Por Beto Rueda
Era o mês de novembro de 1932, as tropas baiana e pernambucana surpreenderam
Lampião na Caverna do Chico, no Raso da Catarina (ecorregião localizada na
parte centro-leste do bioma caatinga, no Estado da Bahia). Firmou-se um
convênio entre os interventores da Bahia, Alagoas, Sergipe e Pernambuco no
sentido de prender o chefe cangaceiro. O chefe da polícia baiana instituiu um
prêmio de 10 contos de réis pela captura, vivo ou morto. A polícia seveciava os
coiteiros para obter confissões.
Os tenentes do exército Ladislau, Liberato,
Manuel Arruda, Filadelfo Neves, Campos de Menezes, Luís Mariano e Osório
Cordeiro comandavam as tropas. Partiram de Jeremoabo. Atravessar aquela imensa
região inóspita era um feito extraordinário. Nos lajedos a água era invisível,
o ar sufocante. Cangaceiros e soldados convergiram para um combate, isolados e
sedentos. Resistir, ficar exposto ao calor abrasador, acima de 40 graus, ao sol
forte, com sede e desespero, era necessário ser um forte. A vida para todos
naquele momento parecia odiosa.
Lampião olhou em torno da paisagem rala,
avistando apenas garranchos cinzentos, na terra esturricada. Não existia casa,
nem água, muita tristeza. Fez-se uma trégua. As volante retornaram na
perseguição com a certeza do êxito. Os cangaceiros fugiram e deixaram os seus
pertences na caverna. Os soldados recolheram armas, munição, jogos, alpercatas,
chapéus enfeitados, perfumes, moedas e o livro História de Christo, de Papini.
O livro foi oferecido pelo comerciante Jackson Alves Carvalho em 29.11.1929 -
Capela, Sergipe. Maria do Capitão saiu ferida. Lampião foi para Itapicuru e
quase matou o coiteiro, Dr. João da Costa Pinto Dantas, filho do Barão de
Jeremoabo, que fugiu para Salvador.
Lampião atribuía-lhe a denúncia. Em
itapicuru assaltou armazéns e seguiu para Massaracá, onde uma força de
contratados, sob o comando do sargento José Joaquim de Miranda, apelidado de
Bigode de Ouro, o esperava para um ataque. Lampião matou Bigode de Ouro e
dividiu o bando em três grupos. Vivia Lampião mais uma situação limite de
resistência física e arrojo nos confins do sertão. REFERÊNCIAS: OLIVEIRA, Aglae
Lima de. Lampião, Cangaço e Nordeste. Rio de Janeiro: Editora O Cruzeiro, 1970.
CHANDLER, Billy Jaynes. Lampião, o rei dos cangaceiros. Rio de Janeiro: Editora
Paz e Terra, 1981.
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