este, todo desavexado da vida, após ouvir todo relato, cheio de má vontade, apenas disse:

“- É. Quem tem medo de besouros não assanha o mangangá. Arranje um advogado!”

Procuraram os advogados e rábulas que tinham na cidade, mas nenhum teve disposição de entrar em confronto com a família Saturnino e Nogueira, que eram desdobramentos dos poderosos Carvalhos.

Aqui quero esclarecer aos leitores que por este tempo Zé Saturnino já estava casado com uma moça dos Nogueiras, chamada Maria, filha do fazendeiro João Alves Nogueira, da Serra Vermelha.

Pois bem, então Virgolino foi bem enfático e disse ao pai que agora ia resolver do seu jeito.

Foi então na casa comercial do senhor Pedro Martins e comprou dois rifles e dois mil cartuchos e mandou avisar ao então juiz de direito do 2º ofício de Vila Bella, Dr. Augusto Santa Cruz, que tinha dois advogados de primeira qualidade pra resolver suas causas.

A partir deste momento, a antiga amizade que vinha se deteriorando, passou a ter cheiro de pólvora.

Com a intervenção das autoridades e amigos, é feito um acordo muito estranho, que implicava num certo prejuízo para os Ferreiras, mas, como pensava Zé Ferreira, tudo valia em nome da paz. O acordo era que eles não mais frequentariam a cidade de Vila Bella, e Zé Saturnino deixaria de ir a Nazaré.

Por alguns dias tem-se impressão de sossego entre as famílias. Até que, certo dia de feira Zé Saturnino entra em Nazaré montado em seu cavalo, ladeado pelo cunhado e um cabra, num tom de desafio e rompimento do trato.

Na saída da Vila os  Ferreiras montam uma emboscada, mas Saturnino escapa correndo a pé.

Mais uma vez a família é obrigada a fugir. Agora para o longínquo estado de Alagoas. Vão morar no Sítio Olhos D'água, mais ou menos duas léguas de Água Branca, sertão brabo da Terra dos Marechais.

Alguns dias depois os problemas reaparecem. Através de cartas Zé Saturnino incita o Tenente Zé Lucena, da polícia alagoana, a perseguir e fazer pirraças com aquela família forasteira. Inclusive, segundo Seu Luiz Andrelino Nogueira – antigo escrivão de Vila Bella - estas missivas eram, na verdade, precatórias, redigidas por Antonio Timóteo  - escrivão que fazia as vezes de delegado - acusando os Ferreira de ladrão.

Em meio a tantas preocupações, desgostos e depressões, em consequência dos acontecimentos, morre, de vertigem, Dona Maria, a mãe dos Ferreiras.

Duas semanas depois, Virgolino, Antônio e Livino estavam viajando, tentando retornar seus trabalhos na almocrevia, quando sua casa foi invadida pela volante de Zé Lucena, assassinando friamente o velho  Zé Ferreira.

Os irmãos foram avisados e ao regressarem de viagem, reuniram-se ao redor do túmulo dos pais, no cemitério da paupérrima cidade de Santa Cruz do Deserto e da boca de Virgolino sairam as palavras que nortearia sua vida:

 “- A terra que foi molhada com o sangue de um inocente, a partir de agora vai ser ensopada pelo sangue dos assassinos. Pois vou matar até morrer!”

Procurou matar Zé Lucena, mas teve sua vontade frustrada. Então voltou para sua terra pra matar Saturnino.

Já estava estigmatizado: agora a vida seria uma perpétua luta de morte contra os donos do poder e da lei, contra os “macacos”.

Para os Ferreiras não existia mas lei nem ordem escrita por homens de paletó e gravata, e um eventual código de honra estava previsto para ser adaptado às circunstâncias. Empunhou seu rifle e partiu para a vingança, com vinte e três anos, e, no bando de Sinhô Pereira, demonstrou ser um grande líder.

Seus irmãos também tiveram a mesma sina, sendo que Antônio passou a ser Esperança; Livino foi batizado de Vassoura; Ezequiel, Ponto Fino; e João Ferreira se encarregou de cuidar das irmãs. Maria casou-se com Pedro Raimundo; Angélica contraiu matrimônio com Virgínio, que, infelizmente, com menos de um ano de casamento, enviuvou. Aí entrou no cangaço ganhando o nome de Moderno; Virtuosa casou-se com Luiz Marinho e era quem mais mantinha contato com o irmão; e, enfim, Anália casou-se com Eliseu Norberto.

E assim, durante duas décadas peregrinando, desbravava as caatingas, percorrendo todo o nordeste, saqueando vilas e cidades, invadindo fazendas, dançando xaxado, roubando dos ricos fazendeiros e coronéis e distribuindo com os mais necessitados; cantando a “Mulher Rendeira”; matando quem não obedecesse; sangrando friamente o delator; castrando o traidor… Para uns, o herói; para outros, o bandido; para todos, um cabra macho, honrava cada letra que dizia.

CONTINUA...

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